Laranja: diferenças entre revisões

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"Laranja" é oriundo do [[sânscrito]] ''nâranga'', através do [[Língua persa|persa]] ''narrang'' e do [[Língua árabe|árabe]] ''naranja''.<ref>FERREIRA, A. B. H. ''Novo Dicionário da Língua Portuguesa''. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.1 010</ref>
"Laranja" é oriundo do [[sânscrito]] ''nâranga'', através do [[Língua persa|persa]] ''narrang'' e do [[Língua árabe|árabe]] ''naranja''.<ref>FERREIRA, A. B. H. ''Novo Dicionário da Língua Portuguesa''. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.1 010</ref>


== História ==
== History ==
[[File:Yellow Oranges and Green Tangerines (橙黃橘綠) by Zhao Lingrang (趙令穰).jpg|thumb|upright|''Laranjas Amarelas e Tangerinas Verdes'' por Zhao Lingrang, pintura chinesa da [[dinastia Sung]] ([[Museu do Palácio Nacional|MPN]])]]
=== Origem ===
A laranja-doce não é um [[Frutos silvestres|fruto silvestre]],<ref name=webber4 /> tendo surgido na [[domesticação]] de um [[cruzamento]] entre uma [[tangerina]] não pura e um [[pomelo]] [[Híbrido (biologia)|híbrido]] que tinha um componente substancial de tangerina. Como seu [[ADN plastídico]] é o de pomelo, provavelmente foi o pomelo híbrido, talvez um [[retrocruzamento]] de pomelo BC1, que foi o [[pai]] [[Mãe|materno]] da primeira laranja.<ref name=genealogy_review /><ref name=Wu>{{cite journal |title=Sequencing of diverse mandarin, pomelo and orange genomes reveals complex history of admixture during citrus domestication |journal=Nature Biotechnology |author=G Albert Wu|display-authors=etal |volume=32 |issue=7 |doi=10.1038/nbt.2906 |pages=656–662 |pmid=24908277 |pmc=4113729|year=2014 }}</ref> Com base na análise [[Genómica|genômica]], as proporções relativas das espécies ancestrais na laranja doce são de aproximadamente 42% de pomelo e 58% de tangerina.<ref name="Talon">{{cite journal|title=Genomics of the origin and evolution of ''Citrus'' | last1=Wu | first1=Guohong Albert | last2=Terol | first2=Javier | last3=Ibanez | first3=Victoria | last4=López-García | first4=Antonio | last5=Pérez-Román | first5=Estela | last6=Borredá | first6=Carles | last7=Domingo | first7=Concha | last8=Tadeo | first8=Francisco R | last9=Carbonell-Caballero | first9=Jose | last10=Alonso | first10=Roberto | last11=Curk | first11=Franck | last12=Du | first12=Dongliang | last13=Ollitrault | first13=Patrick | last14=Roose | first14=Mikeal L. Roose | last15=Dopazo | first15=Joaquin | last16=Gmitter Jr | first16=Frederick G. | last17=Rokhsar | first17=Daniel | last18=Talon | first18=Manuel | journal=Nature | year = 2018 | volume=554 | issue=7692 | pages=311–316 | doi=10.1038/nature25447 | pmid=29414943| bibcode=2018Natur.554..311W | doi-access=free }} and Supplement</ref> Todas as variedades de laranja-doce descendem deste cruzamento protótipo, diferindo apenas por mutações selecionadas durante a propagação [[Agricultura|agrícola]].<ref name=Wu /> As laranjas-doces têm uma origem distinta da laranja amarga, que surgiu independentemente, talvez na natureza, de um cruzamento entre os pais de tangerina pura e pomelo.<ref name=Wu /> A primeira menção da laranja-doce na [[Literatura da China|literatura chinesa]] data de 314 a.C.<ref name=fullgenome />
[[Imagem:OrangeBloss wb.jpg|thumb|A flor e o fruto da laranjeira]]


