Olimpíada Internacional de Astronomia e Astrofísica

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A Olimpíada Internacional de Astronomia e Astrofísica (International Olympiad on Astronomy and Astrophysics ou somente IOAA) é uma competição anual de astronomia e astrofísica para estudantes do ensino médio. Trata-se de uma das Olimpíadas Internacionais de Ciências. A sua primeira edição ocorreu em 2007, na Tailândia, e a mais recente foi realizada na Geórgia, em 2022. Participam equipes representando seus respectivos países, formadas por até cinco alunos e dois professores. Um país pode enviar mais de uma equipe desde que cubra financeiramente os gastos desta e que seja aceito pelo Comitê Organizador Local. A próxima edição ocorrerá em 2023 na Polônia[1].

Provas[editar | editar código-fonte]

A avaliação é composta por uma prova teórica, uma prova de análise de dados experimentais e por outras provas práticas (podendo ser de observação do céu real, planetário ou outras atividades), além de uma prova em grupos, que podem ser formados por alunos de um mesmo país ou ser de formação mista. Cabe ao Comitê Organizador Local elaborar as avaliações, tal como a natureza dos grupos, sujeitas à aprovação do Júri Internacional.
A prova teórica deve ser composta por aproximadamente cinco a sete questões curtas, cinco a sete questões intermediárias, e duas a três questões longas, abordando conteúdo teórico geral de astronomia e astrofísica, em áreas como astrofísica básica (envolvendo mecânica celeste, espectroscopia, entre outros), coordenadas e tempos, Sistema Solar, evolução e astrofísica estelar, sistemas estelares, galáxias e aglomerados, cosmologia, instrumentação astronômica e tecnologias espaciais. São esperados conhecimentos básicos em física e matemática a nível de ensino médio, mas as resoluções padrão não devem exigir o uso de cálculo, números complexos ou resolução de equações diferenciais. A duração da prova, normalmente, é de 5 horas.

A prova prática deve abordar duas provas, uma observacional e outra de análise de dados.
Na prova observacional, que pode ser realizada em céu real ou em planetários, podem ser cobrados conhecimentos de constelações, estrelas, estrelas binárias, objetos de céu profundo, uso de cartas celestes e catálogos, estimativas de coordenadas celestes e magnitudes de astros, latitude do observador, e do tempo sideral e solar local. Binóculos, telescópios e detectores podem ser usados, mas informações suficientes devem ser fornecidas aos alunos.

Já a prova de análise de dados cobra análise estatística de dados sobre fenômenos astronômicos, exigindo a correta elaboração de gráficos em diferentes escalas, identificação de fontes de erro, estimativa da influência destas no resultado final, manipulação e propagação de erros e conhecimento de algumas técnicas experimentais em astronomia e estatística básica. A duração máxima de todas as provas deve ser no máximo de 5 horas.
As regras da prova em grupo não são rígidas, podendo envolver diversos tipos de problemas e ter duração variada. Ela deve exigir habilidades de trabalho em grupo, como organização, comunicação entre os membros (que podem ser de diferentes países), divisão de tarefas e brainstorming. Até 2017 as equipes eram nacionais, e a partir de então passaram a ser disputadas por equipes mistas com membros de países diferentes.

Premiação[editar | editar código-fonte]

Após a correção das provas e a revisão das notas, é elaborado um ranking baseado na nota total obtida por cada estudante, considerando peso de 50% para a prova teórica e 50% para a prática (25% para a parte observacional e 25% para a de análise de dados).

Até 2018, as premiações eram distribuídas de acordo com a média aritmética das notas obtidas pelos três primeiros colocados. Tomando-se essa média como 100%, a pontuação dos estudantes era calculada em função desta nota de referência. A definição dos premiados seguia o seguinte critério:

  • medalha de ouro: alunos com nota maior ou igual a 90%.
  • medalha de prata: alunos com nota maior ou igual a 78% e menor que 90%
  • medalha de bronze: alunos com nota maior ou igual a 65% e menor que 78%.
  • menção honrosa: alunos com nota maior ou igual a 50% e menor que 65%.

A partir de 2019, o critério de premiação foi alterado. A mediana das notas finais (M) é calculada, e os premiados são definidos de acordo com o critério a seguir:

  • medalha de ouro: alunos com nota maior ou igual a 1,6 M.
  • medalha de prata: alunos com nota maior ou igual a 1,3 M e menor que 1,6 M.
  • medalha de bronze: alunos com nota maior ou igual a 1,0 M e menor que 1,3 M.

Caso a mediana supere 50% do valor total das questões, define-se M como sendo 50% desse valor total.

Para distribuição das menções honrosas, são calculadas novas medianas para a prova teórica (MT) e prova prática (MP). Os competidores que tiverem notas superiores a MT ou MP nas respectivas provas, e que não tenham conseguido medalha, recebem menções honrosas.

