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Existência de Deus: diferenças entre revisões

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"O mal é ideia do homem, não de Deus. Ele, que deu ao homem o livre-arbítrio e pôs em marcha o Seu plano para a humanidade, não interfere continuamente para tirar ao homem o dom da liberdade. Se o inocente e o justo têm de [[sofrimento|sofrer]] a maldade dos maus, a sua recompensa no final será maior, os seus sofrimentos serão superados com sobra pela felicidade futura".<ref>Leo J. Trese, ''A fé explicada''.</ref>
"O mal é ideia do homem, não de Deus. Ele, que deu ao homem o livre-arbítrio e pôs em marcha o Seu plano para a humanidade, não interfere continuamente para tirar ao homem o dom da liberdade. Se o inocente e o justo têm de [[sofrimento|sofrer]] a maldade dos maus, a sua recompensa no final será maior, os seus sofrimentos serão superados com sobra pela felicidade futura".<ref>Leo J. Trese, ''A fé explicada''.</ref>


O mal, ou infortúnio, decorre do fato da criatura ser limitada e imperfeita, porque dele pode tirar um bem maior: aprendizados que geram novas virtudes e méritos pela superação das condições adversas. Assim, o mal teria a função de ensinar aos homens os seus próprios limites, corrigindo e reordenando a criatura pela aplicação de provas e expiações.<ref name="manual"/>
O mal, ou infortúnio, decorre do fato da criatura ser limitada e imperfeita, porque dele pode tirar um bem maior: aprendizados que geram novas virtudes e méritos pela superação das condições adversas. Assim, o mal teria a função de ensinar aos homens os seus próprios limites, corrigindo e reordenando a criatura pela aplicação de provas e expiações. ok? <ref name="manual"/>


=== Imagem e semelhança de Deus ===
=== Imagem e semelhança de Deus ===

Revisão das 21h33min de 26 de setembro de 2012

Argumentos contra e a favor da existência de deus têm sido propostos por filósofos, teólogos, cientistas e outros pensadores ao longo da história. Os que acreditam na existência de uma ou mais divindades são chamados de teístas, os que rejeitam a existência de deuses são chamados ateístas.

Definição de Deus

Ver artigo principal: Deus

Existem diferentes definições para Deus, mas geralmente trata-se de um ser sobrenatural que explica a existência do Universo e do mundo como ele é, sendo ele a explicação para as leis da física e elementos da Natureza. Algumas vezes, ele tem características humanas, ou seja, personalidade humana, são, portanto, divindades pessoais. Essas divindades pessoais são muitas vezes adoradas coletivamente, formando uma religião teísta. Quando esse Deus não influencia no mundo ou tem uma definição vaga e sem atributos humanos, ele é um Deus deísta. Quando, porém, a própria física ou a Natureza são chamadas por "Deus", esse é um Deus panteísta.

A discussão da existência de Deus foca-se principalmente em argumentar contra ou a favor da realidade de um Deus teísta. O principal Deus contemporâneo nessa categoria é Javé, adorado pelos cristãos e judeus, também chamado de Alá pelos islâmicos.

Argumentos pela existência de Deus

Argumento ontológico

Ver artigo principal: Argumento ontológico

O argumento ontológico é uma forma de raciocínio lógico a priori para defender a existência de Deus através do argumento de que ele é um ser supremo, o maior que se pode imaginar, e que necessariamente precisa existir. O primeiro argumento ontológico foi feito por Anselmo de Canterbury, em sua obra "Proslogion". Os seus passos de raciocínio são:[1][2]

  • Existe na mente de todo homem a ideia de um ser que não se pode pensar outro maior
  • Existir só na mente é menos perfeito do que existir na mente e também na realidade (a existência é uma das qualidades da perfeição)
  • Se o ser maior do que o qual não se pode pensar outro só existisse na mente seria menor do que qualquer outro que também existisse na realidade
  • Logo, o ser do qual não se pode pensar outro maior deve existir também na realidade (existência real necessária), logo conclui-se que existe Deus e esse ser é o mais perfeito de todos

Defenderam esta tese com argumentos distintos São Boaventura, Duns Scoto, Descartes, Leibniz, Hegel, Isaac Newton quando citou a mecanica celeste ou gravitação universal, Karl Bath, N. Malcom.[3] Rejeitaram o argumento ontológico Tomás de Aquino, David Hume, Immanuel Kant, entre outros.

