Usuário(a):Ana Lua Mendonça/Testes
Batalha do Passo do Rosário | |||
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Guerra da Cisplatina | |||
Morte do Coronel Brandsen durante a batalha. | |||
Data | 20 de fevereiro de 1827 | ||
Local | Margens do rio Santa Maria, onde hoje é o município de Rosário do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil | ||
Desfecho | Vitória tática do exército republicano. Sem resultados estratégicos para o conflito. | ||
Beligerantes | |||
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Comandantes | |||
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A Batalha do Passo do Rosário (ou, como também é conhecida, Batalha de Ituzaingó) foi uma batalha campal ocorrida em solo brasileiro. Ela ocorreu dia 20 fevereiro de 1827[1], devido à revolta das Províncias Unidas do Rio da Prata contra o Império do Brasil, por conta do domínio da Província de Cisplatina[2].
O nome da batalha[editar | editar código-fonte]
A divergência entre o nome da batalha existiu desde o começo entre os brasileiros e os argentinos. Estes, que se encontravam em terra desconhecida, chamaram a batalha de Ituzaingó, pelo possível fato de terem visto um arroio com esse nome, perto do qual combateram, em uma carta geográfica. Já os brasileiros, por enfrentarem o inimigo próximo à vizinhança do passo do Rosário, no rio Santa Maria, a chamaram desde o primeiro instante com essa dominação: batalha do passo do Rosário.[3]
Contexto histórico[editar | editar código-fonte]
Em 1816, as tropas portuguesas invadiram a banda oriental (atual Uruguai) e depois da derrota de Artigas, em 1820, a ocuparam por completo. Em fevereiro de 1825, foi anexada ao Império brasileiro, com o nome de Província Cisplatina [4]. Com o Congresso de Vienna, em que os ingleses expuseram a questão da independência das colônias americanas, os povos sulamericanos viram essa atitude como exemplo e aspiração [5]. Liderados pelo Coronel Lavalleja, orientais provenientes de Buenos Aires iniciaram o movimento - no Uruguai - de independência da última nação de origem espanhola da América do Sul. Em pouco tempo, a revolta atingiu os muros de Montevidéu. Em 25 de agosto de 1825, em Florida, uma assembléia de orientais declarou a independência da Província Cisplatina e sua confederação às Províncias Unidas do Rio da Prata (Argentina). Dois meses depois, em 25 de outubro de 1825, o Congresso de Buenos Aires proclamou a Província Cisplatina reintegrada às Províncias Unidas do Rio da Prata [6]. O Brasil, que até então mantinha a posse desse território, declarou guerra às Províncias Unidas do Prata, em 10 de dezembro de 1825 [4] e decretou bloqueio naval do estuário do Rio da Prata [6].
No final do ano de 1826, as Provícias Unidas do Rio da Prata concentravam seu exército na cidade de Durazno, constituído de orientais e argentinos, sob comando do General Carlos Maria de Alvear. Já no Império do Brasil, de início, o imperador deu pouca atenção para essa revolta, dado que se encontrava face a outras questões, que se registravam em Províncias consideradas mais importantes ou estratégicas, como a do Maranhão, a do Pará, a de Pernambuco, a da Bahia e na própria capital, a cidade do Rio de Janeiro. Contudo, quando a revolta rapidamente ganhou apoio da população uruguaia, deixando apenas as pequenas guarnições de Montevideu e da cidade de Colônia para enfrentá-la, D. Pedro teve que recrutar o mais rápido possível uma força de combate e enviá-la para o sul. Contava, assim, com poucos recursos para debelar o levante na mais meridional das provínciais do Império. Enquanto o Brasil teve que improvisar seu exército, comandado pelo Marquês de Barbacena, Alvear possuia um exército organizado e veterano das batalhas pela independência na bacia do Prata [6].
A batalha[editar | editar código-fonte]
As tropas das Províncias Unidas do Rio da Prata atravessaram rapidamente a região central da Banda Oriental, sofrendo dificuldades pela ausência de estradas adequadas e recursos para a marcha de grandes unidades [4]. Segundo alguns historiadores, Alvear escondeu seus movimentos de forma a fazer Barbacena acreditar que perseguia a retaguarda de um exército em retirada, quando na verdade todo efetivo de seu exército estava por perto. Como os brasileiros pensavam erroneamente que o exército oponente havia atravessado o rio Santa Maria na tarde anterior à batalha, sua marcha era desordenada e descuidada [7]. São surpreendidos ao ver o avanço de Alvear ocupando as colinas da região, então decidem atacar antes da chegada do resto do exército [4]. O Exército Imperial começa o combate na manhã do dia 20. Barbacena enviou maior parte de sua infantaria para atacar o primeiro corpo do exército aliado, comandado por Lavalleja, que estava localizado com a artilharia no centro do campo de batalha. Por outro lado, o terreno escolhido por Alvear para dar combate era propício para a movimentação de unidades de cavalaria (as quais o Exército Republicano possuía em vantagem numérica de 3 para 1) [6].
A firme resistência uruguaia começa a ceder em alguns pontos e as tropas brasileiras dirigem-se sobre as três ou quatro peças de artilharia que se encontravam no centro do esquema inimigo. Neste momento surge no campo de batalha a cavalaria republicana. Rapidamente a esquerda brasileira, formada por infantaria de voluntários com pouco adestramento militar, recua e corre para salvar-se. Em vão o Marechal José de Abreu tenta conter seus homens e acaba perecendo no combate. A ala direita do Exército Brasileiro também recua, repassando as margens do córrego (braço do rio Santa Maria) para o lado brasileiro. Somente o centro das forças brasileiras (mercenários alemães) mantêm posição. Resiste a diversas investidas da cavalaria inimiga. Por fim, as forças republicanas não conseguem quebrar a formação do centro do exército inimigo, mas já lhe atingem a retaguarda desguarnecida pelo recuo das alas. Barbacena ordena o recuo destas tropas. Elas saem do campo de batalha em formação, mas o mesmo não ocorre à esquerda e à direita do exército [3]. Alvear conquista o campo de batalha, mas não possui tropas descansadas para perseguir o adversário [4]. Manda tocar fogo na mata que cerca o local da luta. Assim, o Exército Imperial pôde se reagrupar dias depois na retaguarda. Os cativos feitos por argentinos e uruguaios vieram sobretudo das unidades que formavam as alas das forças sob Barbacena [3].