Na [[Europa]], os [[mouros]] introduziram a laranja na [[Península Ibérica]], que era conhecida como [[Al-Andalus]], com cultivo em larga escala a partir do século X, como evidenciado por complexas técnicas de irrigação especificamente adaptadas para apoiar pomares de laranja.<ref>{{cite web|url=http://canal.ugr.es/prensa-y-comunicacion/science-news-ugr/social-economic-and-legal-sciences/sugar-cane-cumin-and-orange-grove-crops-were-adapted-in-alandalus-from-the-10th-century/|title=Water and landscape in Granada|date=1 September 2003|website=Universidad de Granada|last1=Trillo San José|first1=Carmen}}</ref> As [[Citrus|frutas cítricas]] — entre elas a [[laranja-azeda]] — foram introduzidas na [[Sicília]] no século IX durante o período do [[Emirado da Sicília]], mas a laranja-doce era desconhecida até o final do século XV ou início do século XVI, quando [[Comércio|comerciantes]] [[italianos]] e [[portugueses]] trouxeram laranjeiras para a área do [[Mar Mediterrâneo|Mediterrâneo]].<ref name=morton /> Pouco depois, a laranja-doce rapidamente foi adotada como fruto [[Alimento|comestível]]. Era considerado um alimento de luxo cultivado por pessoas ricas em conservatórios privados, chamados [[Orangerie|''orangeries'']]. Em 1646, a laranja-doce era bem conhecida em toda a Europa.<ref name=morton /> [[Luís XIV de França]] tinha um grande amor por laranjeiras, e construiu a maior de todas as [[Orangerie do Palácio de Versalhes|''orangeries'']] reais no [[Palácio de Versalhes]].<ref>{{cite book| title=The Gardens of Versailles| author=Jean-Baptiste Leroux| publisher=Thames & Hudson| year=2002|page=368}}</ref> Em [[Versalhes]], laranjeiras em vasos em cubas de [[prata]] maciça foram colocadas em todas as salas do palácio, enquanto a ''orangerie'' permitia o cultivo da fruta durante todo o ano para abastecer a [[Corte (realeza)|corte]]. Quando Luís condenou seu [[Ministro da Fazenda|ministro das Finanças]], [[Nicolas Fouquet]], em 1664, parte dos tesouros que ele confiscou eram mais de mil laranjeiras da propriedade de Fouquet em [[Castelo de Vaux-le-Vicomte|Vaux-le-Vicomte]].<ref>{{cite book| title=The Sun King| author=Nancy Mitford| publisher=Sphere Books Ltd.| year=1966|page=11}}</ref>
A origem das frutas do gênero ''Citrus'' confunde-se, no tempo, com a história da humanidade. Sabe-se apenas que a maior parte dos frutos cítricos é originária de regiões entre a Índia e o sudeste do [[Himalaia]], onde se encontram, ainda em estado silvestre, variedades de limeiras, cidreiras, limoeiros, pomeleiras, toranjeiras, laranjeiras amargas ou azedas, laranjeiras doces e de outros frutos ácidos aclimatados ou locais.


[[Viagem|Viajantes]] [[espanhóis]] introduziram a laranja-doce no [[América|continente americano]]. Em sua segunda viagem em 1493, [[Cristóvão Colombo]] pode ter plantado a fruta em [[Ilha de São Domingos|Hispaniola]].<ref>{{cite web |last=Sauls |first=Julian W. |title=HOME FRUIT PRODUCTION-ORANGES |url=http://aggie-horticulture.tamu.edu/citrus/oranges.htm |publisher=The Texas A&M University System |access-date=30 November 2012 |date=December 1998}}</ref> Expedições subsequentes em meados de 1500 trouxeram laranjas-doces para a [[América do Sul]] e [[México]], e para a [[Flórida]] em 1565, quando [[Pedro Menéndez de Avilés]] fundou [[Saint Augustine]]. [[Missão cristã|Missionários]] espanhóis levaram laranjeiras para o [[Arizona]] entre 1707 e 1710, enquanto os [[franciscanos]] fizeram o mesmo em [[San Diego]], [[Califórnia]], em 1769.<ref name=morton /> Um [[pomar]] foi plantado na [[Missão San Gabriel]] por volta de 1804 e um pomar comercial foi estabelecido em 1841 perto da atual [[Los Angeles]]. Na [[Luisiana]], as laranjas provavelmente foram introduzidas por exploradores [[franceses]].
Alguns autores afirmam que os citrinos teriam surgido no leste asiático, de onde teriam sido levados para o norte da África e para o sul da Europa, chegando às Américas por volta de 1500. Porém, tanto na Europa como na América, foi na segunda metade do {{séc|XIX}} que tomaram impulso o cultivo e a comercialização de suas diferentes variedades. Os citrinos espalharam-se pelo mundo sofrendo mutações e originando novas variedades devido ao seu cultivo via sementes.{{Carece de fontes|ciência=sim|ci|data=outubro de 2015}}


