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Maníaco da Bicicleta

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Laerte Patrocínio Orpinelli
Maníaco da Bicicleta
Pseudônimo(s) Maníaco da Bicicleta
Data de nascimento 1952
Data de morte 03 de janeiro de 2013
Nacionalidade(s) brasileiro
Crime(s) estupro, atentado violento ao pudor, homicídio e ocultação de cadáver
Pena 100 anos
Situação encontrado morto na prisão
País  Brasil

Laerte Patrocínio Orpinelli (Araras, 1952Iaras, 2013), conhecido vulgarmente como Maníaco da Bicicleta, foi um serial killer e pedófilo brasileiro, acusado de espancar, estuprar e estrangular, ao menos 10 crianças, matando-as com requintes de crueldade em quatro cidades do interior de São Paulo, sendo Rio Claro a cidade com o maior ocorrência de óbitos. Os crimes perduraram entre o início da década de 1970 e o final da década de 90, cessando quando Laerte foi preso em 2000.[1]

Infância e adolescência

Laerte nasceu na cidade de Araras, interior de São Paulo, e cidade próxima das outras em que ocorreram os crimes, era o sétimo filho de uma família de nove irmãos, possuía um comportamento agressivo para com os irmãos, vizinhos e, sobretudo, com a própria mãe, esta por sua vez, na tentativa de puni-lo, o amarrava ao pé da mesa, o que só provocava ainda mais sua ira[2].

No início da adolescência, começou a viciar-se em bebidas alcoólicas em demasia, o que, com o tempo, se tornou um alcoolismo patológico, sendo a causa principal das diversas internações dele em clínicas psiquiátricas[3].

Histórico

Laerte era andarilho, durante muito tempo viveu de cidade em cidade nas regiões nortes de São Paulo, onde fornecia serviços de aplicação de graxa em portas de bares ou estabelecimentos comerciais. Sempre descuidado em relação a seu aspecto, sujo e maltrapilho, sem despertar suspeitas, simplório e de jeito rústico, aqueles que o conheciam nem imaginavam o que escondia por trás de tudo, possuía um caderno onde anotava as datas e as cidades por onde passava, mais tarde o mesmo caderno foi utilizado pela polícia para determinar a compatibilidade dos momentos dos crimes com o maníaco.

No início dos anos 90, a população de Rio Claro ainda se recuperava de uma série de crimes bárbaros cometidos contra crianças cuja autoria era de Francisco de Marco, vulgo Chico Vidraceiro outro criminoso acusado de matar 4 crianças nos anos anteriores, em virtude disso, a medida que as crianças desapareciam de Rio Claro, tendo suas ossadas encontradas, a maioria no Horto Florestal da cidade meses depois, a população de Rio Claro logo atribuía as mortes ao mesmo assassino que, entanto, já estava preso. Com isso devido a ocorrência de crimes dessa natureza nessas regiões na época, ainda não se sabe a extensão dos mesmos praticados por Orpinelli, quando novas vítimas foram surgindo nos anos de 1996 e 1997, a cidade de Rio Claro passou a ficar alerta, o que gerou uma cautela maior no sentido de proteger as crianças da cidade.

Crimes

Laerte utilizava uma bicicleta vermelha (por isso o pseudônimo de Maníaco da Bicicleta). Quando chegava a uma cidade nova, logo procurava saber das condições, identificava um alvo com o tempo e até descobria se uma criança costumava brincar longe dos pais. Em alguns casos, se fazia amigo dos pais da possível vítima, e desse modo até ficava mais fácil convencer as crianças a segui-lo. Quando já longe da supervisão dos responsáveis, as crianças, por sua vez, presumindo ser Orpinelli um conhecido dos pais, não manifestavam muito receio a aceitarem o convite. Ainda para convencê-los, Laerte oferecia-lhes uma bala ou algum doce. Com a promessa de oferecer muito mais doces que se encontravam guardados em sua casa, dava carona em sua bicicleta, e assim guiava os menores a lugares fechados ou ermos, que variavam de bosques até abrigos abandonados onde as violava logo em seguida.

Uma vez tendo Laerte o domínio da criança, a morte era certa, para a vítima só restava o pânico seguido dos gritos de medo e terror. Laerte se transformava,possesso por raiva, atacava com brutalidade as vítimas, estuprava, torturava, e por fim as matava por agressões físicas ou estrangulamento. Também usava pedras, deixava os corpos expostos e outros enterrados parcialmente. Chegou a afirmar que bebia do sangue de algumas das vítimas já mortas e quando interrogado, também afirmou ser influenciado por um espírito maligno que o fazia a todo custo perseguir e matar crianças. Ao mesmo tempo atribuía os delitos ao seu alcoolismo, alegando que quando “tomava algumas” ficava fora de si.

As vítimas eram todas crianças de classe média baixa, ficavam na faixa de idade de 3 a 11 anos de ambos os sexos e as cidades por onde o maníaco passava e que aconteceram crimes também eram próximas umas das outras, ao certo, Orpinelli fez vítimas fatais em Rio Claro, Monte Alto, Pirassununga e Franca, embora haja margem nesse sentido pelo fato dele ter confessado crimes dessa natureza em outras cidades da região.

Algumas das vítimas

Osmarina Pereira Barbosa

Osmarina Pereira Barbosa, Marina como era conhecida, tinha 10 anos quando desapareceu, abordada por Laerte, em 17 de janeiro de 1990, no bairro de Santa Maria, Rio Claro, estava junta a seu primo, José Fernando. Laerte a levou a um canavial, onde foi estuprada e espancada até a morte, sua ossada foi achada em setembro do mesmo ano. Laerte foi condenado a 15 anos de prisão em 2008 pelo assassinato.

