Palácio do Jaburu

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Palácio do Jaburu
Palácio do Jaburu
Vista aérea do palácio.
Nomes alternativos Residência oficial vice-presidencial
Tipo Residência oficial
Estilo dominante Moderno
Arquiteto Oscar Niemeyer
Fim da construção 1977
Inauguração 1977
Proprietário atual Geraldo Alckmin
Geografia
País Brasil
Coordenadas 15° 47' 46" S 47° 49' 59" O

O Palácio do Jaburu é um edifício localizado em Brasília, capital do Brasil. O palácio é designado como a residência oficial do Vice-presidente do Brasil. Situa-se às margens do lago Paranoá, diante da Lagoa do Jaburu, do qual herdou o nome.

O palácio foi projetado por Oscar Niemeyer em 1973, tendo sido ocupado pela primeira vez em 1977. Diferente da residência do presidente, o Palácio da Alvorada, que é bem maior e preza pela monumentalidade, o Jaburu remete a uma casa mais intimista e privativa, não tendo grandes salões e valorizando a parte externa, mas ainda com as características da arquitetura moderna típicas de seu arquiteto. Assim como outras obras de Niemeyer em Brasília, é tombado como Patrimônio Cultural pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).[1][2]

Desde sua abertura, foi usado pelos vices, exceto por curtos períodos entre 1985 e 1990 e entre 2016 e 2018, quando José Sarney e Michel Temer continuaram a usar o palácio após tornarem-se presidentes. Atualmente é ocupado pela vice-presidência da república, hoje exercida por Geraldo Alckmin.

História[editar | editar código-fonte]

Oscar Niemeyer projetou o Palácio do Jaburu.

O Palácio do Jaburu foi projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer para ser a residência oficial do vice-presidente da República, dentro da concepção urbanística proposta por Lúcio Costa para Brasília. Foi projetado em 1973 e ocupado pela primeira vez pelo vice de Ernesto Geisel, Adalberto Pereira dos Santos, em 1977, dezessete anos após a inauguração de Brasília.[3]

Localizado ao longo da Via Presidencial, entre o Palácio do Planalto e o da Alvorada, o Palácio do Jaburu está no nível topográfico do Lago Paranoá, ocupando terreno de 190 mil metros quadrados. O palácio recebeu esse nome por ficar ao lado da Lagoa do Jaburu, que diferente do vizinho Lago Paranoá, é um corpo de água natural.[4][5]

Entre o final de 1985 e 1990, no período que o vice-presidente José Sarney assumiu a presidência, o Palácio do Jaburu foi usado como residência temporária para chefes de estado estrangeiros em visita oficial ao Brasil pelo Itamaraty, voltando a ser a residência do vice-presidente após esse período.

Quando Michel Temer se tornou presidente após o impeachment de Dilma Rousseff em 2016, ele deixou o palácio para ir morar no Palácio da Alvorada, mas voltou após onze dias e preferiu permanecer no Jaburu durante sua presidência, até o fim de 2018. Ele teria dito que o Jaburu era mais aconchegante que o Alvorada, que seria "grande e longe demais". Enquanto Temer foi morador do palácio, entre 2010 e 2018, gastou 24 mil reais em reparos, trocas de móveis e a instalação de uma tela de proteção para evitar acidentes com o filho pequeno, que apesar de desconfigurar a fachada tombada, foi autorizada pelo IPHAN devido ao caráter temporário.[6][7][8][9]

Adalberto Pereira dos Santos e Aureliano Chaves, nesta ordem, foram os dois primeiros vices ocupantes do Palácio do Jaburu.

Vice-presidentes residentes[editar | editar código-fonte]

Os vice-presidentes que ocuparam o Palácio do Jaburu foram:

Hall de entrada.

O Palácio[editar | editar código-fonte]

Oscar Niemeyer queria que o palácio tivesse um aspecto brasileiro, adotando elementos da arquitetura colonial em alguns móveis e em características como as largas varandas protegidas e o pátio interno, mas também trazendo as características típicas da arquitetura moderna brasileira, com plasticidade no uso do concreto armado. O arquiteto se preocupa em garantir a intimidade dos moradores, com poucas aberturas nos quartos e grandes aberturas nas salas, mas que, voltadas para o interior e com o térreo estando um metro acima do solo, tem privacidade.[4]

Vitral de Marianne Peretti na entrada da sala de estar.

Interior[editar | editar código-fonte]

O Pátio interno ajardinado.

O hall de entrada tem um quadro de Rubem Valentim. Ficam ali uma mesa brasileira do século XIX e as cadeiras de jacarandá do século XVIII. O escritório, voltado a pequenas reuniões, tem piso e revestimentos em madeira, uma mesa brasileira do século XIX e o quadro Cidade, de Antônio Bandeira. Ao lado, a capela do Palácio do Jaburu é repleta de obras de arte. Os vitrais são de Marianne Peretti, e os bancos e o altar foram desenhados por Anna Maria Niemeyer. No altar, há uma imagem de Nossa Senhora Aparecida, feita pelo artista Valcides Mairinque em um único bloco de madeira.

A Sala de Espera tem poltronas Marquesa, desenhadas pelo próprio Oscar Niemeyer. Um painel de vidro, também de Marianne Peretti, divide a Sala de Espera da Sala de Estar, que tem uma parede revestida com espelho, adornos de prata e mesa de centro projetados por Ludwig Mies van der Rohe, outro famoso arquiteto moderno. A Sala de Estar é separada da Sala de Almoço por um grande painel curvilíneo.