As cinco provas de Tomás de Aquino

Tomás de Aquino, em sua obra "Suma Teológica" defende que Deus é o princípio e o fim de todas as coisas e que, fazendo apenas o uso da luz natural da razão a partir das coisas criadas. Pelas cinco provas de Tomás de Aquino (também chamadas de cinco vias de Tomás de Aquino), a defesa pela existência de Deus acontece por meio da razão e sem recorrência a argumentos de natureza dogmática, para isto propõe cinco vias de demonstração de natureza exclusivamente filosófico-metafísica.

As cinco vias são provas a posteriori, que têm como ponto de partida as criaturas enquanto entes causados para se atingir como termo de chegada a necessidade da existência de Deus; são demonstrações metafísicas (causalidade do ser) e não científico-positivas (causalidade dos fenômenos), mesmo partindo da experiência sensível e, aplicando o princípio da causalidade, mostram ser impossível se proceder ao infinito na cadeia de causas.[2]

1a. via - Primeiro Motor Imóvel Nossos sentidos atestam, com toda a certeza, que neste mundo algumas coisas se movem. Tudo o que se move é movido por alguém, é impossível uma cadeia infinita de motores provocando o movimento dos movidos, pois do contrário nunca se chegaria ao movimento presente, logo há que ter um primeiro motor que deu início ao movimento existente e que por ninguém foi movido, e um tal ser todos entendem: é Deus.

Deus separa as trevas da luz, por Michelângelo, Capela Sistina, século XVI.

O movimento aqui é considerado no sentido metafísico, isto é passagem da potência - como sendo aquilo que uma coisa pode vir a ser, para o ato - aquilo que a coisa é no momento. Deus é ato puro e não sofre mudança. O seu Ser confunde-se com o Agir.

2a. via - Causa Primeira ou Causa Eficiente Decorre da relação "causa-e-efeito" que se observa nas coisas criadas. Não se encontra, nem é possível, algo que seja a causa eficiente de si próprio, porque desse modo seria anterior a si prórpio: o que é impossível. É necessário que haja uma causa primeira que por ninguém tenha sido causada, pois a todo efeito é atribuída uma causa, do contrário não haveria nenhum efeito pois cada causa pediria uma outra numa sequência infinita e não se chegaria ao efeito atual. Logo é necessário afirmar uma Causa eficiente Primeira que não tenha sido causada por ninguém. A esta Causa todos chamam Deus. Assim se explica a causa da existência do Universo.

3a. via - Ser Necessário e Ser Contingente Existem seres que podem ser ou não ser, chamados de contingentes, isto é cuja existência não é indispensável e que podem existir e depois deixar de existir. Todos os seres que existem no mundo são contingentes, isto é, aparecem, duram um tempo e depois desaparecem. Mas, nem todos os seres podem ser desnecessários, caso contrário o mundo não existiria. Alguma vez nada teria existido, logo é preciso que haja um Ser Necessário que fundamente a existência dos seres contingentes e que não tenha a sua existência fundamentada em nenhum outro ser.

Igualmente, tudo o que é necessário tem a causa da sua necessidade noutro. Aqui também não é possível continuar até o infinito na série das coisas necessárias que têm uma causa da própria necessidade. Portanto, é necessário afirmar a existência de algo necessário por si mesmo, que não encontra em outro a causa de sua necessidade, mas que é causa da necessidade para os outros: O que todos chamam Deus.

Do Nada não surge e nem advém o Ser. Como se observa que as coisas existem, não pode ter havido um momento de Nada Absoluto, pois daí não se brotaria a existência de algo ou coisa alguma.

4a. via - Ser Perfeito e Causa da Perfeição dos demais Verifica-se que há graus de perfeição nos seres, uns são mais perfeitos que outros, o universo está ontologicamente hierarquizado - seres racionais corpóreos, animais, vegetais e inanimados) qualquer graduação pressupõe um parâmetro máximo, logo deve existir um ser que tenha este padrão máximo de perfeição e que é a Causa da Perfeição dos demais seres.

