Capitu: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
m Revertidas edições por 201.74.169.89 para a última versão por Dédi's (usando Huggle)
Linha 4: Linha 4:


Penetrou no imaginário coletivo como tipo feminino, justificando estudos psicológicos e literários.
Penetrou no imaginário coletivo como tipo feminino, justificando estudos psicológicos e literários.
Segundo Maria Lucia Silveira Rangel, Capitu é a personagem "mais discutida, a mais famosa, e seria repetição falar sobre a grande dúvida em que o escritor deixa o leitor sobre o adultério da esposa de Bentinho – o romance abre-se num leque com opções a favor ou contra o fato." (LB – Revista Literária Brasileira, nº 17).
Segundo Maria Lucia Silveira Rangel, Capitu é a personagem "mais discutida, a mais famosa, e seria repetição falar sobre a grande dúvida em que o escritor deixa o leitor sobre o adultério da esposa de Bentinho – o romance abre-se num bn bleque com opções a favor ou contra o fato." (LB – Revista Literária Brasileira, nº 17).


O ciúme de Bento Santiago, o Bentinho e mais tarde Casmurro, seu esposo, a todo instante conjecturava sobre seu caráter, contribuindo para a essência enigmática da “criatura de quatorze anos, alta, forte e cheia, apertada em um vestido de chita, meio desbotado. Os cabelos grossos, feitos em duas tranças, com as pontas atadas uma à outra, à moda do tempo, desciam-lhe pelas costas. Morena, olhos claros e grandes, nariz reto e comprido, tinha a boca fina e o queixo largo. As mãos, a despeito de alguns ofícios rudes, eram curadas com amor; não cheirava a sabões finos nem águas de toucador, mas com água do poço e sabão comum trazia-as sem mácula. Calçava sapatos de duraque, rasos e velhos, a que ela mesma dera alguns pontos”. Foi pelos olhos profundos e inexplicáveis, diferentes conforme as circunstâncias, que Capitu, mulher de personalidade forte e envolvente, se consagrou, deixando na [[literatura brasileira]] uma marca inconfundível: "olhos de cigana oblíqua e dissimulada" ou "olhos de ressaca" (descrição influenciada pela opinião de sua mãe, tia e um agregado, que não desejavam o casamento), segundo o parecer do marido ciumento, o sr. [[Bento|Bento Santiago]], vulgo "Dom Casmurro".
O ciúme de Bento Santiago, o Bentinho e mais tarde Casmurro, seu esposo, a todo instante conjecturava sobre seu caráter, contribuindo para a essência enigmática da “criatura de quatorze anos, alta, forte e cheia, apertada em um vestido de chita, meio desbotado. Os cabelos grossos, feitos em duas tranças, com as pontas atadas uma à outra, à moda do tempo, desciam-lhe pelas costas. Morena, olhos claros e grandes, nariz reto e comprido, tinha a boca fina e o queixo largo. As mãos, a despeito de alguns ofícios rudes, eram curadas com amor; não cheirava a sabões finos nem águas de toucador, mas com água do poço e sabão comum trazia-as sem mácula. Calçava sapatos de duraque, rasos e velhos, a que ela mesma dera alguns pontos”. Foi pelos olhos profundos e inexplicáveis, diferentes conforme as circunstâncias, que Capitu, mulher de personalidade forte e envolvente, se consagrou, deixando na [[literatura brasileira]] uma marca inconfundível: "olhos de cigana oblíqua e dissimulada" ou "olhos de ressaca" (descrição influenciada pela opinião de sua mãe, tia e um agregado, que não desejavam o casamento), segundo o parecer do marido ciumento, o sr. [[Bento|Bento Santiago]], vulgo "Dom Casmurro".
Linha 37: Linha 37:


{{seminterwiki}}
{{seminterwiki}}
nv

Revisão das 18h05min de 11 de setembro de 2013

 Nota: Para outros significados, veja Capitu (desambiguação).

Maria Capitolina Santiago (Capitu, como é conhecida), é uma personagem do livro Dom Casmurro de Machado de Assis (1839-1908), publicado em 1899.

Penetrou no imaginário coletivo como tipo feminino, justificando estudos psicológicos e literários. Segundo Maria Lucia Silveira Rangel, Capitu é a personagem "mais discutida, a mais famosa, e seria repetição falar sobre a grande dúvida em que o escritor deixa o leitor sobre o adultério da esposa de Bentinho – o romance abre-se num bn bleque com opções a favor ou contra o fato." (LB – Revista Literária Brasileira, nº 17).

