Palácio de Estoi
Palácio de Estói | |
---|---|
Fachada principal do Palácio | |
Tipo | Palácio |
Início da construção | século XVII |
Restauro | século XXI |
Função inicial | Privado |
Proprietário atual | Grupo Pestana Autarquia de Faro |
Função atual | Pousada |
Website | Página oficial |
Património Nacional | |
Classificação | ![]() |
Data | 1977 |
DGPC | 74002 |
SIPA | 1546 |
Geografia | |
País | ![]() |
Cidade | Faro |
Coordenadas | |
Geolocalização no mapa: Faro |
O Palácio de Estoi, igualmente conhecido como Casa de Estói ou Quinta de Estói, e originalmente como Jardim de Estoy, é um complexo histórico situado junto à localidade de Estói, no concelho de Faro, na região do Algarve, em Portugal. Considerado um dos principais monumentos do Algarve, destaca-se devido à sua riqueza tanto arquitectónica como decorativa, combinando elementos dos estilos barroco, rococó, neoclássico e romântico.[1] Foi classificado como Imóvel de Interesse Público em 1977.[2] O edifício alberga um estabelecimento hoteleiro, a Pousada Palácio Estói.
Descrição[editar | editar código-fonte]
Localização e acessos[editar | editar código-fonte]
O complexo do Palácio de Estói está situado junto à povoação com o mesmo nome, tendo acesso pelas ruas da Horta Nova e de São José, sendo nesta última a entrada principal do palácio.[1] O sítio arqueológico das Ruínas romanas de Milreu situa-se nas proximidades do palácio.[3]
Conservação e importância[editar | editar código-fonte]
O conjunto do palácio e dos seus jardins é considerado um dos principais monumentos de Estói, em conjunto com as Ruínas romanas de Milreu,[4] tendo sido classificado como Imóvel de Interesse Público.[2] Faz parte da zona de protecção do Núcleo Urbano Antigo de Estói.[5]
O complexo do Palácio de Estói destaca-se pela sua mistura de estilos, tendo sido considerado como um importante exemplo da arquitectura romântica no país, e provavelmente o único na região do Algarve.[3]
Composição[editar | editar código-fonte]
Palácio[editar | editar código-fonte]
O edifício em si está disposto num só piso, de forma horizontal, sendo uma das partes saliente.[1] O palácio ostenta uma miscelânea de estilos, sendo os principais o neoclássico, Neorrococó e a Arte Nova.[3] No seu interior destacam-se três salas, pelas suas dimensões e pela riqueza do seu mobiliário e decoração: o Salão Nobre, a Sala de Visitas ou Sala Azul, e a Sala de Jantar.[3] A decoração interior utilizou o modelo francês do Século XVIII, tendo por exemplo o Salão Nobre sido composto no Estilo Luís XV.[1]
O edifício também inclui uma capela, com uma imponente torre sineira.[3] A capela apresentava uma estética Luís XV. Era dedicada à Sagrada Família, representada numa pintura setecentista no retábulo do altar-mor, acrescentado-se ainda a esta duas telas seiscentistas, uma pintada por Bento Coelho da Silveira.[carece de fontes]
A casa, que se desenvolve horizontalmente e é caracterizada pelo grande corpo central saliente e mais alto, apresenta uma fachada de certa simplicidade, mas revela no seu interior o gosto opulento da época, sobretudo na decoração de algumas salas ricamente trabalhadas de estuques e em cujos tetos se conservam pinturas de certo interesse. A mais notável é a grande sala de baile, que ocupa o corpo central da casa, simultaneamente magnifica e fria na profusão de estuques, espelhos e pinturas, estas assinadas por alguns artistas portugueses e italianos da época. A Casa de Estoi reúne ainda várias telas de Maria Baretta e Adolfo Greno (1854-1901), pintor português que colaborou com Domingos Costa na decoração do interior da Igreja de Estoi.[6]
Jardins[editar | editar código-fonte]
O edifício é envolvido por um conjunto de jardins com lagos e fontes, que se desenvolvem em três níveis, unidos por escadarias duplas, com lanços opostos.[3] Estão decorados com bustos, estátuas, painéis de azulejos e outros elementos, destacando-se um presépio da escola portuguesa do Século XVIII.[3] e a escultura As Três Garças, uma cópia das obras de Antonio Canova.[1] O estilo dominante dos jardins é o barroco, sendo as estátuas e a decoração mural já segundo os padrões do Século XIX.[1]
