Eleições estaduais no Espírito Santo em 1990

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1986 Brasil 1994
Eleições estaduais no  Espírito Santo em 1990
3 de outubro de 1990
(Primeiro turno)
25 de novembro de 1990
(Segundo turno)
Candidato Albuíno Azeredo José Ignácio Ferreira
Partido PDT PST
Natural de Vila Velha, ES Vitória, ES
Vice Adelson Salvador (PDT) Pedro Ceolin (PFL)
Votos 584.269 294.872
Porcentagem 66,46% 33,54%
Candidato mais votado por município em segundo turno (67):
  Albuíno Azeredo (64)
  José Ignácio (3)

Titular
Max Mauro
PMDB

As eleições estaduais no Espírito Santo em 1990 ocorreram em 3 de outubro como parte das eleições no Distrito Federal e em 26 estados brasileiros. Foram eleitos o governador Albuíno Azeredo, o vice-governador Adelson Salvador, o senador Elcio Álvares, 10 deputados federais e 30 estaduais. Como nenhum candidato a governador atingiu metade mais um dos votos válidos, houve um segundo em 25 de novembro e segundo a Constituição, o governador tomaria posse em 15 de março de 1991 para um mandato de quatro anos sem direito a reeleição.[1][2][3][nota 1]

Nascido em Vila Velha, o governador Albuíno Azeredo é engenheiro civil diplomado na Universidade Federal do Espírito Santo e graduado também em Informática e Administração de Empresas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro sendo que foi funcionário da Vale antes de abrir sua própria empresa de consultoria. Em termos políticos militou no MDB e no PMDB a partir de 1970, foi secretário de Planejamento no governo Max Mauro de quem recebeu apoio na disputa para chegar ao Palácio Anchieta via PDT.[4] Dessa forma terminou o ciclo de vitórias do PMDB que começou com Gerson Camata em 1982 e prosseguiu com Max Mauro em 1986.[2][3]

Natural de Colatina, o produtor rural Adelson Salvador foi gerente comercial na Cooperativa Agropecuária do Norte do Estado por cinco anos a partir de 1976. Eleito prefeito de Nova Venécia pelo PMDB em 1982, ao fim do mandato foi nomeado diretor do Departamento Estadual de Trânsito no governo Max Mauro. Sob orientação do referido político entrou no PDT sendo eleito vice-governador do Espírito Santo em 1990.[5]

Resultado da eleição para governador[editar | editar código-fonte]

Primeiro turno[editar | editar código-fonte]

Os arquivos da Justiça Eleitoral informam a apuração de 814.692 votos nominais (66,04%), 210.042 votos em branco (17,03%) e 208.815 votos nulos (16,93%), resultando no comparecimento de 1.233.549 eleitores.[2][3]

Candidatos a governador do estado Candidatos a vice-governador Número Coligação Votação Percentual
Albuíno Azeredo
PDT
Adelson Salvador
PDT
12
Frente Democrática Capixaba
(PDT, PSDB, PTB, PSB, PCdoB)
356.694
43,78%
José Ignácio Ferreira
PST
Pedro Ceolin
PFL
52
Frente Progressista Liberal
(PST, PFL, PSC, PMN, PRP)
291.196
35,74%
Rogério Medeiros
PT
Lourival Monteiro
PT
13
Frente Popular Capixaba
(PT, PCB)
127.749
15,68%
João Calmon
PMDB
Paulo Galvão
PMDB
15
PMDB (sem coligação)
39.053
4,80%
  Segundo turno

Segundo turno[editar | editar código-fonte]

Segundo os arquivos da Justiça Eleitoral foram apurados 879.141 votos nominais.[2][3]