[[Archibald Menzies]], o [[botânico]] e [[naturalista]] da [[Expedição Vancouver]], coletou [[Semente|sementes]] de laranja na [[África do Sul]], criou as mudas a bordo e as deu a vários chefes [[Havaí|havaianos]] em 1792. Eventualmente, a laranja-doce foi cultivada em amplas áreas das ilhas havaianas, mas sua o cultivo parou após a chegada da [[Tephritidae|mosca da fruta]] do Mediterrâneo no início de 1900.<ref name=morton /><ref>{{cite web |title=Ceratitis capitata (Wiedemann) |url=http://www.extento.hawaii.edu/kbase/crop/Type/ceratiti.htm |publisher=Knowledge Master, [[University of Hawaii]] |access-date=5 December 2012 |author1=Mau, Ronald |author2=Kessing, Jayma Martin |name-list-style=amp |date=April 2007}}</ref>
=== História da laranja ===
A história da laranja inicia-se na [[Índia]], onde era conhecida pelo nome ''nareng''. Da Índia este fruto espalhou-se pela restante da [[Ásia]], passando a denominar-se [[narang]], nome que foi dado a uma cidade [[Paquistão|paquistanesa]], situada na província de [[Punjab]]. Da Ásia chegou à [[Europa]] através de Portugal.{{Carece de fontes|ciência=sim|ci|data=outubro de 2015}}


Como as laranjas são ricas em [[Ácido ascórbico|vitamina C]] e não estragam facilmente, durante a [[Era dos Descobrimentos]], [[Marinheiro|marinheiros]] portugueses, espanhóis e [[Neerlandeses|holandeses]] plantaram árvores cítricas ao longo das [[Rota de comércio|rotas comerciais]] para evitar o [[escorbuto]].
Um dos primeiros locais da Europa onde se iniciou o cultivo da laranja na [[França]], tendo os franceses adaptado o nome narang para ''orange''. Foi com este nome que a laranja veio a ser associada em algumas culturas à cor do [[ouro]]. A palavra ''or'', em francês, significa ouro.{{Carece de fontes|ciência=sim|ci|data=outubro de 2015}}


Agricultores da [[Flórida]] obtiveram sementes de [[Nova Orleães]] por volta de 1872, após o que os laranjais foram estabelecidos enxertando a laranja-doce em [[Porta-enxerto|porta-enxertos]] de laranja-azeda.<ref name=morton />
Na Ásia e [[Médio Oriente]], onde era conhecida, a laranjeira assumia-se como árvore ornamental e dotada de características extraordinárias. Era muito comum nos [[pátio]]s das casas [[árabes]] abastadas, geralmente associada a uma [[fonte]] ou a um [[lago]], além de serem importantes às economias destes países, muitas vezes, como o principal produto exportado.<ref>{{Citar web|url=https://israelemcasa.com.br/as-laranjas-de-jaffa/|titulo=As Laranjas de Jaffa - Israel em Casa - Curiosidades Home|data=2021-07-16|acessodata=2022-01-08|website=Israel em Casa|lingua=pt-BR}}</ref>{{Carece de fontes|ciência=sim|ci|data=outubro de 2015}}

Em várias culturas, os seus frutos foram conhecidos como "[[Hespérides|maçãs do paraíso]]". É possível ver em [[pintura]]s antigas os frutos da "[[Árvore da Vida (Bíblia)|Árvore da Ciência]]" representados por laranjas.{{Carece de fontes|ciência=sim|ci|data=outubro de 2015}}

A cor de laranja encontra-se ligada ao fruto do mesmo nome e, em tempos antigos, eram ambos considerados exóticos.{{Carece de fontes|ciência=sim|ci|data=outubro de 2015}}


