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Guerra Civil na República Centro-Africana (2012–presente)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conflito na República Centro-Africana
Current military situation in Central African Republic:
Situação militar atual na República Centro-Africana
Data 10 de dezembro de 2012 – presente
Local República Centro-Africana
Situação em curso;
Beligerantes
FPRC
UPC
MPC
MLCJ
MNLC
3R
Révolution et Justice
República Centro-Africana República
Centro-Africana


MINUSCA
(desde 2014)

 Ruanda[3]
(desde 2020)

 Rússia[4]
(desde 2018)


Anteriormente:
 França
(2013–2021)[5]

 África do Sul
(2012–2013)



MISCA
(2013–2014)


Anti-balaka
Comandantes
Noureddine Adam
Joseph Zoundeiko [7]
Ali Darassa
Michel Djotodia Rendição (militar) (2013–2014)
Faustin-Archange Touadéra (desde 2016)
Catherine Samba-Panza (2014–2016)
François Bozizé (2012–2013)
Parfait Onanga-Anyanga
Emmanuel Macron (desde 2017)
François Hollande (até 2017)
Jacob Zuma
EUFOR RCA:
Philippe Pontiès
MICOPAX:
Jean-Felix Akaga (até 2013)
Levy Yakete
Patrice Edouard Ngaissona
Avanços da Séléka na República Centro-Africana (dezembro de 2012 a março de 2013)

A Guerra Civil na República Centro-Africana foi iniciada em dezembro de 2012 envolvendo o governo da República Centro-Africana, os rebeldes da coalizão Séléka e as milícias anti-balaka.

Na Guerra Civil na República Centro-Africana (2004–2007), o governo do presidente François Bozizé lutou com os rebeldes até um acordo de paz em 2007. O atual conflito surgiu quando uma nova coalizão de grupos rebeldes variados, conhecida como Coalizão Séléka (Séléka que significa "aliança" na língua sango[8]), acusou o governo de não cumprir os acordos de paz. As forças rebeldes capturaram muitas das grandes cidades nas regiões central e leste do país. A aliança compreende dois grandes grupos baseados no nordeste da República Centro-Africana: a UFDR e a CPJP, bem como o CPSK, menos conhecido.[9] Dois outros grupos anunciaram seu apoio à coalizão: FDPC,[10] bem como o grupo chadiano FPR,[11] sendo que ambos são baseados no norte da República Centro-Africana. Com exceção da FPR e do CPSK, todas as facções foram signatárias dos acordos de paz e do processo de desarmamento.

O Chade,[12] o Gabão, os Camarões,[13] Angola,[14] África do Sul[15] e a República do Congo[16] enviaram tropas para ajudar o governo Bozizé a conter um potencial avanço dos rebeldes na capital, Bangui.

Em 11 de janeiro de 2013, um acordo de cessar-fogo foi assinado em Libreville, Gabão. Os rebeldes abandonaram sua demanda do presidente François Bozizé a renunciar, mas ele teria que nomear um novo primeiro-ministro do partido da oposição até 18 de janeiro de 2013.[17] Em 13 de janeiro, Bozizé assinou um decreto que removeu o primeiro-ministro Faustin-Archange Touadéra do poder, como parte do acordo com a coalizão rebelde.[18] Em 17 de janeiro, Nicolas Tiangaye foi nomeado primeiro-ministro.[19]

Em 23 de janeiro de 2013, o cessar-fogo foi rompido, com o governo culpando a Séléka por quebrar o cessar-fogo[20] e a Séléka responsabilizando o governo por supostamente não honrar os termos de partilha de poder do acordo.[21] Até 21 de março, os rebeldes haviam avançado até Bouca, a 300 km da capital, Bangui.[21] Em 22 de março, os combates atingiram a cidade de Damara, a 75 km da capital,[22] com relatos conflitantes a respeito de que lado estava controlando a cidade.[23] Os rebeldes ultrapassaram o posto de controle em Damara e avançaram para Bangui, mas foram impedidos com um ataque aéreo de um helicóptero.[24]

No dia seguinte, no entanto, os rebeldes entraram em Bangui, indo para o Palácio Presidencial.[25] Em 24 de março, François Bozizé fugiu do país depois que os rebeldes tomaram o palácio presidencial.[26] O líder rebelde Michel Djotodia declarou-se presidente no mesmo dia.[27]

Em 18 de abril de 2013, Michel Djotodia foi reconhecido como o chefe do governo de transição em uma cúpula regional em N'Djamena.[28] O Em 14 de maio, o primeiro-ministro da República Centro-Africana, Nicolas Tiangaye, solicitou uma força de paz das Nações Unidas para o Conselho de Segurança das Nações Unidas e, em 31 de maio, o antigo Presidente Bozizé foi acusado de crimes contra a humanidade e de incitamento ao genocídio.[29]

