Pompeu

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 Nota: Para outros significados, veja Pompeu (desambiguação).
Pompeu

Pompeu, busto
Cônsul da República Romana
Período 52 a.C. - 51 a.C.
Cônsul Marco Licínio Crasso
Antecessor(a) Marco Valério Messala Rufo e Cneu Domício Calvino
Sucessor(a) Marco Cláudio Marcelo e Sérvio Sulpício Rufo
Cônsul da República Romana
Período 52 a.C. - 51 a.C.

55 a.C. - 54 a.C.

70 a.C. - 69 a.C.
Cônsul Marco Calpúrnio Bíbulo
Públio Servílio Vácia Isáurico
Marco Emílio Lépido
Caio Trebônio
Marco Antônio
Antecessor(a) Quinto Cecílio Metelo Céler
2º, 3º, 4º e 5º ele mesmo (como ditador)
Sucessor(a) Lúcio Calpúrnio Pisão Cesonino
2º, 3º e 4º ele mesmo (como ditador)
Caio Víbio Pansa Cetroniano
Dados pessoais
Nascimento 13 de julho de 100 a.C.
Roma, República Romana
Morte 15 de março de 44 a.C. (55 anos)
Roma, República Romana
Progenitores Mãe: Aurélia Cota
Pai: Caio Júlio César (pretor 92 a.c.)
Cônjuge Cornélia Cinila
Pompeia Sula
Calpúrnia Pisão
Filhos(as) Júlia
Ptolemeu XV
Serviço militar
Graduação General
Conflitos Guerras da Gália
Segunda Guerra Civil da República de Roma

Cneu Pompeu[1] ou Pompeio[2] Magno (em latim: Cnaeus Pompeius Magnus; Ascoli Piceno, 29 de setembro de 106 a.C.Egito, 29 de setembro de 48 a.C.) foi um general, político romano, conhecido também em português como Pompeu, o Grande (tradução de seu nome latino Magnus).

Primeiros anos

Pompeu era o único filho e herdeiro de Cneu Pompeu Estrabão, um proprietário muito rico da zona de Piceno, na Itália, chefe de um ramo da família Pompeia, tradicionalmente rural. Aos olhos da elite aristocrática de Roma, estes antecedentes não eram bem vistos. Não obstante, dada a sua riqueza, Estrabão progrediu na vida política e foi o primeiro senador da família, eleito cônsul em 89 a.C., no meio da crise política da Guerra Social. Pompeu cresceu portanto junto do seu pai nos acampamentos militares, envolvido em questões políticas desde a adolescência. De acordo com Plutarco, Pompeu era um jovem de fácil trato, popular e com bastantes amigos da sua idade, entre os quais o futuro escritor, advogado e estadista romano Cícero.

Estrabão morreu por volta de 87 a.C., no meio da guerra civil entre a facção populista de Caio Mário e os conservadores de Lúcio Cornélio Sula, deixando Pompeu no controle dos seus negócios e fortuna. Apesar da sua juventude, Pompeu não hesitou em tomar um partido e aliou-se a Sula no seu regresso à Itália depois do fim da Primeira Guerra Mitridática em 83 a.C.. Com a sua posição longe de estar assegurada, Sula não desdenhou a ajuda oferecida pelo rapaz de 23 anos, líder de três legiões picentinas veteranas, oriundas da província que controlava quase como rei. Esta aliança projectou a carreira política de Pompeu e favoreceu o seu casamento com Emília Escaura, enteada de Sula (então grávida do primeiro marido).

Sicília e África

Embora sendo um privatus (um homem que não detém um cargo político do, ou associado ao, cursus honorum) devido à idade, Pompeu manteve os seus comandos sob a administração de Sula e revelou-se um general talentoso. O ditador confiava nos seus instintos e enviou-o em perseguição dos apoiantes de Marius, entrincheirados nas províncias da Sicília e África. A Sicília era estrategicamente muito importante, uma vez que era a origem dos cereais que abasteciam Roma. Pompeu varreu a ilha com as suas legiões, acabando com a resistência, mas ao mesmo tempo provocando desagrado das populações locais, que responderam com queixas. Não me falem em leis, nós estamos armados! foi a sua célebre resposta. Em África obteve igual sucesso e no fim da campanha foi aclamado imperator (diferente de imperador) pelas suas fiéis tropas. De acordo com a tradição, Pompeu requereu ao senado o direito de celebrar uma parada triunfal, apesar de não ter estatuto consular, nem sequer senatorial. Os senadores recusaram o pedido do que consideravam um miúdo nem sequer oriundo de boas famílias, mas Pompeu estacionou as tropas à saída de Roma, recusando-se a conceder-lhes licença enquanto o seu desejo não fosse concedido. O ditador Sula acabou por intervir e conceder-lhe o triunfo, mais para fazer a vontade ao genro que por medo. É também nesta altura que Pompeu adquire o cognome Magnus, "o Grande", que segundo uma das versões foi atribuído pelo próprio Sula com uma certa dose de sarcasmo.[carece de fontes?]

