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Revisão das 08h12min de 21 de março de 2016

José Pacheco Pereira
José Pacheco Pereira
Nome completo José Álvaro Machado Pacheco Pereira
Nascimento 6 de janeiro de 1949 (75 anos)
Porto, Bonfim
Nacionalidade Portugal Português
Ocupação Historiador, professor universitário e político
Religião Agnóstico[1]

José Álvaro Machado Pacheco Pereira GCL (Porto, Bonfim, 6 de Janeiro de 1949) é um historiador, professor universitário, político e comentador político português.

Biografia

Nasceu no Porto, na Rua de Santos Pousada, duma família de classe média, porém com raízes aristocratas que remontam à Idade Média.

Neto do pintor Gonçalo Pacheco Pereira, filho de Álvaro Gonçalo de Lima Pacheco Pereira (Porto, Bonfim/Cedofeita, 4 de Agosto de 1921 - 5 de Maio de 2012), cuja avó paterna era Espanhola, Licenciado em Ciências Histórico-Filosóficas pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, professor de História e Filosofia do ensino secundário, descendente por bastardia dos Senhores de Aveloso, Senhores do Préstimo e Alcaides-Mor de Vila de Rei; e de sua mulher (casados no Porto, Bonfim, Igreja de Nossa Senhora da Conceição, 20 de Março de 1948) Maria Celina Machado (Porto, Bonfim, 5 de Julho de 1920/1 - Porto, Vitória, 17 de Junho de 1996/7), funcionária pública. É irmão de Beatriz Pacheco Pereira e cunhado de Mário Dorminsky.[2]

Eugénio de Andrade, que José Pacheco Pereira conheceu pessoalmente por volta de 1965, teve bastante influência na sua formação, dando-lhe a ler e a discutir muitos livros e poemas.[3]

Iniciou, desde cedo, a sua actividade política em movimentos de oposição ao anterior regime. Segundo Zita Seabra, terá contemplado a possibilidade de aderir ao Partido Comunista, tendo-a contactado para tal,[4] o que é negado por Pacheco Pereira:[5][6]

Viria a aderir ao PCP (m-l) em 1972, de inspiração maoísta e de cuja secção Norte foi fundador. Já publicara então o seu primeiro livro, As lutas operárias contra a carestia de vida em Portugal: a greve geral de Novembro de 1918, de 1971. Este livro seria apreendido e proibido de circular pela PIDE, a qual, pouco depois, instaurou um processo ao autor, sob a direcção de António Rosa Casaco.[7] Após uma rusga da PIDE à sua casa, a 30 de Abril de 1973, viveu na clandestinidade, da qual só sairia completamente após o golpe de 11 de Março de 1975.[8]

Licenciou-se em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto em 1978. Já tinha aí obtido o bacharelato em 1971.[9]

Recolheu, classificou, organizou e estudou de forma sistemática documentação sobre a vida política portuguesa, tendo lançado a revista Estudos sobre o comunismo: Boletim de estudos interdisciplinares sobre o comunismo e os movimentos comunistas (inspirada pela revista Communisme, de Annie Kriegel e Stéphane Courtois) em 1983. Foi director da revista, de cujo conselho de redacção faziam parte, para além do próprio Pacheco Pereira, Fernando Rosas, Rogério Rodrigues, Maria Goretti Matias, António Moreira, José Alexandre Magro («Ramiro da Costa») e Manuel Sertório.[10] Com João Carlos Espada e Manuel Villaverde Cabral, fundou em 1984 o Clube da Esquerda Liberal.

Em 1986 apoiou activamente a primeira eleição presidencial de Mário Soares.[11] Foi deputado pelo Partido Social Democrata durante quatro legislaturas (1987–1991, 1991–1995, 1995–1999 e 2009–2011), tendo sido eleito da primeira vez como independente, pois só se filiaria no PSD em 1988.[12] Acabaria por ser líder parlamentar[13] e presidente da comissão política distrital de Lisboa deste partido.[14] Foi membro da Delegação da Assembleia da República à Assembleia da NATO e Presidente do Subcomité da Europa de Leste e da ex-URSS da Comissão Política da Assembleia do Atlântico Norte. Foi também Vice-Presidente do Instituto Luso-Árabe para a Cooperação.

Em 1995, foi o cabeça de lista do PSD pelo círculo eleitoral de Aveiro, nas eleições legislativas que culminaram na vitória do Partido Socialista, então dirigido por António Guterres. Pacheco Pereira enfrentou nessa eleição, entre outros, Paulo Portas e Carlos Candal. A disputa desse círculo foi uma das mais polémicas, sendo a razão dessa polémica o Breve manifesto anti-Portas em português suave, da autoria de Carlos Candal. Em 2002, foi cabeça de lista pelo círculo eleitoral do Porto, nas eleições legislativas que culminaram com a vitória do Partido Social Democrata, então dirigido por Durão Barroso. Contudo, por ser na altura deputado europeu, não assumiu o cargo de deputado na Assembleia da República. Foi Vice-Presidente do Parlamento Europeu entre 1999 e 2004.

