Revista pulp

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Exemplo de revistas pulps

Pulp, pulp fiction e revista pulp são nomes dados a partir do início de 1900 às revistas feitas com papel barato.[1] Os pulps – considerados semelhantes às revistas de emoção que surgiram no Brasil na década de 1930[2] – substituíram publicações anteriores como penny dreadfuls, folhetins e dime novels.[3][4][5]

As pulp fictions eram um tipo de entretenimento rápido, sem grandes pretensões artísticas. Pode-se dizer que ocupavam o lugar das séries de televisão atuais. Apesar de que muitos escritores respeitados escreveram para pulps, as revistas foram mais conhecidas por suas histórias sensacionalistas e capas apelativas. Os super-heróis das histórias em quadrinhos também são considerados como derivações da literatura pulp.[6]

Essas revistas geralmente eram dedicadas a histórias noir, mas também de fantasia e ficção científica. Frequentemente, a expressão "pulp fiction" foi usada para descrever histórias de qualidade menor ou absurdas (é esse sentido da palavra que o diretor Quentin Tarantino usou para nomear seu filme Pulp Fiction - Tempo de Violência). A despeito disso, vários escritores famosos já trabalharam em pulps, como Isaac Asimov, que escreveu para a Astounding Science Fiction e dentre outras. Raymond Chandler e Dashiell Hammett também escreveram esse tipo de ficção no início de suas carreiras. Todos são autores americanos, pois foi nos Estados Unidos que as revistas pulp tiveram maior expressão. Personagens famosos da cultura pop como Zorro, Tarzan e John Carter surgiram em revistas pulp.[7]

Assim como nos folhetins, os romances eram publicados em capítulos.[8]

A personagem O Sombra surgiu num programa de rádio, no qual quem lhe emprestava a voz (e a famosa gargalhada sinistra) era o ator e diretor Orson Welles. Posteriormente, o personagem foi adaptado às revistas pulp.[9]

Após a Segunda Guerra Mundial, o preço do papel de celulose aumentou consideravelmente; a solução das editoras de pulps foi diminuir o formato tradicional (18 x 25,5 cm),[10] adotando o "formato digest" (originalmente criado para a revista Reader's Digest, conhecida no Brasil como Seleções).[11][12]

Nesse período, as pulps passaram a concorrer com os quadrinhos e os livros de bolso.[11] De início, várias editoras de quadrinhos, como a Marvel Comics e Fiction House,[13] publicavam pulps.[7] Escritores como Julius Schwartz e Mort Weisinger,[14] que trabalhavam em pulps, migraram para os quadrinhos.[7] Muitos livros de bolso exploraram os gêneros das revistas pulps, por isso também são chamados de literatura pulp.[15] É o caso das séries O Coyote (faroeste),[16] Brigitte Montfort (espionagem)[17] e Perry Rhodan (ficção científica).[18]

Volta e meia personagens "pulp" são homenageados nos quadrinhos e inspiram novas obras. Em 1999, o escritor inglês Alan Moore criou para a America's Best Comics o personagem Tom Strong, claramente inspirado nos pulps.[19]

Autores em destaque[editar | editar código-fonte]

Autores conhecidos que escreveram para pulps incluem:

Sinclair Lewis, primeiro vencedor americano do Prêmio Nobel de Literatura, trabalhou como editor da Adventure, escrevendo parágrafos de preenchimento (breves fatos ou anedotas divertidas destinadas a preencher pequenas lacunas no layout da página), textos publicitários e algumas histórias.[20]

Gêneros[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Lois Gresh e Robert Weinberg. Ediouro, ed. A Ciência dos Super-heróis. Setembro de 2009. [S.l.: s.n.] 12 páginas. ISBN 8500016604 
  2. «Os Pulps Brasileiros e o Estatuto do Escritor de Ficção de Gênero no Brasil». Roberto de Sousa Causo 
  3. «Viagem extraordinária». Consultado em 26 de junho de 2016. Arquivado do original em 21 de setembro de 2016 
  4. M. Thomas Inge e Dennis Hall (2002). The Greenwood guide to American popular culture: Pulps and dime novels through Young adult fiction, Volume 3. [S.l.]: Greenwood Press. 9780313323706 
  5. «Literatura para as massas». Editora Duetto. Scientific American Brasil Exploradores do Futuro - H. G. Wells (2). 2005. ISSN 1808-6543 
  6. Cesar Silva (30 de agosto de 2003). «Super-heróis e superpoderes na Ficção Científica». Universo HQ 
  7. a b c Gerard Jones (2006). Homens do Amanhã - geeks, gângsteres e o nascimento dos gibis. [S.l.]: Conrad Editora. 85-7616-160-5 
  8. Lester Del Rey. The world of science fiction, 1926-1976: the history of a subculture. [S.l.]: Garland Pub., 1980. 9780824014469
  9. Sérgio Codespoti (12 de dezembro de 2006). «O Sombra voltará às telonas pelas mãos de Sam Raimi». Universo HQ 
  10. John A. Dinan (1998). Sports in the pulp magazines. [S.l.]: McFarland. 9 páginas. 9780786404810 
  11. a b Ashley , Michael (2005). The history of the science-fiction magazine: the story of the science-fiction magazines from 1950 to 1970, Transformations, Volume 2. [S.l.: s.n.] pp. 3 a 5. 9780853237792 
  12. Stephen King. Dança Macabra. [S.l.]: Editora Objetiva. 36 páginas. 9788573028447 
  13. Shirrel Rhoades. A Complete History of American Comic Books. [S.l.]: Peter Lang, 2008. 9781433101076
  14. Pedro Hunter (16 de Fevereiro de 2004). «HQs de luto por Julius Schwartz». Omelete 
  15. Roberto de Sousa Causo. «Mundo Pulp» 
  16. Antonio Lazaro-Reboll (2012). Spanish Horror Film. [S.l.]: Edinburgh University Press. 94 páginas. 9780748636402 
  17. Glória Kalil (16 de fevereiro de 2011). «Célebre ilustrador dos anos 1970 Benício ganha livro retrospectiva e primeira expo das suas pin-ups em São Paulo». UOL 
  18. Franz Rottensteiner, Mike Mitchell. The black mirror and other stories: an anthology of science fiction from Germany & Austria. [S.l.]: Wesleyan University Press, 2008. xxx, xxxi e xxxii p. ISBN 0819568317, ISBN 9780819568311
  19. «Aqui Dentro». Omelete. 20 de dezembro de 2005 
  20. Schorer, M. Sinclair Lewis: An American Life, pp. 3–22. McGraw-Hill, 1961.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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