Os jardins desenvolvem-se em três planos, fazendo uso de escadarias comunicantes comunicantes e de lanços opostos e outros elementos arquitetónicos que lembram ainda os jardins setecentistas, com laranjeiras e palmeiras, que condizem com o seu alegre estilo rococó. O terraço inferior exibe um pavilhão e azulejos azuis e brancos assinados por Pereira Júnior entre 1899 e 1904, a Casa da Cascata, no interior da qual se encontra uma cópia das Três Graças, de Canova. O terraço superior, o Patamar da Casa do Presépio, tem um grande pavilhão com vitrais, fontes decoradas com ninfas e nichos em azulejos. Encontram-se ainda numerosos bustos de cerâmica, coroando os muros, representando diversas personagens - bustos de D. Carlos I, Vasco da Gama, Goethe, Schiller, Bocage, Feliciano de Castilho, Almeida Garrett, Bismarck e Moltk, Milton, Herculano, Camões, etc.[6]
História[editar | editar código-fonte]
Antecedentes e primeiras obras[editar | editar código-fonte]
A história do palácio iniciou-se nos finais do Século XVIII, quando foi construído um edifício numa quinta, conhecida como Jardim de Estoy, cujo proprietário foi o marechal de campo Francisco José de Carvalhal e Vasconcelos,[1] que pertencia a uma das famílias mais nobres do Algarve.[7] As obras terão começado entre 1782 e 1783, sob a responsabilidade de Mateus Vicente de Oliveira, que também foi responsável pelo Palácio Nacional de Queluz, o qual tem algumas semelhanças com o Palácio de Estói.[8]
Durante o domínio napoleónico de Portugal, a quinta foi palco de uma recepção ao general francês Maurim, organizada pelo marechal Francisco de Carvalhal e Vasconcelos.[1] As obras do palácio em si só começaram entre 1840 e 1850, pelo filho primogénito, Fernando José Moreira Osório de Brito Pereira de Carvalhal e Vasconcelos, mas os trabalhos foram interrompidos, ficando o complexo ao abandono.[3] A propriedade passou depois para Luís Filipe do Carvalhal e José Maria Pereira do Carvalhal,[7] tendo este último determinado, em 23 de Outubro de 1866, que o palacete e os os jardins fossem vendidos após a sua morte, e que o valor da venda deveria ser oferecido aos pobres.[1] Pereira do Carvalhal faleceu em 1875,[7] mas as suas ordens não foram logo cumpridas, uma vez que também deixou o usufruto do imóvel às suas irmãs.[1] Em 1880, a questão estava dependente do tribunal orfanológico de Lisboa, sendo nessa altura o responsável pela propriedade o primeiro testamenteiro, Joaquim Teófilo Genez Pereira.[7] Já nessa altura o palácio e os jardins eram reconhecidos pela sua rica e primorosa decoração, mantendo com imponente estatuária, um grande lago com cascata, e várias árvores centenárias.[7] Também se destacava a capela, com três altares, que tinha no seu interior vários quadros a óleo e esculturas.[7] Durante o Século XIX, tentou-se criar uma empresa para instalar uma casa de saúde na propriedade do palácio, uma vez que Estói era muito procurada pelos doentes, devido ao seu clima ameno e à pureza das suas águas.[7] Caso tivesse avançado, esta iniciativa teria contribuído para a conservação do palácio e dos jardins, que nos princípios da Década de 1880 estavam em avançado estado de degradação, após vários anos de abandono.[7]
Conclusão do palácio e obras de restauro[editar | editar código-fonte]
Em 1893, o complexo foi vendido por José Martins Caiado, João Pires e Maria do Carmo Mascarenhas a José Francisco da Silva, um farmacêutico, político e proprietário rural,[1] que pagou 5.446$23,4 Réis pelo palacete, pelos jardins e pela quinta.[1] Logo em Janeiro desse ano,[1] iniciou as obras de recuperação do palácio e dos seus jardins, tendo os trabalhos sido dirigidos pelo arquitecto e decorador Domingos António da Silva Meira, que tinha ganho notoriedade pela sua decoração de várias salas no Palácio da Pena, em Sintra.[3] Devido ao seu grande interesse pela remodelação do palácio, recebeu o título de Visconde de Estói em 9 de Janeiro de 1906.[1][9] Estas obras incluíram a construção do portal na Rua da Barrroca, da torre sineira junto à capela e de um corpo de um só piso, no lado nascente do palácio.[8] Os trabalhos terminaram nos finais de Abril de 1909, tendo custado mais de 9 mil Réis.[1] A inauguração do palacete e dos seus jardins deu-se em 2 Maio de 1909,[1] num evento que teve uma grande importância a nível local, tendo sido visitado por milhares de pessoas.[3] José Francisco da Silva faleceu em 1926, tendo a propriedade passado para a sua afilhada, Ana Zeferino, e posteriormente para a filha e neta daquela, Maria do Carmo e Maria de Luz Assis Machado.[1]
Em 1969, era propriedade de D. Maria do Carmo Assis Melo Machado.[6] O palácio foi classificado como Imóvel de Interesse Público pelo Decreto 129/77, de 29 de Setembro.[2] Em 1987[3] ou 1988, o complexo do Palácio de Estói foi comprado pela Câmara Municipal de Faro, pelo valor de 140 milhões de Escudos.[1] Entre 1992 e 1993, foram feitos trabalhos de conservação, que incluíram o restauro do presépio, das pinturas murais, da cúpula da capela, e dos frescos no jardim.[1] Estes trabalhos continuaram em 1994, e em 1995 foram feitas obras de transformação numa residência oficial, e instaladas as redes eléctrica e telefónica.[1]
