Ayahuasca: diferenças entre revisões

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</ref><ref>LUNA, Luis Eduardo. The Concept of Plants as Teachers among four Mestizo Shamans of Iquitos, Northeastern Perú. Symposium on Shamanism of Phase 2 of the XIth International Congress of Anthropological and Ethnological Sciences, Vancouver, August 20-23, 1983. Journal of Ethnopharmacology, 11 (1984) 135-156 [[quíchua|PDF]] Jun. 2011
</ref><ref>LUNA, Luis Eduardo. The Concept of Plants as Teachers among four Mestizo Shamans of Iquitos, Northeastern Perú. Symposium on Shamanism of Phase 2 of the XIth International Congress of Anthropological and Ethnological Sciences, Vancouver, August 20-23, 1983. Journal of Ethnopharmacology, 11 (1984) 135-156 [[quíchua|PDF]] Jun. 2011
</ref> Usuários relatam, dentre outras sensações, ter os sentidos expandidos, os processos mentais e as emoções tornarem-se mais profundos. A experiência vivenciada é a de poder mover-se em muitas dimensões: [[Êxtase religioso|"o vôo da alma"]], uma sensação de partida do espírito do corpo físico, para partir rumo a viagens astrais.<ref>HARNER, Michael J. Common Themes in South American Indian Yage Experiences ''Lycaeum Entheogenic Library'' Jun. 2011
</ref> Usuários relatam, dentre outras sensações, ter os sentidos expandidos, os processos mentais e as emoções tornarem-se mais profundos. A experiência vivenciada é a de poder mover-se em muitas dimensões: [[Êxtase religioso|"o vôo da alma"]], uma sensação de partida do espírito do corpo físico, para partir rumo a viagens astrais.<ref>HARNER, Michael J. Common Themes in South American Indian Yage Experiences ''Lycaeum Entheogenic Library'' Jun. 2011
</ref> Nestas viagens, ocorre a exploração tanto de novos aspectos do mundo ordinário como de "mundos paralelos", que estariam além da percepção corrente. O usuário pode experienciar a sensação de ser colocado na situação de espectador externo de seus próprios atos, que então podem ser vistos e avaliados por si de uma outra forma.
</ref> Nestas viagens, ocorre a exploração tanto de novos aspectos do mundo ordinário como de "mundos paralelos", que estariam além da percepção corrente. O usuário pode experienciar a sensação de ser colocado na situação de espectador externo de seus próprios atos, de tal modo que é chamado a um [[exame de consciência]]. Esta experiência pode ser bastante súbita e violenta, sendo chamado pelos adeptos religiosos de "peia"<ref>{{citar livro|título = Marachimbé veio foi para apurar.Estudo sobre o castigo, ou peia, no ritual do Santo Daime.|sobrenome = OKAMOTO da Silva|nome = Leandro|edição = |local = São Paulo|editora = |ano = 2002|página = |isbn = |subtítulo = Dissertação de Mestrado em Ciências da Religião, PUC/SP.}}</ref>, "cacete"<ref>{{citar web|URL = http://www.udv.org.br/Uniao+do+Vegetalbra+Oasca+e+a+Religiao+do+Sentir/Gente+de+paz/95/|título = União do Vegetal: a Oasca e a Religião do Sentir - Revista Planeta - 07/1981|data = |acessadoem = |autor = Flamínio Araripe|publicado = União do Vegetal}}</ref>, dentre outros termos.


Podem ocorrer sensações de liberação dos limites normais de espaço-tempo. Em alguns casos, sob altas doses, podem ocorrer episódios de distorção sonora. Entretanto, por razões desconhecidas, não é relatado que os usuários escutem vozes, experiência comum quando ingeridas substâncias bem próximas à [[Dimetiltriptamina|N,N-DMT]] presente na ayahuasca, como a [[4-HO-DMT]] ou [[psilocina]], presente nos [[Psilocybe cubensis|cogumelos mágicos]].<ref>{{citar periódico|ultimo = BEACH|primeiro = Horace|titulo = Listening for the Logos:
Podem ocorrer sensações de liberação dos limites normais de espaço-tempo. Em alguns casos, sob altas doses, podem ocorrer episódios de distorção sonora. Entretanto, por razões desconhecidas, não é relatado que os usuários escutem vozes, experiência comum quando ingeridas substâncias bem próximas à [[Dimetiltriptamina|N,N-DMT]] presente na ayahuasca, como a [[4-HO-DMT]] ou [[psilocina]], presente nos [[Psilocybe cubensis|cogumelos mágicos]].<ref>{{citar periódico|ultimo = BEACH|primeiro = Horace|titulo = Listening for the Logos:
a study of reports of audible voices at high doses of psilocybin|jornal = Newsletter of the Multidisciplinary Association for Psychedelic Studies|doi = |url = http://www.maps.org/news-letters/v07n1/07112bea.html|acessadoem = }}</ref>
a study of reports of audible voices at high doses of psilocybin|jornal = Newsletter of the Multidisciplinary Association for Psychedelic Studies|doi = |url = http://www.maps.org/news-letters/v07n1/07112bea.html|acessadoem = }}</ref>


A experiência pode em algum ponto revelar visões notáveis, ''insights'', produzir [[Catarse|catarses]] e conseqüentes experiências de renovação e de renascimento; visões arquetípicas, de animais, plantas e flores, mandalas, cidades, de espíritos elementais (arquetípicos), de cenas que podem ser interpretadas como lembranças de vidas passadas, ou de divindades. Entretanto, também é possível que produza visões de aspectos desagradáveis ou reprimidos do subconsciente, ou de entidades de aspecto perturbador, como demônios. Abre-se o portal para outras formas de realidade, do acesso ao [[inconsciente]] numa perspectiva psicanalítica e da criatividade do ponto de vista da [[neuropsicologia]] e da [[estética]].<ref>FONTANA, Alberto E. et al. Psicoterapia com LSD e outros alucinógenos. SP, Mestre Jou, 1969
A experiência pode em algum ponto revelar visões notáveis, ''insights'', produzir [[Catarse|catarses]] e conseqüentes experiências de renovação e de renascimento; visões arquetípicas, de animais, plantas e flores, mandalas, cidades, de espíritos elementais, de cenas que podem ser interpretadas como lembranças de vidas passadas, ou de divindades. Entretanto, também é possível que produza visões de aspectos desagradáveis ou reprimidos do subconsciente, ou de entidades de aspecto perturbador, como demônios. Abre-se o portal para outras formas de realidade, do acesso ao [[inconsciente]] numa perspectiva psicanalítica e da criatividade do ponto de vista da [[neuropsicologia]] e da [[estética]].<ref>FONTANA, Alberto E. et al. Psicoterapia com LSD e outros alucinógenos. SP, Mestre Jou, 1969
</ref><ref>BAILLY, J.C.; GUIMARD, J.P. Mandala, a experiência alucinógena. RJ, Civilização Brasileira, 1972
</ref><ref>BAILLY, J.C.; GUIMARD, J.P. Mandala, a experiência alucinógena. RJ, Civilização Brasileira, 1972
</ref><ref>SESSA, B. Is it time to revisit the role of psychedelic drugs in enhancing human creativity? Journal of psychopharmacology Oxford. Volume: 22, Issue: 8, Pages: 821-7 England, 2008. ''PDF'' Jun. 2011
</ref><ref>SESSA, B. Is it time to revisit the role of psychedelic drugs in enhancing human creativity? Journal of psychopharmacology Oxford. Volume: 22, Issue: 8, Pages: 821-7 England, 2008. ''PDF'' Jun. 2011
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</ref><ref>MIKOSZ, José Eliezer A arte visionária e a Ayahuasca: Representações Visuais de Espirais e Vórtices Inspiradas nos Estados Não Ordinários de Consciência (ENOC). Tese (doutorado) – Universidade Federal de Santa Catarina – Doutorado em Ciências Humanas, 2009. Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas (PPGICH). Condição Humana na Modernidade. Modernidade e Globalização. '''PDF''' Jun. 2011
</ref><ref>MIKOSZ, José Eliezer A arte visionária e a Ayahuasca: Representações Visuais de Espirais e Vórtices Inspiradas nos Estados Não Ordinários de Consciência (ENOC). Tese (doutorado) – Universidade Federal de Santa Catarina – Doutorado em Ciências Humanas, 2009. Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas (PPGICH). Condição Humana na Modernidade. Modernidade e Globalização. '''PDF''' Jun. 2011
</ref><ref>NARBY, Jeremy. La serpiente cósmica, el DNA y los orígenes del saber. Lima, Peru, Takiwasi Y Racimos de Ungurahui, 1997
</ref><ref>NARBY, Jeremy. La serpiente cósmica, el DNA y los orígenes del saber. Lima, Peru, Takiwasi Y Racimos de Ungurahui, 1997
</ref><ref>{{citar periódico|ultimo = SHANNON|primeiro = Benny|titulo = Os conteúdos das visões da ayahuasca|jornal = Mana vol.9 no.2 Rio de Janeiro Oct. 2003|doi = |url = http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-93132003000200004&script=sci_arttext|acessadoem = |issn = 0104-9313}}</ref>
</ref>


