Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa
Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) é a designação dada a um grupo de cooperação regional[1] que reúne os países africanos que têm a língua portuguesa como oficial. Também conhecidos como África Lusófona, o grupo é composto pelos cinco membros originais — Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe — e a Guiné Equatorial, que aderiu ao grupo posteriormente e adotou a língua portuguesa como oficial.
Estes países vêm firmando protocolos de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento com vários países e organizações nos campos da cultura, educação, economia, diplomacia e preservação da língua portuguesa. Um exemplo é o Projeto Apoio ao Desenvolvimento do Sistema Judiciário cofinanciado pelo governo português.[2]
Está em processo de estudo e discussão para a criação do "Escudo PFL", uma moeda única para esses países e Timor-Leste, o único país lusófono da Ásia, que desde 1999 adota o dólar estado-unidense como sua moeda oficial.[3] Escudo era o nome da moeda de Portugal entre 1911 e 2002, a sigla "PFL" seria o acrónimo de "Pacto Financeiro Lusófono".
FORPALOP[editar | editar código-fonte]
Os líderes dos países membros do informal "Grupo dos Cinco" reuniram-se na "Cimeira Constitutiva do Fórum dos Cinco Países Africanos de Língua Portuguesa", que teve lugar em Luanda a 30 de junho de 2014, e decidiram criar o FORPALOP, uma organização de intervenção política e diplomática comum.[4]
História[editar | editar código-fonte]
A partir do final do século XV com a expansão marítima portuguesa, a língua portuguesa foi disseminada no continente africano. Durante os séculos XVI, XVII e XVIII o português foi transformado na língua franca das costas de África.
No decorrer dos séculos XV e XVI ao longo da costa do Senegal, Gâmbia e da Guiné a chegada de muitos comerciantes oriundos de Portugal e dos mestiços contribuíram para a difusão do português nessas regiões.[5]
No Golfo da Guiné o português também floresceu principalmente nas ilhas de São Tomé, Príncipe e Ano-Bom. Também no Golfo da Guiné ao longo da costa do Gana (antiga Costa do Ouro) surgiu uma espécie de português que foi falado por comerciantes nativos nas suas negociações com os europeus (holandeses, ingleses, franceses, dinamarqueses, suecos etc.) durante os séculos XVI, XVII e XVIII, até mesmo após vários anos da retirada dos portugueses da Costa do Ouro.[5] Nessa área, Portugal também possuiu até o ano de 1961 um forte denominado de Fortaleza de São João Baptista de Ajudá, localizado em Daomé, atual Benim. Onde a língua portuguesa foi usada durante os últimos séculos por uma comunidade dos descendentes mestiços de portugueses. O português também foi usado no Reino do Daomé como idioma para as relações externas com os outros europeus.[5]
No Reino do Congo, durante o século XVI muitos indivíduos da classe dominante falavam o português fluentemente. Esta língua também foi usada para a difusão do cristianismo em África. O testemunho de um viajante europeu em 1610 prova que em Santo António do Zaire (atual Soyo) todas as crianças aprenderam a língua portuguesa. No Reino do Congo também há provas da existência das escolas portuguesas administradas por missionários no decorrer dos séculos XVII e XVIII. Durante os séculos XVI, XVII e XVIII a influência e o uso do português como língua de comércio disseminou-se ao longo da costa do Congo e de Angola, de Loango a Benguela.[5]
Após vários séculos da colonização portuguesa, a África Austral foi a região do continente onde a língua portuguesa mais floresceu, ela é atualmente oficial e amplamente falada em Angola e Moçambique e também tem uma forte presença na África do Sul, onde é falada por pessoas de ascendência portuguesa e pelos imigrantes angolanos, moçambicanos e brasileiros.[5] Além de ter influenciado uma das principais línguas sul-africanas, o africanês. Muitas palavras portuguesas foram incorporadas permanentemente a este idioma.[5]
Durante os séculos XVII e XVIII, o português também foi usado como língua franca na costa oriental de África. Isto ocorreu devido ao domínio português nesta região até ao final do século XVIII. Em Zanzibar, na Tanzânia, que esteve sob o controlo dos portugueses até 1698 quando foram expulsos pelo Sultão de Omã,[6] o português ainda hoje é falado numa comunidade de Zanzibar.[7][8] E em Mombaça, no Quénia, que também permaneceu sob a tutela de Portugal até 1698 e uma breve tentativa de recuperação entre 1728 a 1729. Existe evidência fornecida por um tenente inglês que em 1831 um português confuso foi falado por um homem em Mombaça. O contacto entre portugueses e africanos também influenciou a língua local, o suaíli, que atualmente é falado ao longo de toda a costa oriental de África. Existem mais de cento e vinte palavras originárias da língua portuguesa incorporadas no suaíli.[5]Por país[editar | editar código-fonte]
Angola[editar | editar código-fonte]
Cabo Verde[editar | editar código-fonte]
Guiné-Bissau[editar | editar código-fonte]
Guiné Equatorial[editar | editar código-fonte]
Moçambique[editar | editar código-fonte]
São Tomé e Príncipe[editar | editar código-fonte]
Ver também[editar | editar código-fonte]
Referências
- ↑ Espaço Geográfico. PALOP-TL UE.
