Monstro de Bragança
Monstro de Bragança | |
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Nome | Sebastião Antônio de Oliveira |
Data de nascimento | 7 de outubro de 1915 |
Local de nascimento | Amparo, São Paulo |
Data de morte | 7 de janeiro de 1976 (60 anos) |
Local de morte | Presídio de Campinas |
Causa da morte | enforcamento |
Nacionalidade(s) | brasileiro |
Apelido(s) | Bastião Orelhudo |
Crime(s) | estupro, infanticídio e canibalismo |
Situação | Morto |
Fuga | 2 |
Assassinatos | |
Vítimas | 8 (5 assassinadas) |
Período em atividade | 1953 – 1975 |
País | Brasil |
Alvo(s) | crianças entre 5 e 10 anos de idade |
Apreendido em | 1ª 1953 2ª 1963 3ª 1975 |
Preso em | 1ª Casa de Detenção de São Paulo (1953-1956) Hospital Penal de Franco da Rocha (1956-1958) Hospital Psiquiátrico do Juqueri (1958-1959) 2ª Hospital Judiciário de Taubaté (1963-1972) 3ª Presídios de Atibaia e Campinas (1975) Hospital Penal de Franco da Rocha (1975-1976) |
O Monstro de Bragança, alcunha dada pela imprensa a Sebastião Antônio de Oliveira, foi um assassino em série de crianças, tendo cometido ao menos oito estupros e cinco homicídios na região de Bragança Paulista em dois períodos: entre 1953 e 1963 e entre 1974 e 1975, quando foi preso. O caso chocou a sociedade bragantina e paulista na década de 1970.[1]
História
[editar | editar código-fonte]Sebastião Antônio de Oliveira nasceu em local e datas incertos. Segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo, ele nasceu em Tuiuti, em 7 de outubro de 1915. Já a revista O Cruzeiro cita a cidade de Amparo em 1916. Desde a infância apresentou problemas psiquiátricos que foram se acentuando ao longo dos anos. Casou-se em 1938, tendo vários filhos. Nos anos 1950, seus problemas de saúde mental se agravaram.[2][1][3]
Crimes (primeira onda)
[editar | editar código-fonte]Em 1953, Sebastião estava em Atibaia quando atraiu uma garota com cerca de 8 anos de idade e a estuprou, tendo abandonado a criança quase morta. Ainda naquele ano, outra criança apareceu morta com sinais de estupro na região de Bragança.
Após ser denunciado, foi preso e condenado a prisão na Casa de Detenção de São Paulo. Exames psiquiátricos solicitados pela justiça o fazem ser transferido para tratamento ao Hospital Penal de Franco da Rocha. Por conta de bom comportamento, foi transferido para o Hospital Psiquiátrico do Juqueri em 1958.
No ano seguinte, fugiu do Juqueri e perambulou até firmar residência em São Paulo. Ali passou a viver no bairro do Tatuapé com sua esposa e uma filha.
Em 10 de julho de 1959, Sebastião sequestrou sua enteada de 6 anos e desapareceu. Sua mulher alertou as autoridades, que efetuaram buscas em São Paulo e no interior (por conta do histórico do fugitivo). No dia seguinte, após tê-la estuprado, Sebastião abandonou a filha no pedágio da Estrada de Mogi-Mirim, na altura de Campinas e desapareceu.[4][5][3]
Em 1963, foi acusado do estupro de outra menor e preso em Adamantina, sendo novamente encaminhado para o Hospital Penal de Franco da Rocha.
Em 1969 um relatório médico o classificou como bio-criminoso puro com especialidade sexopata e Sebastião foi transferido para o Hospital de Custódia de Taubaté, onde permaneceu até 24 de fevereiro de 1973, quando foi colocado em liberdade vigiada. No ano seguinte, encontrava-se perambulando e praticando mendicância nas cidades da região de Bragança Paulista, até fixar residência em Bragança em meados de 1974.[1][3]
Crimes (segunda onda)
[editar | editar código-fonte]Em dezembro de 1974, Sebastião sequestrou, estuprou e assassinou Maria Janete de 6 anos (no dia 26) e Valdir de 8 anos (dia 29), além de ter tentado atacar quatro crianças entre essas datas.