Seus usuários costumam relatar [[fenômeno parapsíquico|fenômenos parapsíquicos]] com seu uso, como a [[clarividência]]. Quando tomada em grupo, os usuários relatam experiências [[telepatia|telepáticas]]. Por este motivo, o primeiro nome que foi dado à [[harmina]], presente no caapi, foi ''Telepathine''.<ref>{{citar web|URL = http://www.singingtotheplants.com/2007/12/the-telepathy-meme/|título = The Telepathy Meme|data = |acessadoem = |autor = Steve Beyer|publicado = }}</ref>
Seus usuários costumam relatar [[fenômeno parapsíquico|fenômenos parapsíquicos]] com seu uso, como a [[clarividência]]. Quando tomada em grupo, os usuários relatam experiências [[telepatia|telepáticas]]. Por este motivo, o primeiro nome que foi dado à [[harmina]], presente no caapi, foi ''Telepathine''.<ref>{{citar web|URL = http://www.singingtotheplants.com/2007/12/the-telepathy-meme/|título = The Telepathy Meme|data = |acessadoem = |autor = Steve Beyer|publicado = }}</ref>
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Os efeitos cognitivos da bebida pode variar drasticamente de acordo com o modo de preparo, a proporção e a natureza dos seus componentes, o estado físico e psíquico do usuário, e dos estímulos que recebe das pessoas a sua volta e do ambiente onde transcorre a experiência. Eles também tendem a transformar-se e aprofundar-se conforme o tempo e a regularidade de uso: nem todos recebem visões na primeira vez que experimentam. Ao contrário de outras triptaminas, como a [[LSD]] e os [[cogumelos mágicos]], os efeitos cognitivos da ayahuasca não diminuem em intensidade com o uso frequente ou diário: é possível passar meses a fio, ininterruptamente, sob o efeito da bebida.
Os efeitos cognitivos da bebida pode variar drasticamente de acordo com o modo de preparo, a proporção e a natureza dos seus componentes, o estado físico e psíquico do usuário, e dos estímulos que recebe das pessoas a sua volta e do ambiente onde transcorre a experiência. Eles também tendem a transformar-se e aprofundar-se conforme o tempo e a regularidade de uso: nem todos recebem visões na primeira vez que experimentam. Ao contrário de outras triptaminas, como a [[LSD]] e os [[cogumelos mágicos]], os efeitos cognitivos da ayahuasca não diminuem em intensidade com o uso frequente ou diário: é possível passar meses a fio, ininterruptamente, sob o efeito da bebida.
== Potencial terapêutico ==
== Potencial terapêutico ==
Muitos adeptos religiosos atribuem à substância propriedades curativas, como reativar órgãos danificados e melhoras em quadros de dependência química, por exemplo. O [[Mestre Irineu]], fundador do primeiro grupo neo-ayahuasqueiro, o [[Centro de Iluminação Cristã Luz Universal|CICLU]] - Alto Santo, dizia que o seu Daime podia curar todas as doenças, exceto aquelas que vieram por sentença divina.<ref>{{citar web|URL = http://www.afamiliajuramidam.org/liturgia/cura.html|título = A Família Juramidam - Trabalho de Cura|data = |acessadoem = |autor = |publicado = }}</ref> Entretanto, ele também dizia que "''o Daime é para todos, mas nem todos são para o Daime''."<ref>{{citar web|URL = http://www.mestreirineu.org/peregrina.htm|título = Relato de Peregrina Gomes Serra.|data = |acessadoem = |autor = |publicado = }}</ref>, e proibiu o [[proselitismo]] da bebida para os seus seguidores.
Muitos adeptos religiosos atribuem à substância propriedades curativas, como reativar órgãos danificados e melhoras em quadros de dependência química, por exemplo. O [[Mestre Irineu]], fundador do primeiro grupo neo-ayahuasqueiro, o [[Centro de Iluminação Cristã Luz Universal|CICLU]] - Alto Santo, dizia que o seu Daime podia curar todas as doenças, exceto aquelas que vieram por sentença divina.<ref>{{citar web|URL = http://www.afamiliajuramidam.org/liturgia/cura.html|título = A Família Juramidam - Trabalho de Cura|data = |acessadoem = |autor = |publicado = }}</ref> Entretanto, ele também dizia que "''o Daime é para todos, mas nem todos são para o Daime''"<ref>{{citar web|URL = http://www.mestreirineu.org/peregrina.htm|título = Relato de Peregrina Gomes Serra.|data = |acessadoem = |autor = |publicado = }}</ref>, e proibiu o [[proselitismo]] da bebida para os seus seguidores.


Pesquisadores levantaram a hipótese de que a ayahuasca talvez auxilie na cura do [[câncer]].<ref>{{citar periódico|ultimo = SCHENBERG|primeiro = Eduardo E.|titulo = Ayahuasca and cancer treatment|jornal = Sage open medicine|doi = |url = http://smo.sagepub.com/content/1/2050312113508389.full|acessadoem = }}</ref><ref>{{citar periódico|ultimo = Cao MR, Li Q, Liu ZL, Liu HH, Wang W, Liao XL, Pan YL, Jiang JW.Cao MR1, Li Q, Liu ZL, Liu HH, Wang W, Liao XL, Pan YL, Jiang JW.|primeiro = Department of General Surgery, First Affiliated Hospital, Jinan University, Guangzhou 510632, China.|titulo = Harmine induces apoptosis in HepG2 cells via mitochondrial signaling pathway|jornal = Hepatobiliary Pancreat Dis Int. 2011 Dec;10(6):599-604.|doi = PMID: 22146623|url = http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22146623|acessadoem = }}</ref><ref>{{citar periódico|ultimo = Liu E, Du X, Ge R, Liang T, Niu Q, Li Q.|primeiro = School of Pharmaceutical Science, Shanxi Medical University, No. 56, Xinjian Nan Road, Taiyuan 030001, Shanxi, People's Republic of China|titulo = Comparative toxicity and apoptosis induced by diorganotins in rat pheochromocytoma (PC12) cells|jornal = Food Chem Toxicol. 2013 Oct;60:302-8. Epub 2013 Aug 6.|doi = 10.1016/j.fct.2013.07.072|url = http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23927876|acessadoem = }}</ref>
Pesquisadores estão encontrando indicativos de que a ayahuasca talvez auxilie no tratamento do [[câncer]].<ref>{{citar periódico|ultimo = SCHENBERG|primeiro = Eduardo E.|titulo = Ayahuasca and cancer treatment|jornal = Sage open medicine|doi = |url = http://smo.sagepub.com/content/1/2050312113508389.full|acessadoem = }}</ref><ref>{{citar periódico|ultimo = Cao MR, Li Q, Liu ZL, Liu HH, Wang W, Liao XL, Pan YL, Jiang JW.Cao MR1, Li Q, Liu ZL, Liu HH, Wang W, Liao XL, Pan YL, Jiang JW.|primeiro = Department of General Surgery, First Affiliated Hospital, Jinan University, Guangzhou 510632, China.|titulo = Harmine induces apoptosis in HepG2 cells via mitochondrial signaling pathway|jornal = Hepatobiliary Pancreat Dis Int. 2011 Dec;10(6):599-604.|doi = PMID: 22146623|url = http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22146623|acessadoem = }}</ref><ref>{{citar periódico|ultimo = Liu E, Du X, Ge R, Liang T, Niu Q, Li Q.|primeiro = School of Pharmaceutical Science, Shanxi Medical University, No. 56, Xinjian Nan Road, Taiyuan 030001, Shanxi, People's Republic of China|titulo = Comparative toxicity and apoptosis induced by diorganotins in rat pheochromocytoma (PC12) cells|jornal = Food Chem Toxicol. 2013 Oct;60:302-8. Epub 2013 Aug 6.|doi = 10.1016/j.fct.2013.07.072|url = http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23927876|acessadoem = }}</ref>