A vitória[editar | editar código-fonte]
A batalha durou onze horas. O fim dessa batalha, certamente não significou o fim dos conflitos. Mas o resultado, apesar de vista a vitória pelos argentinos, devido ao fato de os brasileiros se retirarem do campo de combate, ainda é motivo de discórdia para muitas pessoas. A vontade brasileira não venceu, mas também a sua oponente “argentina” não triunfou, visto que tinham interesse de anexar a província e retomar o vice-reinado de Buenos Aires [8][6].
Dom Pedro I mandou compor a Marcha da Vitória para comemorar o sucesso brasileiro na batalha, porém seu plano falhou e os castelhanos levaram a música como troféu. Os argentinos rebatizaram a melodia de Marcha de Ituzaingó e desde então tocam a música nos quartéis e nas bajulações ao presidente do país. [9].
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De todo modo, o Brasil seguiria com o domínio naval, já que logo em seguida, com a batalha de Monte Santiago, as ações navais argentinas ficaram limitadas à guerra de corso. Montevidéu e Colônia do Sacramento seguiam sob o controle do Brasil. A supremacia naval foi decisiva, pois sem controle naval as Províncias Unidas não tinham meios para vencer o conflito.
""O exército está completamente desprovido de meios para sitiar a Montevidéu de maneira mais eficaz que pelo bloqueio terrestre, método que a experiência tem demonstrado ser infrutífero, enquanto existir o predomínio dos brasileiros no mar.""
(...) ""Esta guerra é, em sua essência, uma guerra naval e o domínio da Banda Oriental e de Montevidéu ainda assim não significariam nenhuma vantagem para Buenos Aires, enquanto o bloqueio naval puder ser mantido pelo inimigo"". Ponsonby a Canning [10]
O próprio José de San Martín dizia a Guido, em julho de 1827, que:
""Ambas vitórias podem contribuir para acelerar a conclusão da desejada paz; não obstante, direi a você francamente que, não vendo em nenhuma dessas batalhas caráter de decisivas, temo muito que, se o imperador conheça - o que já deve - o estado de nossos recursos pecuniários e, mais do que tudo, o de nossas províncias, venha ele resistir a concluir a paz e, sem mais do que prolongar a guerra por um ano, venha nos colocar em uma situação muito crítica"". [11]
Referências
- ↑ GUAZZELLI, Cesar A. B. «HISTÓRIA E FRONTEIRA NAS FRONTEIRAS DA LITERATURA: JOÃO SIMÕES LOPES NETO E LENDAS DO SUL» (PDF)
- ↑ «Batalha do Passo do Rosário». Diário Universal. 20 de fevereiro de 2008
- ↑ a b c FRAGOSO, Tasso. A Batalha do Passo do Rosário (PDF). [S.l.: s.n.]
- ↑ a b c d e «A 185 años de la batalla de Ituzaingó»
- ↑ «rihgb1886t0049-1.pdf». Google Docs
- ↑ a b c d e BENTO, Cláudio Moreira (2003). «2002: 175 anos da Batalha do Passo do Rosário» (PDF). Academia de história militar terrestre do Brasil
- ↑ [http://www.lagazeta.com.ar/ituzaingo.htm «Batalla de Ituzaing� Guerra con Brasil Jose Maria de Alvear Artigas Brasil Banda Oriental Manuel Dorrego : Historia Confederacion Argentina :: Batallas y Combates :: LA GAZETA ::»]. www.lagazeta.com.ar. Consultado em 19 de novembro de 2017 replacement character character in
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at position 20 (ajuda) - ↑ LUFT, Marcos Vinícios (2013). «"Essa guerra desgraçada": recrutamento militar para a Guerra da Cisplatina (1825-1828)» (PDF). Universidade Federal do Rio Grande do Sul
- ↑ «GaúchaZH». gauchazh.clicrbs.com.br. Consultado em 20 de novembro de 2017
- ↑ História Geral das Relações da República Argentina
- ↑ História Geral das Relações da República Argentina
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- BARROSO, Gustavo. História Militar do Brasil. Rio de Janeiro: Companhia Editora Nacional, 1935.
- CARNEIRO, David. História da Guerra Cisplatina. Brasília (DF): Editora Universidade de Brasília, 1983. Série Coleção Temas Brasileiros, v. 41.
- FRAGOSO, Tasso. A Batalha do Passo do Rosário. Rio de Janeiro: BIBLIEX, 1951, 2a ed.
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
- «Página oficial do Regimento Passo do Rosário»
- «"The South American Military History"» (em inglês)
- Página 6 em diante contém narrativas dos comandantes militares de ambos os lados
- Dez anos no Brasil, relato do mercenário alemão Carl Seidler, o qual lutou pelo Brasil na batalha, página 95 em diante
- Memórias, José Maria Paz, o qual lutou pelas Províncias Unidas
- Efemérides brasileiras, pelo Barão do Rio Branco, página 158 em diante, contém informações fornecidas por terceiros também
Passo Rosario Categoria:1827 no Brasil Categoria:História de Rosário do Sul Categoria:Conflitos em 1827