Zona da Mata


1 Meio-Norte
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A Zona da Mata é uma sub-região que fica no litoral leste da Região Nordeste do Brasil que se estende do leste do estado do Rio Grande do Norte até o sul da Bahia, formada por uma estreita faixa de terra para os padrões continentais do Brasil. O nome “Zona da Mata” deve-se à Mata Atlântica, que originalmente cobria a região, mas atualmente está bastante reduzida.
Sua área concentra seis das nove capitais nordestinas: Natal, João Pessoa, Recife, Maceió, Aracaju e Salvador. É a zona mais urbanizada, industrializada e economicamente desenvolvida da Região Nordeste. Latitudinalmente pode ser subdividida em setentrional (polarizada pelo eixo Natal-João Pessoa), central (polarizada pelo eixo Recife-Maceió) e meridional (polarizada pelo eixo Salvador-Aracaju).
História[editar | editar código-fonte]
Quando os europeus chegaram à Zona da Mata, esta era habitada por indígenas tupis, como os tupiniquins, tupinambás, caetés, tabajaras e potiguaras. Os ancestrais desses povos chegaram a esta região nos primeiros séculos da Era Cristã, empurrando os indígenas macro-jês que ali habitavam.
Em 1500, Pedro Álvares Cabral desembarca em Santa Cruz Cabrália, sendo este o "Descobrimento" do Brasil. Nas décadas seguintes, a economia dessa região nordestina passa a ser baseada na extração do pau-brasil, armazenado em feitorias, o que atrai também ingleses e franceses. Isso levou Portugal a atentar-se à colonização da região.
Entre meados do século XVI e o século XVIII, a economia da Zona da Mata foi baseada na cultura da cana-de-açúcar, cultivada nos solos férteis locais conhecidos como "massapês", com o amplo uso da mão-de-obra escrava africana. Com isso, essa zona teve prosperidade, passando a ser o centro econômico da Colônia. Esse foi um dos fatores que levaram os neerlandeses ainvadir partes dessa região e criar a colônia da Nova Holanda nas terras dominadas.
Quando os neerlandeses abandonaram Pernambuco, introduziram o cultivo da cana nas Antilhas, havendo concorrência com a planta produzida no Brasil, o que levou à decadência econômica da Zona da Mata, acentuada no final do século XVII e início do século XVIII, com a descoberta de ouro em Minas Gerais e a transferência do eixo econômico brasileiro para a Região Sudeste.
No século XIX, a região da Zona da Mata renasce economicamente, devido ao cultivo de algodão e cacau. Com as obras de infraestrutura e industrialização no século seguinte, o desenvolvimento da região aumenta cada vez mais. No século XXI, esta área teve um crescimento acima da média nacional, superando certa estagnação e decadência das últimas décadas do século anterior.
Geografia[editar | editar código-fonte]
A vegetação original na Zona da Mata era predominantemente Mata Atlântica. É uma área com alto nível de urbanização, além de concentrar os principais centros regionais do Nordeste. No setor agrícola, destaca-se as grandes propriedades de tabaco, cana-de-açúcar e cacau. Existe uma larga produção agrícola, devido ao solo fértil (massapê). Nas últimas décadas dessa região, tem ocorrido crescimento industrial impulsionado por incentivos fiscais estaduais.
Seu clima é tropical úmido com temperaturas que rondam entre os 20 e os 30 graus positivos, pouco descendo abaixo dos 20 graus, embora nas longitudes menos costeiras temperaturas abaixo dos 20 graus não sejam tão incomum, graças a continentalidade sem a influência maior das correntes marinhas equatoriais e tropicais. Também sobe pouco acima dos 30 graus, ao contrário do bioma sertão na mesma latitude e outros biomas de latitude e umidade similar no sudeste asiático.
- Estende-se do litoral a 200 km para o interior.
- Apresenta regularidade de chuva.
- Culturas: cana-de-açúcar, cacau, tabaco e lavoura de subsistência.
