Júlio César Ribeiro de Sousa: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Laipelt (discussão | contribs)
Paraguassuu (discussão | contribs)
m Reorganizei o artigo, as seções envolvendo as aeronaves foram retiradas e criarei verbetes próprios para elas futuramente, além da questão do plágio, que farei uma pesquisa mais extensão para encontrar fonte fiáveis sobre o assunto, além de revisar as fontes antigas que estão apenas verbete mas sem indicação alguma.
Etiqueta: Hiperligações de desambiguação
Linha 1: Linha 1:
{{Mais notas|data=fevereiro de 2020}}
{{Info/Biografia
{{Info/Biografia
|nome =Julio Cezar Ribeiro de Sousa
|nome =Julio Cezar Ribeiro de Sousa
Linha 6: Linha 5:
|imagem =Júlio Cézar Ribeiro de Souza invertido.JPG
|imagem =Júlio Cézar Ribeiro de Souza invertido.JPG
|imagem_tamanho =
|imagem_tamanho =
|imagem_legenda = Fotógrafo desconhecido. Álbum de família
|imagem_legenda =
|nacionalidade ={{BRAn}}
|nacionalidade ={{BRAn|o}}
|cidadania =
|cidadania =
|legenda =
|legenda =
|data_nascimento ={{dni|lang=br|13|6|1843|si}}
|data_nascimento ={{dni|lang=br|13|6|1843|si}}
|local_nascimento=[[Acará (Pará)|Acará]]
|local_nascimento=[[Acará (Pará)|Vila de São José do Acará]]
|data_morte ={{nowrap|{{morte|lang=br|14|10|1887|13|6|1843}}}}
|data_morte ={{nowrap|{{morte|lang=br|14|10|1887|13|6|1843}}}}
|local_morte =[[Belém (Pará)|Belém]]
|local_morte =[[Belém (Pará)|Belém]]
|nome_mãe =
|nome_mãe =
|nome_pai =
|nome_pai =
|ocupação =[[Jornalismo|Jornalista]]<br/>[[Inventor]]
|ocupação ={{hlist|[[Jornalista]]|[[aeronauta]]|[[inventor]]}}
|magnum_opus =
|magnum_opus =
|prêmios =
|prêmios =
|principais_trabalhos=
|website =
|website =
|assinatura =
|assinatura =
}}
}}
'''Julio Cezar Ribeiro de Souza'''<ref>Nos poucos documentos conhecidos e assinados por Ribeiro de Souza, o nome do inventor é sempre grafado ''Julio Cezar Ribeiro de Souza''.</ref> ([[Acará (Pará)|Acará]], [[Pará]], [[13 de junho]] de [[1843]] — [[Belém (Pará)|Belém]], Pará, [[14 de outubro]] de [[1887]]) foi um escritor e [[inventor]] [[brasil]]eiro, reconhecido como precursor da dirigibilidade aérea.
'''Julio Cezar Ribeiro de Souza'''{{Nota de rodapé|Nos poucos documentos conhecidos e assinados por Ribeiro de Souza, o nome do inventor é sempre grafado ''Julio Cezar Ribeiro de Souza''|nome=Restauração da Independência}} <small>[[Ordem do Mérito Aeronáutico|GOMA]]</small> ([[Acará (Pará)|Vila de São José do Acará]], [[Província do Grão-Pará|Pará]], [[13 de junho]] de [[1843]] — [[Belém (Pará)|Belém]], Pará, [[14 de outubro]] de [[1887]]) foi um escritor e [[inventor]] [[brasil]]eiro, reconhecido como precursor da dirigibilidade aérea.{{HarvRef|Crispino|2003|pp=20-24}}<ref name="pioneiro">{{Citar web|url=https://revistapesquisa.fapesp.br/o-pioneiro-da-aeronautica/|titulo=O pioneiro da aeronáutica|acessodata=2023-12-19|website=[[Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo|revistapesquisa.fapesp.br]]}}</ref><ref>{{Citar web|url=https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/turismo/2017/05/29/interna_turismo,598519/o-norte-dos-destemidos.shtml|titulo=Casa de Chico Mendes e Aeroporto de Belém homenageiam heróis brasileiros|acessodata=2023-12-19|website=[[Correio Braziliense|correiobraziliense.com.br]]}}</ref>