== Valor nutricional ==
== Valor nutricional ==

Revisão das 22h09min de 9 de novembro de 2022

 Nota: Para outros significados, veja Laranja (desambiguação).
Como ler uma infocaixa de taxonomiaLaranja
Citrus sinensis (L.) (Histoire et culture des orangers A. Risso et A. Poiteau. -- Paris Henri Plon, Editeur, 1872)
Citrus sinensis (L.) (Histoire et culture des orangers A. Risso et A. Poiteau. -- Paris Henri Plon, Editeur, 1872)
Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Sapindales
Família: Rutaceae
Género: Citrus
Espécie: C. maxima × C. reticulata
Nome binomial
Citrus × sinensis
Macfad.
Laranjas – segmentos inteiros, cortados ao meio e descascados
Laranjas depois de descascadas
Flores de laranjeira e laranjas na árvore
Laranjas e suco de laranja

A laranja é um fruto de várias espécies cítricas da família Rutaceae (ver lista de plantas conhecidas como laranja); refere-se principalmente a Citrus × sinensis,[1] que também é chamado de laranja-doce, para distingui-lo do relacionado Citrus × aurantium, referido como laranja-azeda. A laranja-doce reproduz-se assexuadamente (apomixia por embrionário nucelar); variedades de laranja-doce surgem através de mutações.[2][3][4][5]

A laranja é um híbrido entre pomelo (Citrus maxima) e tangerina (Citrus reticulata).[2][6] O genoma do cloroplasto e, portanto, a linha materna, é o do pomelo.[7] A laranja doce teve seu genoma completamente sequenciado.[2]

A laranja originou-se em uma região que abrange a China meridional, o nordeste da Índia e Myanmar,[8][9] e a primeira menção da laranja doce foi na literatura chinesa em 314 a.C.[2] Em 1987, as laranjeiras foram consideradas a árvore frutífera mais cultivada do mundo.[10] As laranjeiras são amplamente cultivadas em climas tropicais e subtropicais por seus frutos doces. O fruto da laranjeira pode ser consumido fresco, ou processado por seu suco ou casca aromatizados.[11] Em 2012, a laranja doce respondeu por aproximadamente 70% da produção de citros.[12]

Em 2019, foram cultivadas 79 milhões de toneladas de laranja em todo o mundo, com o Brasil produzindo 22% do total, seguido por China e Índia.[13]

Etimologia

"Laranja" é oriundo do sânscrito nâranga, através do persa narrang e do árabe naranja.[14]

History

Laranjas Amarelas e Tangerinas Verdes por Zhao Lingrang, pintura chinesa da dinastia Sung (MPN)

A laranja-doce não é um fruto silvestre,[15] tendo surgido na domesticação de um cruzamento entre uma tangerina não pura e um pomelo híbrido que tinha um componente substancial de tangerina. Como seu ADN plastídico é o de pomelo, provavelmente foi o pomelo híbrido, talvez um retrocruzamento de pomelo BC1, que foi o pai materno da primeira laranja.[7][16] Com base na análise genômica, as proporções relativas das espécies ancestrais na laranja doce são de aproximadamente 42% de pomelo e 58% de tangerina.[17] Todas as variedades de laranja-doce descendem deste cruzamento protótipo, diferindo apenas por mutações selecionadas durante a propagação agrícola.[16] As laranjas-doces têm uma origem distinta da laranja amarga, que surgiu independentemente, talvez na natureza, de um cruzamento entre os pais de tangerina pura e pomelo.[16] A primeira menção da laranja-doce na literatura chinesa data de 314 a.C.[2]