Embora todos os grupos ofereçam auxílio aos dependentes químicos, existem grupos especificamente voltados para o uso da ayahuaca na superação da dependência química, como a Associação Beneficente Luz de Salomão.<ref>{{citar web|URL = http://pontourbe.revues.org/1345|título = Ayahuasca, dependência química e alcoolismo|data = |acessadoem = |autor = Marcelo S. Mercante|publicado = Revista do núcleo de antropologia urbana da USP.}}</ref> Dependentes em tratamento que optaram pela ayahuasca ao invés dos medicamentos tradicionais, como [[Antidepressivo|antidepressivos]] ou a [[metadona]], relatam que a bebida é mais eficaz por não provocar dependência e efeitos colaterais pesados, tal como fazem estes remédios.<ref>{{citar web|URL = http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-93132013000300005&script=sci_arttext&tlng=es|título = A ayahuasca e o tratamento da dependência|data = |acessadoem = |autor = |publicado = Marcelo S. Mercante|citação = secção "Terapia de substituição"}}</ref> Apesar disso, ainda não existem estudos científicos que determinem de modo conclusivo a existência ou não de indução de tolerância, síndrome de abstinência ou desejo compulsivo advindos do consumo da ayahuasca, ou que ela não seja uma terapia de substituição.<ref>{{citar periódico|ultimo = Cazenave|primeiro = S.O.S.|titulo = Banisteriopsis caapi: ação alucinógena e uso ritual|jornal = Revista de Psiquiatria Clínica|doi = |url = http://www.hcnet.usp.br/ipq/revista/vol27/n1/artigo27(32).htm|acessadoem = }}</ref>
Embora todos os grupos ofereçam auxílio aos dependentes químicos, existem grupos especificamente voltados para o uso da ayahuaca na superação da dependência química, como a Associação Beneficente Luz de Salomão.<ref>{{citar web|URL = http://pontourbe.revues.org/1345|título = Ayahuasca, dependência química e alcoolismo|data = |acessadoem = |autor = Marcelo S. Mercante|publicado = Revista do núcleo de antropologia urbana da USP.}}</ref> Dependentes em tratamento que optaram pela ayahuasca ao invés dos medicamentos tradicionais, como [[Antidepressivo|antidepressivos]] ou a [[metadona]], relatam que a bebida é mais eficaz por não provocar dependência e efeitos colaterais pesados, tal como fazem estes remédios.<ref>{{citar web|URL = http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-93132013000300005&script=sci_arttext&tlng=es|título = A ayahuasca e o tratamento da dependência|data = |acessadoem = |autor = |publicado = Marcelo S. Mercante|citação = secção "Terapia de substituição"}}</ref> Apesar disso, ainda não existem estudos científicos que determinem de modo conclusivo a existência ou não de indução de tolerância, síndrome de abstinência ou desejo compulsivo advindos do consumo da ayahuasca, ou que ela não seja uma terapia de substituição.<ref>{{citar periódico|ultimo = Cazenave|primeiro = S.O.S.|titulo = Banisteriopsis caapi: ação alucinógena e uso ritual|jornal = Revista de Psiquiatria Clínica|doi = |url = http://www.hcnet.usp.br/ipq/revista/vol27/n1/artigo27(32).htm|acessadoem = }}</ref>
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== Riscos para a saúde ==
== Riscos para a saúde ==
Embora grupos religiosos afirmem que o chá é "comprovadamente inofensivo à saúde"<ref>{{citar web|URL = http://www.udv.org.br/Pesquisas+cientificas+confirmambrcha+Hoasca+e+inofensivo+a+saude/Destaque/17/|título = Pesquisas científicas confirmam: chá Hoasca é inofensivo à saúde.|data = |acessadoem = |autor = União do Vegetal|publicado = União do Vegetal}}</ref>, na comunidade científica não há consenso formado sobre o assunto. As investigações são ainda preliminares, e ainda não existem estudos aprofundados, realizados em seres humanos, de vários aspectos básicos dos possíveis efeitos da ayahuasca sobre o organismo.
=== Saúde física ===
=== Saúde física ===
São comuns, após a ingestão da ayahuasca, relatos de [[vômito]]s e [[sudorese]] em uma proporção não muito bem estabelecida, entre os que a experimentam, podendo resultar em quadros de desidratação e descompensação eletrolítica, de modo mais agravado em organismos sensíveis, como os de crianças. As razões pelas quais alguns indivíduos apresentam distúrbios [[Emético|eméticos]] e outros não, permanecem obscuras.<ref>{{citar periódico|ultimo = Cazenave|primeiro = S.O.S|titulo = Ayahuasca: uma abordagem toxicológica do uso ritualístico|jornal = Revista de Psiquiatria Clínica|doi = |url = http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832005000600001|acessadoem = |notas = "Relação da utilização ritual com os efeitos tóxicos"}}</ref> Os grupos religiosos, entretanto, defendem que a bebida não é prejudicial à saúde digestiva, pois, em sua visão, os vômitos atuam como instrumento de purificação e limpeza das impurezas físicas e espirituais presentes no organismo. <ref>{{citar web|URL = http://www.uniaodovegetal.org.br/udv/|título = União do Vegetal - UDV|data = |acessadoem = |autor = |publicado = |citação = "[ O vômito ] ocorre como limpeza, purificação, libertação dos entulhos que ela acumulou durante toda a sua existência."}}</ref> Sabe-se que diversas condições clínicas e digestivas podem eliciar o vômito. <ref> FRITZ FULLER, BS, PA-C, REMT-P AND GEOFF NORTH, BS, REMT-P. Nausea and Vomiting. [http://www.emsworld.com/article/10319959/vomiting-and-nausea CE Article, 2009] Acesso em Abril de 2014</ref> Observe-se que um dos nomes da bebida ayahuasca no Peru e outras regiões da América do Sul é "la purga" <ref>BEYER, Steve. Singing to the Plants ([http://www.singingtotheplants.com/what-is-ayahuasca/ HTML]) What is Ayahuasca? Acesso em Abril, 2014</ref> <ref>BOUMA, Hannah. Ayahuasca, Plant of the Gods. [http://www.ibogaine.desk.nl/bouma.html Amsterdam Drug Magazine], December 1996 /Acesso em Abril de 2014</ref> <ref>METZENER, Ralph. (ed.) Sacred Vine of Spirits: Ayahuasca, Rochester, Park Street Press, 2006 [http://books.google.com.br/books?id=GcXdUus2spwC&pg=PA183&lpg=PA183&dq=ayahuasca+la+purga&source=bl&ots=MNYAoB74Nr&sig=sv-L4zaAREeY2SeBN4sHORR-oKM&hl=pt-BR&sa=X&ei=wLBXU_mZH_SvsQTug4DAAw&ved=0CIYBEOgBMA04Cg#v=onepage&q=la%20purga&f=false Google Books] Acesso em Abril, 2014</ref>
São comuns, após a ingestão da ayahuasca, relatos de [[vômito]]s e [[sudorese]] em uma proporção não muito bem estabelecida, entre os que a experimentam, podendo resultar em quadros de desidratação e descompensação eletrolítica, de modo mais agravado em organismos sensíveis, como os de crianças. As razões pelas quais alguns indivíduos apresentam distúrbios [[Emético|eméticos]] e outros não, permanecem obscuras.<ref>{{citar periódico|ultimo = Cazenave|primeiro = S.O.S|titulo = Ayahuasca: uma abordagem toxicológica do uso ritualístico|jornal = Revista de Psiquiatria Clínica|doi = |url = http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832005000600001|acessadoem = |notas = "Relação da utilização ritual com os efeitos tóxicos"}}</ref> Os grupos religiosos, entretanto, defendem que a bebida não é prejudicial à saúde digestiva, pois, em sua visão, os vômitos atuam como instrumento de purificação e limpeza das impurezas físicas e espirituais presentes no organismo. <ref>{{citar web|URL = http://www.uniaodovegetal.org.br/udv/|título = União do Vegetal - UDV|data = |acessadoem = |autor = |publicado = |citação = "[ O vômito ] ocorre como limpeza, purificação, libertação dos entulhos que ela acumulou durante toda a sua existência."}}</ref> Sabe-se que diversas condições clínicas e digestivas podem eliciar o vômito. <ref> FRITZ FULLER, BS, PA-C, REMT-P AND GEOFF NORTH, BS, REMT-P. Nausea and Vomiting. [http://www.emsworld.com/article/10319959/vomiting-and-nausea CE Article, 2009] Acesso em Abril de 2014</ref> Observe-se que um dos nomes da bebida ayahuasca no Peru e outras regiões da América do Sul é "la purga" <ref>BEYER, Steve. Singing to the Plants ([http://www.singingtotheplants.com/what-is-ayahuasca/ HTML]) What is Ayahuasca? Acesso em Abril, 2014</ref> <ref>BOUMA, Hannah. Ayahuasca, Plant of the Gods. [http://www.ibogaine.desk.nl/bouma.html Amsterdam Drug Magazine], December 1996 /Acesso em Abril de 2014</ref> <ref>METZENER, Ralph. (ed.) Sacred Vine of Spirits: Ayahuasca, Rochester, Park Street Press, 2006 [http://books.google.com.br/books?id=GcXdUus2spwC&pg=PA183&lpg=PA183&dq=ayahuasca+la+purga&source=bl&ots=MNYAoB74Nr&sig=sv-L4zaAREeY2SeBN4sHORR-oKM&hl=pt-BR&sa=X&ei=wLBXU_mZH_SvsQTug4DAAw&ved=0CIYBEOgBMA04Cg#v=onepage&q=la%20purga&f=false Google Books] Acesso em Abril, 2014</ref>
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=== Saúde mental ===
=== Saúde mental ===
Não há estudos científicos conclusivos que comprovem que a ayahuasca não cause, a longo prazo, danos à saúde mental. Os poucos estudos preliminares existentes cometeram o erro metodológico de examinar somente membros veteranos de grupos religiosos que consomem a bebida, e que portanto, se mostraram tolerantes aos seus efeitos: não foram inclusos ex-membros que interromperam o uso por terem sentido consequências neuropsiquiátricas negativas.<ref>{{citar periódico|ultimo = BOUSO|primeiro = José Carlos|titulo = An overview of the literature on the pharmacology and neuropsychiatric long term effects of ayahuasca|jornal = The Ethnopharmacology of Ayahuasca|doi = |url = http://www.trnres.com/ebook/uploads/rafael/T_12998350813%20Rafael.pdf|acessadoem = 17/10/2014|coautores = RIBA, Jordi|ano = 2011|notas = "Final remarks", pp. 61-62.}}</ref>
Não há estudos científicos conclusivos que comprovem que a ayahuasca não cause, a longo prazo, danos à saúde mental. Pesquisadores apontam que os poucos estudos preliminares existentes cometeram o erro metodológico de examinar somente membros veteranos de grupos religiosos que consomem a bebida, e que portanto, se mostraram tolerantes aos seus efeitos: não foram inclusos ex-membros que interromperam o uso por terem sentido consequências neuropsiquiátricas negativas.<ref>{{citar periódico|ultimo = BOUSO|primeiro = José Carlos|titulo = An overview of the literature on the pharmacology and neuropsychiatric long term effects of ayahuasca|jornal = The Ethnopharmacology of Ayahuasca|doi = |url = http://www.trnres.com/ebook/uploads/rafael/T_12998350813%20Rafael.pdf|acessadoem = 17/10/2014|coautores = RIBA, Jordi|ano = 2011|notas = "Final remarks", pp. 61-62.}}</ref>