Adaptação a pousada[editar | editar código-fonte]
Em meados da Década de 1990, já estava prevista a adaptação do palácio numa unidade hoteleira da ENATUR,[3] tendo o acordo de cedência para aquela empresa sido assinado em 23 de Junho de 1999, e autorizado pelo Secretário de Estado das Obras públicas em 4 de Agosto desse ano.[1] Também em 1999, foram feitas novas intervenções de restauro, foram colocados equipamentos contra os incêndios, e continuou-se a instalação da rede eléctrica.[1]
O plano para a transformação do Palácio numa pousada foi elaborado por Gonçalo Byrne.[1] A pousada abriu em meados de 2009.[1] Em Fevereiro de 2015, o Grupo Pestana divulgou que o Palácio de Estói seria uma das três pousadas portuguesas a serem integradas na Small Luxury Hotels of the World, uma cadeia internacional de hotéis de luxo.[10] Durante as comemorações do Dia do Município de Faro, em 7 de Setembro de 2017, foi oficialmente entregue à autarquia o jardim Sul do Palácio de Estói, após ter sido alvo de obras de restauro por parte da ENATUR.[11]
Galeria[editar | editar código-fonte]
Ver também[editar | editar código-fonte]
- Caldas de Monchique
- Paço Episcopal de Faro
- Palacete Belmarço
- Palacete Guerreirinho
- Palácio Fialho
- Palácios de Portugal
- Pousada de Faro
- Ruínas romanas de Milreu
Notas e referências
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w x «Palácio e Quinta de Estói / Palácio de Estoi». Sistema de Informação para o Património Arquitectónico. Direcção Geral do Património Cultural. Consultado em 16 de Maio de 2020
- ↑ a b c PORTUGAL. Decreto n.º 129/77, de 29 de Setembro. Presidência do Conselho de Ministros e Ministério da Educação e Investigação Científica. Publicado no Diário do Governo n.º 226, Série I, de 29 de Setembro de 1977.
- ↑ a b c d e f g h i j k l MAGALHÃES, Natércia (2002). «Palácio de Estoi com os seus jardins, fontes e estatuária». Património Cultural. Direcção Geral do Património Cultural. Consultado em 16 de Maio de 2020
- ↑ MARQUES, 1999:166
- ↑ «Núcleo Urbano Antigo de Estoi». Património Cultural. Direcção Geral do Património Cultural. Consultado em 16 de Maio de 2020
- ↑ a b c de Azevedo, Carlos (1988). Solares Portugueses. [S.l.]: Livros Horizonte. 136 páginas
- ↑ a b c d e f g h «O Jardim de Estoy» (PDF). O Algarve Illustrado. Ano 1 (11). Faro: J. F. Tavares Bello. 1 de Novembro de 1880. p. 41-42. Consultado em 9 de Outubro de 2020 – via Hemeroteca Digital do Algarve / Universidade do Algarve
- ↑ a b FERNANDES e JANEIRO, 2005:56
- ↑ Gil, Júlio (1992). Os mais belos Palácios de Portugal. Lisboa: Verbo. 253 páginas
- ↑ «Palácio de Estoi é uma das três Pousadas de Portugal a integrar cadeia Small Luxury Hotels». Sul Informação. 9 de Fevereiro de 2015. Consultado em 16 de Maio de 2020
- ↑ «Faro recebeu o Jardim Sul do Palácio de Estoi de "presente" no Dia do Município». Sul Informação. 8 de Setembro de 2017. Consultado em 16 de Maio de 2020
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- FERNANDES, José Manuel; JANEIRO, Ana (2005). Arquitectura no Algarve, dos primórdios à actualidade, uma leitura de síntese (PDF). Faro: Edições Afrontamento. 154 páginas. ISBN 972-643-138-7. Consultado em 16 de Maio de 2020 – via Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve
- MARQUES, Gentil (1999) [1964]. Lendas de Portugal: Lendas de Mouras e Mouros. Col: Lendas de Portugal. Volume 3 de 5. 3.ª ed. Lisboa: Âncora Editora. ISBN 972-780-026-2
Leitura recomendada[editar | editar código-fonte]
- Lameira, Francisco I. C. (1995). Faro: Edificações Notáveis. [S.l.]: Câmara Municipal de Faro
- Marques, Maria da Graça (coord.) (1999). O Algarve da Antiguidade aos nossos dias: elementos para a sua história. Lisboa: Edições Colibri
- AZEVEDO, Carlos de (1988). Solares Portugueses. Lisboa: Livros Horizonte. 368 páginas
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
- «Página oficial da Pousada Palácio de Estói, no sítio electrónico das Pousadas de Portugal»
- «Página sobre o Palácio de Estói, no sítio electrónico Wikimapia»
- «Página sobre o Palácio de Estói, no sítio electrónico do Sistema de Informação para o Património Arqueológico»
- «Página sobre o Palácio de Estói, no sítio electrónico da Direcção-Geral do Património Cultural»
- «Galeria de fotografias do Palácio de Estói, no sítio electrónico Flickr»