Costa[editar | editar código-fonte]
A Zona da Mata nordestina possui a maior variedade costeira do Brasil indo desde a costa de dunas no Rio Grande do Norte, passando pela costa das falésias na Paraíba, costa dos arrecifes em Pernambuco, costa das lagunas ou região dos lagos que deu nome ao estado alagoano, praias de planícies e extensos coqueirais em Sergipe e grandes recortes costeiros de água morna o ano inteiro na Bahia e outros estados. Há também zonas de transição entre tais tipos de costa e também "ilhas" de um tipo "infiltradas" na zona de outro padrão costeiro
Demografia[editar | editar código-fonte]

As cidades mais emergentes da Zona da Mata são as suas menores sedes metropolitanas, já que o crescimento desordenado nas últimas décadas trouxe demasiados problemas a Salvador e Recife comparáveis aos enfrentados pelas duas maiores capitais do Sudeste (São Paulo e Rio de Janeiro). As regiões metropolitanas de Natal, João Pessoa e Maceió são importantes centros urbanos desta zona geográfica, tendo as três população superior a um milhão de habitantes. As regiões metropolitanas de João Pessoa e Aracaju foram as que mais cresceram na sub-região segundo o último censo; a primeira na zona da mata setentrional e a segunda na zona da mata centro-meridional.
Na última década, segundo o IBGE, a Região Metropolitana de João Pessoa ultrapassou a de Maceió em população, tornando-se a quarta maior desta zona geográfica. A Região Metropolitana de Natal é o terceiro maior aglomerado urbano da Zona da Mata, após as regiões metropolitanas do Recife e de Salvador. De acordo com o último censo, Natal cresceu muito no meio da última década, mas desacelerou seu crescimento com o estouro da bolha imobiliária e a crise externa de 2007, já que dependia da captação de moeda externa dos investidores de fora em seus imóveis e setor turístico. Ao mesmo tempo capitais da zona da mata de porte similar que não dependiam tanto do capital externo quanto Natal no seu setor imobiliário e turístico, seguiram padrões divergentes. Enquanto Maceió cresceu menos e foi ultrapassada como região metropolitana, João Pessoa e Aracaju mantiveram alto crescimento, conseguindo a primeira crescer mais no Nordeste Setentrional e Oriental e a segunda chegar cada vez mais próximo do seu primeiro milhão de habitantes na sua metrópole. Ambas cresceram mais de 22,5% na última década segundo a revista Veja.
Assim dentro da Zona da Mata, há a Zona Açucareira, Recôncavo Baiano (zona do tabaco) e Zona do Cacau.
Formação do povo[editar | editar código-fonte]
Em sua obra "O Povo Brasileiro", o antropólogo Darcy Ribeiro afirma que a formação do povo da Zona da Mata se deve à miscigenação entre portugueses, ameríndios e africanos.[1]
Economia[editar | editar código-fonte]


No início da colonização, a Zona da Mata não era dominada completamente pelas plantações de cana. A população das cidades e das fazendas necessitava de alimentos. Por isso, uma parte das terras ficava reservada para cultivo de milho, mandioca, feijão e frutas. Também existiam pastagens para a criação de gado. Essas terras eram os tabuleiros, áreas um pouco mais elevadas situadas entre os vales de dois rios sub tropicais como no sul
Como os solos dos tabuleiros são menos úmidos e mais pobres que o massapê, não eram usados para o plantio da cana. Assim, inicialmente, toda a produção agrícola e até a pecuária localizavam-se na faixa úmida do litoral, onde se instalaram sítios familiares produtores de alimentos e fazendas de gado.
Porém, a produção de cana crescia à medida que aumentavam as exportações de açúcar para a Europa. As sesmarias se dividiam entre os herdeiros dos primeiros proprietários. Cada um deles criava novos engenhos, que necessitavam de mais cana.
Muita coisa mudou na agricultura da Zona da Mata desde a época colonial. A escravidão deu lugar ao trabalho assalariado dos bóias-frias. Os antigos engenhos foram substituídos por usinas de açúcar e álcool. Mas a cana-de-açúcar permaneceu como produto principal da faixa litorânea do Nordeste.