Platão e Aristóteles (por Rafael Sanzio, 1509) concluíram pela necessidade da existência de uma inteligência ordenadora do universo.

5a. via - Inteligência Ordenadora Existe uma ordem admirável no Universo que é facilmente verificada, ora toda ordem é fruto de uma inteligência ordenadora, não se chega à ordem pelo acaso e nem pelo caos, logo há um ser inteligente que dispôs o universo na forma ordenada. Com efeito aquilo que não tem conhecimento não tende a um fim, a não ser dirigido por algo que conhece e que é inteligente, como a flecha pelo arqueiro. Logo existe algo inteligente pelo qual todas as coisas naturais são ordenadas ao fim, e a isso nós chamamos Deus.

Há uma ordem em todos os seres, o menor vegetal, por exemplo,tem órgãos para cada função ordenados para a preservação da espécie. Esta ordem pressupõe uma Inteligência ordenadora, pois a ordem não vem do caos e nem do acaso. Da mesma forma as letras de um livro não são colocadas ao acaso. Logo a ordem existente no mundo prova a existência de uma Inteligência que ordenou todas as coisas nos mínimos detalhes. É necessário que exista uma Inteligência Suprema que tenha ordenado o Universo criado.

O Mal no Mundo

A existência do "mal" tem sido usada como argumento para a inexistência, ou pelo menos, da incongruência da existência de Deus. David Hume (1711-1776) adianta: "Quererá [Deus] impedir o mal, mas não é capaz? então é impotente. Será que é capaz, mas não o deseja? então é malévolo. Terá tanto o desejo como a capacidade? então porque é que existe o mal?".

Em relação a estes argumentos, Santo Tomás explica que "Deve-se dizer com Santo Agostinho: 'Deus soberanamente bom, não permitiria de modo algum a existência de qualquer mal em suas obras, se não fosse poderoso e bom a tal ponto de poder fazer o bem a partir do próprio mal'. Assim, à infinita bondade de Deus pertence permitir males para deles tirar o bem".

"O mal é ideia do homem, não de Deus. Ele, que deu ao homem o livre-arbítrio e pôs em marcha o Seu plano para a humanidade, não interfere continuamente para tirar ao homem o dom da liberdade. Se o inocente e o justo têm de sofrer a maldade dos maus, a sua recompensa no final será maior, os seus sofrimentos serão superados com sobra pela felicidade futura".[4]

O mal, ou infortúnio, decorre do fato da criatura ser limitada e imperfeita, porque dele pode tirar um bem maior: aprendizados que geram novas virtudes e méritos pela superação das condições adversas. Assim, o mal teria a função de ensinar aos homens os seus próprios limites, corrigindo e reordenando a criatura pela aplicação de provas e expiações. ok? [2]

Imagem e semelhança de Deus

A existência de deficiências fisicas nos humanos, ou a presença de órgão vestigiais têm sido usados como argumentos contra a existência de Deus, no entanto, segundo Santo Tomás de Aquino deve-se dizer que o homem é a imagem de Deus, não segundo seu corpo, mas segundo aquilo pelo que o homem supera os outros animais. O homem é superior aos outros animais pela razão e pelo intelecto. Portanto, é segundo o intelecto e a razão, que são incorpóreos, que o homem seria a imagem de Deus.

Separação da terra das águas, Michelângelo, Capela Sistina, Vaticano.

Argumento da existência do universo

O mundo exige uma causa de si, que se chama Deus. Não há efeito sem causa. Todo o ser que começa a existir tem uma causa. O universo tem um grau de complexidade superior a qualquer obra humana conhecida. Logo não se pode admitir que tenha aparecido sem que um Ser lhe tenha dado a existência, Assim como a existência de um edifício pressupõe a existência de um engenheiro, ou a de um quadro a do pintor. Esse Ser chama-se Deus.[5]

Argumento da Lei Moral

Dá-se o nome de Lei Moral ao conjunto de preceitos que o homem descobre na sua consciência e que o fazem distinguir o bem do mal, o certo do errado, o justo do injusto e o impelem a praticar o bem e a evitar o mal. A lei moral, segundo os teólogos Ricardo Sada e Pablo Arce, teria três condições:[6]

  1. Obriga a todos os homens, por exemplo prescreve-lhes o respeito à vida e à propriedade alheia, proíbe o assassinato e o roubo.
  2. É superior ao homem, ninguém pode mudá-la ou revogá-la, por exemplo, ninguém poderá fazer com que o estupro de uma criança seja algo bom.
  3. Obriga em consciência,[7] isto é quando a cumprimos, sentimos a satisfação do dever cumprido; quando a transgredimos, mesmo que às ocultas, sentimos remorsos.[8] A lei moral supõe um legislador que atenda a estas três condições, que seja superior ao homem, que possa obrigar a todos e que lhes possa ler na consciência, a este legislador chamamos Deus.