José Fernando de Oliveira

José Fernando de Oliveira tinha 9 anos na época em que foi morto junto a sua prima Marina; Laerte conta que matou primeiramente Marina, e em seguida espancou José Fernando até a morte. Em interrogatório, Laerte afirmou que ele demorou mais para morrer que a prima. Laerte foi condenado a 15 anos de prisão em 2008 pelo assassinato de José Fernando.

Aline Cristina dos Santos Siqueira

No dia 28 de agosto de 1996, Aline Cristina dos Santos Siqueira desapareceu da cidade de Rio Claro, segundo relatos, vista pela última vez ao lado de um indivíduo montado numa bicicleta. Laerte confessou que raptou e matou a menina, embora o corpo dela nunca fora achado.

Edson Silva de Carvalho

Em 26 de maio de 1998, Edson Silva de Carvalho, 11 anos, desapareceu da cidade de Monte Alto, interior paulista, tendo seu corpo achado numa casa abandonada já em avançado estado de decomposição. Foi a primeira vítima de Laerte fora de Rio Claro, que até o momento era a única cidade onde ele realizava os crimes. Segundo Laerte, na tentativa de violar sexualmente Edson, ele gritou em desespero, desencadeando a raiva do criminoso que, em fúria, bateu a cabeça da criança contra a parede, causando sua morte instantaneamente. Por esse crime, Laerte foi condenado em 2001, a 18 anos de prisão.

Crislaine dos Santos Barbosa

A vítima mais nova até o momento, Crislaine dos Santos Barbosa tinha 3 anos quando raptada em Pirassununga, cidade do interior de São Paulo. Além disso, o crime teve outro diferencial que foi o fato de o criminoso adentrar a casa da vítima para raptá-la (já que sempre abordava suas vítimas na rua). Em interrogatório, Laerte conta que na noite de 25 de abril de 1999, seguiu a mãe da menina até a casa dela e sem ser notado, esperou o momento oportuno, sabia que a mãe de Crislaine logo sairia de casa, a mãe da criança a deixara dormindo no sofá da sala e saiu deixando a porta encostada, quando retornou algum tempo depois a menina já havia sumido. Nos meses seguintes ao desaparecimento, foi encontrada uma ossada compatível com a criança em um canavial, nos fundos de um motel. Por esse crime confesso, Laerte foi condenado em 2001 a 16 anos de prisão pela justiça de Pirassununga.

Jéssica Alves Martins

Jéssica Alves Martins, na época com 9 anos, foi raptada por Laerte na cidade de Franca, interior de São Paulo, em 21 de novembro de 1999. Após praticar o estupro, Laerte estrangulou a criança, sendo o corpo da vítima achado dois dias depois. Julgado em 2001 por mais esse crime, Laerte foi condenado a 27 anos de prisão pela justiça de Franca.

Investigação

Foi necessário muito tempo para identificação do criminoso, uma vez que, os crimes relacionados a menores cresciam cada vez mais e não se sabia o motivo e principalmente o autor detrás de todas as mortes. Entanto, em dezembro de 1998, em Rio Claro, a polícia recebeu uma denúncia acerca de um indivíduo que havia sido visto agarrando duas menores, após deterem o suspeito, ele foi liberado, abrindo-se apenas um boletim de ocorrência. Embora o caso parecesse encerrado ali, a delegada Sueli Isler, que atuava noutro departamento, se interessou pelo caso e, com base nas informações prestadas pelo suspeito no momento em que foi detido, foi ao local indicado na ficha como sua moradia e, a partir daí, teve acesso a informações importantes que tempos depois garantiram um ponto inicial na busca pelo homicida de crianças até então desconhecido. Entanto, só em 1999, quando teve permissão para se dedicar ao caso (que era de competência de outro delegado especialista), a delegada Sueli começou a relatar as informações obtidas pelos familiares e divulgou um nome e retrato falado a outras delegacias regionais acerca do suspeito Laerte Patrocínio Orpinelli. Logo, jornais e outros meios de comunicação também transmitiam informações acerca do criminoso.

Prisão

Na noite de 10 de janeiro de 2000, Laerte estava na cidade de Itu, e procurou um lugar para passar a noite, escolhendo o Albergue Noturno de Itu, local onde se hospedam moradores de rua e indigentes; registrando sua estadia e ficando lá durante 3 noites, seguiu viagem ao município de Leme, onde foi preso num posto de gasolina numa operação realizada pela Polícia Militar. Laerte foi a júri em 2001, e em 2008 foi condenado a penas acumuladas nas cidades onde ocorreram os crimes.

Morte

Em nota de 16 de janeiro de 2013, a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) de São Paulo informou que, após transferência, foi encontrado morto pelos carcereiros da Penitenciária de Iaras. De acordo com a SAP, Laerte morreu de causas naturais, devido ao histórico de diabetes e hipertensão; a Corregedoria Administrativa do Sistema Penitenciário, entanto, decidiu apurar o caso[4].

Referências

  1. «Andarilho da morte». IstoÉ. 2 de fevereiro de 2000. Consultado em 29 de outubro de 2019 
  2. «Condenado por matar 10 crianças, 'maníaco da bicicleta' morre na prisão». G1. 16 de janeiro de 2013. Consultado em 29 de outubro de 2019 
  3. «Laerte Patrocínio Orpinelli: O andarilho da morte». Noite Sinistra. 20 de março de 2015. Consultado em 29 de outubro de 2019 
  4. «Condenado por matar 10 crianças, 'maníaco da bicicleta' morre na prisão». G1. 16 de janeiro de 2013. Consultado em 19 de dezembro de 2018