=== Contraindicações ===
=== Contraindicações ===
A ayahuasca contém em sua composição [[inibidor da monoamina oxidase|inibidores da monoamina oxidase]] ( MAOIs) como a [[harmina]], que resultam na maior parte de suas contraindicações. Tomar um [[Inibidor da monoamina oxidase|MAOI]] em menos de cinco semanas após ter deixado de usar um [[SSRI]], tal como o [[Prozac]], pode levar ao coma e à morte. A ayahausca é contraindicada, por este critério científico, para quem tenha doenças graves no [[fígado]] ou nos [[rins]]<ref>{{citar web|URL = https://uspdigital.usp.br/siicusp/cdOnlineTrabalhoVisualizarResumo?numeroInscricaoTrabalho=576&numeroEdicao=20|título = EFEITOS DA INGESTÃO DO CHÁ DA AYAHUASCA SOBRE O VOLUME RENAL EM RATOS|data = |acessadoem = |autor = Machado F R, Siéssere S, Regalo S C H, Hallak J E C.|publicado = Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, USP, SP}}</ref>, [[dor de cabeça]] frequente ou severa, [[Hipertensão arterial|hipertensão]] descontrolada, [[doenças cardiovasculares]] e [[Doença cerebrovascular|doenças cerebrovasculares]], além de, obviamente, pessoas com histórico de problemas psiquiátricos, especialmente de surtos psicóticos. Também é contraindicada para quem é usuário de [[anfetaminas]], [[ecstasy]], [[cocaína]], [[opiáceos]], [[barbitúricos]], [[Descongestionante nasal|descongestionantes]] e remédios para alergia, [[petidina]], [[levodopa]], [[dopamina]], [[carbamazepina]], alguns medicamentos anti-hipertensivos, aminas [[droga simpaticomimética|simpaticomiméticas]] tais como a [[efedrina]] e a [[pseudoefedrina]], dentre outros compostos.<ref>{{citar periódico|ultimo = SAVINELLI|primeiro = Alfred|titulo = MAOI Contraindications|jornal = Newsletter of the Multidisciplinary Association for Psychedelic Studies MAPS - Volume 6 Number 1 Autumn 1995 - p. 58|doi = |url = http://www.maps.org/news-letters/v06n1/06158mao.html|acessadoem = }}</ref>
A ayahuasca contém em sua composição [[inibidor da monoamina oxidase|inibidores da monoamina oxidase]] ( MAOIs) como a [[harmina]], que resultam na maior parte de suas contraindicações. Tomar um [[Inibidor da monoamina oxidase|MAOI]] em menos de cinco semanas após ter deixado de usar um [[SSRI]], tal como o [[Prozac]], pode levar ao coma e à morte. A ayahuasca é contraindicada, por este critério científico, para quem tenha doenças graves no [[fígado]] ou nos [[rins]]<ref>{{citar web|URL = https://uspdigital.usp.br/siicusp/cdOnlineTrabalhoVisualizarResumo?numeroInscricaoTrabalho=576&numeroEdicao=20|título = EFEITOS DA INGESTÃO DO CHÁ DA AYAHUASCA SOBRE O VOLUME RENAL EM RATOS|data = |acessadoem = |autor = Machado F R, Siéssere S, Regalo S C H, Hallak J E C.|publicado = Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, USP, SP}}</ref>, [[dor de cabeça]] frequente ou severa, [[Hipertensão arterial|hipertensão]] descontrolada, [[doenças cardiovasculares]] e [[Doença cerebrovascular|doenças cerebrovasculares]], além de, obviamente, pessoas com histórico de problemas psiquiátricos, especialmente de surtos psicóticos. Também é contraindicada para quem é usuário de [[anfetaminas]], [[ecstasy]], [[cocaína]], [[opiáceos]], [[barbitúricos]], [[Descongestionante nasal|descongestionantes]] e remédios para alergia, [[petidina]], [[levodopa]], [[dopamina]], [[carbamazepina]], alguns medicamentos anti-hipertensivos, aminas [[droga simpaticomimética|simpaticomiméticas]] tais como a [[efedrina]] e a [[pseudoefedrina]], dentre outros compostos.<ref>{{citar periódico|ultimo = SAVINELLI|primeiro = Alfred|titulo = MAOI Contraindications|jornal = Newsletter of the Multidisciplinary Association for Psychedelic Studies MAPS - Volume 6 Number 1 Autumn 1995 - p. 58|doi = |url = http://www.maps.org/news-letters/v06n1/06158mao.html|acessadoem = }}</ref>