São oferecidos ainda prêmios especiais para os alunos que se destacam com a maior pontuação global e com os melhores desempenhos individuais na prova teórica e na experimental. A melhor equipe na prova em grupos também recebe um prêmio.

O Brasil na IOAA[editar | editar código-fonte]

O Brasil participa da IOAA desde sua primeira edição em 2007. As equipes que representam o Brasil na IOAA são formadas através um processo seletivo organizado pela Olimpíada Brasileira de Astronomia (OBA). Atualmente, os melhores alunos do Nível 4 da OBA são convidados a participar do processo de seleção que dura aproximadamente um ano e é composto de três etapas: uma fase inicial online, uma prova presencial, e um treinamento presencial. Desde 2018, os estudantes de nono ano do ensino fundamental com nota superior a 9,0 na prova de Nível 3 da OBA também podem participar do processo seletivo.

Resultados obtidos[editar | editar código-fonte]

Edição Ano País Sede Ouro Prata Bronze Honra
1 2007 Tailândia Tailândia - 1 1 -
2 2008 Indonésia Indonésia - 1 1 1
3 2009 Irã Irã - 3 1 1
4 2010 China China - 1 3 1
5 2011 Polónia Polônia - - 2 2
6 2012 Brasil Brasil - 2 1 6
7 2013 Grécia Grécia - 2 3 -
8 2014 Romênia Romênia - - 2 3
9 2015 Indonésia Indonésia - - - 4
10 2016 Índia Índia - - 2 3
11 2017 Tailândia Tailândia - 1 2 2
12 2018 China China - 1 3 1
13 2019 Hungria Hungria - - 3 2
N/A[2] 2020 Estónia Estônia[3] 4* 2* 4* -
14 2021 Colômbia Colômbia[4] 2 4 4 -
15 2022 GeórgiaGeórgia 1 2 2 -
16 2023 Polónia Polônia 2 2 - 1
TOTAL* 5 20 30 27

Delegações brasileiras[editar | editar código-fonte]

2007:

  • Prata: Thomas Ferreira de Lima (Recife, PE)
  • Bronze: Julio Cesar Neves Campagnolo (Toledo, PR)
  • Líder: Thais Mothé Diniz
Equipe Brasileira da IOAA 2008.


2008:

  • Líder: Thais Mothé Diniz


2009:

  • Líderes: Thais Mothé Diniz e Bruno L'Astorina


2010:

  • Líderes: Thais Mothé Diniz e Felipe Augusto Cardoso Pereira


2011:

  • Líderes: Thais Mothé Diniz e Felipe Gonçalves Assis


2012:

  • Líderes: Gustavo Rojas e Luciana Rios
Equipe Brasileira na VII IOAA (Volos, Grécia, 2013)


2013[5]:

  • Líderes: Eugênio Reis e Gustavo Rojas


2014[6][7]:

  • Líderes: Eugênio Reis e Gustavo Rojas


2015[8]:

  • Líderes: Eugênio Reis e Gustavo Rojas


2016[9]:

  • Líderes: Eugênio Reis e Gustavo Rojas


2017[10]:

  • Medalha de Bronze na Prova em Equipe (mista): Bruno Görressen Mello (Belém, PA).
  • Prata: João Vitor Guerreiro Dias (São Paulo, SP).
  • Bronze: Nathan Luiz Bezerra Martins (Fortaleza, CE) e Vinicius Azevedo dos Santos (Fortaleza, CE).
  • Menção Honrosa: Bruno Görressen Mello (Belém, PA) e Pedro Pompeu de Sousa Brasil Carneiro (Fortaleza, CE).
  • Líderes: Eugênio Reis e Gustavo Rojas.
Equipe Brasileira na XII IOAA (Pequim, China, 2018)


2018[11]:

  • Líderes: Eugênio Reis e Gustavo Rojas.


2019[12]:

  • Líderes: Eugênio Reis e Julio Cesar Klafke.


2020[13]:

  • Líderes: Eugênio Reis, João Gabriel Stefani Antunes, Julio Cesar Klafke e Bruno Caixeta Piazza.

*Devido à pandemia do COVID-19, a IOAA 2020 foi substituída por uma competição virtual, a GeCAA (Global e-Competition on Astronomy and Astrophysics). A GeCAA foi organizada pelo comitê internacional da IOAA com extensiva ajuda da Olimpíada Estoniana de Astronomia.


2021[14]:

  • Líderes: Eugênio Reis, João Gabriel Stefani Antunes, Julio Cesar Klafke e Bruno Caixeta Piazza.