Argumento Psicológico

Conhecido também como argumento eudenomológico, funda-se na afirmação de Agostinho de Hipona: «Criaste-nos para vós, Senhor, e o nosso coração anda inquieto enquanto não descansar em Vós» (Confissões). Funda-se na constatação de que todo homem busca a felicidade e que esta felicidade plena e eterna não dura se alcança, e mesmo quando se alcança não dura pois um dia chega a morte. Logo deve existir um bem cuja posse seja capaz de dar ao homem a felicidade infinita e eterna que tanto busca.[2]

Argumento Histórico

Cícero, senador romano, parte da constatação da universalidade do fenômeno religioso. Não se tem notícia de sociedade humana que não tivesse culto à divindade, este grande consenso histórico e quase universal tem grande probabilidade de ser retrato da realidade existente.[2]

Argumento da impossibilidade científica da negação

Não se pode cientificamente provar que Deus não existe. Este argumento é usado para mostrar que não se consegue provar a inexistência, mas não prova a existência.

Este argumento trata-se da falácia argumentum ad ignorantium explicado no guia das falácias de Stephen Downes. É um caso de falso dilema, pois a falta de prova não é prova.

Conhecimento de Deus por analogia

A partir do conhecimento das criaturas pode-se atribuir a Deus todas as perfeições que nelas se encontram e as que se pode conceber, bem como n'Ele negar tudo o que as criaturas têm de limitado e imperfeito.

Assim, são atributos de Deus, segundo Santo Tomás:

  • Unidade - é indivisível (tanto em ato como em potência), não possui composição alguma.
  • Unicidade - é unico, não pode haver mais que um Deus, a onipotência de um comprometeria a do outro.
  • Suprema perfeição - "perfeito é aquilo que está totalmente feito". Todas as perfeições das criaturas (efeitos) se encontram em Deus de modo indiviso e em grau eminente (causa).
    A criação de Adão, por Miguelângelo, Capela Sistina, Vaticano.
  • Beleza suprema - é a suprema harmonia de todas as perfeições criadas e o seu conhecimento é a máxima felicidade possível
  • Simplicidade - não é composto de partes, o que implica que não tem corpo e nem partes de nenhuma espécie.
  • Imensidade - não está sujeito a espaço, pode estar em todos os lugares sem estar circunscrito a eles.
  • Infinidade - é infinito, tem todas as perfeições em grau máximo e ilimitado. Se pudesse ser aperfeiçoado não seria Deus e sim aquele que Lhas desse.
  • Imutabilidade - não está sujeito a mudanças nem no seu Ser e nem nos seus desígnios.
  • Eternidade - não teve princípio e não terá fim, sempre existiu e não deixará de existir.
  • Onisciência - possui inteligência e entendimento ilimitados, tudo sabe e tudo conhece.
  • Onipotência - a vontade de Deus é onipotente, não tem limites, e é perfeitamente boa e justa. Sendo infinitamente justo retribui a cada um segundo as suas obras.
  • Onipresença - tem a capacidade da ubiquidade, pode estar em todos os lugares e, mais do que estar num lugar, dá a existência ao próprio lugar.
  • Suprema bondade - Deus é a bondade infinita. Quanto mais perfeito é um ser tanto mais é desejável, Deus é o mais desejável dos seres é o Bem Supremo.
  • Sabedoria - é mais que sábio, é a própria Sabedoria ilimitada.
  • Santidade - é infinitamente santo e belo e fonte de toda a beleza e santidade.
  • Misericordioso - Deus é todo misericórdia, perdoa tantas vezes quantas nos arrependemos.
  • Transcendência - não se confunde com o mundo, está fora do mundo e acima da realidade material.

