Eleições distritais no Distrito Federal em 1945

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
1935 Brasil 1947
Eleições distritais no Rio de Janeiro‎‎ Distrito Federal em 1945
2 de dezembro de 1945
(Turno único)
Senadores eleitos
Candidato Luís Carlos Prestes Hamilton Nogueira
Partido PCB UDN
Natural de Porto Alegre, RS Campos dos Goytacazes, RJ
Votos 157.397 155.491
Porcentagem 17,66% 17,44%

Titular
Filadelfo de Azevedo
Prefeito

Eleito
Hildebrando de Góis
Prefeito (PSD)

As eleições distritais no Distrito Federal em 1945 ocorreram em 2 de dezembro sob regras firmadas no decreto-lei 7.586[1] e numa resolução do Tribunal Superior Eleitoral editada em 8 de setembro como parte das eleições no Distrito Federal, 20 estados e no território federal do Acre.[nota 1] Foram eleitos dois senadores e dezessete deputados federais membros da Assembleia Nacional Constituinte destinada a elaborar a Carta de 1946 restaurando o regime democrático após o Estado Novo.[2][3]

Unidade federativa criada para assinalar o status do Rio de Janeiro como capital da República, o Distrito Federal esteve na Região Sudeste até a inauguração de Brasília em 21 de abril de 1960 quando foi transferido para o Centro-Oeste do país deixando em seu lugar o estado da Guanabara[4] cuja existência terminou em 15 de março de 1975 ao ser fundido com o Rio de Janeiro conforme a Lei Complementar nº 20 aprovada no Governo Ernesto Geisel.[5] Localizada a onze quilômetros de Niterói, então capital fluminense, a cidade do Rio de Janeiro possuía um eleitorado receptivo às teses de esquerda num embate com as forças da UDN, muito embora ocorresse uma "variação de siglas" dentro desse embate ideológico. Já no estado vizinho predominava a máquina do PSD sob o comando de Amaral Peixoto.

Nascido em Porto Alegre, o engenheiro Luís Carlos Prestes é formado pela Escola Militar do Realengo e sentou praça no Exército. A partir das revoltas surgidas a partir do Tenentismo, foi protagonista da Coluna Prestes e com o fim desta exilou-se na Bolívia, Argentina e Uruguai em meio a passagens clandestinas em território brasileiro.[6] Após recusar uma aliança com Getúlio Vargas pouco antes da Revolução de 1930, foi trabalhar na União Soviética e lá estudou Marxismo. Integrado ao PCB em agosto de 1934, tomou parte na Intentona Comunista e foi preso no ano seguinte, fato que não o impediu de ocupar a secretaria-geral do "partidão" em 1943. Libertado nas vascas do Estado Novo, elegeu-se deputado federal pelo Distrito Federal, Pernambuco e Rio Grande do Sul, mas renunciou a esses mandatos para assumir a vaga de senador que lhe foi entregue pelos cariocas.[6][2]

Médico natural de Campos dos Goytacazes, Hamilton Nogueira é formado na Universidade Federal do Rio de Janeiro e trabalhou em Muzambinho antes de ingressar no magistério superior tanto na instituição onde se formou e em outras.[7] Funcionário da inspetoria do Departamento Nacional de Saúde Pública, integrou o Instituto Hahnemanniano do Brasil e esteve ao lado de Jackson de Figueiredo no Centro Dom Vital. Membro da Academia Nacional de Medicina e fundador da Sociedade Brasileira de Antropologia e Etnologia, foi eleito senador na UDN em 1945 em sua estreia na vida política.

Resultado da eleição para senador[editar | editar código-fonte]

Dados colhidos junto ao Tribunal Superior Eleitoral[2] com informações complementares do Senado Federal.[8]

Candidatos a senador da República
Primeiro suplente de senador Número Coligação Votação Percentual
Luís Carlos Prestes[nota 2][nota 3]
PCB
Abel Chermont[nota 4][nota 5]
PCB
-
PCB (sem coligação)
157.397
17,66%
Hamilton Nogueira
UDN
Flávio da Silveira[nota 4]
UDN
-
UDN (sem coligação)
155.491
17,44%
Abel Chermont[nota 5]
PCB
Não havia
-
-
PCB (sem coligação)
152.621
17,12%
João Batista de Azevedo Ramos
UDN
Não havia
-
-
UDN (sem coligação)
107.979
12,11%
Augusto do Amaral Peixoto
PSD
Não havia
-
-
PSD (sem coligação)
92.621
10,39%
Mozart Lago
PSD
Não havia
-
-
PSD (sem coligação)
83.046
9,32%
Andrade Ramos
UDN
Não havia
-
-
UDN (sem coligação)
45.095
5,06%
Alencastro Guimarães
PTB
Não havia
-
-
PTB (sem coligação)
26.406
2,96%
Augusto Pinto de Lima
PR
Não havia
-
-
PR (sem coligação)
18.314
2,06%
Júlio Cesário de Melo
PPS
Não havia
-
-
PPS (sem coligação)
18.119
2,05%
Francisco Solano Carneiro da Cunha
PR
Não havia
-
-
PR (sem coligação)
16.217
1,82%
Luís Caetano de Oliveira
PRP
Não havia
-
-
PRP (sem coligação)
8.093
0,91%
Luís Antônio da Costa Carvalho
PRP
Não havia
-
-
PRP (sem coligação)
8.065
0,91%
Tobias Filadelfo da Rocha
PAN
Não havia
-
-
PAN (sem coligação)
861
0,09%
Pedro Montagnes Gerpe
PAN
Não havia
-
-
PAN (sem coligação)
541
0,06%
Ruy Santiago
PPS
Não havia
-
-
PPS (sem coligação)
332
0,04%
  Eleito

