José Carlos Mariátegui

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José Carlos Mariátegui
José Carlos Mariátegui
José Carlos Mariátegui, 1929
Nascimento 14 de junho de 1894 (129 anos)
Moquegua,  Peru
Morte 16 de abril de 1930 (35 anos)
Género literário Romance, sociologia
Magnum opus Sete Ensaios de Interpretação da Realidade Peruana
Escola/tradição Marxismo-Leninismo
Assinatura

José Carlos Mariátegui La Chira (Moquegua, 14 de junho de 189416 de abril de 1930) foi um escritor, jornalista, sociólogo e ativista político[1] peruano. Autodidata, Mariátegui destacou-se como um dos primeiros e mais influentes pensadores do marxismo latino-americano no século XX. Autor prolífico apesar de sua morte prematura, era também conhecido em seu país como El Amauta (do quéchua: hamawt'a, 'mestre'). Seu livro mais conhecido internacionalmente - e um dos dois que publicou em vida - é Sete Ensaios de Interpretação da Realidade Peruana, no qual traçou uma história econômica do Peru sob a perspectiva materialista.

Segundo Michael Löwy, "José Carlos Mariátegui é não somente o mais importante e inventivo dos marxistas latino-americanos, mas também um pensador, cuja obra, por sua força e originalidade, tem um significado universal", guardando afinidades com grandes pensadores do marxismo ocidental, como Gramsci, Lukács, Walter Benjamin e Georges Sorel.[2] Segundo Löwy, o núcleo da sua singular interpretação do marxismo, é irredutivelmente romântico - o que, do ponto de vista da ortodoxia stalinista, era uma heresia. Em artigo de 1941, Vladimir Myasishchev, denunciou o "populismo" e o "romantismo" de Mariátegui, para demonstrar que seu pensamento era estranho ao marxismo. Como exemplo deste "romantismo nacionalista", Myasishchev citava as teses de Mariátegui sobre a importância do coletivismo agrário inca para a luta socialista moderna no Peru.[3]

Nos Sete ensaios,[4] Mariátegui examina a situação econômica e social do Peru, de um ponto de vista marxista. A obra é considerada como o primeiro documento de análise da sociedade latino-americana. O livro parte da história econômica do Peru e prossegue apresentando o "problema indígena", que o autor liga ao "problema agrário". Os demais capítulos são dedicados à educação, à religião, ao regionalismo e à centralização, assim como à literatura. Na mesma obra, Mariátegui responsabiliza os proprietários de terras pela situação econômica do país e pelas condições de vida miseráveis dos indígenas da região. Ao mesmo tempo, observa que o Peru teria ainda numerosas características das sociedades feudais e defende a ideia de que a transição para o socialismo poderia ocorrer através das formas de coletivismo tradicionais, praticadas pelos indígenas.

Mariátegui foi redator do jornal El Tiempo. Fundou o Partido Comunista do Peru e a Confederação Geral dos Trabalhadores do Peru.

Obras[editar | editar código-fonte]

Em vida, Mariátegui publicou apenas dois livros (La escena contemporánea e 7 ensayos de interpretación de la realidad peruana), deixando inacabados e inéditos dois outros (El alma matinal e Defensa del marxismo), publicados em 1950 e 1955, respectivamente, embora, em grande parte, já tivessem sido publicada pela imprensa. Todos os seus livros, além da sua abundante produção jornalística (artigos, conferências, ensaios e uma novela), escritos ao longo de apenas sete anos (1923-1930), foram editados e publicados após a sua morte, por iniciativa de sua viúva e seus filhos.

Obras[editar | editar código-fonte]

  • La escena contemporánea. Obras completas, Vol. 1. Ed. Amauta.
  • 7 ensayos de interpretación de la realidad peruana, Obras completas, Vol. 2. Ed. Amauta.
  • El alma matinal y otras estaciones del hombre de hoy, Obras completas, Vol. 3. Ed. Amauta.
  • La novela y la vida. Siegfried y el profesor Canella, Obras completas, Vol. 4. Ed. Amauta..
  • Defensa del marxismo, Obras completas, Vol. 5. Ed. Amauta.
  • El artista y la época. Obras completas, Vol. 6. Ed. Amauta.
  • Signos y obras. Análisis del pensamiento literario contemporáneo, Obras completas, Vol. 7. Ed. Amauta.
  • Historia de la crisis mundial. Conferencias pronunciadas en 1923. Obras completas, Vol. 8. Ed. Amauta.
  • Poemas a Mariátegui (compilação com prólogo de Pablo Neruda). Obras completas, Vol. 9. Ed. Amauta.
  • José Carlos Mariátegui, por María Wiesse, Obras completas, Vol. 10. Ed. Amauta.
  • Peruanicemos al Perú, Obras completas, Vol. 11. Ed. Amauta.
  • Temas de nuestra América, Obras completas, Vol. 12. Ed. Amauta.
  • Ideología y política, Obras completas, Vol. 13. Ed. Amauta.
  • Temas de educación, Obras completas, Vol. 14. Ed. Amauta.
  • Cartas de Italia, Obras completas, Vol. 15. Ed. Amauta.
  • Figuras y aspectos de la vida mundial. Tomos 1, 2 e 3 Obras completas, Vol. 16, 17 e 18. Ed. Amauta.

Sobre Mariátegui[editar | editar código-fonte]

  • Tauro, Alberto. Amauta y su influencia. Obras completas, Vol. 19. Ed. Amauta.

Referências

  1. Tecnologia, Tray. «As origens do fascismo - Alameda Casa Editorial». www.alamedaeditorial.com.br. Consultado em 29 de maio de 2021 
  2. de Melo Junior, Sydnei Ulisses. «"Mito" e "religiosidade popular" no pensamento político de José Carlos Mariátegui e Antonio Gramsci: notas para uma pesquisa» (PDF). Unicamp. IFCH. Consultado em 28 de maio de 2021 
  3. Marxismo e romantismo em Mariátegui. Por Michael Löwy. Teoria e Debate n° 41, maio/junho/julho de 1999.
  4. Mariátegui, José Carlos (2007). 7 ensayos de interpretación de la realidad peruana (PDF). Venezuela: Fundación Biblioteca Ayacucho. ISBN 8466000321 

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