Na Europa, os mouros introduziram a laranja na Península Ibérica, que era conhecida como Al-Andalus, com cultivo em larga escala a partir do século X, como evidenciado por complexas técnicas de irrigação especificamente adaptadas para apoiar pomares de laranja.[18] As frutas cítricas — entre elas a laranja-azeda — foram introduzidas na Sicília no século IX durante o período do Emirado da Sicília, mas a laranja-doce era desconhecida até o final do século XV ou início do século XVI, quando comerciantes italianos e portugueses trouxeram laranjeiras para a área do Mediterrâneo.[10] Pouco depois, a laranja-doce rapidamente foi adotada como fruto comestível. Era considerado um alimento de luxo cultivado por pessoas ricas em conservatórios privados, chamados orangeries. Em 1646, a laranja-doce era bem conhecida em toda a Europa.[10] Luís XIV de França tinha um grande amor por laranjeiras, e construiu a maior de todas as orangeries reais no Palácio de Versalhes.[19] Em Versalhes, laranjeiras em vasos em cubas de prata maciça foram colocadas em todas as salas do palácio, enquanto a orangerie permitia o cultivo da fruta durante todo o ano para abastecer a corte. Quando Luís condenou seu ministro das Finanças, Nicolas Fouquet, em 1664, parte dos tesouros que ele confiscou eram mais de mil laranjeiras da propriedade de Fouquet em Vaux-le-Vicomte.[20]

Viajantes espanhóis introduziram a laranja-doce no continente americano. Em sua segunda viagem em 1493, Cristóvão Colombo pode ter plantado a fruta em Hispaniola.[21] Expedições subsequentes em meados de 1500 trouxeram laranjas-doces para a América do Sul e México, e para a Flórida em 1565, quando Pedro Menéndez de Avilés fundou Saint Augustine. Missionários espanhóis levaram laranjeiras para o Arizona entre 1707 e 1710, enquanto os franciscanos fizeram o mesmo em San Diego, Califórnia, em 1769.[10] Um pomar foi plantado na Missão San Gabriel por volta de 1804 e um pomar comercial foi estabelecido em 1841 perto da atual Los Angeles. Na Luisiana, as laranjas provavelmente foram introduzidas por exploradores franceses.

Archibald Menzies, o botânico e naturalista da Expedição Vancouver, coletou sementes de laranja na África do Sul, criou as mudas a bordo e as deu a vários chefes havaianos em 1792. Eventualmente, a laranja-doce foi cultivada em amplas áreas das ilhas havaianas, mas sua o cultivo parou após a chegada da mosca da fruta do Mediterrâneo no início de 1900.[10][22]

Como as laranjas são ricas em vitamina C e não estragam facilmente, durante a Era dos Descobrimentos, marinheiros portugueses, espanhóis e holandeses plantaram árvores cítricas ao longo das rotas comerciais para evitar o escorbuto.

Agricultores da Flórida obtiveram sementes de Nova Orleães por volta de 1872, após o que os laranjais foram estabelecidos enxertando a laranja-doce em porta-enxertos de laranja-azeda.[10]

Valor nutricional

Laranjas ambersweet, uma variedade tolerante ao frio

A laranja é muito conhecida por ser fonte de vitamina C. A vitamina C é o nutriente mais importante da laranja. Duas laranjas por dia fornecem a quantidade de vitamina C de que o organismo precisa.[23] As laranjas produzidas em agricultura biológica parece que são mais ricas em vitamina C.[24]

A forma mais eficiente de se beneficiar de todos os nutrientes da laranja é consumi-la fresca ou tomar seu suco. O suco terá níveis mais elevados de quase todos os nutrientes devido à sua concentração. No entanto, uma porção do suco contém o dobro de calorias e 85% menos de fibras do que a fruta.[25]

Cultivo

Laranjeiras em Sevilha, Espanha
Laranjal em Avaré, em São Paulo, Brasil

O cultivo da laranja é um negócio significativo e uma importante parte das economias de vários países e regiões europeias, entre os quais Espanha, Itália, Roménia e a região do Algarve, em Portugal. Nos outros continentes, encontramos produção significativa na África do Sul, Angola, Zimbabué, nos estados da Flórida e Califórnia, nos Estados Unidos, na América do Sul principalmente na Argentina e no Brasil, sendo este último o maior produtor do mundo, concentrando grande parte da produção na cidade de Itápolis, em São Paulo[26] e o distrito Riverina, em Murray River, na Austrália.[carece de fontes?]