Hispânia e Espártaco

Depois de celebrar um triunfo apesar de não ter nem a idade nem o status adequados, Pompeu pediu um imperium proconsular, sem nunca ter sido cônsul, para fazer frente a Sertório, o último apoiante de Caio Mário ainda no activo. O pedido foi concedido e, juntamente com Quinto Cecílio Metelo Pio, dirigiu-se à Hispânia. Esta campanha marcou uma nova fase na carreira militar de Pompeu. Até então, estava acostumado a vitórias relativamente fáceis frente a inimigos desmoralizados e/ou desorganizados. Sertório era um general talentoso, a jogar no seu próprio terreno e com um talento especial para a guerrilha. Era portanto um inimigo à altura de qualquer adversário, o que é comprovado pela longa duração da campanha, de 76 a 71 a.C.. Pompeu e Metelo Pio conseguiram uma vitória apenas devido ao assassinato de Sertório numa conspiração organizada pelos seus próprios homens.

No regresso a Itália em 71 a.C., Pompeu utilizou as suas legiões veteranas da guerra na Hispânia para auxiliar Marco Licínio Crasso na sua luta na Terceira Guerra Servil contra a revolta dos escravos liderada por Espártaco (Spartacus). A sua chegada provou-se decisiva para resolver o conflito e valeu-lhe o ódio de Crasso, que pretendia a glória apenas para si próprio. Em Roma, Pompeu celebra o seu segundo triunfo ilegal, juntamente com Metelo Pio, pelas vitórias alcançadas na península Ibérica. No ano seguinte (70 a.C.), com apenas 35 anos, Pompeu é eleito cônsul pela primeira vez, apesar de esta eleição ser mais uma machadada nas tradições do cursus honorum. Era odiado pelo seu colega Crasso e visto com desconfiança pelo resto da classe senatorial, mas tinha o apoio dos eleitores das camadas sociais mais baixas, que o viam como herói.

Os piratas e a Ásia Menor

Pompeu
Estátua em Milão

Em 67 a.C., dois anos depois do seu mandato de cônsul, Pompeu foi nomeado comandante de uma frota especial e responsável por uma campanha destinada a combater o problema da pirataria no mar Mediterrâneo. A nomeação, como quase tudo o resto na sua vida, esteve rodeada de polémica. A facção conservadora detestava-o pelo constante ataque às tradições e pela sua ascendência pouco notável. Tentaram por todos os meios legais impedir este comando, até que um tribuno aliado de Pompeu levou o assunto à Assembleia do Povo. No seu círculo de apoiantes, Pompeu encontrou um apoio esmagador. Para desgosto dos seus adversários, o general levou apenas alguns meses a eliminar os principais núcleos de piratas e garantir a segurança das rotas comerciais entre a Itália, África e Ásia Menor. A rapidez e sucesso desta Guerra dos Piratas mostrou que era também um almirante dotado e detinha fortes capacidades de organização e logística.

Pompeu não regressou a Roma no fim desta campanha naval. Utilizando até ao limite legal o imperium proconsular que lhe havia sido renitentemente concedido, dirigiu-se à província da Ásia, onde aliviou Lúcio Licínio Lúculo do comando contra Mitrídates VI do Ponto, responsável por mais de vinte anos de problemas na região. Pompeu permaneceu na área por cinco anos e, em 61 a.C., colocou um ponto final nas guerras mitridáticas. Os resultados da campanha foram:

Pompeu aproveitou a estadia na região para explorar a área do Cáucaso, chegando às margens do mar Negro. As notas desta expedição incluíram aspectos geográficos, políticos e respeitantes a recursos naturais e haveriam de se mostrar indispensáveis em campanhas subsequentes.

No fim de 61 a.C., Pompeu regressa a Roma, ao fim de seis anos, com um dilema nas mãos. Por um lado, queria celebrar o seu terceiro triunfo; por outro, ansiava por um segundo mandato de cônsul. As leis de Roma estipulavam que um general não poderia atravessar o pomério (fronteira simbólica da cidade) sem perder o direito ao triunfo, mas um candidato eleitoral tinha que apresentar a intenção de concorrer em pessoa no Fórum da cidade. Pompeu usou todos os meios diplomáticos para convencer o senado a adiar as eleições, mas os conservadores, liderados por Marco Pórcio Catão Uticense, opuseram-se à medida e obrigaram-no a escolher. Pompeu ficou-se pelo triunfo mas não se conformou com a perda do consulado. Se não podia ser cônsul, podia subornar os eleitores para favorecerem o seu candidato. De acordo com várias fontes, o que se seguiu foi um verdadeiro escândalo eleitoral, com os eleitores a dirigirem-se em massa ao acampamento de Pompeu fora da cidade para receberem a ordem de voto, acompanhada de uma pequena "gratificação".