Candidatos a governador do estado Candidatos a vice-governador Número Coligação Votação Percentual
Albuíno Azeredo
PDT
Adelson Salvador
PDT
12
Frente Democrática Capixaba
(PDT, PSDB, PTB, PSB, PCdoB)
584.269
66,46%
José Ignácio Ferreira
PST
Pedro Ceolin
PFL
52
Frente Progressista Liberal
(PST, PFL, PSC, PMN, PRP)
294.872
33,54%
  Eleito

Biografia do senador eleito[editar | editar código-fonte]

Elcio Alvares[editar | editar código-fonte]

Para senador foi eleito o advogado Elcio Alvares. Mineiro de Ubá, ele se formou em 1955 pela Universidade Federal do Espírito Santo e integrou a seccional da Ordem dos Advogados do Brasil até entrar no PSD. Após o Regime Militar de 1964 foi eleito suplente de deputado federal pela ARENA em 1966 sendo efetivado no lugar de Raimundo Andrade em 1970, ano em que foi reeleito. Escolhido governador do Espírito Santo pelo presidente Ernesto Geisel em 1974, entrou no PDS com o fim do bipartidarismo. Preterido por Carlos von Schilgen quando o então governador Eurico Resende definiu o nome do partido à sua sucessão em 1982, hipotecou apoio ao oposicionista Gerson Camata, o vencedor do pleito.[6][7] Com a instauração da Nova República ingressou no PFL, mas perdeu a eleição para o Palácio Anchieta em 1986 numa disputa contra Max Mauro.[8][9][10] Eleito senador em 1990, presidiu a comissão especial que analisou o processo de impeachment de Fernando Collor e votou pela condenação do presidente no julgamento em plenário em 29 de dezembro de 1992.[11]

Suplente convocado[editar | editar código-fonte]

Jonice Tristão[editar | editar código-fonte]

Quando Elcio Alvares ocupou o cargo de ministro da Indústria e Comércio a convite do presidente Itamar Franco, sua cadeira senatorial foi entregue a Jonice Tristão. Advogado natural de Mutum, graduou-se na Universidade Federal do Rio de Janeiro.[12] Sua atuação profissional, entretanto, foi direcionada para o beneficiamento de café solúvel através do Grupo Tristão, empresa familiar criada em 1935.[13] Eleito suplente de senador via PFL em 1990, exerceu o mandato sob a circunstância já mencionada e voltou ao mesmo no começo de 1999 quando o titular assumiu o Ministério da Defesa[14] no governo Fernando Henrique Cardoso.[15][nota 2]

Resultado da eleição para senador[editar | editar código-fonte]

Segundo os arquivos da Justiça Eleitoral foram apurados 664.849 votos nominais.[2][3]

Candidatos a senador da República Candidatos a suplente de senador Número Coligação Votação Percentual
Elcio Alvares
PFL
Jonice Tristão
PFL
Lúcio Messan
PFL
251
Frente Progressista Liberal
(PST, PFL, PSC, PMN, PRP)
290.423
43,68%
Renato Soares
PSB
-
PSB
401
PSB (sem coligação)
149.290
22,45%
Magno Pires
PT
-
-
131
Frente Popular Capixaba
(PT, PCB)
72.910
10,97%
José Moraes
PMDB
-
PMDB
151
PMDB (sem coligação)
70.959
10,67%
João Miguel
PSDB
-
PSDB
451
PSDB (sem coligação)
39.070
5,88%
Berredo de Menezes
PRN
-
-
361
Frente Independente Capixaba
(PRN, PDC, PSD, PTR, PTdoB)
26.250
3,95%
Jefferson de Aguiar
PDS
-
PDS
111
PDS (sem coligação)
15.947
2,40%
  Eleito

Deputados federais eleitos[editar | editar código-fonte]

São relacionados os candidatos eleitos com informações complementares da Câmara dos Deputados.[16][17]