Produção no Brasil e em Portugal

Ver artigo principal: Produção de laranja no Brasil

O Brasil é o maior produtor mundial de laranja. A área total de plantio é estimada em 800 mil hectares. Estima-se que, de cada cinco copos de suco consumidos no mundo, três sejam produzidos no Brasil, que já deteve 50 % da produção mundial, exporta 98 % do que produz e detém 85 % de participação no mercado mundial. Na safra 2019, a produção brasileira foi de pouco mais de 17 milhões de toneladas. O Estado de São Paulo é o maior produtor, respondendo por 77 % do total produzido no Brasil (13,2 milhões de toneladas). Outros estados com produção considerável são Minas Gerais (989 mil toneladas), Paraná (694 mil toneladas) e Bahia (574 mil toneladas).[27][28] O Brasil é um grande exportador de suco de laranja: na safra 2019/2020, exportou quase 1 milhão de toneladas de suco, a um valor de US$ 1,650 bilhão, principalmente para a União Européia e os Estados Unidos. É um produto de alta importância na pauta de exportações do país.[29]

As principais laranjas para consumo in natura no Brasil são a laranja-da-baía, laranja seleta, laranja japonesa, laranja-lima e laranja-pera.[30] Já as principais laranjas utilizadas para a produção de sucos são a Laranja Valência, Pera Rio, Folha Murcha, Charmute e Hamlin.[31]

Já em Portugal, onde a área plantada é estimada em 20 361 hectares, as principais variedades são Baía, Newhall, Dalmau ou Navelina, Lane Late, Navel Late, Rhodee Barnfield, Valência Late (clones: D. João, Frost, Olinda), de Setúbal e Jaffa.[32] Em 2015 a produção de laranja neste país atingiu as 246,6 mil toneladas.[33]

Produção mundial

Laranjas
País Produção em 2018
(toneladas anuais)
 Brasil 16.713.534
 China 9.103.908
 Índia 8.367.000
 Estados Unidos 4.833.480
 México 4.737.990
Espanha 3.639.853
 Egito 3.246.483
Indonésia 2.510.442
 Turquia 1.900.000
Irã Irão 1.889.252
Fonte: Food and Agriculture Organization[34]