== Infância e juventude ==
== Biografia ==


De família humilde, Souza estudou no seminário na [[Igreja de Nossa Senhora do Carmo (Belém)|Igreja Nossa Senhora do Carmo]] em [[Belém (Pará)|Belém]], [[Província do Grão-Pará|Pará]].<ref name="mérito">{{Citar web|url=https://dol.com.br/noticias/para/657775/saiba-quem-foi-julio-cezar-o-pioneiro-na-navegacao-aerea?d=1|titulo=Saiba quem foi Júlio Cezar o pioneiro na navegação aérea|acessodata=2023-12-19|website=[[Diário do Pará|dol.com.br]]}}</ref> Se tornou [[Voluntários da Pátria|voluntário]] em 28 de maio de [[1861 no Brasil|1861]], transferiu-se para a [[Município Neutro|Rio de Janeiro]], onde completou o curso preparatório da Escola Militar.
De família pobre, Júlio Cézar Ribeiro de Souza estudou no seminário do Carmo em [[Belém (Pará)|Belém]], [[Pará]]. Praça voluntária em 28 de maio de 1861, transferiu-se para a [[cidade do Rio de Janeiro]], à época capital do Império Brasileiro, onde completou o curso preparatório da Escola Militar. Em 1866, seguiu para Montevidéu, para combater na [[Guerra do Paraguai]]. Em 1870, retornou ao [[Pará]], passando e dedicar-se ao [[jornalismo]], à [[poesia]] e, a partir de 1874, ao estudo das "ciências aeronáuticas".


Em [[1866 no Brasil|1866]], seguiu para [[Montevidéu]], para combater na [[Guerra do Paraguai]].{{HarvRef|Crispino|2003|pp=20-24}} Foi durante a guerra, que teve o primeiro contato com [[Balão de ar quente|balões de ar quente]], que eram utilizados para observação nos campos de batalha.{{HarvRef|Crispino|2003|pp=20-24}} Em [[1868 no Brasil|1868]], ocupava o posto de 2º cadete do 3º Batalhão de [[Artilharia]] a pé.{{HarvRef|Crispino|2003|pp=20-24}} Em seguida, foi transferido para o [[Paraguai]] de onde retornou ao final de [[1869 no Brasil|1869]].
== A ''Memória sobre a navegação aérea'' ==

Em [[1870 no Brasil|1870]], passou a dedicar-se ao [[jornalismo]], à [[poesia]] e, a partir de [[1874 no Brasil|1874]], ao estudo das [[ciências aeronáuticas]].{{HarvRef|Azevedo|1918|pp=57-68}}


[[File:Capa do manuscrito Memória sobre a Navegação Aérea.jpg|200px|thumb|esquerda|Manuscrito de Júlio Cézar Ribeiro de Souza contendo estudos aeronáuticos próprios.]]
[[File:Capa do manuscrito Memória sobre a Navegação Aérea.jpg|200px|thumb|esquerda|Manuscrito de Júlio Cézar Ribeiro de Souza contendo estudos aeronáuticos próprios.]]
Em [[1881 no Brasil|1881]], concluiu o manuscrito ''Memoria sobre a Navegação Aerea'', onde incorporou as suas teorias sobre a construção de [[dirigíveis]], propondo um formato assimétrico inovador. Foi bem recebido no [[Instituto Politécnico Brasileiro]] e obteve financiamento público para desenvolvê-los.