Mas a cana-de-açúcar não é a única cultura da Zona da Mata. No litoral da Bahia, principalmente na área do Recôncavo Baiano, nas proximidades de Salvador, apareceram importantes culturas de tabaco. No sul da Bahia, na área das cidades de Ilhéus e Itabuna, concentraram-se as fazendas de cacau. Além disso, a produção de frutas vem adquirindo importância na Zona da Mata. Há várias frutas nativas do Nordeste - como o caju, o cajá, a mangaba e a pitanga - que servem para fazer deliciosos sucos e doces. Outras frutas, provenientes das áreas tropicais do Oriente - como a graviola, a jaca e a manga - adaptaram-se muito bem aos solos e climas nordestinos, destacando-se que a estabilidade da temperatura (que em geral varia entre 25°C e 30°C) na região é um aspecto positivo importante.
A Zona da Mata é também a sub-região mais industrializada do Nordeste brasileiro, sendo a Região Metropolitana do Recife e a Região Metropolitana de Salvador as áreas em que a indústria é mais forte e diversificada.
Destaca-se a produção de aços especiais, produtos eletrônicos, equipamentos para irrigação, barcos, navios, cascos para plataformas de petróleo, chips, softwares, automóveis, baterias e produtos petroquímicos, além de produtos de marca com valor agregado.
O Polo Petroquímico de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, é o maior complexo industrial integrado do Hemisfério Sul. Abriga, entre outras empresas, uma fábrica da Ford, a primeira montadora de automóveis da Região Nordeste.
O Complexo Industrial Portuário de Suape, na Região Metropolitana do Recife, abriga empresas como o Estaleiro Atlântico Sul (maior estaleiro do Hemisfério Sul) e central de logística da General Motors. A Fiat lançou em Suape, no final de 2010, a pedra fundamental de sua nova fábrica, a terceira da marca na América Latina. A pedra fundamental da Refinaria Abreu e Lima foi lançada em 2005.
Cultura[editar | editar código-fonte]

A Zona da Mata nordestina foi o berço dos principais ritmos do país a exemplo do frevo, maracatu, samba de roda do recôncavo, bossa nova, axé, arrocha e outros. O trio elétrico também tem origem na zona da Mata, como também alguns intérpretes da música brasileira tais como Caetano Veloso, Maria Betânia, Alceu Valença, Marina Elali, Herbert Viana e muitos outros.
O samba de roda foi transferido duas vezes do recôncavo ou zona da mata meridional para o Rio de Janeiro. Primeiro na transferência de mão de obra dali para a zona cafeeira em Vassouras, mas essa transferência acabou ficando apenas no interior e não chegando a capital. Na segunda leva migracional já na primeira República a que realmente transferiu esse tipo de percussão para tal cidade.
- Carnaval
Por ser uma das regiões mais antigas do Brasil, encontram-se muitos dos carnavais mais tradicionais do país, os carnavais mais badalados ficam em Recife, Olinda e Salvador.
Ver também[editar | editar código-fonte]
- Geografia da Região Nordeste do Brasil
- Mesorregião da Mata Paraibana
- Mesorregião da Mata Pernambucana
- Microrregião da Mata Alagoana
- Zona da Mata Mineira
- Trem do Sol
- Ferrovia Salvador-Recife
- Eixo Goiânia-Brasília
- Eixo Rio-São Paulo
Referências
- ↑ Ribeiro, Darcy (1995). O Povo Brasileiro (PDF) 2ª ed. São Paulo: Companhia das Letras. p. 274
- ↑ «Após São Paulo, maiores concentrações são Rio, BH e Recife». Estadão.com.br. 25 de março de 2015. Consultado em 28 de maio de 2015
- ↑ «Global Metro Monitor 2014». Brookings Institution. Consultado em 28 de maio de 2015
- ↑ «Produto Interno Bruto dos Municípios 2012». Consultado em 28 de maio de 2015