Conhecimento divino e liberdade humana

Que Deus saiba quais os atos o homem praticará não implica dizer que Ele seja a causa destes atos; pelo contrário, é a decisão do homem de praticar o ato que permite que Deus saiba que ele será praticado. Da mesma forma, quando o serviço de meteorologia prevê a ocorrência de um tornado amanhã, esta previsão não o torna a causa do tornado. Ao contrário, aquilo mesmo que fará com que haja a tempestade amanhã é que proporciona ao meteorologista a base da sua previsão.

Argumentos pela inexistência de Deus

(Aplicáveis principalmente para o Deus abraâmico, dotado de omnisciência, omnipotência, omnipresença e benevolência suprema e adotado pelo Judaísmo, Cristianismo e Islão)

Ônus da prova

Um argumento comum é afirmar que para que algo exista, deve ser provado. Se não é provado, nunca existirá. Assim, há grandes chances de não existir. Por exemplo: Alguém afirma que fadas existem, mesmo que ninguém possa provar que elas não existem, elas não passam a existir simplesmente porque não se pode provar sua inexistência. Até o momento, ninguém provou a existência de qualquer deus ou deuses, também não provou a inexistência. Com fadas, duendes, gnomos e outros seres mitológicos também é assim: eles não passam a existir somente por não terem sua inexistência provada.

A crítica desse argumento é por não relacionar corretamente ausência e evidência. Carl Sagan, astrônomo e ateu, em o O Mundo assombrado por demônios sinteitiza que "ausência de evidências não se faz evidência de ausência", logo taxar prematuramente que "pois Duendes não existem, tampouco Deus existe" é precipitado e equivocado, pois a expectativa de evidência caso exista uma deidade nem sempre corresponde a capacidade de achá-la, isso significa dizer que, caso haja uma deidade, sua evidência pode estar já agora presente e permanecer desconhecida (absolutamente ou por não haver método o meio para investigação). Os filósofos atomistas gregos se encontraram nesse conflito quando especulavam sobre a existência de átomos, contudo não tinham perspectivas para provar sua existência, e atualmente a Física especula sobre Multiverso e já a um tempo sobre Buraco de Minhoca, coisas das quais não temos capacidade alguma de provar ou investigar atualmente. A segunda falha é a confusão do plano do debate - - uma deidade no conceito mais espalhado (monoteísmo abraamico) é um objeto postuladamente metafísico e não físico, isso significa que ele não pode ser investigado como fadas, duendes e gnomos, nem mesmo como deuses primitivos que eram materiais, mas como objetos próprios da metafísica, como números, a mente, a alma, e etc. E esse argumento por fim, é contraditório, porque o ônus da prova não reside no fato da existência e inexistência, mas é cláusula geral para qualquer disputa, isso significa que o mesmo pesado ônus para que se evidencie a existência de um Deus é igualmente compartilhado com o que sustenta isso, que este evidencie a inexistência do mesmo Deus. Sendo assim, esse argumento nunca poderá ser próprio para o ateísmo, mas somente para o agnóstico puro, ou seja, aquele que sustenta a dúvida de ambas as respostas (Deus existe e Deus não existe). [9]


Argumento da impossibilidade de onipotência

1) Se Deus é onipotente, então ele pode criar uma pedra que seja tão grande que ele não possa levantá-la. Se ele não pode criar tal pedra, ele não é onipotente. Se pode, pelo fato de não poder levantá-la ele também não é onipotente. 2) Se Deus é onipotente, então ele pode criar um objeto que seja ao mesmo tempo quadrado e esférico, mas tal objeto é impossível.

Argumento da inexistência de Deus segundo a contrariedade da existência

Utilizando métodos da lógica e racionalidade humanas, pode-se dizer que ao tentar provar a existência de Deus e esta tentativa resultar em uma, comprovada, impossibilidade da prova, neste caso onde existem apenas duas possibilidades (existência ou inexistência), tal impossibilidade de prova determina a prova da possibilidade contrária, ou seja, a impossibilidade de provar a existência de Deus conclui determinadamente a prova de sua inexistência.