Viajou para [[Paris]], onde encomendou a construção do balão ''Le Victoria'', em homenagem à sua esposa, Victoria do Valle. Nos dias 8 e 12 de novembro realizou os primeiros voos de teste em território francês, demonstrando que o aparelho também conseguia avançar contra o vento. De volta ao Brasil, no dia de Natal fez uma exposição no Pará, e em 29 de março de [[1882 no Brasil|1882]], fez novo teste no Rio. Neste último ele sofreu um acidente e o balão ficou gravemente danificado.{{HarvRef|Visoni|Canalle|2011|pp=2061}}
Após seis anos de pesquisas, Ribeiro de Souza concluiu que os balões deveriam ter formato assimétrico, com o centro de empuxo à frente. Após realizar uma conferência no Pará acerca do sistema de navegação aérea que idealizara, viajou para o Rio de Janeiro, onde conheceu o [[Barão de Tefé]], respeitado na comunidade científica brasileira, e entregou-lhe a ''Memória sobre a Navegação Aérea'' que escrevera. O Barão de Tefé analisou os estudos de Julio Cezar Ribeiro de Souza, ficou entusiasmado e pesquisou por um mês material europeu sobre aeronáutica. Redigiu um parecer favorável ao sistema do paraense e o documento foi assinado por dois consócios do Instituto Politécnico Brasileiro, então a maior instituição científica da [[América Latina]]. Graças a esse apoio, Ribeiro de Souza conseguiu uma verba (20 contos de réis) da província do Pará.


O capitão francês [[Charles Renard]], que presidira a Sociedade Francesa de Navegação Aérea até junho de 1881, e que ao assistir o balão avançar contra o vento, haveria afirmado: “Como eu lamento que o inventor não seja um francês!”.{{HarvRef|von Hoonholtz|1924|pp=105}}
== O ''Le Victoria'' ==


O sucesso alcançado com o ''Le Victoria'' proporcionou-lhe mais fundos, com os quais desenvolveu um novo balão. O ''Santa Maria de Belém'', que tinha 52 [[metros|m]] de altura e 10,4 m de [[diâmetro]]. O primeiro voo aconteceria em 12 de julho de [[1884 no Brasil|1884]], na [[Praça Dom Frei Caetano Brandão|praça]] da [[Catedral Metropolitana de Belém|catedral de Belém]]. Os inexperientes operadores encarregados de trabalhar com o hidrogênio do balão causaram danos ao aparelho, tendo que abortar a decolagem.{{HarvRef|Visoni|Canalle|2011|pp=2061}}
Com estes recursos, Souza embarcou para a [[França]] e na Casa Lachambre, em [[Paris]], encomendou a construção do [[balão]] ''Le Victoria'', assim chamado em homenagem à esposa, Victoria Philomena Hippolita do Valle. Conferenciou acerca do sistema de dirigibilidade que criara na Sociedade Francesa de Navegação Aérea, não sem antes patentear o projeto do balão ''dissimétrico''. Registrou o invento nos seguintes países: França, [[Estados Unidos]], [[Alemanha]], [[Inglaterra]], [[Rússia]], [[Portugal]], [[Bélgica]], [[Áustria]] e [[Brasil]]. Em 8 de novembro de 1881, em Paris, foi realizado o primeiro voo público e cativo do aeromodelo, que subiu avançando para frente, feito repetido no dia 12. Aparentemente, presenciando tais experiências em Paris, esteve também o capitão francês [[Charles Renard]], que presidira a Sociedade Francesa de Navegação Aérea até junho de 1881, e que ao assistir o balão avançar contra o vento, haveria afirmado: "Como eu lamento que o inventor não seja um francês!".<ref>Teffé, Almirante Barão de. O Brasil – Berço da ciência aeronáutica. Imprensa Naval. Rio de Janeiro, 1924, p. 105.</ref> No Brasil, foram feitas demonstrações no dia 25 de dezembro de 1881, no Pará, e em 29 de março de 1882, no Rio de Janeiro, sendo que nesta última o balão sofreu um rombo, ficando seriamente avariado.


No mesmo ano, os franceses [[Charles Renard]] e [[Arthur Constantin Krebs]], a bordo do ''La France'', lançaram com sucesso um balão de circuito fechado.[6] Ribeiro de Souza escreveu um artigo defendendo ter sido vítima de [[plágio]] de Renard e Krebs, dadas as múltiplas semelhanças entre os desenho de seus aparelhos e o ''La France''. Além disso, o mesmo engenheiro, [[Henri Lachambre]], interveio na construção dos três.<ref name="pioneiro" />  O texto do brasileiro foi reproduzido na imprensa francesa e inglesa.{{HarvRef|Crispino|2003|pp=20-24}}
== O ''Santa Maria de Belém'' ==