A situação da segurança continuou precária durante junho-agosto de 2013, com relatos de mais de 200.000 pessoas deslocadas internamente, bem como as violações dos direitos humanos, incluindo o uso de crianças-soldado, estupro, tortura, execuções extrajudiciais e desaparecimentos forçados,[30] bem como renovados combates entre Séléka e partidários de Bozizé em agosto[31] com o presidente francês François Hollande convidando o Conselho de Segurança da ONU e a UA para aumentar os seus esforços para estabilizar o país. Em agosto, o governo da Séléka sob Djotodia foi dito estar cada vez mais dividido.[32] O conflito se agravou no final do ano com advertências internacionais de um "genocídio". Os combates são entre o governo da República Centro-Africana da antiga coligação de grupos rebeldes Séléka, que são principalmente de minoria muçulmana (assim como o presidente Michel Djotodia) e a coalizão anti-balaka, essencialmente cristã. Em janeiro de 2014, o presidente Djotodia renunciou e foi substituído por Catherine Samba-Panza, mas o conflito permaneceu em andamento.[33]

Em 2014, a Anistia Internacional relatou vários massacres cometidos pelo grupo cristão Anti-Balaka contra civis muçulmanos, forçando milhares de muçulmanos a fugir do país.[34][35] Vários relatórios alertaram que o que está acontecendo é um genocídio e uma ampla de limpeza étnica contra os muçulmanos na República Centro-Africana.[36]

Em julho de 2014, as antigas facções do Séléka e representantes anti-balaka assinaram um acordo de cessar-fogo em Brazzaville.[37] Até o final de 2014, o país estava de facto dividido com os anti-balaka no sul e no oeste, com a maioria de seus muçulmanos evacuados, e o ex-Séléka no norte e leste[38]

Em 2015, havia pouco controle do governo fora da capital, Bangui.[38] A dissolução do Séléka levou os seus antigos combatentes a formar novas milícias que frequentemente lutam entre si.[38] O líder rebelde Noureddine Adam proclamou a República de Logone em 14 de dezembro de 2015.[39] A manutenção da paz em grande parte transitou da MICOPAX liderada pela Comunidade Econômica dos Estados da África Central (CEEAC) para a MISCA liderada pela União Africana (UA) até à MINUSCA liderada pela ONU, enquanto que a intervenção francesa seria conhecida como Operação Sangaris.

Grande parte da tensão é referente a identidade religiosa entre os combatentes muçulmanos Séléka e os cristão anti-balaka, bem como o antagonismo histórico entre os agricultores, que compreendem amplamente os grupos anti-balaka, e os nômades, que compreendem amplamente os combatentes do Séléka, bem como diferenças étnicas entre as antigas facções do Séléka.[40] Mais de 1,1 milhão de pessoas fugiram de suas casas em um país de cerca de 5 milhões de pessoas, o maior deslocamento já registrado na República Centro-Africana.[41]

Em 2017, mais de 14 grupos armados disputavam territórios, notavelmente quatro facções formadas por ex-líderes do Séléka que controlam cerca de 60% do país.[42] Com a divisão de facto do país entre as milícias ex-Séléka no norte e leste e as milícias anti-balaka no sul e oeste, as hostilidades entre ambos os lados diminuíram,[43] mas continuaram os combates esporádicos.[44][45] Em fevereiro de 2016, após uma eleição pacífica, o ex-primeiro-ministro Faustin-Archange Touadéra foi eleito presidente. Em outubro de 2016, a França anunciou que estava encerrando a sua missão de paz no país, a Operação Sangaris, e retirou grande parte de suas tropas, alegando que a operação foi um sucesso.[46]

Em junho de 2024, é estimado que existam entre 1.500 a 2.000 homens do grupo Wagner atuando na República Centro Africana.[47]