2022[15]:


2023[16]

Sedes[editar | editar código-fonte]

Edição Ano País Sede Cidade Sede Data Situação
2007 Tailândia Tailândia Chiang Mai 30 de novembro a 9 de dezembro Já ocorreu
2008 Indonésia Indonésia Bandung 19 a 28 de agosto Já ocorreu
2009 Irã Irã Teerã 17 a 27 de outubro Já ocorreu
2010 China China Pequim 12 a 21 de setembro Já ocorreu
2011 Polónia Polônia Cracóvia, Katowice, Chorzów 25 de agosto a 4 de setembro Já ocorreu
2012 Brasil Brasil Rio de Janeiro, Vassouras 4 a 13 de agosto Já ocorreu
2013 Grécia Grécia Volos 27 de julho a 4 de agosto Já ocorreu
2014 Roménia Romênia Suceava, Gura Humorului 1 a 11 de agosto Já ocorreu
2015 Indonésia Indonésia Magelang 26 de julho a 4 de agosto Já ocorreu
10ª 2016 Índia Índia Bhubaneswar 9 a 19 de dezembro Já ocorreu
11ª 2017 Tailândia Tailândia Phuket 12 a 21 de novembro Já ocorreu
12ª 2018 China China Pequim 3 a 11 de novembro Já ocorreu
13ª 2019 Hungria Hungria Keszthely e Hévíz 2 a 10 de agosto Já ocorreu
N/A[2] 2020 Estónia Estônia[3] N/A 25 de setembro a 25 de outubro Já ocorreu
14ª 2021 Colômbia Colômbia Bogotá 14 a 21 de novembro Já ocorreu
15ª 2022 Geórgia Geórgia[17] Kutaisi 14 a 22 de agosto Já ocorreu
16ª 2023 Polónia Polônia Chorzów 10 a 20 de agosto Já ocorreu
17ª 2024 Brasil Brasil Vassouras, Rio de Janeiro 17 a 27 de agosto Confirmada

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «IOAA 2023». ioaa2023.pl. Consultado em 9 de abril de 2023 
  2. a b Devido à pandemia do COVID-19, a IOAA 2020 foi substituída por uma competição virtual, a GeCAA (Global e-Competition on Astronomy and Astrophysics).
  3. a b A GeCAA foi organizada pelo comitê internacional da IOAA com extensiva ajuda da Olimpíada Estoniana de Astronomia.
  4. A XIV IOAA foi sediada na Colômbia mas, devido à pandemia de COVID-19, apenas os organizadores participaram presencialmente. As equipes nacionais participaram de forma virtual em cada um dos respectivos países.
  5. «Brasil ganha 5 medalhas em olimpíada de astronomia». Exame. 13 de Agosto de 2013. Consultado em 13 de Agosto de 2019 
  6. «Brasil conquista medalha de prata em olimpíada internacional de astronomia». G1. 12 de Agosto de 2014. Consultado em 13 de Agosto de 2019 
  7. Ana Paula Lisboa (20 de agosto de 2014). «Jovens campeões astronômicos». Correio Braziliense: 6. Consultado em 21 de junho de 2021 
  8. «Brasil leva 4 menções honrosas em Olimpíada de Astrofísica na Indonésia». G1. 4 de Agosto de 2015. Consultado em 13 de Agosto de 2019 
  9. «Brasil ganha três bronzes em olimpíada internacional de astronomia». G1. 21 de Dezembro de 2016. Consultado em 13 de Agosto de 2019 
  10. «Brasil comemora bom resultado na Olimpíada Internacional de Astronomia e Astrofísica». O Globo. 23 de novembro de 2017. Consultado em 18 de julho de 2018 
  11. «Brasil vence quatro medalhas em Olimpíada Internacional de Astronomia». Galileu. 11 de novembro de 2018. Consultado em 12 de novembro de 2018 
  12. «Brasil leva três medalhas de bronze na Olimpíada Internacional de Astronomia e Astrofísica». G1. 13 de Agosto de 2019. Consultado em 13 de Agosto de 2019 
  13. «Brasil conquista terceiro lugar em competição mundial de astronomia». Revista Galileu. 25 de Outubro de 2020. Consultado em 2 de Dezembro de 2021 
  14. «Resultados finais» 
  15. «Brasil conquista cinco medalhas na Olimpíada Internacional de Astronomia e Astrofísica – IOAA 2022». Observatório Nacional. Consultado em 19 de fevereiro de 2023 
  16. «Brasil conquista ouro, prata e menção honrosa na 16ª Olimpíada Internacional de Astronomia e Astrofísica.». Observatório Nacional. 22 de agosto de 2023 
  17. A XV IOAA estava planejada inicialmente para ser realizada em Kiev, Ucrânia. Devido à invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022, o evento foi acolhido pela Geórgia. Categorias

Ligações externas[editar | editar código-fonte]