Em [[1886 no Brasil|1886]] voltou à França para criar um novo balão, ''Cruzeiro''. Aproveitando a estadia em Paris, propôs um debate com Renard e Krebs, em [[Sorbonne Université|Sorbonne]], ou na [[Academia Francesa de Ciências]], mas estes não responderam ao convite.{{HarvRef|Crispino|2003|pp=20-24}}{{HarvRef|von Hoonholtz|1924|pp=105}}
Júlio Cézar Ribeiro de Souza conseguiu no Pará a liberação de mais 36 contos de réis. Retornou a Paris e encomendou a construção de um grande balão, com 52 m de comprimento e 10,4 m de maior diâmetro. Em 12 de julho de 1884, na Praça da Sé em Belém, ele fez uma tentativa de ascensão com o balão, denominado ''Santa Maria de Belém''. A fim de produzir o [[hidrogênio]] necessário para inflar o balão, ele contou com a ajuda de pessoas esforçadas, mas inexperientes. Os materiais e equipamentos foram manipulados de forma incorreta, o que acabou por danificar e impossibilitar a experiência. Menos de um mês depois, dois capitães franceses, Charles Renard e [[Arthur Constantin Krebs]], a bordo do balão ''La France'', que media 50,4 m de comprimento por 8,4 m de maior diâmetro , executaram o primeiro circuito fechado em um balão.


== Plágio? ==
== Doença e morte ==


Sem ter conseguido sucesso na nova empresa e sem ter conseguido defender seu nome, retornou ao Pará onde morou discretamente. Morreu pouco depois, em 14 de outubro de [[1887 no Brasil|1887]], vítima de [[beribéri]], uma doença do [[sistema nervoso]] causada por deficiência de [[tiamina]].
===Semelhanças entre o ''La France'' e o ''Santa Maria de Belém''===


== Legado ==
Em 9 de agosto de 1884, na França, os capitães Renard e Krebs decolaram do campo militar de Chalais Meudon no balão ''La France'', de 1864 m³, provido dum motor elétrico de 9 cv. Retornaram ao ponto de partida após percorrerem 7.600 m em 23 minutos, numa média de 20&nbsp;km/h, fato amplamente noticiado pela imprensa. A notícia chegou ao Brasil no mês seguinte, sendo divulgada pelo jornal ''A Província do Pará'' de 19 de setembro. Ao tomar conhecimento do acontecido, Julio Cezar Ribeiro de Souza imediatamente supôs haver sido plagiado. Quando viu o desenho do ''La France'', constatou que o formato do balão francês era o mesmo do ''Le Victoria'' e do ''Santa Maria de Belém''. Convenceu-se então de que fora vítima de [[plágio]]. Escreveu um extenso protesto intitulado ''A direção dos balões'', publicado em três partes no jornal paraense ''A Província do Pará'', nos dias 23, 24 e 25 de outubro de 1884. Uma versão em francês foi publicada em duas partes pelo mesmo jornal no mês seguinte (dias 01 e 9 de novembro), sob o título ''La direction des ballons'', quando foram incluídas gravuras dos balões ''Le Victoria'', ''La France'' e do balão de Dupuy de Lôme. Ainda em dezembro de 1884, o periódico inglês ''Invention and Inventors' Mart'' publicou um artigo com um resumo do protesto, incluindo o desenho tanto do balão de Ribeiro de Souza como daquele de Renard e Krebs. O periódico britânico registrou que Ribeiro de Souza havia exposto por meio de seu protesto robusta prova de ser ele o inventor do sistema comum aos dois balões, e dispunha-se a publicar a defesa de Renard e Krebs. A edição da ''Enciclopédia das Enciclopédias – Dicionário Universal Português'', publicada em Lisboa, imediatamente posterior a estes fatos, reproduziu na íntegra o protesto do brasileiro.  O comentarista da publicação portuguesa afirmou que, embora não se pudesse deixar de reconhecer o mérito dos capitães franceses Renard e Krebs, ''é lamentável que não tenham feito ao engenhoso inventor paraense a devida justiça, conservando-lhe perante o mundo científico a glória indiscutível da idéia por eles aproveitada''. Prosseguia o comentarista dizendo que o maior argumento para a condenação dos franceses era seu silêncio diante de tão veemente protesto realizado por Ribeiro de Souza, dirigido às sociedades e às publicações científicas de todo o mundo culto da época. Tanto o ''Le Victoria'' e o ''La France'' foram construídos sob orientação de uma mesma pessoa: Henri Lachambre.
Por força da Lei Federal nº 12.446, de 2011, o [[Congresso Nacional do Brasil]] decretou a inscrição de Ribeiro de Sousa no [[Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria]], memorial cenotáfico localizado dentro do [[Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves]] de [[Brasília]].<ref>{{citar web|url=https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12446.htm|titulo=L12446|acessodata=08-11-2023|website=www.planalto.gov.br}}</ref>