Representação eleita

  PMDB: 6
  PSDB: 3
  PL: 1
Número Deputados federais eleitos Partido Votação Percentual Cidade onde nasceu Unidade federativa
1519 Rita Camata PMDB 99.147 Venda Nova do Imigrante  Espírito Santo
4577 Paulo Hartung[nota 3] PSDB 49.248 Guaçuí  Espírito Santo
1555 Roberto Valadão PMDB 21.237 Colatina  Espírito Santo
4545 Rose de Freitas PSDB 19.951 Caratinga  Minas Gerais
4533 João Batista Mota[nota 3] PSDB 19.843 Ibiraçu  Espírito Santo
2222 Jones dos Santos Neves PL 16.524 Vitória  Espírito Santo
1511 Nilton Baiano PMDB 15.218 Itabuna Bahia Bahia
1560 Jório de Barros PMDB 10.935 Baixo Guandu  Espírito Santo
1530 Etevalda Menezes PMDB 7.538 Rio Bananal  Espírito Santo
1566 Aloizio Santos PMDB 5.714 Brejo Grande  Sergipe

Deputados estaduais eleitos[editar | editar código-fonte]

Estavam em jogo 30 cadeiras na Assembleia Legislativa do Espírito Santo.[2][3]

Representação eleita

  PFL: 6
  PSDB: 5
  PTB: 4
  PMDB: 4
  PDT: 3
  PRN: 3
  PT: 3
  PDC: 1
  PSB: 1
Número Deputados estaduais eleitos Partido Votação Percentual Cidade onde nasceu Unidade federativa
14116 Valcy Souza PTB 10.230 1,25% Pancas  Espírito Santo
14220 Ricardo Ferraço PTB 9.356 1,14% Cachoeiro de Itapemirim  Espírito Santo
12146 Ruzerte Gaigher PDT 8.776 1,07% Itapemirim  Espírito Santo
36111 Edson Henrique Pereira PRN 8.657 1,06% Barra de São Francisco  Espírito Santo
15129 Antônio Tadeu Giuberti PMDB 8.079 0,99% Colatina  Espírito Santo
45222 Umberto Messias de Souza PSDB 7.974 0,97% Marataízes  Espírito Santo
12138 Paulo Lemos Barbosa PDT 7.678 0,94% Alegre  Espírito Santo
25120 Nilton Gomes[nota 4] PFL 7.426 0,91% Nova Venécia  Espírito Santo
15111 José Francisco de Barros PMDB 7.257 0,89% Baixo Guandu  Espírito Santo
36105 Djalma Monteiro da Silva PRN 7.246 0,88% Aracruz  Espírito Santo
17190 Marcos Miranda Madureira PDC 6.971 0,85% Cachoeiro de Itapemirim  Espírito Santo
25121 José Carlos Gratz PFL 6.728 0,82% Ibiraçu  Espírito Santo
25132 Fernando José da Silva PFL 6.501 0,79% Guarapari  Espírito Santo
25109 Waldemiro Seibel PFL 6.451 0,79% Laranja da Terra  Espírito Santo
25111 Waldir Durão Filho PFL 6.367 0,78% Linhares  Espírito Santo
14111 Maria da Penha Feu Rosa PTB 5.921 0,72% Colatina  Espírito Santo
15200 Ethereldes Queiroz do Vale PMDB 5.826 0,71% Vitória  Espírito Santo
25112 Carlos Magno Pimentel PFL 5.674 0,69% Viana  Espírito Santo
45277 Luiz Temóteo Dias Vieira PSDB 5.557 0,68% Afonso Cláudio  Espírito Santo
12155 Carlos Roberto Cabalini PDT 5.556 0,68% Alegre  Espírito Santo
45170 Ulysses Jarbas Anders PSDB 5.516 0,67% São Mateus  Espírito Santo
45140 Hélio Gualberto Vasconcelos PSDB 5.470 0,67% Jerônimo Monteiro  Espírito Santo
13250 Brice Bragato PT 5.447 0,66% Conceição do Castelo  Espírito Santo
45250 Cabo Camata PSDB 5.397 0,66% Vitória  Espírito Santo
14200 Gilson Gomes PTB 5.128 0,62% Afonso Cláudio  Espírito Santo
40170 Renato Casagrande PSB 5.060 0,62% Castelo  Espírito Santo
15104 Jauber Pignaton PMDB 4.956 0,60% Ibiraçu  Espírito Santo
36130 Luciano Souza Cortez PRN 4.876 0,59% Cachoeiro de Itapemirim  Espírito Santo
13290 João Coser PT 2.907 0,35% Santa Teresa  Espírito Santo
13110 Aloísio Krohling PT 2.624 0,32% Linhares  Espírito Santo