É uma questão aberta se os usuários estão mais propensos a desenvolver quadros hipertensivos caso não tomem o cuidado de eliminar a ingestão de alimentos que contenham [[tiramina]] nos dias anteriores ao uso, tais como chocolate, café, derivados do leite, soja e derivados, [[fava|feijão-fava]], suplementos proteicos, carne defumada, [[ave de capoeira]], [[peixe]], cervejas, vinhos ou [[Noz|nozes]]. Embora este seja o efeito resultante de [[Inibidor da monoamina oxidase|MAOIs]] artificiais, como o [[Isocarboxazida]], ainda é discutido se isto se aplicaria a um [[Inibidor da monoamina oxidase|MAOI]] de ação reversível, como a [[harmina]]. A observação empírica indica que não há nenhum efeito observável imediato, de curto prazo, mas ainda não foram feitos exames laboratoriais e estudos de longo prazo.<ref>{{citar periódico|ultimo = OTT|primeiro = Jonathan|titulo = Pharmahuasca: On Phenethylamines and Potentiation|jornal = Newsletter of the Multidisciplinary Association for Psychedelic Studies, Volume 6 Number 3 Summer 1996 - pp 32-34|doi = |url = http://www.maps.org/news-letters/v06n3/06332ott.html|acessadoem = }}
É uma questão aberta se os usuários estão mais propensos a desenvolver quadros hipertensivos caso não tomem o cuidado de eliminar a ingestão de alimentos que contenham [[tiramina]] nos dias anteriores ao uso, tais como chocolate, café, derivados do leite, soja e derivados, [[fava|feijão-fava]], suplementos proteicos, carne defumada, [[ave de capoeira]], [[peixe]], cervejas, vinhos ou [[Noz|nozes]]. Embora este seja o efeito resultante de [[Inibidor da monoamina oxidase|MAOIs]] artificiais, como o [[Isocarboxazida]], ainda é discutido se isto se aplicaria a um [[Inibidor da monoamina oxidase|MAOI]] de ação reversível, como a [[harmina]]. A observação empírica indica que não há nenhum efeito observável imediato, de curto prazo, mas ainda não foram feitos exames laboratoriais e estudos de longo prazo.<ref>{{citar periódico|ultimo = OTT|primeiro = Jonathan|titulo = Pharmahuasca: On Phenethylamines and Potentiation|jornal = Newsletter of the Multidisciplinary Association for Psychedelic Studies, Volume 6 Number 3 Summer 1996 - pp 32-34|doi = |url = http://www.maps.org/news-letters/v06n3/06332ott.html|acessadoem = }}
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O consumo da bebida pode também desencadear quadros [[psicose|psicóticos]] em pessoas predispostas a essas doenças, ou desencadear novas crises em indivíduos portadores de doenças psiquiátricas tais como [[transtorno bipolar]] e [[esquizofrenia]].<ref>SANTOS, R.G. & STRASSMAN, R.J. [http://www.trnres.com/ebook/uploads/rafael/T_12998353067%20Rafael.pdf Ayahuasca and Psychosis.] ''British Journal of Psychiatry'', 3 de dezembro de 2008. [http://bjp.rcpsych.org/letters/?first-index=561&hits=80#bjrcpsych_el_22556]</ref> Um estudo realizado ao longo de 5 anos com 951 usuários de 3 cidades brasileiras registrou 20 eventos psiquiátricos ( 2,1% ) sendo que 7 eram reações psicóticas ( 0,73% ).<ref>{{citar periódico|ultimo = Lima, F., Naves, M., Motta, J., Migueli, J., Brito, G., et cols.|primeiro = |titulo = Rev. Bras. Psiquiatr., 24 (2 Suppl.).|jornal = |doi = |url = |acessadoem = |ano = 2002}}</ref><ref>{{citar periódico|ultimo = Lima, F., Naves, M., Motta, J., Migueli, J., Brito, G., et. cols.|primeiro = |titulo = XVI Congresso Brasileiro de Psiquiatria, São Paulo|jornal = |doi = |url = |acessadoem = |data = 1997}}</ref>
O consumo da bebida pode também desencadear quadros [[psicose|psicóticos]] em pessoas predispostas a essas doenças, ou desencadear novas crises em indivíduos portadores de doenças psiquiátricas tais como [[transtorno bipolar]] e [[esquizofrenia]].<ref>SANTOS, R.G. & STRASSMAN, R.J. [http://www.trnres.com/ebook/uploads/rafael/T_12998353067%20Rafael.pdf Ayahuasca and Psychosis.] ''British Journal of Psychiatry'', 3 de dezembro de 2008. [http://bjp.rcpsych.org/letters/?first-index=561&hits=80#bjrcpsych_el_22556]</ref> Um estudo realizado ao longo de 5 anos com 951 usuários de 3 cidades brasileiras registrou 20 eventos psiquiátricos ( 2,1% ) sendo que 7 eram reações psicóticas ( 0,73% ).<ref>{{citar periódico|ultimo = Lima, F., Naves, M., Motta, J., Migueli, J., Brito, G., et cols.|primeiro = |titulo = Rev. Bras. Psiquiatr., 24 (2 Suppl.).|jornal = |doi = |url = |acessadoem = |ano = 2002}}</ref><ref>{{citar periódico|ultimo = Lima, F., Naves, M., Motta, J., Migueli, J., Brito, G., et. cols.|primeiro = |titulo = XVI Congresso Brasileiro de Psiquiatria, São Paulo|jornal = |doi = |url = |acessadoem = |data = 1997}}</ref>


Pessoas com [[transtorno bipolar]] (antes referida como psicose maníaco-depressiva) devem merecer atenção especial. Os [[alcalóides]] inibidores de [[monoamina oxidase]] presentes na bebida, como a [[harmina]] e [[harmalina]], têm efeito análogo a alguns [[antidepressivo]]s, como a [[moclobemida]] (Aurorix). Importante observar que antidepressivos, sejam eles [[inibidor da monoamina oxidase|inibidores de monoamino oxidase]], sejam [[inibidor selectivo de recaptação de serotonina|inibidores seletivos de recaptação de serotonina]] ou ainda de outras classes, são associados a maior risco de episódios de [[mania]] nos casos de transtorno bipolar.{{carece de fontes}}
Pessoas com [[transtorno bipolar]] (antes referida como psicose maníaco-depressiva) devem merecer atenção especial. Os [[alcalóides]] inibidores de [[monoamina oxidase]] presentes na bebida, como a [[harmina]] e [[harmalina]], têm efeito análogo a alguns [[antidepressivo]]s, como a [[moclobemida]] (Aurorix). Importante observar que antidepressivos, sejam eles [[inibidor da monoamina oxidase|inibidores de monoamino oxidase]], sejam [[inibidor selectivo de recaptação de serotonina|inibidores seletivos de recaptação de serotonina]] ou ainda de outras classes, são associados a maior risco de episódios de [[mania]] nos casos de transtorno bipolar.<ref>{{citar web|URL = http://www.webmd.com/bipolar-disorder/news/20070315/antidepressants-risky-for-biopolar-disorder?query=|título = Antidepressants Risky for Bipolar II? Researcher Says Doctors Often Give Wrong Treatment for a Type of Bipolar Disorder|data = |acessadoem = |autor = |publicado = WebMD}}</ref>


=== Interações com medicamentos e outros psicoativos ===
=== Interações com medicamentos e outros psicoativos ===

Revisão das 07h30min de 20 de outubro de 2014

Os dois componentes da bebida
Ayahuasca sendo preparada na Região de Iquitos, no Peru

Ayahuasca[1] (do quíchua ayáwaskha: 'cipó do morto' ou 'cipó do espírito'; de aya, 'morto, defunto, espírito', e waska, 'cipó'[2] ), também chamada hoasca, daime ou iagê,[3] é uma bebida produzida a partir de duas plantas amazônicas (Banisteriopsis caapi, de onde se retira o cipó e/ou a raíz, e Psychotria viridis, de onde se retira a folha) para fins rituais e utilizada na medicina tradicional dos povos da Amazônia. Atualmente seu uso acha-se difundido entre os adeptos de diversos cultos praticados também fora da Amazônia.