Em 2004 foi nomeado embaixador de Portugal na UNESCO. Um mês após a divulgação de que iria ocupar este cargo, quando se soube que Santana Lopes iria substituir Durão Barroso como primeiro-ministro, demitiu-se por não querer ficar na dependência funcional de um governo que pretendia criticar. Voltou a ser eleito deputado (pelo PSD, como cabeça de lista por Santarém) nas eleições legislativas de 2009.

É ainda docente no ISCTE — Instituto Universitário de Lisboa, tendo também sido docente na Universidade Autónoma de Lisboa.

É colaborador regular da imprensa escrita. Actualmente é cronista do jornal "Público" e da revista "Sábado", tendo sido no passado colaborador do "Semanário" e do "Diário de Notícias". Também é comentador político na televisão, nomeadamente na Quadratura do Círculo, na SIC Notícias, programa que sucedeu ao Flashback da TSF, tendo na década de 1990 participado no programa Viva a Liberdade! da SIC, juntamente com Miguel Sousa Tavares e António Barreto. Também participou, em 2008, no programa Minuto a minuto, do Rádio Clube e faz actualmente o programa Ponto/Contraponto na SIC Notícias, um programa de comentários sobre comunicação social, media, jornais, rádios, blogues, livros e televisão. Na blogosfera, assina os blogues Abrupto, Estudos sobre o Comunismo e Ephemera.

A 9 de Junho de 2005 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade pelo então Presidente da República Jorge Sampaio.[15]

Reside na Marmeleira, em Rio Maior. A sua biblioteca, com cerca de 110 000 títulos, é possivelmente a maior biblioteca privada portuguesa e Pacheco Pereira está a estudar a possibilidade de a converter numa fundação.[16]

Obras

Obras de Pacheco Pereira

  • As lutas operárias contra a carestia de vida em Portugal: a greve geral de Novembro de 1918 (Portucalense Editora, 1971);[17]
  • Conflitos sociais nos campos do sul de Portugal (Publicações Europa-América, 1983);
  • 1984: a esquerda face ao totalitarismo, com João Carlos Espada (Moraes, 1984);
  • A sombra: estudo sobre a clandestinidade comunista (Gradiva, 1993);
  • O nome e a coisa: textos dos anos 1980 e 90 (Editorial Notícias, 1997);
  • Desesperada Esperança e outros textos (Editorial Notícias, 1999);
  • Álvaro Cunhal, Uma Biografia Política. Vol. I: Daniel, O Jovem Revolucionário (1913–1941) (Círculo de Leitores, 1999);
  • Álvaro Cunhal, Uma Biografia Política. Vol. II: Duarte, O Dirigente Clandestino (1941–1949) (Círculo de Leitores, 2001);
  • Vai pensamento: ensaios e outros textos (Quetzal, 2002);
  • Álvaro Cunhal, Uma Biografia Política. Vol. III: O Prisioneiro (1949–1960) (Círculo de Leitores, 2005);
  • Quod Erat Demonstrandum — Diário das Presidenciais (Julho 2005 – Janeiro 2006) (Alêtheia, 2006);
  • Portugal: Identificação de um país, com Maria Filomena Mónica, Miguel Portas, Boaventura Sousa Santos e Fátima Campos Ferreira (Relógio d'Água, 2007);
  • O paradoxo do ornitorrinco (Alêtheia, 2007);
  • "O um dividiu-se em dois": Origens e enquadramento internacional dos movimentos pró-chineses e albaneses nos países ocidentais e em Portugal (1960–1965) (Alêtheia, 2008);
  • As Armas de Papel. Publicações periódicas clandestinas e do exílio ligadas a movimentos radicais de esquerda cultural e política (1963–1974) (Temas e Debates / Círculo de Leitores, 2013).
  • Crónicas dos dias do lixo (Temas e Debates / Círculo de Leitores, 2013).

Livros de outros autores preparados para publicação por Pacheco Pereira

  • Questões sobre o movimento operário português e a revolução russa de 1917 (Portucalense Editora, 1971);
  • A situação política de Portugal vista pelo movimento marxista-leninista internacional (Edições RÉS, 1975);
  • Sem independência nacional, um povo nada terá: Textos e artigos de marxistas-leninistas sobre a luta pela independência (Edições RÉS, 1975);
  • A salvação da República pela intervenção militar interna, de A. M. Strecht de Vasconcelos (Edições Afrontamento, 1978);[18]
  • Notícias históricas do concelho e vila de Boticas, de L. de Figueiredo da Guerra (Câmara Municipal de Boticas, 1982).