A Polícia Civil interrogou essas crianças que escaparam do maníaco e estava com um retrato falado em busca do suspeito. Enquanto ocorriam as buscas, mais duas crianças, as irmãs Ana Aparecida (6 anos) e Rosângela (7 anos) desapareceram. Com a notícia do desaparecimento de crianças, a cidade de Bragança entrou em pânico, com pais impedindo as crianças de brincarem nas ruas, vigiando a porta de escolas, entre outras medidas.[1][6][3]
Após 22 dias de buscas, Sebastião foi preso na cidade de Amparo. Conduzido à Bragança, confessou os quatro assassinatos e levou os policiais até o local onde havia abandonado os corpos das irmãs desaparecidas.[1][7]
Em relação a estas ocorrências, Sebastião relatou ter praticado canibalismo, consumindo partes de seus corpos ainda no local dos crimes[1].
Prisão e morte
[editar | editar código-fonte]A notícia da prisão correu a cidade de Bragança Paulista, de forma que populares começaram a cercar a delegacia para linchar o Monstro de Bragança. A polícia realizou uma operação de transferência para Campinas, com mais de 50 policiais armados escoltando Sebastião até o Presídio de Campinas.[8] Enquanto aguardava julgamento ali, foi jurado de morte pelos demais detentos. Com isso, foi transferido para Atibaia.
Após a justiça atender a um pedido de seu advogado de defesa, foi transferido pela terceira vez para o Hospital Penal de Franco da Rocha. Posteriormente o juiz do caso, Doutor João Batista Lopes, solicitou por três vezes ao longo de 1975 uma avaliação mental para decidir se o réu deveria ser submetido a julgamento. Por motivos ignorados, a avaliação não foi realizada naquele ano, sendo marcada para o início de 1976. Em 7 de janeiro de 1976, Sebastião foi encontrado enforcado em sua cela.[3]
Na cultura popular
[editar | editar código-fonte]Em Bragança, os túmulos das quatro crianças localizados no Cemitério Municipal da Saudade tornaram-se ponto de peregrinação popular. Algumas pessoas atribuem milagres às crianças e deixam ofertas em agradecimento às graças alcançadas.[9]
Referências
- ↑ a b c d e f Édison Torres (5 de fevereiro de 1975). «O monstro de Bragança». Revista O Cruzeiro, Ano XLVII, edição 6, páginas 28-33/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 6 de setembro de 2019
- ↑ «Prisão preventiva para o assassino de 4 crianças». Folha de S.Paulo, Ano LIV, edição 16750, página 8. 20 de janeiro de 1975. Consultado em 6 de setembro de 2019
- ↑ a b c d e José Tadeu de Almeida (setembro de 2012). «Crime e castigo no interior de São Paulo: o Monstro de Bragança e a ação do Poder Judiciário na década de 1970» (PDF). Anais do XXI Encontro Estadual de História-Associação Nacional de História-Seção São Paulo. Consultado em 6 de setembro de 2019
- ↑ «Foragido do manicômio sequestrou a filhinha». Diário da Noite (SP), Ano XXXIV, edição 10564, página 7/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 14 de julho de 1959. Consultado em 6 de setembro de 2019
- ↑ Nelson Veiga. «Abandonada pelo pai demente no pedágio de Mogi-Mirim». Diário da Noite (SP), Ano XXXIV, edição 10565, página 2/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 6 de setembro de 2019
- ↑ «As crianças já voltam às ruas». Folha de S.Paulo, Ano LIV, edição 16751, página 8. 21 de janeiro de 1975. Consultado em 6 de setembro de 2019
- ↑ «Maníaco matou as crianças em Bragança». Folha de S.Paulo, Ano LIV, edição 16748, página 8. 18 de janeiro de 1975. Consultado em 6 de setembro de 2019
- ↑ «Até os presos queriam linchar o assassino». Folha de S.Paulo, Ano LIV, edição 16749, página 16. 19 de janeiro de 1975. Consultado em 6 de setembro de 2019
- ↑ «População vai ao cemitério municipal e presta homenagens». Jornalisno FAAT. 21 de novembro de 2016. Consultado em 18 de setembro de 2022