História

História do uso indígena

Era utilizada pelos incas ou, melhor, pelo complexo histórico cultural assim denominado. Segundo Darcy Ribeiro[4], apesar das diferenciações linguísticas e das variantes culturais e nacionais, o bloco inteiro deve ser encarado como uma só macro-etnia: a neo-incaica. Numa avaliação que fez em 1960, publicada no livro "As Américas e a civilização", encontrou-se uma população de 15,5 milhões de habitantes, na área montanhosa de 3 000 km de extensão que vai do Norte do Chile ao Sul da Colômbia, cobrindo os atuais territórios da Bolívia, Peru e Equador. Destes, 7,5 milhões são considerados indígenas, 3 milhões, brancos por autodefinição e 5 milhões de mestiços.

A ayahuasca é utilizada tradicionalmente em países como Peru, Equador, Colômbia, Bolívia e Brasil e ainda por pelo menos 72 diferentes tribos indígenas da Amazônia.[5][6]. Há estimativas do início da sua utilização e dispersão entre as tribos ameríndias entre 1500 e 2000 a.C., estando, entre os principais estudos dessa datação, os realizados pelo etnógrafo equatoriano Plutarco Naranjo, que sumariou a pouca informação disponível sobre a pré-história da ayahuasca a partir de evidências arqueológicas abundantes em vasos de cerâmica, estatuetas antropomórficas e outros artefatos.[7]

Atualmente, já se observa um cuidado das autoridades sanitárias, governamentais e das próprias etnias que fazem uso da bebida em reconhecê-la como patrimônio cultural e de padronizar sua utilização, como é o caso da UMIYAC - Unión de Médicos Yageceros de la Amazonía Colombiana, que reúne representantes das etnias: inga, cofán, siona, kamsá, coreguaje, tatuyo e carijona.

História do uso pelos grupos neo-ayahuasqueiros

O uso da ayahuasca se expandiu pela América do Sul e outras partes do mundo com o crescimento de movimentos religiosos organizados, sendo os mais significativos a União do Vegetal, o Santo Daime e A Barquinha, além de dissidências destas e grupos (centros, núcleos ou igrejas) independentes que o consagram em seus rituais.[8]

Entre as comunidades ayahuasqueiras, os grupos e organizações religiosas de formação mais recente têm sido denominados como ecléticos ou neo-ayahuasqueiros. Ainda estão para ser realizados estudos mais aprofundados sobre a dimensão quantitativa, sócioantropológica e jurídica dessa extensão, como proposto pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional [9]. Segundo Labate [10] os grupos neo-ayahuasqueiros formam uma interseção entre os que compõem o universo da "Nova Era" e suas matrizes (de inspiração nas religiões orientais, neoxamanismo e holismo) e o universo das religiões ayahuasqueiras tradicionais. Entre esses grupos, podemos citar: Centro espiritual Estrela de Salomão, Centro Espírita Beneficente União do Vegetal, Centro Terapêutico Caminho do Coração, Céu Nossa Senhora da Conceição, Natureza Divina, Templo Mãe d'Água, Escola da Rainha - Reino do Sol, entre outros.

Ayahuasca sendo cozida na Região de Iquitos, no Peru

Sinonímia e nomenclatura científica

O nome ayahuasca designa tanto o cipó como a bebida dele preparada. Entre as traduções para esse nome, estão "cipó do homem morto" (aya significando "espírito, morto ou ancestral" e huasca significa "vinha ou corda"), "liana das almas", "cipó dos espíritos", "cipó da pequena morte", "vinho da alma". Os nomes além do significado literal referem-se a elementos de significação cultural, a exemplo de "professor dos professores", "planta professora", entre outros.

Na União do Vegetal, o cipó é conhecido como mariri, a folha como chacrona e a bebida como Vegetal; no CEFLURIS, o cipó como jagube, a folha como rainha e a bebida como Santo Daime; no CICLU - Alto Santo, o cipó como jagube, a folha como chacrona e a bebida como Daime, apenas, sem o título de "santo".[11]

O Banisteriopsis caapi e a bebida são também conhecidas por seus nomes indígenas: caapi, yagé (Tukano, Brasana); kapi (Guahibo); kahi (Yekuanas); kahi ide (Makunas); kamarampi (Ashaninka); nixi honi xuma (Amahuaca); mihi (Cubeo); nixi pae (Kaxinaua); nepê/nepi (Colorado); mahí (Cubeo); Ondi (Sharanawa); pildé (Emberá), natema (Jivaro), pindé/pinde (Kaiapa); dápa/dapa (Noanamá); uko (Zaparos)[12] , uni (yawanawás),[13].

O Banisteriopsis caapi foi descoberto, descrito e classificado como membro da família das Malpighiaceae pelo botânico inglês Richard Spruce, que, entre 1849 a 1864, viajou intensamente através da Amazônia brasileira, venezuelana e equatoriana, para montar um inventário da variedade de espécies de plantas lá encontradas na companhia de Alfred Russel Wallace e Henry Walter Bates. Ele conduziu um trabalho que reuniu mais de 30 000 espécimes vegetais da Amazônia e dos Andes, incluindo além do caapi os gêneros da seringueira ( Hevea ) e cinchona, da qual o quinino é derivado. Quanto às Malpighiaceae, esse estudo não só procedeu a descrição botânica da espécie como também sua utilização ritual (Dabocuri) pelos índios do Rio Uapés. Segundo ele, os nomes indígenas dessa espécie são caapi no Brasil e Venezuela, cadaná entre os índios Tukano do Uapés e Aia-huasca no Equador.[14]

Formas de preparação e farmacologia

Banisteriopsis caapi

Embora a ayahuasca seja produzida a partir do cipó Banisteriopsis caapi e das folhas do arbusto Psychotria viridis, em alguns grupos indígenas e neo-ayahuasqueiros, outras plantas psicoativas, junto a outras psiquicamente inativas, podem ser adicionadas à mistura. Em alguns contextos indígenas, por exemplo, pode ser adicionadas folhas de tabaco, coca ou guaraná; cactos como peiote ou São Pedro, a chaliponga (Diplopterys cabrerana), que além da N,N-DMT, contém 5-MeO-DMT, ou até mesmo a trombeta (Brugmansia suaveolens) conhecida pelos indígenas como Toé. O cipó exibe várias variedades: são conhecidas mais de 40, sendo as mais famosas a tucunacá e a caupuri.[15] As variedades de cipó variam tanto em aspecto quanto na natureza dos seus efeitos cognitivos, e a sua proporção junto à folha varia conforme o contexto cultural. Os métodos para preparo, portanto, diferem muito em relação à ocasião ou a cultura local. [16]

Segundo Strassman,[17], e outros autores [18] [19] a ayahuasca é uma das várias infusões ou decocções psicoativas preparada a partir de Banisteriopsis spp. As bebidas resultantes são farmacologicamente complexas e utilizadas com propósitos xamânicos, etnomédicos e religiosos. Etnobiólogos ocidentais já registraram uma variedade de 200 a 300 plantas diferentes utilizadas no seu preparo.

Cientificamente, a propriedade psicoativa da ayahuasca se deve à presença, nas folhas da chacrona, de uma substância denominada N,N-dimetiltriptamina (DMT), produzido naturalmente (em doses menores) no organismo humano. Rick Strassman especulou que a Glândula pineal seja o seu produtor no corpo humano, e que a molécula tem participação na produção de sonhos, e que, no momento da morte, seja liberada em massa no organismo; contudo, não existem estudos clínicos que o comprovem de fato. O DMT é metabolizado pelo organismo por meio da enzima monoamina oxidase (MAO). O caapi possui alcalóides capazes de inibir os efeitos da MAO: são os principais, em maior proporção, harmina e tetraidroarmina e em menor proporção, harmalina. Desse modo, o DMT fica ativo quando administrado por via oral e tem sua ação prolongada.[20][21][22]

Embora a chacrona precise do caapi para ser oralmente ativa, o caapi não precisa da chacrona, e exerce efeitos psicoativos por si próprio. Em algumas culturas, como entre os Piaroa na Venezuela, ele é utilizado sem a adição de nenhuma outra planta.[23]

Efeitos fisiológicos

Durante a sua ação, a bebida provoca aumento do diâmetro pupilar, da frequência respiratória, da pressão arterial, tanto diastólica quanto sistólica; e aumenta drasticamente as respostas neuroendócrinas para prolactina,cortisol e hormônio do crescimento plasmático. Estas são ações típicas da N,N-DMT, ou de qualquer outro psicoativo que também atue sobre os receptores 5-HT.[24] Esta ação pode gerar sensações de queda de pressão, de súbito frio ou de calor, e ainda, tremores.