- ↑ «Projecto Apoio ao Desenvolvimento do Sistema Judiciário PIR PALOP». Legis-Palop.org. Consultado em 25 de novembro de 2015
- ↑ «Relações Internacionais». Banco de Cabo Verde. Consultado em 25 de novembro de 2015
- ↑ Sousa e Silva, Júlio (4 de julho de 2014). «PALOP: Fórum criado em Luanda». O País. Consultado em 25 de novembro de 2015. Arquivado do original em 25 de novembro de 2015
- ↑ a b c d e f g «A herança da língua portuguesa na África». Consultado em 23 de julho de 2015
- ↑ «Ilha de Zanzibar». Consultado em 23 de julho de 2015. Arquivado do original em 23 de julho de 2015
- ↑ «Volta ao mundo falando português». Consultado em 23 de julho de 2015
- ↑ «Português no Mundo». Consultado em 23 de julho de 2015
- ↑ «Angola vai avaliar nível de aprendizagem das línguas nacionais». África 21 online. Consultado em 23 de julho de 2015
- ↑ «Angola: português é falado por 71,15% de angolanos». Observatório da Língua Portuguesa. Consultado em 14 de dezembro de 2016
- ↑ «Mais de sete milhões de angolanos falam línguas nacionais». Angonotícias. Consultado em 14 de dezembro de 2016
- ↑ «Entre os de 1ª e os de 2ª já somos mais de 25,7 milhões». Folha 8. Consultado em 14 de dezembro de 2016
- ↑ «Angola» (PDF). Consultado em 14 de dezembro de 2016
- ↑ «Angola». Ethnologue. Consultado em 14 de dezembro de 2016
- ↑ a b c d e f g «Português na África». Info Escola. Consultado em 23 de julho de 2015
- ↑ a b c d e f g «Língua Portuguesa no Continente Áfricano». Consultado em 23 de julho de 2015
- ↑ «A língua portuguesa: São Tomé e Príncipe». Consultado em 23 de julho de 2015
- ↑ «Cabo Verde: Língua». Embaixada da República de Cabo Verde no Brasil. Consultado em 23 de julho de 2015
- ↑ «A língua portuguesa: Guiné-Bissau». Consultado em 11 de março de 2015
- ↑ «A língua os nomes na Guiné-Bissau». Ciberduvidas da língua portuguesa. Consultado em 23 de julho de 2015
- ↑ «A adesão da Guiné-Equatorial à CPLP». Consultado em 23 de julho de 2015. Arquivado do original em 23 de julho de 2015
- ↑ «Equatorial Guinea Adds Portuguese as the Country's Third Official Language» (em inglês). PRNewsWire. Consultado em 23 de julho de 2015
- ↑ «O "REGRESSO A CASA" DA GUINÉ EQUATORIAL». Plataforma Macau. Consultado em 23 de julho de 2015
- ↑ «Obiang: Guiné Equatorial vai criar centro de estudos de expressão portuguesa». Jornal de Negócios. Consultado em 23 de julho de 2015
- ↑ «Português será ensinado nas escolas primárias da Guiné Equatorial». Público.pt. Consultado em 23 de julho de 2015
- ↑ «Um ano depois, ensino do português chegou a sete funcionários da Guiné Equatorial». Público. Consultado em 23 de julho de 2015
- ↑ «VILLAGES AND CULTURES» (em inglês). Consultado em 23 de julho de 2015
- ↑ «ESTADOS-MEMBROS». CPLP. Consultado em 23 de julho de 2015
- ↑ «Guiné Equatorial aceite por consenso como membro de pleno direito da CPLP». Consultado em 23 de julho de 2015
- ↑ «Guiné Equatorial já é membro de pleno direito da CPLP». Consultado em 23 de julho de 2015
- ↑ «Lusofonia em Moçambique» (PDF). Consultado em 23 de julho de 2015