===Diferenças entre o ''La France'' e o ''Santa Maria de Belém''===

O ''La France'' possuía diferenças em relação ao ''Santa Maria de Belém'': a hélice era tratora, enquanto no balão brasileiro era propulsora; o balão francês era movido por um motor elétrico de 9 cv, e para o ''Santa Maria de Belém'' estava previsto um motor a vapor de apenas 4 cv; o ''La France'' possuía um leme vertical, o ''Santa Maria de Belém'' não; o ''La France'' não empregava planos laterais móveis, o ''Santa Maria de Belém'' sim; a cubagem do ''La France'' era de 1.864 m, e a do balão brasileiro, de 2.882.

== O ''Cruzeiro'' ==
Em 1886, Júlio Cézar Ribeiro de Souza conseguiu da Assembleia do Governo do Pará a quantia de 25 contos de réis e com esses recursos retornou à França e construiu um último balão: o ''Cruzeiro'', com o qual realizou demonstrações públicas. Ao chegar a Paris, propôs debates com Renard e Krebs na Sorbonne e na Academia de Ciências da França, mas foi ignorado pelos militares. No editorial de 13 de maio de 1886, o jornal parisiense ''L'Opinion'' publicou um histórico das realizações de Ribeiro de Sousa, desde a aprovação de suas teorias no IPB no início de 1881 até aquela data, mencionando que o protesto do brasileiro havia merecido comentários favoráveis dos países que o receberam, e fazendo votos de que se fizesse justiça a quem de direito. Este artigo foi enviado pelo próprio Ribeiro de Sousa a membros do governo e às academias francesas, a Renard e Krebs, e a toda a imprensa parisiense, sem ter recebido nem apoio nem contestação durante esta que foi a sua última estada na França.

== Doença e morte ==


Horácio Higuchi realizou o documentário ''O Homem do Balão Extravagante ou as Tribulações do Paraense que Quase Voou'' de [[2005 no Brasil|2005]], onde revisou as criações do inventor paraense.
Julio Cezar Ribeiro de Souza morreu pobre em Belém a 14 de outubro de 1887, vítima de [[beribéri]].


Além de ter ruas e praças dedicadas, o [[Aeroporto de Belém]] recebeu seu nome em 2010.<ref name="mérito" />
==Homenagens==
* Ocupa a [https://web.archive.org/web/20090301132618/http://www.fab.mil.br/portal/personalidades/incaer/index.htm cadeira número 17] dentre os Patronos do Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica - [[INCAER]].
* Uma das mais importantes avenidas de [[Belém (Pará)|Belém]], que liga o centro ao Aeroporto Internacional, leva seu nome: Av. Júlio César.
* A Lei nº 12.446, de 15.7.2011, inscreveu o nome de Júlio Cezar Ribeiro de Souza no Livro dos Heróis da Pátria.
* A Lei nº 12.228, de 13.4.2010, denominou o principal aeroporto de Belém como "Aeroporto Internacional de Belém / Val-de-Cans / Julio Cezar Ribeiro".
* Julio Cezar Ribeiro de Souza recebeu (''post morten'') a Ordem do Mérito Aeronáutico, no Grau de Grande-Oficial, em 23 de outubro de 2013.