Ex: Tentativa de prova da existência de uma hipotética quantidade de água em um hipotético copo: Supondo que ao virar o referido copo, percebe-se que não cai nenhuma quantidade de água e que o fato de a água cair ao virar o copo provaria a existência da mesma, prova-se então o contrário, ou seja, não existe nenhuma quantidade de água no copo neste caso hipotético.

Ex2: Tentativa de prova da existência de Deus: Se Deus existe, pode-se supor duas possibilidades em relação ao fato de existir:

1ª. Deus foi criado: Se Deus foi criado, quem teria o criado? O fato de ter sido criado requisita uma ação criadora, ação esta que requisita uma entidade criadora, sendo assim existiria uma entidade criadora que teria criado Deus, o que é impossível, já que as propriedades de Deus o caracterizam como atemporal, onipresente, onisciente e onipotente, ou seja, não poderia haver outra entidade mais poderosa que Deus,impossibilitando a sua criação por uma entidade superior, logo prova-se que Deus não teria sido criado.

2ª. Deus não foi criado: Mesmo utilizando o pressuposto de que algo pode existir sem ser criado, pode-se supor que, se Deus sempre existiu, então para ser considerado como uma entidade concreta, ele deveria ter: I- Alguma forma: mutável ou não.

II- Alguma matéria: sólida, líquida, gasosa, ou qualquer outra desconhecida.

III- Ocupar algum lugar no "espaço" ou qualquer outro "lugar" desconhecido não abstrato.

Se Deus possui alguma matéria e ocupa algum lugar em algum "espaço" não abstrato, então significa que a "matéria" que o compõe e o "lugar" que ocupa, também sempre existiram, ou seja a "matéria" e o "lugar" também são Deus. Supondo que Deus seja onipresente, significa que o "lugar" que ele ocupa é o conjunto do todo, logo conclui-se que Deus, que também é o "lugar" que ocupa, é TUDO.

Porém o "TUDO" é a abstração do conjunto concreto do todo, logo Deus não poderia ser o "TUDO", pois não seria concreto, sendo assim Deus não poderia ser onipresente.

Se Deus não poderia ser onipresente, então não poderia ser onipotente, pois não PODERIA estar em qualquer lugar. Se Deus não poderia ser onipotente, então não poderia ser onisciente, pois não PODERIA saber de tudo; logo, é impossível a existência de uma entidade concreta que tenha as características divinas, sendo assim Deus não poderia ser concreto e não sendo concreto ele não poderia sempre existir.

Conclui-se que se Deus não pode ter sido criado e que não poderia existir desde sempre como um ser concreto, então comprova-se que a tentativa de provar que Deus existe é impossível, logo prova-se o contrário.

Contra-argumentação

A premissa número 2 incorre em erro, pois considera que Deus, para existir, deve ter forma concreta. Isso contamina todo o resto do raciocínio, sendo apenas um silogismo. Não há uma relação necessária entre existência - evidência física/concreta.

Argumento da incoerência ou das propriedades incompatíveis

Uma versão popular do argumento das propriedades incompatíveis questiona a possibilidade de um Deus ser ao mesmo tempo onisciente e onipotente. Um Deus onisciente, que tem todo o conhecimento acerca dos acontecimentos futuros, é impotente para mudá-lo visto que este futuro (que já é conhecido de antemão) já está determinado, embora o cristianismo aponta que o ser humano possui livre arbítrio então o futuro já não precisa ter sido alterado.

Argumento da imaterialidade

Existem aqueles que crêem que se não conseguimos ver, medir ou testar Deus de nenhuma forma rigorosa com métodos físicos e experimentais, possivelmente ele não existiria. Qualquer coisa para existir necessitaria ter existência no espaço-tempo. Até o momento Deus não foi medido através de qualquer equipamento científico desenvolvido pelo homem, da mesma forma que a consciência humana não foi devidamente localizada no corpo. Esse argumento, porém pressupõe o naturalismo metodológico o que como um argumento o torna claramente uma petito principi, muito embora, possa ainda ser usado num contexto onde ambas partes concordem com uma metafísica mecanicista, caso não, aquele que o utiliza também deve justificar o porquê crer que assim seja (realidade una e material). [10][11]

Argumento da Evolução Darwiniana

A evolução Darwiniana fornece explicação para a complexidade dos seres vivos, que ocorreria sem nenhuma necessidade de intervenção divina.