Notas

  1. A posse dos governadores eleitos em 1990 foi determinada pelo Art. 4º, § 3º do Ato das Disposições Constituições Transitórias, exceto no Amapá, Distrito Federal e Roraima, que empossaram seus mandatários em 1º de janeiro de 1991 conforme o Art. 28 da Carta Magna.
  2. O Ministério da Defesa foi criado em caráter extraordinário e seu titular tomou posse no primeiro dia de 1999 sendo que a pasta foi efetivada quase seis meses depois.
  3. a b Paulo Hartung foi eleito prefeito de Vitória em 1992 e no mesmo ano João Batista Mota elgeu-se prefeito de Serra, então foram efetivados Helvécio Castelo e Lézio Sathler.
  4. Homônimo do político conhecido como "Nilton Baiano".

Referências

  1. BRASIL. Presidência da República. «Constituição de 1988». Consultado em 6 de setembro de 2017 
  2. a b c d e f BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. «Repositório de Dados Eleitorais». Consultado em 6 de setembro de 2017 
  3. a b c d e f BRASIL. Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo. «Eleições de 1945 a 1992». Consultado em 6 de setembro de 2017 
  4. Máquina favorece candidato no Espírito Santo (online). O Estado de S. Paulo, 25/11/1990. Página visitada em 6 de setembro de 2017.
  5. BRASIL. Câmara dos Deputados do Brasil. «Biografia do deputado Adelson Salvador». Consultado em 6 de setembro de 2017 
  6. Álvares só ajudará "seus companheiros" (online). O Estado de S. Paulo, São Paulo (SP), 13/06/1982. Página visitada em 23 de abril de 2013.
  7. PDS não tem esperança de ganhar no Espírito Santo (online). Jornal do Brasil, Rio de Janeiro (RJ), 07/11/1982. Primeiro caderno, p. 04. Página visitada em 6 de setembro de 2017.
  8. Victoria Varejão (9 de dezembro de 2016). «Morre ex-governador do ES Elcio Alvares». g1.globo.com. G1 Espírito Santo. Consultado em 7 de fevereiro de 2024 
  9. BRASIL. Câmara dos Deputados. «Biografia do deputado Elcio Alvares». Consultado em 6 de setembro de 2017 
  10. BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador Elcio Alvares». Consultado em 6 de setembro de 2017 
  11. Apenas 8 apoiam Collor (online). Folha de S.Paulo, São Paulo (SP), 30/12/1992. Renúncia, Caderno Especial, p. 06. Página visitada em 6 de setembro de 2017.
  12. BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador Jonice Tristão». Consultado em 7 de setembro de 2017 
  13. «Página oficial do Grupo Tristão». Consultado em 7 de setembro de 2017 
  14. FHC tenta evitar resistência de militares contra pasta da Defesa (online). Folha de S.Paulo, São Paulo (SP), 24/12/1998. Brasil, p. 1-5. Página visitada em 7 de setembro de 2017.
  15. «Galeria de ministros da Defesa do Brasil». Consultado em 7 de setembro de 2017 
  16. BRASIL. Câmara dos Deputados. «Página oficial». Consultado em 7 de fevereiro de 2024 
  17. BRASIL. Presidência da República. «Lei n.º 9.504 de 30/09/1997». Consultado em 6 de setembro de 2017