O terceiro triunfo de Pompeu celebrou-se a 29 de setembro de 61 a.C. (o seu 45.º aniversário) em honra das vitórias sobre os piratas e o reino do Ponto. O cortejo triunfal de despojos, prisioneiros, tropas e faixas comemorativas levou dois dias a percorrer a distância entre o Campo de Marte, fora do pomério, ao templo de Júpiter Óptimo Máximo e terminou com um banquete para toda a população oferecido pelo general vitorioso.

O Primeiro Triunvirato

O Primeiro Triunvirato foi uma aliança política informal estabelecida em 59 a.C., na República Romana, entre Júlio César, Pompeu, o Grande e Marco Licínio Crasso, que haveria de se prolongar até 53 a.C.

Em Roma, o início da década de 50 a.C., foi marcado pela união destes três homens: Júlio César - acabado de ser eleito cônsul, um intruso político; Pompeu - extremamente popular junto dos cidadãos devido às suas conquistas militares, mas desprezado pela classe senatorial pela falta de sangue azul da sua família; Crasso - considerado o homem mais rico de Roma, mas ao qual faltava influência política. Uma vez que César não tinha aliados políticos, Pompeu não conseguia obter terras de cultivo para os veteranos das suas legiões e Crasso não era levado a sério na sua ideia de conquistar o Império Parta, os três juntaram-se para unir esforços. Ao contrário do segundo triunvirato, que viria depois, este acordo era informal e não continha nenhum valor jurídico. A única transacção efectuada foi a de Júlia Cesaris, filha de César, que se tornou mulher de Pompeu num casamento que haveria de se revelar feliz.

Durante o seu consulado em 59 a.C., César legislou terras para os soldados de Pompeu, apesar de forte contestação da facção conservadora do senado, e leis que favoreciam os negócios de Crasso. Em troca, obteve o apoio de Pompeu para conseguir a governação da Gália e iniciar a conquista de toda a região (Guerras Gálicas). Em 55 a.C., Pompeu e Crasso foram eleitos cônsules em parceria e prolongam o poder de César na Gália por mais cinco anos. Crasso assegura ainda os fundos e legiões para a tão desejada campanha persa.

No ano seguinte, a morte de Júlia enfraqueceu a relação entre Pompeu e César e, em 53 a.C., Crasso foi assassinado pelos partas a seguir a uma batalha desastrosa. Sem mais nada a uni-los, Pompeu e César desfizeram a aliança e transformam-se em inimigos.

Guerra civil

Em 50 a.C. o senado, liderado por Pompeu, ordenou a Júlio César que voltasse a Roma e dispersasse o seu exército porque o seu termo como procônsul havia terminado.

Em 49 a.C. César cruzou o rio Rubicão, ocasião em que teria pronunciado a famosa frase alea jacta est ("a sorte está lançada"), e invadiu Roma com suas legiões. Pompeu fugiu para a Grécia onde foi derrotado por César na Batalha de Farsália, acabando por procurar refúgio no Egito onde foi morto por antigos camaradas de armas às ordens da corte de Ptolomeu XIII.

Casamentos e descendência

Referências

  1. Forma registrada em Machado, J. P., Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa, verbete "Pompeu".
  2. Forma correcta, preferível ao galicismo Pompeu, segundo Rebelo Gonçalves, Tratado de Ortografia da Língua Portuguesa, Coimbra, Atlântida - Livraria Editora, 1947, e Maria Helena de Teves Costa Ureña Prieto, João Maria de Teves Costa de Ureña Prieto e Abel do Nascimento Pena, Índice de Nomes Próprios Gregos e Latinos, Lisboa, Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica/Fundação Calouste Gulbenkian, 1995. ISBN 972-31-0661-2

Precedido por
Públio Cornélio Lêntulo Sura e Cneu Aufídio Orestes
Cônsul da República Romana
com Marco Licínio Crasso

70 a.C.
Sucedido por
Quinto Cecílio Metelo Crético e Quinto Hortênsio Hórtalo
Precedido por
Cneu Cornélio Lêntulo Marcelino e Lúcio Márcio Filipo
Cônsul da República Romana
com Marco Licínio Crasso

55 a.C.
Sucedido por
Ápio Cláudio Pulcro e Lúcio Domício Enobarbo
Precedido por
Marco Valério Messala Rufo e Cneu Domício Calvino
Cônsul da República Romana
sem colega

52 a.C.
Sucedido por
Cneu Pompeu Magno e Quinto Cecílio Metelo Cipião Násica
Precedido por
Cneu Pompeu Magno
Cônsul da República Romana
com Quinto Cecílio Metelo Cipião Násica

52 a.C.
Sucedido por
Marco Cláudio Marcelo e Sérvio Sulpício Rufo
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