O Darwinismo, todavia, não se propõe a "provar" a não existência de Deus, mas tenta apenas explicar a grande diversidade das espécies pelo mundo com base meramente no que é observado na natureza. Tanto é assim que, segundo Francis S. Collins, Darwin concluiu a obra A Origem das Espécies com o seguinte texto: "Há uma grandeza nessa visão da vida, com seus vários poderes, tendo ela sido lançada como o sopro da vida originalmente pelo Criador em poucas formas ou em uma; e que, enquanto este planeta vinha orbitando de acordo com a lei da gravidade estabelecida, a partir de um início tão simples, inúmeras formas, cada vez mais belas e maravilhosas foram, e continuam, evoluindo."[12] Esse discurso, ao admitir a possibilidade de existir um "Criador", é totalmente incompatível com a intenção de provar a não existência de Deus.

Argumento da improbabilidade

Não se tem como provar cientificamente a existência de um ser que, caso exista, extrapolaria o espaço-tempo perceptível ao homem e aos equipamentos por este criado. O único meio de pesquisa e estudo das demais dimensões que constituem o universo só pode se dar através de conceitos de física, de filosofia e de fórmulas matemáticas, que são todas imateriais. Devido a isto, pela impossibilidade de medir Deus através de instrumentos científicos, muitos declaram a inexistência de Deus. A critica desse argumento é do fato de que também não existem maquinas que possam visualizar sonhos humanos e nem entender o seu funcionamento completo em nenhuma parte da física e química, alem do fato de em estados de sonho lucido pode passar dias numa dimensão imaterial e a "volta" para "vida real" seria apenas poucos minutos que passariam. Mas é uma crítica sem fundamentos já que se pode medir a atividade cerebral durante o sono com equipamentos e analisar a química que ocorre no cérebro e forma tais ilusões chamadas "sonhos". Outra crítica referente ao argumento é que por algo ser desconhecido não significa necessariamente que inexiste, os que usam desta crítica fazem uma analogia com os átomos, que não eram conhecidos e nem detectáveis há 5000 anos, mas mesmo assim existiam.

Segundo Argumento da Incoerência

Este argumento prende-se no facto da existência de certas incoerências nas propriedades de Deus. Por exemplo, se Deus é omnipotente, ele poderia criar uma pedra tão pesada que nem mesmo ele poderia erguer. Se não a conseguisse erguer, deixaria de ser omnipotente. Mas se ele é omnipotente, então ele deveria ter força suficiente para erguer qualquer peso. No entanto, se não conseguisse criar tal pedra, deixaria de ser omnipotente.

Se Deus é omnisciente, então ele sabe tudo sobre o nosso passado, o nosso presente e o nosso futuro. Sabe o que já fizemos e o que vamos fazer (apesar de nos conceder livre-arbítrio). Se sabe, então o livre-arbítrio não faz qualquer sentido, e não há razão para não nascermos logo no paraíso ou no inferno. Se não conhece as nossas acções futuras, então Deus não é nem omnisciente nem omnipotente.

Posicionamento da comunidade científica

A comunidade científica tende a distanciar-se de uma corroboração ou refutação de Deus. Atualmente não existe nenhuma prova científica conclusiva de existência ou inexistência de Deus, o que é perfeitamente coerente com a declaração de que Deus não faz parte do escopo analítico da Ciência.

Por outro lado, individualmente, cientistas não deixam de expressar suas convicções em relação ao tema. Richard Dawkins, no seu livro "The God Delusion", discute e defende a improbabilidade de Deus existir, enquanto o diretor do Projeto Genoma Humano, Francis Collins, em seu livro "A Linguagem de Deus",[13] defende evidências da existência divina e afirma não haver incompatibilidades entre Deus e a ciência.[14]

Aristóteles e Sócrates estavam convencidos da necessidade da existência de Deus, juntamente com Nicolau Copérnico, Galileu Galilei, Johannes Kepler, Lineu, Rene Descartes, Isaac Newton, Michael Faraday, Gregor Mendel, Alexis Carrel, Max Planck[15][16] von Braun,[17] Carlos Chagas Filho, que presidiu a Pontifícia Academia das Ciências, e Jérôme Lejeune, dentre outros.