==Documentário==
== Honras ==
*[[File:BRA_Ordem_do_Mérito_Aeronáutico_Grande_Oficial.png|ligação=https://pt.wikipedia.org/wiki/Ordem_do_M%C3%A9rito_Aeron%C3%A1utico
O inventor Julio Cezar Ribeiro de Souza é a personagem do documentário ''O Homem do Balão Extravagante ou as Tribulações do Paraense que Quase Voou'', um dos ganhadores do concurso DOC-TV 2005, dirigido por Horácio Higuchi (biólogo e pesquisador do Museu Paraense Emílio Goeldi).
|50x50px]] Grande-Oficial da [[Ordem do Mérito Aeronáutico]], ''[[post mortem]]''.<ref name="mérito" />


==Ver também==
==Ver também==
* [[Aéro-Club de France]]
* [[Lista de pilotos (aviação)|Lista de pilotos]]
* [[Alberto Santos Dumont]]
* [[Bartolomeu de Gusmão]]


{{referências|Notas}}
{{Notas}}
{{referências}}


=={{#if:|{{ELES|Bibliografia|}}|Bibliografia }}==
== Bibliografia ==
*{{citar livro|título=O Brasil – Berço da ciência aeronáutica|ultimo=von Hoonholtz|primeiro=Antônio Luiz|editora= Imprensa Naval|ano=1924|local=[[Rio de Janeiro]]|página=105|isbn=|ref=harv|acessodata=19 de dezembro de 2023}}
* AGUIAR, Pinto de. Júlio Cesar Ribeiro de Sousa, ''Os precursores brasileiros da aeronáutica''. Civilização Brasileira. Brasília, 1975, pp.&nbsp;29–52.
*{{citar livro|título=Voando com os pássaros|ultimo=Crispino|primeiro=Luís Carlos|editora=Scientific American Brasil|url=https://fisescola.ufpa.br/images/Artigos/Perfil-JC.pdf|ano=2003|local=[[Belém do Pará]]|páginas=20-24|isbn=|ref=harv|acessodata=19 de dezembro de 2023}}
* AMARAL, Fernando Medina do. ''Do voo dos pássaros à dirigibilidade da navegação aérea''. 1ª edição. Conselho Estadual de Cultura. Coleção Cultura Paraense. Série Theodoro Braga. Belém, Pará, 1987.
*{{citar livro|título=Anthologia Amazônica|ultimo=Azevedo|primeiro=José Eustachio|editora=Livraria Carioca Editora|ano=1918|local=Belém do Pará|páginas=57-68|isbn=|ref=harv|acessodata=19 de dezembro de 2023}}
* AMARAL, Fernando Medina do. ''Julio Cesar – o verdadeiro arquiteto da aeronáutica''. 1ª edição. Editado pela família do autor. Niterói, Rio de Janeiro, 1989.
*{{citar periódico|último=Visoni|primeiro=Rodrigo|último2=Canalle|primeiro2=João Batista|data=31 de janeiro de 2011|título=O sistema de navegação aérea de Júlio Cézar Ribeiro de Souza|url=https://www.scielo.br/j/rbef/a/8NhVzWXRdXNLcXPMkhQKLSJ/|periódico=Revista Brasileira de Ensino de Física|volume=32|número= |página=2601|doi=10.1590/S1806-11172010000200014|issn=1806-1117|ref=harv|acessodata=19 de dezembro de 2023}}
* AMARAL, Fernando Medina do; CRISPINO, Luís Carlos Bassalo; e SOUSA, Júlio César Ribeiro de. "Júlio César Ribeiro de Sousa – Memórias sobre a Navegação Aérea". Série Memórias Especiais, Vol. II. Organizadores: BASSALO, José Maria Filardo; ALENCAR, Paulo de Tarso dos Santos; CRISPINO, Luís Carlos Bassalo; e BECKMANN, Clodoaldo Fernando Ribeiro. Editora da Universidade Federal do Pará, Pará, 2003.
* ANDRÉ, M. H. ''Les dirigeables''. Ch. Béranger Editeur. Paris, 1902.
* AZEVEDO, José Eustachio de. Julio Cesar. ''Anthologia Amazônica''. Livraria Carioca Editora. 2ª. edição aumentada. Belém, 1918, pp.&nbsp;57–68.
* BASSALO, José Maria Filardo; ALENCAR, Paulo de Tarso dos Santos; CRISPINO, Luís Carlos Bassalo; BECKMANN, Clodoaldo Fernando Ribeiro. ''Júlio César Ribeiro de Sousa - Memórias sobre a Navegação Aérea''. Belém do Pará: Editora da UFPA, 2003.
* CUNHA, Raymundo Cyriaco Alves da. Júlio César Ribeiro de Sousa, ''Paraenses ilustres''. Jablonski, Vogt e Cia. Paris, 1896, pp.&nbsp;111–121.
* CRISPINO, Luís Carlos Bassalo. Voando com os pássaros, ''[[Scientific American Brasil]]'', 2º ano, nº 19, dez. 2003, pp.&nbsp;20–24. Disponível em: http://www2.uol.com.br/sciam/reportagens/voando_com_os_passaros.html
* CRISPINO, Luís Carlos Bassalo. Sonho desfeito, ''História Viva'', 2º ano, nº 13, nov. 2004, pp.&nbsp;74–79.
* CRISPINO, Luís Carlos Bassalo. Júlio César Ribeiro de Sousa e a dirigibilidade aérea. In: ALVES, Jerônimo de Alencar (organizador), Múltiplas Faces da História das Ciências na Amazônia. Editora da Universidade Federal do Pará, Belém, 2005, p.&nbsp;197-230.
* CRUZ, Ernesto. "Julio Cesar", Procissão dos Séculos – Vultos e Episódios da História do Pará. Imprensa Oficial do Estado do Pará. Belém, 1952, pp.&nbsp;173–174.
* Instituto Histórico e Cultural da Aeronáutica (INCAER). ''História Geral da Aeronáutica Brasileira''. Volume I – "Dos Primórdios até 1920". Editora Itatiaia Limitada e Incaer. 1988.
* TEFFÉ, Almirante Barão de. ''O Brasil – Berço da ciência aeronáutica.'' Imprensa Naval. Rio de Janeiro, 1924.
* L’AÉRONAUTE, Bulletin Mensuel Illustré de la Navigation Aérienne, 14º ano, nº 12 (dezembro de 1881) e 15º ano, nº 1 (janeiro 1882).
* ''Navigation Aérienne: La direction des ballons.'' Theories et découvertes de Mr. Júlio César Ribeiro de Sousa, né à Pará. Tip. do Diário Oficial. Pará, 1893.
* RODRIGUES, Clóvis da Costa. Dirigibilidade do balão sem motor, ''A inventiva brasileira''. Coleção Consulta Científica, 1. Ministério da Educação e Cultura. Instituto Nacional do Livro. Brasília, 1973, pp.&nbsp;787–837.
* RODRIGUES, Lysias Augusto. ''História da conquista do ar''. 1ª edição. Marques Araújo & Cia. Ltda. Editores. Rio de Janeiro, 1937.
* VISONI, Rodrigo Moura. O aeroentusiasta paraense, ''Aeromagazine''. São Paulo: Inner Editora, 25º ano, nº 294, p. 74-81.