Deputados federais eleitos[editar | editar código-fonte]

São relacionados os candidatos eleitos com informações complementares da Câmara dos Deputados.[9][10]

Representação eleita

  PTB: 9
  PCB: 3
  UDN: 3
  PSD: 2
Fonteː[2]
Deputados federais eleitos Partido Votação Percentual Cidade onde nasceu Unidade federativa
João Amazonas[nota 3] PCB 18.379 Belém Pará Pará
Maurício Grabois[nota 3] PCB 15.243 Salvador Bahia Bahia
Batista Neto[nota 6][nota 3] PCB 14.177 Fortaleza  Ceará
Hermes Lima UDN 13.823 Livramento de Nossa Senhora Bahia Bahia
Euclides Figueiredo UDN 11.846 Rio de Janeiro  Rio de Janeiro
Jonas de Moraes Correia PSD 11.344 Parnaíba  Piauí
Jurandir Pires UDN 10.230 Rio de Janeiro  Rio de Janeiro
José Romero PSD 8.932 Rio de Janeiro  Rio de Janeiro
Ruy Almeida PTB 3.201 São Luís  Maranhão
Benjamin Farah PTB 2.035 Corumbá  Mato Grosso do Sul
Vargas Neto PTB 1.750 São Borja  Rio Grande do Sul
Gurgel do Amaral PTB 1.022 Rio de Janeiro  Rio de Janeiro
José Segadas Viana PTB 795 Rio de Janeiro  Rio de Janeiro
Benício Fontenele PTB 753 Itaocara  Rio de Janeiro
Paulo Baeta Neves PTB 722 Conselheiro Lafaiete  Minas Gerais
Antônio José da Silva PTB 592 Mar de Espanha  Minas Gerais
Barreto Pinto[nota 7] PTB 537 Vassouras  Rio de Janeiro

Notas

  1. Este elegeria dois deputados federais sendo que em 1947 Amapá, Rondônia e Roraima elegeriam apenas um deputado federal cada.
  2. Luís Carlos Prestes foi eleito senador pelo Distrito Federal e deputado federal pelo Distrito Federal, Pernambuco e Rio Grande do Sul optando pela vaga senatorial.
  3. a b c d Em 7 de maio de 1947 o Tribunal Superior Eleitoral cassou o registro do PCB e por isso o Congresso Nacional declarou extintos os mandatos da bancada comunista em 10 de janeiro de 1948.
  4. a b Segundo o Art. 11, § 2º, inciso I, alínea "b" das Disposições Transitórias, os suplentes dos senadores eleitos em 1945 seriam escolhidos por voto direto em 1947.
  5. a b Sua participação nas eleições aconteceu em dois momentos: em 1945 foi candidato a senador e dois anos mais tarde foi candidato a suplente de senador eleito anteriormente.
  6. Efetivado depois de Luís Carlos Prestes tornar-se senador, renunciou ao mandato logo após promulgada a Constituição de 1946 sendo substituído por Francisco Gomes.
  7. Beneficiado pelo mecanismo das candidaturas múltiplas Getúlio Vargas foi eleito deputado federal pela Bahia, Distrito Federal, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo e senador por São Paulo e Rio Grande do Sul, optando por representar os gaúchos no Senado Federal e assim sua vaga carioca foi entregue a Barreto Pinto que seria cassado por quebra de decoro parlamentar em 1949 e substituído por Milton Santana.

Referências

  1. «BRASIL. Presidência da República. Decreto-lei nº 7.586 de 28/05/1945». Consultado em 28 de março de 2016 
  2. a b c d «Banco de dados do Tribunal Superior Eleitoral». Consultado em 28 de março de 2016 
  3. «BRASIL. Presidência da República: Constituição de 1946». Consultado em 28 de março de 2016 
  4. «BRASIL. Presidência da República: Lei nº 3.752 de 14/04/1960». Consultado em 31 de julho de 2016 
  5. «BRASIL. Presidência da República, Lei Complementar nº 20 de 01/07/1974». Consultado em 1º de julho de 2017 
  6. a b «A Era Vargas: dos anos 1920 a 1945 – biografia de Luís Carlos Prestes». Consultado em 31 de julho de 2016 
  7. «Senado Federal do Brasil: senador Hamilton Nogueira». Consultado em 31 de julho de 2016 
  8. «Senado Federal do Brasil». Consultado em 29 de janeiro de 2014 
  9. «Página oficial da Câmara dos Deputados». Consultado em 28 de março de 2016. Arquivado do original em 2 de outubro de 2013 
  10. «BRASIL. Presidência da República: Lei nº 9.504 de 30/09/1997». Consultado em 28 de março de 2016