Referências

  1. Looting and gunfire in captured CAR capital - Africa - Al Jazeera English
  2. Central African rebel leader declares autonomous republic. Reuters (15 December 2015).
  3. «Rwanda deploys troops to CAR under bilateral arrangement». The East African (em inglês). 22 de dezembro de 2020. Consultado em 22 de junho de 2024 
  4. Ioanes, Ellen. «These are the countries where Russia's shadowy Wagner Group mercenaries operate». Business Insider (em inglês). Consultado em 22 de junho de 2024 
  5. France suspends military, budgetary support to Central African Republic Arquivado em 20 março 2023 no Wayback Machine, 8 June 2021
  6. https://www.peaceau.org/en/article/transfer-of-authority-from-micopax-to-misca
  7. «CAR crisis: Meeting the rebel army chief». BBC News. 29 de Julho de 2014 
  8. «Séléka rebels agree on unconditional talks». CAR govt. 29 de dezembro de 2012 
  9. «Three rebel groups threaten to topple C.African regime». ReliefWeb (AFP). 18 de dezembro de 2012. Consultado em 31 de dezembro de 2012 
  10. «Centrafrique : Le FDPC d'Abdoulaye Miskine a rejoint la coalition Séléka». Journal de Bangui. Consultado em 2 de janeiro de 2013 
  11. «Le FPR soutient l'UFDR dans son combat contre le Dictateur Bozizé» (Nota de imprensa). FPR. 18 de dezembro de 2012. Consultado em 2 de janeiro de 2013 
  12. «Chad sends troops to back CAR army against rebels». AlertNet. Reuters. 18 de dezembro de 2012. Consultado em 31 de dezembro de 2012 
  13. «Region sends troops to help embattled C. African army». Channel NewsAsia. 2 de janeiro de 2013 
  14. Sayare, Scott (2 de janeiro de 2013). «Central Africa on the Brink, Rebels Halt Their Advance». New York Times 
  15. «South Africa to send 400 soldiers to CAR». Al Jazeera English. 6 de janeiro de 2013 
  16. Polgreen, Lydia (31 de dezembro de 2012). «Fearing Fighting, Residents Flee Capital of Central African Republic». The New York Times. Consultado em 31 de dezembro de 2012 
  17. Sayare, Scott (11 de janeiro de 2013). «Rebel Coalition in Central African Republic Agrees to a Short Cease-Fire». The New York Times. Consultado em 12 de janeiro de 2013 
  18. «Prime minister booted from job in Central African Republic, part of peace deal with rebels». The Washington Post. 13 de janeiro de 2013. Consultado em 15 de janeiro de 2013 
  19. Patrick Fort, "Tiangaye named Central African PM, says 'hard work' begins", Agence France-Presse, 17 de janeiro de 2013.
  20. «CAR Rebels Break Terms of Cease-Fire». VOA. 23 de janeiro de 2013. Consultado em 22 de março de 2013 
  21. a b «Central African Republic Seleka rebels 'seize' towns». BBC. 21 de março de 2013. Consultado em 22 de março de 2013 
  22. Paul Marin Ngoupana (22 de março de 2013). «Central African Republic rebels reach outskirts of capital». Reuters. Consultado em 22 de março de 2013 
  23. «RCA: revivez la journée du vendredi 22 mars» (em francês). Radio France International. 22 de março de 2013. Consultado em 22 de março de 2013 
  24. «CAR forces 'halt rebel advance'». BBC. 22 de março de 2013. Consultado em 23 de março de 2013 
  25. Nossiter, Adam (23 de março de 2013). «Rebels Push into Capital in Central African Republic». New York Times 
  26. Al Jazeera (24 de março de 2013). «CAR rebels 'seize' presidential palace». Al Jazeera English. Consultado em 24 de março de 2013 
  27. «Centrafrique: Michel Djotodia déclare être le nouveau président de la république centrafricaine» (em francês). Radio France International. 24 de março de 2013. Consultado em 24 de março de 2013 
  28. ndjamenapost, 18 de Abril de 2013, Central African Republic swears in President Michel Djotodia Arquivado em 21 de setembro de 2013, no Wayback Machine.
  29. ICG Crisis Watch, http://www.crisisgroup.org/en/publication-type/crisiswatch/2013/crisiswatch-117.aspx Arquivado em 20 de setembro de 2013, no Wayback Machine.
  30. ICG Crisis Watch, http://www.crisisgroup.org/en/publication-type/crisiswatch/2013/crisiswatch-118.aspx Arquivado em 20 de setembro de 2013, no Wayback Machine.
  31. ICG Crisis Watch August, http://www.crisisgroup.org/en/publication-type/crisiswatch/2013/crisiswatch-119.aspx Arquivado em 20 de setembro de 2013, no Wayback Machine.
  32. Tran, Mark (14 de Agosto de 2013). «Central African Republic crisis to be scrutinised by UN security council». The Guardian 
  33. New CAR PM says ending atrocities is priority - Al Jazeera
  34. Christian threats force Muslim convoy to turn back in CAR exodus The Guardian
  35. France and the Militarization of Central Africa: Thousands of Muslims Fleeing the Central African Republic - Global Research
  36. Rocha, João Manuel (13 de fevereiro de 2014). «Na República Centro-Africana, a limpeza étnica está a ser feita às claras». PÚBLICO. Consultado em 22 de junho de 2024 
  37. "RCA: signature d’un accord de cessez-le-feu à Brazzaville". VOA. 24 de Julho de 2014.
  38. a b c «One day we will start a big war». Foreign Policy 
  39. «Central African rebel leader declares autonomous republic» 
  40. «Displaced and forgotten in Central African Republic». Al Jazeera 
  41. «Concert Blast Shows Central African Republic Religious Rift». Bloomberg. 21 de Novembro de 2017 
  42. «Dangerous Divisions: The Central African Republic faces the threat of secession». Enough Project. 15 de fevereiro de 2017 
  43. «Central African Republic: What's gone wrong?». IRIN. 24 de fevereiro de 2017 
  44. «CAR violence rises: 'They shot my children and husband'». Al Jazeera. 12 de fevereiro de 2018 
  45. «CAR: Four things to know about the conflict in the Central African Republic». MSF. 10 de Abril de 2018 
  46. «French Peacekeepers Pull Out as New Violence Erupts in the Central African Republic». foreign policy magazine. 1 de Novembro de 2016 
  47. «In Central African Republic, Wagner continues to prosper». Le Monde.fr (em inglês). 16 de junho de 2024. Consultado em 22 de junho de 2024 

Ligações externas

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