==Ligações externas==
==Ligações externas==

Revisão das 18h17min de 19 de dezembro de 2023

Julio Cezar Ribeiro de Sousa
Júlio César Ribeiro de Sousa
Nascimento 13 de junho de 1843
Vila de São José do Acará
Morte 14 de outubro de 1887 (44 anos)
Belém
Nacionalidade brasileiro
Ocupação

Julio Cezar Ribeiro de Souza[nota 1] GOMA (Vila de São José do Acará, Pará, 13 de junho de 1843Belém, Pará, 14 de outubro de 1887) foi um escritor e inventor brasileiro, reconhecido como precursor da dirigibilidade aérea.[1][2][3]

Biografia

De família humilde, Souza estudou no seminário na Igreja Nossa Senhora do Carmo em Belém, Pará.[4] Se tornou voluntário em 28 de maio de 1861, transferiu-se para a Rio de Janeiro, onde completou o curso preparatório da Escola Militar.

Em 1866, seguiu para Montevidéu, para combater na Guerra do Paraguai.[1] Foi durante a guerra, que teve o primeiro contato com balões de ar quente, que eram utilizados para observação nos campos de batalha.[1] Em 1868, ocupava o posto de 2º cadete do 3º Batalhão de Artilharia a pé.[1] Em seguida, foi transferido para o Paraguai de onde retornou ao final de 1869.

Em 1870, passou a dedicar-se ao jornalismo, à poesia e, a partir de 1874, ao estudo das ciências aeronáuticas.[5]

Manuscrito de Júlio Cézar Ribeiro de Souza contendo estudos aeronáuticos próprios.