Ver também

Referências

  1. «Citrus ×sinensis (L.) Osbeck (pro sp.) (maxima × reticulata) sweet orange». Plants.USDA.gov. Cópia arquivada em May 12, 2011  Verifique data em: |arquivodata= (ajuda)
  2. a b c d e Xu, Q; Chen, LL; Ruan, X; Chen, D; Zhu, A; Chen, C; Bertrand, D; Jiao, WB; Hao, BH; Lyon, MP; Chen, J; Gao, S; Xing, F; Lan, H; Chang, JW; Ge, X; Lei, Y; Hu, Q; Miao, Y; Wang, L; Xiao, S; Biswas, MK; Zeng, W; Guo, F; Cao, H; Yang, X; Xu, XW; Cheng, YJ; Xu, J; Liu, JH; Luo, OJ; Tang, Z; Guo, WW; Kuang, H; Zhang, HY; Roose, ML; Nagarajan, N; Deng, XX; Ruan, Y (Jan 2013). «The draft genome of sweet orange (Citrus sinensis)». Nature Genetics. 45 (1): 59–66. PMID 23179022. doi:10.1038/ng.2472Acessível livremente 
  3. «Orange Fruit Information». 9 June 2017. Consultado em 20 September 2018  Verifique data em: |acessodata=, |data= (ajuda)
  4. «Orange fruit nutrition facts and health benefits». Consultado em 20 September 2018  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  5. «Oranges: Health Benefits, Risks & Nutrition Facts». Live Science. Consultado em 20 September 2018  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  6. Andrés García Lor (2013). Organización de la diversidad genética de los cítricos (PDF) (Tese). 79 páginas 
  7. a b Velasco, R; Licciardello, C (2014). «A genealogy of the citrus family». Nature Biotechnology. 32 (7): 640–642. PMID 25004231. doi:10.1038/nbt.2954Acessível livremente 
  8. Morton, Julia F. (1987). Fruits of Warm Climates. [S.l.: s.n.] pp. 134–142 
  9. Talon, Manuel; Caruso, Marco; Gmitter, Fred G. Jr. (2020). The Genus Citrus. [S.l.]: Woodhead Publishing. p. 17. ISBN 9780128122174 
  10. a b c d e f Morton, J (1987). «Orange, Citrus sinensis. In: Fruits of Warm Climates». NewCROP, New Crop Resource Online Program, Center for New Crops & Plant Products, Purdue University. pp. 134–142 
  11. «Citrus sinensis». Agricultural Research Service (ARS), United States Department of Agriculture (USDA). Germplasm Resources Information Network (GRIN). Consultado em 10 December 2017  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  12. Organisms. Citrus Genome Database
  13. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome faostat
  14. FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.1 010
  15. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome webber4
  16. a b c G Albert Wu; et al. (2014). «Sequencing of diverse mandarin, pomelo and orange genomes reveals complex history of admixture during citrus domestication». Nature Biotechnology. 32 (7): 656–662. PMC 4113729Acessível livremente. PMID 24908277. doi:10.1038/nbt.2906 
  17. Wu, Guohong Albert; Terol, Javier; Ibanez, Victoria; López-García, Antonio; Pérez-Román, Estela; Borredá, Carles; Domingo, Concha; Tadeo, Francisco R; Carbonell-Caballero, Jose; Alonso, Roberto; Curk, Franck; Du, Dongliang; Ollitrault, Patrick; Roose, Mikeal L. Roose; Dopazo, Joaquin; Gmitter Jr, Frederick G.; Rokhsar, Daniel; Talon, Manuel (2018). «Genomics of the origin and evolution of Citrus». Nature. 554 (7692): 311–316. Bibcode:2018Natur.554..311W. PMID 29414943. doi:10.1038/nature25447Acessível livremente  and Supplement
  18. Trillo San José, Carmen (1 September 2003). «Water and landscape in Granada». Universidad de Granada  Verifique data em: |data= (ajuda)
  19. Jean-Baptiste Leroux (2002). The Gardens of Versailles. [S.l.]: Thames & Hudson. p. 368 
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  21. Sauls, Julian W. (December 1998). «HOME FRUIT PRODUCTION-ORANGES». The Texas A&M University System. Consultado em 30 November 2012  Verifique data em: |acessodata=, |data= (ajuda)
  22. Mau, Ronald; Kessing, Jayma Martin (April 2007). «Ceratitis capitata (Wiedemann)». Knowledge Master, University of Hawaii. Consultado em 5 December 2012  Verifique o valor de |name-list-format=amp (ajuda); Verifique data em: |acessodata=, |data= (ajuda)
  23. «Recomendações Nutricionais». Consultado em 27 de janeiro de 2015. Arquivado do original em 5 de dezembro de 2014 
  24. Duarte A, Caixeirinho D, Miguel G, Sustelo V, Nunes C., Mendes M, Marreiros A. 2010. «Vitamin C Content of Citrus from Conventional versus Organic Farming Systems». Acta Horticulturae 868:389-394. 
  25. Reinhard, Tonia (2011). Superalimentos. Os alimentos mais saudáveis do planeta 1ª edição brasileira ed. São Paulo: Larousse. p. 95. ISBN 978-85-7635-863-3 
  26. IBGE-Sala de Imprensa
  27. «Produção brasileira de laranja em 2019» (PDF). Embrapa. Consultado em 18 de fevereiro de 2021 
  28. Marcos Fava Neves. «O Retrato da Citricultura Brasileira» (PDF). Consultado em 27 de janeiro de 2015 
  29. Exportação de suco de laranja cresce 16% em 11 meses da safra 19/20
  30. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome Mundo-estranho
  31. CEPEA/ESALQ USP. «Cadeia Agroindustrial de Citros» (PDF). Consultado em 15 de janeiro de 2015. Arquivado do original (PDF) em 23 de setembro de 2015 
  32. Observatório das Informações Agrícolas e das Importações Agro-alimentares. «O Mercado da Laranja em Portugal». Consultado em 27 de janeiro de 2015. Arquivado do original em 5 de maio de 2015 
  33. INE, Estatísticas Agrícolas - 2015, pág. 22.
  34. fao.org (FAOSTAT). «Orange production in 2018, Crops/World regions/Production quantity (from pick lists)». Consultado em 29 de agosto de 2020 

Ligações externas

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