Na Sala de Almoço ficam cadeiras Tião, do designer Sergio Rodrigues, e um baldaquim com uma imagem sacra. Na outra parede, uma obra de arte em mármore feita por Athos Bulcão. Outros móveis da casa tem desenhos de George Nelson e Hannah e Morrison. Há também uma sala de jantar, com dez lugares.[10]

No mesmo piso ficam a suíte do casal e outros quartos, além da cozinha. No subsolo ficam sala de TV, cinema particular, dispensa, frigorífico, lavanderia, alojamentos para empregados e a garagem.[11][12]

Fachada externa.

Exterior[editar | editar código-fonte]

Pátio externo e piscina.

A principal característica do Palácio e o que o diferencia, fundamentalmente, de outros, como o Alvorada, é o fato de ser uma construção exclusivamente destinada a moradia. Os seus 4.283 metros quadrados privilegiam mais a área externa, com generosas varandas, do que as áreas comuns, como os salões, cujas dimensões se aproximam das de outras residências e não dos palácios tradicionais. O grande pátio interno, ajardinado, se prolongando desde a sala e se estendendo até a lagoa do Jaburu, com piscina e um pequeno embarcadouro, é o destaque do projeto, na opinião do próprio Niemeyer.[4][13][14]

Jardim[editar | editar código-fonte]

Em seu jardim, projetado pelo paisagista Roberto Burle Marx, foram cuidadosamente mantidas várias espécies de árvores típicas do cerrado original, que hoje se misturam às fruteiras e às plantas ornamentais trazidas de outras regiões do País, como paineiras, ipês e palmeiras. A tranquilidade do lugar ajuda a transformá-lo em um viveiro natural de pássaros, que acabaram por misturar-se às emas que circulam livremente pela imensa área gramada. Além delas, são facilmente vistos no Jaburu aves como cardeal-do-nordeste, coleiro baiano e siriri. O jardim de Burle Marx tem um tombamento específico, a parte da proteção do palácio, junto de outros jardins feitos pelo paisagista na capital brasileira.[15][16][17][18]

Visitação[editar | editar código-fonte]

Vídeo do Planalto sobre diversos elementos do Palácio do Jaburu.

A visitação do Palácio é feita no mesmo passeio que as visitas ao Alvorada, nas quartas-feiras, das 15 às 17h, sem agendamento prévio.[19]

Notas

  1. Sarney foi vice-presidente de Tancredo Neves, porém, assumiu a presidência da República interinamente devido a doença do titular eleito.

Referências

  1. «Obras de Oscar Niemeyer são tombadas como Patrimônio Cultural». Correio Braziliense. 7 de junho de 2017. Consultado em 8 de agosto de 2020 
  2. «Brasília – Palácio Jaburu». iPatrimonio. Consultado em 8 de agosto de 2020 
  3. «Conheça o Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente do Brasil». Casa e Jardim. Consultado em 6 de dezembro de 2019 
  4. a b c «RESIDÊNCIA DO VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA - 2º PROJETO (PALÁCIO DO JABURU)». Fundação Niemeyer. Consultado em 8 de agosto de 2020 
  5. Gonçalves, T. D.; Matos, E. M.; Campos, J. E. G. «Estudo do Rebaixamento da Lagoa do Jaburu: Causas e Estratégias de Recuperação e Cartilha (Livrete): Vida e Esperança de Recuperação da Lagoa do Jaburu - Brasília - DF» (PDF). Consultado em 8 de agosto de 2020 
  6. Jornal Diário Gaúcho (16 de maio de 2016). «Conheça o Palácio do Jaburu, residência oficial do presidente interino da República, Michel Temer». Consultado em 4 de março de 2016 
  7. «Família Temer desiste do Alvorada e decide voltar para o Palácio do Jaburu». G1. Consultado em 17 de junho de 2020 
  8. «Temer não se adapta ao Alvorada e volta a morar no Palácio do Jaburu». Folha de S.Paulo. 1 de março de 2017. Consultado em 9 de agosto de 2020 
  9. «Mulher embriagada invade Palácio do Jaburu». Agência Brasil. 1 de julho de 2017. Consultado em 9 de agosto de 2020 
  10. «Conheça o Palácio do Jaburu, atual residência do vice-presidente». Casa Vogue. 12 de maio de 2016. Consultado em 8 de agosto de 2020 
  11. «Palácio do Jaburu: uma mistura de requinte e aconchego». Allia Gran Hotel Brasília. Consultado em 8 de agosto de 2020 
  12. «Conheça o Palácio do Jaburu». Tecno Therm. Consultado em 8 de agosto de 2020 
  13. «Palácio do Jaburu». Visite Brasília. Consultado em 8 de agosto de 2020 
  14. «Palácio do Jaburu». Governo do Brasil. Consultado em 8 de agosto de 2020 
  15. «Brasília – Jardins de Burle Marx». iPatrimônio. Consultado em 9 de agosto de 2020 
  16. «SETOR PALÁCIO PRESIDENCIAL E ÁREA DE TUTELA DA VILA PLANALTO» (PDF). Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação do Distrito Federal. Outubro de 2017. Consultado em 9 de agosto de 2020 
  17. «Folha Online - Brasil - Lula planta estrela no Alvorada e no Torto - 16/04/2004». Folha de S.Paulo. 16 de abril de 2004. Consultado em 9 de agosto de 2020 
  18. «Abandonados e até alvo de pichações, jardins de Burle Marx agonizam». Correio Braziliense. 19 de julho de 2011. Consultado em 9 de agosto de 2020 
  19. «Qual a diferença entre os palácios da Alvorada e do Jaburu». Nexo Jornal. 5 de março de 2017. Consultado em 8 de agosto de 2020 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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