Livros prefaciados por José Pacheco Pereira

Obras colectivas com artigos de Pacheco Pereira

Traduções

  • Da práticaDe onde vêm as ideias justas, de Mao Tsé-Tung, com Maria Helena Cunha (Livraria Júlio Brandão, 1971);
  • Questões do Leninismo, de Estaline, com Maria Helena Cunha (Livraria Júlio Brandão, 1972);[28]
  • O materialismo dialéctico — O materialismo histórico, de Estaline, com Maria Helena Cunha (Livraria Júlio Brandão, 1972);[28]
  • O leninismo e a libertação dos povos oprimidos e outros textos, de Ho Chi Minh, com Maria Helena Cunha (Livraria Júlio Brandão).[28]

Referências

  1. Leia-se citação de Pacheco Pereira na reportagem Bento XVI: Cinco anos sem descanso.
  2. António Luís Cansado de Carvalho de Matos e Silva (1.ª Edição, Lisboa, 2006). Anuário da Nobreza de Portugal. [S.l.]: Dislivro Histórica. pp. Tomo IV. 20  Verifique data em: |ano= (ajuda)
  3. Veja-se o texto Adeus, de José Pacheco Pereira.
  4. No seu livro Foi Assim (p. 27), Zita Seabra descreve os encontros que tiveram (em 1966) nos seguintes termos: «Só conheci um caso de alguém que entrou na vida política dessa altura depois de ter optado por ler os clássicos e considerar que estava teoricamente preparado para o fazer: foi o José Pacheco Pereira. O meu liceu era a Carolina Michaëlis e todo o movimento associativo existente nos liceus se encontrava lá e no D. Manuel II, pois não tínhamos, para nosso desespero, contactos com os liceus do outro lado da cidade, o Rainha Santa Isabel e o Alexandre Herculano. O José Pacheco Pereira queria entrar para o movimento associativo e ser comunista e procurou-me com esse objectivo. Para poder entrar tinha feito uma enorme preparação teórica e já tinha lido uma série de obras dos clássicos do marxismo-leninismo. Primeiro, encontrámo-nos no Café de São Lázaro e tivemos posteriormente vários outros encontros. Achei aquilo muito estranho e disse-o ao controleiro […], que concordou comigo: ou ele era um génio para ler tanto e preparar-se daquela forma, ou era suspeito. O José Pacheco Pereira, já com uma enorme capacidade de leitura e preocupação intelectual, falava com à vontade d' O Capital de Marx, ou do Materialismo e Empiriocriticismo de Lenine. Nós achámos melhor pô-lo de quarentena, para termos a certeza de que tão estranho comportamento não seria o de um provocador. Nunca chegou a entrar para o PCP: eu deixei de acompanhar o caso, passei nessa altura à clandestinidade e ele não gostou do tempo de espera. Impaciente, criou o seu próprio partido marxista-leninista. Foi caso único.»
  5. Pacheco Pereira, José (12 de Dezembro de 2011). «Eu sei que não vale a pena». Abrupto. Abrupto.blogspot.com. Consultado em 12 de Dezembro de 2011 
  6. Veja-se também a entrevista dada ao jornal i
  7. Ver o prefácio da 2ª edição do livro As lutas operárias contra a carestia de vida em Portugal: a greve geral de Novembro de 1918.
  8. Ver a entrevista por Maria João Avillez, bem como o Dicionário de Personalidades Portuenses do Século 20.
  9. Ver a biografia de José Pacheco Pereira na página dos antigos estudantes ilustres da Universidade do Porto.
  10. Veja-se o texto Estudos sobre o Comunismo — Terceira série.
  11. Ver o cap. XXII de Soares — Democracia.
  12. Ver Dicionário de Personalidades Portuenses do Século 20.
  13. Veja-se o capítulo Tempo de partir do segundo colume da Autobiografia Política de Cavaco Silva.
  14. Fez dois mandatos consecutivos de um ano cada, em 1996–1998.
  15. «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "José Álvaro Machado Pacheco Pereira". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 18 de outubro de 2014 
  16. Ver Um homem cercado de livros e Pacheco Pereira diz que a sua biblioteca "não pode continuar privada".
  17. Foi re-editado pela Editora Nova Crítica em 1976.
  18. Esta edição do texto de A. M. Strecht de Vasconcelos foi publicada sob o título A preparação ideológica da intervenção militar de 28 de Maio de 1926.
  19. Contém o texto Um livo para queimar.
  20. Contém o texto Atitudes do trabalhador rural alentejano face à posse da terra e ao latifúndio.
  21. Contém o texto As lutas sociais dos trabalhadores alentejanos: Do banditismo à greve.
  22. Contém o texto Problemas da História do PCP
  23. Contém o texto Elementos para o estudo da origem do movimento operário no Porto: As associações mutualistas.
  24. Contém o texto A Federação Nacional dos Trabalhadores Rurais (1912–1926): síntese da comunicação.
  25. Contém o texto A case of orthodoxy: The Communist Party of Portugal.
  26. Contém o texto O Partido Comunista Português e a esquerda revolucionária.
  27. Contém o texto Paz, segurança e democracia, originalmente publicado no jornal Público (jornal) em 2003
  28. a b c Os tradutores publicaram a tradução sob o pseudónimo Álvaro Machado.

Bibliografia

Livros

  • Avillez, M. J., Soares — Democracia, Público, 1996
  • Seabra, Z., Foi Assim, Lisboa: Alêtheia, 2007
  • Cavaco Silva, A., Autobiografia Política II: Os anos de governo em maioria, Lisboa: Temas e Debates, 2004
  • Silva, Germano e Duarte, L. M. (eds.), Dicionário de Personalidades Portuenses do Século 20, Porto: Porto Editora, 2001

Artigos

Ligações externas

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