A ocorrência de náuseas, vômitos e diarréias pode estar associada à ação da bebida sobre o receptor 5-HT2.[25] Outros efeitos específicos são o aumento da empatia, a diminuição da fome e um aumento na acuidade da visão noturna.[26]

Devido à presença da harmina no caapi, a ayahuasca tem ação afrodisíaca, provocando um aumento do vigor e do desejo sexual em seus usuários.[27][28]

Devido à presença da N,N-DMT na chacrona, a bebida também altera a natureza dos sonhos, que podem alterar em conteúdo, modo de apresentação e intensidade, causando um aumento no realismo das sensações oníricas.[29]

Em estudo realizado com desenho duplo-cego controlado com placebo, a ayahuasca, administrada de forma aguda para consumidores com larga experiência com a bebida, reduziu sinais relacionados ao pânico, diminuiu a desesperança e não alterou os sinais relacionados com a ansiedade.[30] Entretanto, outros estudos apontam episódios de ansiedade e paranóia mesmo em ambientes controlados[31][32], e estudos dos efeitos da harmalina em ratos apontaram alterações na ansiedade, na reatividade emocional e no processo de tomada de decisão.[33]

Efeitos cognitivos

Segundo algumas correntes de defensores do seu uso religioso e ritualístico, a hoasca não é um alucinógeno.[34] Seus defensores preferem utilizar o termo enteógeno (grego en- = dentro/interno, -theo- = deus/divindade, -genos = gerador), ou "gerador da divindade interna" uma vez que seu uso se dá em contextos ritualísticos específicos. Para seus críticos, contudo, a opção sócio-cultural do usuário ou a tolerância religiosa de alguns países ao seu princípio ativo, o DMT, não altera sua classificação, uma vez que o objetivo continua sendo o de induzir visões pessoais e estados alterados por meio da ingestão de uma substância. O  etnofarmacologista Dennis McKenna considera tanto o termo alucinógeno quanto o termo enteógeno como inadequados para descrever a ayahuasca, e diz preferir o termo "shamanic medicine".[35]

Segundo os relatos dos usuários, a hoasca produz uma ampliação da percepção que faz com que se veja nitidamente a imaginação e acesse níveis psíquicos subconscientes e outras percepções da realidade, estando sempre consciente do que acontece — as chamadas mirações. Os adeptos consideram esse estado como supramental "desalucinado" e de "hiperlucidez" ou êxtase. O estado alterado pode se dar por visões interiores. Em doses baixas ou moderadas, o usuário consegue distinguir tais visões ou "mirações" pessoais do que vê externamente com seus olhos; em altas doses, estas visões podem se sobrepôr e se misturar ao que vê com olhos abertos, e a percepção de objetos externos também pode se alterar: é comum nestas doses, por exemplo, ver os dedos das mãos em tamanho diferente do real. A ayahuasca, entretanto, não é um delirante: o usuário sempre sabe que o que está vendo não é de sua realidade comum. Num contexto religioso, tais fenômenos são atribuídos à clarividência, projeção da consciência, acesso a registros etéricos (arquivos akáshicos) ou contatos espirituais.

Segundo algumas linhas tradicionais de uso, a ingestão dessa bebida pode provocar a absorção ou contato com o "Espírito da Planta" ou com uma "Planta Professora".[36][37] Usuários relatam, dentre outras sensações, ter os sentidos expandidos, os processos mentais e as emoções tornarem-se mais profundos. A experiência vivenciada é a de poder mover-se em muitas dimensões: "o vôo da alma", uma sensação de partida do espírito do corpo físico, para partir rumo a viagens astrais.[38] Nestas viagens, ocorre a exploração tanto de novos aspectos do mundo ordinário como de "mundos paralelos", que estariam além da percepção corrente. O usuário pode experienciar a sensação de ser colocado na situação de espectador externo de seus próprios atos, de tal modo que é chamado a um exame de consciência. Esta experiência pode ser bastante súbita e violenta, sendo chamado pelos adeptos religiosos de "peia"[39], "cacete"[40], dentre outros termos.

Podem ocorrer sensações de liberação dos limites normais de espaço-tempo. Em alguns casos, sob altas doses, podem ocorrer episódios de distorção sonora. Entretanto, por razões desconhecidas, não é relatado que os usuários escutem vozes, experiência comum quando ingeridas substâncias bem próximas à N,N-DMT presente na ayahuasca, como a 4-HO-DMT ou psilocina, presente nos cogumelos mágicos.[41]

A experiência pode em algum ponto revelar visões notáveis, insights, produzir catarses e conseqüentes experiências de renovação e de renascimento; visões arquetípicas, de animais, plantas e flores, mandalas, cidades, de espíritos elementais, de cenas que podem ser interpretadas como lembranças de vidas passadas, ou de divindades. Entretanto, também é possível que produza visões de aspectos desagradáveis ou reprimidos do subconsciente, ou de entidades de aspecto perturbador, como demônios. Abre-se o portal para outras formas de realidade, do acesso ao inconsciente numa perspectiva psicanalítica e da criatividade do ponto de vista da neuropsicologia e da estética.[42][43][44][45][46][47][48]

Seus usuários costumam relatar fenômenos parapsíquicos com seu uso, como a clarividência. Quando tomada em grupo, os usuários relatam experiências telepáticas. Por este motivo, o primeiro nome que foi dado à harmina, presente no caapi, foi Telepathine.[49]

Os efeitos cognitivos da bebida pode variar drasticamente de acordo com o modo de preparo, a proporção e a natureza dos seus componentes, o estado físico e psíquico do usuário, e dos estímulos que recebe das pessoas a sua volta e do ambiente onde transcorre a experiência. Eles também tendem a transformar-se e aprofundar-se conforme o tempo e a regularidade de uso: nem todos recebem visões na primeira vez que experimentam. Ao contrário de outras triptaminas, como a LSD e os cogumelos mágicos, os efeitos cognitivos da ayahuasca não diminuem em intensidade com o uso frequente ou diário: é possível passar meses a fio, ininterruptamente, sob o efeito da bebida.

Potencial terapêutico

Muitos adeptos religiosos atribuem à substância propriedades curativas, como reativar órgãos danificados e melhoras em quadros de dependência química, por exemplo. O Mestre Irineu, fundador do primeiro grupo neo-ayahuasqueiro, o CICLU - Alto Santo, dizia que o seu Daime podia curar todas as doenças, exceto aquelas que vieram por sentença divina.[50] Entretanto, ele também dizia que "o Daime é para todos, mas nem todos são para o Daime"[51], e proibiu o proselitismo da bebida para os seus seguidores.

Pesquisadores estão encontrando indicativos de que a ayahuasca talvez auxilie no tratamento do câncer.[52][53][54]

Embora todos os grupos ofereçam auxílio aos dependentes químicos, existem grupos especificamente voltados para o uso da ayahuaca na superação da dependência química, como a Associação Beneficente Luz de Salomão.[55] Dependentes em tratamento que optaram pela ayahuasca ao invés dos medicamentos tradicionais, como antidepressivos ou a metadona, relatam que a bebida é mais eficaz por não provocar dependência e efeitos colaterais pesados, tal como fazem estes remédios.[56] Apesar disso, ainda não existem estudos científicos que determinem de modo conclusivo a existência ou não de indução de tolerância, síndrome de abstinência ou desejo compulsivo advindos do consumo da ayahuasca, ou que ela não seja uma terapia de substituição.[57]

Estudos indicam que o potencial de auxílio no tratamento da depressão e da dependência química se concentra na harmina, presente no caapi.[58] Enquanto os antidepressivos (SSRIs) funcionam inibindo a recaptação de neurotransmissores, a ayahuasca funciona inibindo a destruição dos neurotransmissores por enzimas.[59] Assim, teoricamente, é possível uma modalidade de tratamento que utilize uma bebida preparada apenas a partir do caapi, para aqueles pacientes que queiram se tratar sem participar das intensas experiências visionárias proporcionadas pela N,N-DMT, presente na chacrona.

