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Febre tifoide: diferenças entre revisões

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A febre tifóide é uma doença distinta e não relacionada com o [[Tifo epidémico|Tifo]].
A febre tifóide é uma doença distinta e não relacionada com o [[Tifo epidémico|Tifo]].



Revisão das 21h35min de 7 de novembro de 2011

"Salmonella typhi" invade célula humana.

A febre tifóide (AO 1990: tifoide) é uma doença causada pela bactéria Salmonella typhi. Trata-se de uma forma de salmonelose restrita aos seres humanos e caracterizada por sintomas sistêmicos proeminentes, sendo endêmica em países subdesenvolvidos. A febre tifóide é uma doença distinta e não relacionada com o Tifo.

Histórico

Franz Schubert, grande compositor austríaco, faleceu vítima da Febre Tifóide

A Salmonella typhi é também conhecida como bacilo de Elberth, assim chamado em homenagem a Karl Joseph Elberth que o descreveu pela primeira vez em 1880.

Em 1907, Mary Mallon (a original "Maria Tifóide") foi o primeiro portador a ser identificado após uma epidemia, nos EUA.

A tifóide vitimou várias personagens históricas, incluindo o compositor Franz Schubert, o consorte da Rainha Vitória do Reino Unido, Alberto de Saxe-Coburgo-Gota, Wilbur Wright, um dos primeiros aviadores, Péricles (governante de Atenas) e ainda a princesa do Brasil Leopoldina de Bragança e Bourbon.

Características

O gênero Salmonella corresponde a bacilos Gram-negativos, móveis e anaeróbios facultativos, pertencentes à familia Enterobacteriaceae. Possuem metabolismo aumentado em comparação com outras bactérias.

A Salmonella typhi não é propriamente uma espécie, mas sim a designação comum do serotipo Salmonella enterica typhi (S.enterica subespécie typhi), que inclui várias outras subespécies que não causam esta doença. O serotipo Salmonella enterica paratyphi causa uma doença semelhante, a febre paratifóide.

Como a maioria das bactérias gram-negativas, possuem lipopolissacárides (LPS) na membrana celular, que atuam como fortes indutores de resposta imunitária, podendo levar a vasodilatação sistêmica, choque séptico e, em casos mais graves, óbito. Além disso, a sua disseminação e multiplicação pode também levar a danos orgânicos graves.

Transmissão

É transmitida através da ingestão de alimentos ou água contaminada, o mais comum, ou então pelo contato direto com os portadores, através de um beijo por exemplo. Seja qual for a origem a única porta para a sua entrada é a via digestiva.

Epidemiologia

A doença é exclusiva dos seres humanos. É sempre transmitida via orofecal, ou seja, pela contaminação, por fezes, de alimentos ou objetos levados à boca.

Muitos casos são devidos à preparação não higiênica da comida, em que um indivíduo portador (com a bactéria no intestino, porém saudável e sem sintomas por períodos prolongados) suja os dedos com os seus próprios detritos fecais e não lava as mãos antes de manusear os alimentos. Cerca de 5% dos doentes não tratados com antibiótico tornam-se portadores após resolução da doença.

Quadro clínico

As bactérias são ingeridas e a partir do lúmen intestinal invadem um tipo especializado de célula do epitélio do órgão, a célula M, por mecanismos de endocitose ou invasão direta, passando depois à subserosa. Aí são fagocitadas por macrófagos, mas resistem à destruição intracelular. Como estas células linfáticas são altamente móveis, são transportadas para tecidos linfáticos por todo o corpo, como gânglios linfáticos, baço, fígado, pele e medula óssea. A sua disseminação é inicialmente pela linfa, e depois sanguínea.

Os primeiros sintomas, aumentando ao longo da primeira semana, são febre de cerca de 40°C, dores de cabeça, fadiga, bradicardia, agitação durante o sono e, às vezes, podem aparecer manchas rosas na pele. Após cerca de 3 semanas, o enfermo pode apresentar falta de apetite (anorexia), hemorragia nasal (epistaxis), diarréia e vómitos, esplenomegália, tosse, delírios e estado de torpor, surgindo depois quadros de septicemia, com possível choque séptico mortal.

Se não for tratada, a febre tifóide pode complicar-se em hemorragia ou até perfuração intestinal e inflamação da vesícula biliar. A mortalidade chega a 25% nos casos não tratados, sendo freqüentemente causada pela septicemia e choque (perda catastrófica da tensão arterial com isquémia fatal dos órgãos).

Diagnóstico

Para o diagnóstico definitivo da FT é necessário o isolamento da Salmonella typhi, uma vez que o quadro clínico é inespecífico e comum a outras patologias. Eventualmente podem ser usados métodos que demonstram a presença de antígenos ou anticorpos contra esta bactéria.


Sorologia e detecção de antígenos

A reação de Widal é um teste de aglutinação em tubo que demonstra resposta serológica contra a S. typhi. Este teste, apesar de apresentar várias limitações, é ainda muito utilizado em regiões pouco desenvolvidas. Atualmente estão disponíveis testes comerciais que utilizam uma metodologia modificada e possibilitam a detecção de anticorpos contra os antígenos O, H, ou Vi da S.typhi

Tratamento

A febre tifóide deve ser tratada com antibióticos específicos, mais comumente o cloranfenicol, ampicilina ou quinolonas. São tratadas as complicações de acordo com a sua condição, caso haja.

Os doentes que se tenham curado sem tratamento antibiótico devem ser isolados, já que mesmo curados podem tornar-se portadores do bacilo por meses, até mesmo anos. São-lhes administrados antibióticos que eliminam as bactérias remanescentes.

Prevenção

Além da vacinação, para evitar o contágio da febre tifóide é necessário tratar a água e os alimentos, controlar o lixo, observar boas condições de higiene e a boa alimentação. É importante no seguimento de qualquer epidemia identificar os portadores e eliminar as bactérias que transportam com antibióticos.

Por ser uma doença altamente contagiosa, normalmente isola-se o infectado, isolando assim também a doença em locais de prática clínica e de higiene adequada evitando sua proliferação através da água, um dos mais importantes vetores de contágio em todo mundo.

Referências

  • TRABULSI, L.R.; ALTERTHUM, F. Microbiologia, 4º ed, Atheneu. 2004.

Ligações externas

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