Estudos apontam que uma larga maioria,[18] dos cientistas de elite (entre a NAS, Academia das Ciências dos EUA, por exemplo) de hoje, sejam agnosticos (fonte de 1998). No entanto, existem cientistas de elite da própria NAS que acreditam em Deus e são pessoas religiosas como o próprio presidente da NAS, Bruce Alberts observa: "Existem muitos destacados membros de nossa academia que são pessoas religiosas, pessoas que acreditam na evolução, entre elas muitos biólogos".[18] Ao mesmo tempo, a própria NAS publicou um documento manifestando a opinião de que A existência ou não de Deus é uma questão para a qual a ciência é neutra[18] ("Whether God exists or not is a question about which science is neutral"). A maior parte dos cientistas da Pontifícia Academia das Ciências e da qual fazem parte, por exemplo, dois prêmios Nobel: o físico alemão Klaus von Klitzing e o químico taiwanês Yuan Tseh-Lee[19] acreditam na existência de Deus e consideram que fé e ciência podem conviver harmoniosamente.

Independentemente das convicções, os cientistas actuais nunca demonstraram a existência ou inexistência de Deus.

Ver também

Referências

  1. http://plato.stanford.edu/entries/ontological-arguments/#StAnsOntArg
  2. a b c d e Martins Filho, Ives Gandra. Manual Esquemático de Filosofia, LTr, 2006. Erro de citação: Código <ref> inválido; o nome "manual" é definido mais de uma vez com conteúdos diferentes
  3. http://plato.stanford.edu/entries/ontological-arguments/
  4. Leo J. Trese, A fé explicada.
  5. "O 'Ser' constitui o ato primeiro e mais íntimo do ente, que desde dentro confere ao sujeiro a sua perfeição. O ser é aquilo pelo que as coisas são, existem." (…) "Como ser é ato, sua plenitude está apenas em Deus, que é 'Ato Puro de Ser', contendo todas as perfeições, sem nenhuma 'potência' para adquirí-las em grau superior." in MARTINS FILHO, Ives Gandra da Silva. Manual esquemático de filosofia. 3a. ed. São Paulo: LTr., 2006, pgs. 20, 30.
  6. SADA, Ricardo e ARCE, Pablo. Curso de Teologia Dogmática. Lisboa: Rei dos Livros, 1992, pg. 24.
  7. Não se entende aqui consciência no sentido de consciência psicológica, nem mesmo em um sentido cognoscitivo (tomar consciência de algo). Entende-se em seu sentido explícitamente moral: consciência é um juízo ou ditame do entendimento prático, que qualifica a bondade ou a malícia de um ato praticado ou por praticar. (in PÉREZ, Rafael Gómez. Deontología Jurídica. Pamplona: EUNSA, 1999, pg.42).
  8. a) Remorso, s. m. Aflição de consciência, por ato mau cometido. Arrependimento (Melhoramentos, Dicionário Prático da Língua Portuguesa, 1995). b) Remorso s. m. (lat. remorsus) Reprovação proveniente da consciência de se haver cometido uma falta; arrependimento (Dicionário Larousse Ilustrado da Língua Portuguesa, 2004).
  9. Teísmo.net.Relação apropriada de ausência e evidência. Acessado em 27/06/2012.
  10. O Mistério Da Consciência. Acessado em 07/02/2008.
  11. Daniel Piza.O mistério da consciência. Acessado em 07/02/2008.
  12. DARWIN, Charles apud COLLINS, Francis S. A linguagem de Deus : um cientista apresenta evidências de que Ele existe. - trad. Giorgio Cappelli, São Paulo : Editora Gente, 2007, p. 105.
  13. [A Linguagem de Deus, COLLINS, Francis, Editora Gente, SP ISBN 978-85-7312-529-0]
  14. Entrevista com Francis Collins
  15. «Cientistas que acreditam em Deus» (em inglês) 
  16. «Einstein e Deus» (em inglês) 
  17. «von Braun» (em inglês) 
  18. a b c http://www.stephenjaygould.org/ctrl/news/file002.html
  19. Yuan T. Lee no sítio do Vaticano

Ligações externas

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O Wikiquote possui citações de ou sobre: Deus

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