Há relatos de que a ayahuasca, como todas as substâncias que contém triptaminas, podem ser eficazes no tratamento da cefaleia em salvas.[60]

Legalidade

  • Após 18 anos de estudos, o Conselho Nacional de Políticas Sobre Drogas[61] do Brasil retirou, em 23 de novembro de 2006, a ayahuasca da lista de drogas alucinógenas definitivamente. A ayahuasca já havia sido excluída desta lista em caráter provisório desde setembro de 1987.[62] Em 26 de janeiro de 2010, o Governo Brasileiro dispôs a regulamentação de seu uso para fins religiosos, tendo vetado o seu comércio e propagandas além de coibir seu uso em conjunto com outras drogas e em eventos de turismo. O cadastramento das entidades que utilizam a ayahuasca é facultativo.[63][64] A legalização da ayahuasca no Brasil ocorreu devido à ausência de prejuízo social e à liberdade de culto religioso, e não devido à ausência de efeitos neuropsiquiátricos negativos percebidos cientificamente.[65]
  • A Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu (em 20 de fevereiro de 2006) que o governo estadunidense não pode impedir a filial da União do Vegetal no Estado do Novo México de utilizar o chá ayahuasca em seus rituais religiosos. O veredicto atesta que o grupo religioso está protegido pelo Religious Freedom Restoration Act, aprovado pelo congresso em 1993, e que foi peça jurídica fundamental no processo que legalizou o uso ritual do cacto peiote (cujo princípio ativo é a mescalina) pela Native American Church — congregação que reúne descendentes de algumas etnias indígenas norte-americanas.
  • A ONU emitiu um parecer favorável recomendando a flexibilização das leis em todos os países do mundo no que se refere à ayahuasca.

Riscos para a saúde

Embora grupos religiosos afirmem que o chá é "comprovadamente inofensivo à saúde"[66], na comunidade científica não há consenso formado sobre o assunto. As investigações são ainda preliminares, e ainda não existem estudos aprofundados, realizados em seres humanos, de vários aspectos básicos dos possíveis efeitos da ayahuasca sobre o organismo.

Saúde física

São comuns, após a ingestão da ayahuasca, relatos de vômitos e sudorese em uma proporção não muito bem estabelecida, entre os que a experimentam, podendo resultar em quadros de desidratação e descompensação eletrolítica, de modo mais agravado em organismos sensíveis, como os de crianças. As razões pelas quais alguns indivíduos apresentam distúrbios eméticos e outros não, permanecem obscuras.[67] Os grupos religiosos, entretanto, defendem que a bebida não é prejudicial à saúde digestiva, pois, em sua visão, os vômitos atuam como instrumento de purificação e limpeza das impurezas físicas e espirituais presentes no organismo. [68] Sabe-se que diversas condições clínicas e digestivas podem eliciar o vômito. [69] Observe-se que um dos nomes da bebida ayahuasca no Peru e outras regiões da América do Sul é "la purga" [70] [71] [72]

A ayahuasca altera parâmetros cardiovasculares, podendo trazer efeitos nocivos para pessoas com problemas cardíacos. [73] A imprensa brasileira relatou, por exemplo, o caso de um jovem que tinha Síndrome de Marfan, doença que provoca alterações cardiológicas, e morreu após ter ingerido a bebida.[74]

Não existem ainda estudos sobre o uso da ayahuasca por gestantes e mulheres em idade fértil: entretanto, o uso do chá por gestantes pode ser prejudicial ao feto em desenvolvimento, pois certas β-carbolinas possuem ação co-mutagênica[75], inclusive a harmina[76], que está presente na bebida. Experimentos conduzidos em ratas grávidas, com doses de ayahuasca equivalentes e também acima das humanas, apontam a possibilidade de toxicidade ao feto, que varia conforme a dose e frequência do uso.[77][78]

As estimativas da dose letal da infusão variam entre 20[79] a 50[80] vezes a dose usada nas cerimônias. Entretanto, doses diárias de 4 a 8 vezes acima da dose usada nas cerimônias da União do Vegetal resultaram na morte de 40% da população em teste.

Saúde mental

Não há estudos científicos conclusivos que comprovem que a ayahuasca não cause, a longo prazo, danos à saúde mental. Pesquisadores apontam que os poucos estudos preliminares existentes cometeram o erro metodológico de examinar somente membros veteranos de grupos religiosos que consomem a bebida, e que portanto, se mostraram tolerantes aos seus efeitos: não foram inclusos ex-membros que interromperam o uso por terem sentido consequências neuropsiquiátricas negativas.[81]

Contraindicações

A ayahuasca contém em sua composição inibidores da monoamina oxidase ( MAOIs) como a harmina, que resultam na maior parte de suas contraindicações. Tomar um MAOI em menos de cinco semanas após ter deixado de usar um SSRI, tal como o Prozac, pode levar ao coma e à morte. A ayahuasca é contraindicada, por este critério científico, para quem tenha doenças graves no fígado ou nos rins[82], dor de cabeça frequente ou severa, hipertensão descontrolada, doenças cardiovasculares e doenças cerebrovasculares, além de, obviamente, pessoas com histórico de problemas psiquiátricos, especialmente de surtos psicóticos. Também é contraindicada para quem é usuário de anfetaminas, ecstasy, cocaína, opiáceos, barbitúricos, descongestionantes e remédios para alergia, petidina, levodopa, dopamina, carbamazepina, alguns medicamentos anti-hipertensivos, aminas simpaticomiméticas tais como a efedrina e a pseudoefedrina, dentre outros compostos.[83]

É uma questão aberta se os usuários estão mais propensos a desenvolver quadros hipertensivos caso não tomem o cuidado de eliminar a ingestão de alimentos que contenham tiramina nos dias anteriores ao uso, tais como chocolate, café, derivados do leite, soja e derivados, feijão-fava, suplementos proteicos, carne defumada, ave de capoeira, peixe, cervejas, vinhos ou nozes. Embora este seja o efeito resultante de MAOIs artificiais, como o Isocarboxazida, ainda é discutido se isto se aplicaria a um MAOI de ação reversível, como a harmina. A observação empírica indica que não há nenhum efeito observável imediato, de curto prazo, mas ainda não foram feitos exames laboratoriais e estudos de longo prazo.[84]

Interações neurofisiológicas

Em alguns casos, a ingestão pode levar a sensação de medo e perda do controle, levando a reações de pânico. A hipótese sobre o desencadeamento de um quadro de ansiedade crônica ou síndrome do pânico vem sido discutida.[85]

O consumo da bebida pode também desencadear quadros psicóticos em pessoas predispostas a essas doenças, ou desencadear novas crises em indivíduos portadores de doenças psiquiátricas tais como transtorno bipolar e esquizofrenia.[86] Um estudo realizado ao longo de 5 anos com 951 usuários de 3 cidades brasileiras registrou 20 eventos psiquiátricos ( 2,1% ) sendo que 7 eram reações psicóticas ( 0,73% ).[87][88]

Pessoas com transtorno bipolar (antes referida como psicose maníaco-depressiva) devem merecer atenção especial. Os alcalóides inibidores de monoamina oxidase presentes na bebida, como a harmina e harmalina, têm efeito análogo a alguns antidepressivos, como a moclobemida (Aurorix). Importante observar que antidepressivos, sejam eles inibidores de monoamino oxidase, sejam inibidores seletivos de recaptação de serotonina ou ainda de outras classes, são associados a maior risco de episódios de mania nos casos de transtorno bipolar.[89]

Interações com medicamentos e outros psicoativos

Recomenda-se administrar com cuidado a pessoas que estejam tomando antidepressivos de qualquer classe. Talvez o maior perigo na interação de antidepressivos com ayahuasca seja a ocorrência de um quadro de síndrome serotoninérgica, ainda que num grau leve a moderado. [90]

Pode haver interação também com anti-histamínicos: calmantes, como benzodiazepínicos, podem potencializar os efeitos da ayahuasca.

Após o transporte da ayahuasca a contextos urbanos, ela passou a ser utilizada por alguns grupos junto a psicoativos desconhecidos em seu contexto tradicional, sendo mais frequente o uso da planta Cannabis sativa. Os impactos destas combinações sobre o organismo são pouco conhecidos, quando não completamente desconhecidos pelos estudos científicos; mas pesquisadores apontam que a interação entre a ayahuasca e a maconha apresenta maior riscos de produzir problemas cardíacos, surtos psicóticos, ataques de pânico e crises de ansiedade, do que quando estas substâncias são consumidas isoladamente.[91]

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Ver também

Xamã urarina, 1988

Ligações externas