Em 1881, concluiu o manuscrito Memoria sobre a Navegação Aerea, onde incorporou as suas teorias sobre a construção de dirigíveis, propondo um formato assimétrico inovador. Foi bem recebido no Instituto Politécnico Brasileiro e obteve financiamento público para desenvolvê-los.

Viajou para Paris, onde encomendou a construção do balão Le Victoria, em homenagem à sua esposa, Victoria do Valle. Nos dias 8 e 12 de novembro realizou os primeiros voos de teste em território francês, demonstrando que o aparelho também conseguia avançar contra o vento. De volta ao Brasil, no dia de Natal fez uma exposição no Pará, e em 29 de março de 1882, fez novo teste no Rio. Neste último ele sofreu um acidente e o balão ficou gravemente danificado.[6]

O capitão francês Charles Renard, que presidira a Sociedade Francesa de Navegação Aérea até junho de 1881, e que ao assistir o balão avançar contra o vento, haveria afirmado: “Como eu lamento que o inventor não seja um francês!”.[7]

O sucesso alcançado com o Le Victoria proporcionou-lhe mais fundos, com os quais desenvolveu um novo balão. O Santa Maria de Belém, que tinha 52 m de altura e 10,4 m de diâmetro. O primeiro voo aconteceria em 12 de julho de 1884, na praça da catedral de Belém. Os inexperientes operadores encarregados de trabalhar com o hidrogênio do balão causaram danos ao aparelho, tendo que abortar a decolagem.[6]

No mesmo ano, os franceses Charles Renard e Arthur Constantin Krebs, a bordo do La France, lançaram com sucesso um balão de circuito fechado.[6] Ribeiro de Souza escreveu um artigo defendendo ter sido vítima de plágio de Renard e Krebs, dadas as múltiplas semelhanças entre os desenho de seus aparelhos e o La France. Além disso, o mesmo engenheiro, Henri Lachambre, interveio na construção dos três.[2]  O texto do brasileiro foi reproduzido na imprensa francesa e inglesa.[1]

Em 1886 voltou à França para criar um novo balão, Cruzeiro. Aproveitando a estadia em Paris, propôs um debate com Renard e Krebs, em Sorbonne, ou na Academia Francesa de Ciências, mas estes não responderam ao convite.[1][7]

Doença e morte

Sem ter conseguido sucesso na nova empresa e sem ter conseguido defender seu nome, retornou ao Pará onde morou discretamente. Morreu pouco depois, em 14 de outubro de 1887, vítima de beribéri, uma doença do sistema nervoso causada por deficiência de tiamina.

Legado

Por força da Lei Federal nº 12.446, de 2011, o Congresso Nacional do Brasil decretou a inscrição de Ribeiro de Sousa no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, memorial cenotáfico localizado dentro do Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves de Brasília.[8]

Horácio Higuchi realizou o documentário O Homem do Balão Extravagante ou as Tribulações do Paraense que Quase Voou de 2005, onde revisou as criações do inventor paraense.

Além de ter ruas e praças dedicadas, o Aeroporto de Belém recebeu seu nome em 2010.[4]

Honras

Ver também

Notas

  1. Nos poucos documentos conhecidos e assinados por Ribeiro de Souza, o nome do inventor é sempre grafado Julio Cezar Ribeiro de Souza

Referências

  1. a b c d e f Crispino 2003, pp. 20-24.
  2. a b «O pioneiro da aeronáutica». revistapesquisa.fapesp.br. Consultado em 19 de dezembro de 2023 
  3. «Casa de Chico Mendes e Aeroporto de Belém homenageiam heróis brasileiros». correiobraziliense.com.br. Consultado em 19 de dezembro de 2023 
  4. a b c «Saiba quem foi Júlio Cezar o pioneiro na navegação aérea». dol.com.br. Consultado em 19 de dezembro de 2023 
  5. Azevedo 1918, pp. 57-68.
  6. a b Visoni & Canalle 2011, pp. 2061.
  7. a b von Hoonholtz 1924, pp. 105.
  8. «L12446». www.planalto.gov.br. Consultado em 8 de novembro de 2023 

Bibliografia

Ligações externas