O ciúme de Bento Santiago, o Bentinho e mais tarde Casmurro, seu esposo, a todo instante conjecturava sobre seu caráter, contribuindo para a essência enigmática da “criatura de quatorze anos, alta, forte e cheia, apertada em um vestido de chita, meio desbotado. Os cabelos grossos, feitos em duas tranças, com as pontas atadas uma à outra, à moda do tempo, desciam-lhe pelas costas. Morena, olhos claros e grandes, nariz reto e comprido, tinha a boca fina e o queixo largo. As mãos, a despeito de alguns ofícios rudes, eram curadas com amor; não cheirava a sabões finos nem águas de toucador, mas com água do poço e sabão comum trazia-as sem mácula. Calçava sapatos de duraque, rasos e velhos, a que ela mesma dera alguns pontos”. Foi pelos olhos profundos e inexplicáveis, diferentes conforme as circunstâncias, que Capitu, mulher de personalidade forte e envolvente, se consagrou, deixando na literatura brasileira uma marca inconfundível: "olhos de cigana oblíqua e dissimulada" ou "olhos de ressaca" (descrição influenciada pela opinião de sua mãe, tia e um agregado, que não desejavam o casamento), segundo o parecer do marido ciumento, o sr. Bento Santiago, vulgo "Dom Casmurro".

Sinopse

No romance machadiano, protagonizado pelo casal, o narrador constrói uma narrativa ambígua por natureza, fazendo com que o leitor ora duvide, ora acredite na inocência de Capitu, acusada de adultério pelo marido, ex-seminarista e advogado. O sacerdote e o jurisconsulto se unem para condenar a esposa, num tribunal de provas refutáveis e inconsistentes. O veredicto final fica por conta do leitor, mas é o próprio acusador que a absolve, na mesma medida que a condena: "Capitu era mais mulher do que eu homem". De fato, a grandeza de Capitu nos seduz e se torna um exemplo de força, coragem, audácia em pleno século XIX.

Capitu, conhecida por seus olhos de ressaca e Bentinho com sua insegurança em relação à ninfa (como a chama no primeiro beijo do casal), nos faz lembrar dos nossos próprios medos e receios. E o fim do livro nos deixa uma dúvida: afinal ela traiu ou não Casmurro?

Julgamento

O assunto da 'culpa' ou 'inocência' de Capitu é fonte de permanente discussão. No romance, o foco narrativo está centrado em Bento Santiago, o Dom Casmurro, favorecendo, portanto sua visão de que ela seria, de fato, adúltera. A escritora Lygia Fagundes Telles, por exemplo, que chegou a publicar artigo demonstrando a culpa de Capitu, em 2009 declarou ter percebido, afinal, que Capitu era inocente. O debate em torno dessa personagem criada há mais de um século é uma demonstração da força criativa da ficção de Machado. Muito já se debateu sobre a personalidade de Capitu. Um grupo de estudantes de Direito brasileiros inocentou a personagem da acusação de adultério por "falta de provas".

Adaptações

Adaptações para cinema: Capitu (1968) de Paulo César Saraceni, Dom (2003) de Moacyr Góes; para teatro: Criador e criatura - o encontro de Machado e Capitu (1999) de Flávio Aguiar e Ariclê Perez, Capitu (1999) de Marcus Vinícius Faustini; para ópera: Dom Casmurro (1992) de Ronaldo Miranda e Orlando Codá (fonte: machadodeassis.org.br); Microssérie para TV: Capitu (Rede Globo - 2008)

O compositor paulista Luiz Tatit compôs uma canção intitulada Capitu, gravada por Zélia Duncan e Ná Ozzetti que, apesar do título, refere-se a uma internauta que usa o nome de Capitu (a letra rima "hábil, hábil, hábil" com "www").[1]

Referências

  • GOMES, Eugênio. O enigma de Capitu.
  • CASTRO, Manuel Antônio de. O enigma "É": Capitu ou Dom Casmurro?
  • GLEDSON, John. Impostura e realismo.
  • RANGEL, Maria Lucia Silveira. As Personagens Femininas em Machado de Assis, in LB – Revista Literária Brasileira, nº 17.


nv