José (filho de Jacob)
José | |
---|---|
José interpretando os sonhos do Faraó, por Peter von Cornelius | |
Nome completo | José do Egito |
Nascimento | Harã[1] |
Morte | Egito |
Etnia | Hebreu |
Ocupação | Pastor, profeta e governador do Egito |
José ou José do Egito (em hebraico יוֹסֵף, significando "Yahweh acrescenta"; Yôsēp em hebraico tiberiano; mais tarde designado como צפנת פענח, Tzáfnat panéach, em hebraico padrão ou Ṣāp̄ənaṯ paʿănēªḥ em hebraico tiberiano, do egípcio que significaria "Descobridor das coisas ocultas") foi o décimo primeiro filho de Jacó, nascido de Raquel, citado no Antigo Testamento, em Gênesis 37:, considerado o fundador da tribo de José, constituída, por sua vez, da tribo de Efraim e da tribo de Manassés (seus filhos). Quando foi coroado como um homem de confiança ao Faraó, foi-lhe concedida a mão de Azenate, filha de Potífera, sacerdote de Om.[2]
História
Filho preferido de Jacó, apesar de não ser o seu primogênito (mas o primeiro filho de Raquel, a mulher que mais amava),[3] José nunca escondeu a sua liderança. O favoritismo, de que era alvo por parte do pai, valeu-lhe a malquerença dos irmãos, que o venderam, ainda jovem, com apenas 17 para 18 anos, por 20 moedas (sheqel) de prata, como escravo a mercadores ismaelitas, que o levaram ao Egito do período da XVII dinastia.[4]
Já no Egito, foi comprado por Potifar (oficial e capitão da guarda do rei do Egipto), de quem conquistou a confiança e tornou-se o diligente dos criados e administrador da casa. Na casa de Potifar, acabou estudando com um escriba e aprendeu a língua egípcia. Foi preso após acusação injusta de tentativa de abuso da mulher do seu amo, depois de uma tentativa frustrada de sedução por parte desta.[5]
Na prisão
Na prisão, tornou-se conhecido como intérprete dos sonhos. Lá, ele decifrou o sonho do copeiro-chefe e padeiro-chefe do palácio do Faraó, que foram presos acusados de conspiração. Segundo a interpretação de José, o sonho do padeiro-chefe indicava que este seria enforcado, mas o do copeiro-chefe indicava que este seria salvo, o que de fato aconteceu.[6]
José é constituído sobre todo o Egito
Dois anos mais passaria José na prisão, até que o Faraó pediu para que interpretasse um sonho que tivera, aconselhado pelo copeiro-mor. Em parte do sonho, Faraó via subir do Nilo sete vacas gordas e em seguida outras sete vacas magras, que devoravam as sete vacas gordas. José interpretou o sonho do Faraó como sendo uma previsão de que viriam sobre o Egito sete anos de abundância, seguidos por mais sete de seca e fome. O Faraó, satisfeito com a interpretação dada ao seu sonho, dá a José um anel de seu dedo, o faz vestir vestes de linho fino, põe um colar de ouro no seu pescoço e o constitui sobre toda a terra do Egito. José tinha então a idade de trinta anos. O Faraó deu-lhe ainda Azenate por mulher.[7]
José, então, ordena que se construam celeiros para guardar a produção do Egito durante os anos de fartura. Em verdade, também, nos anos em que passou na prisão, havia se inteirado da situação política do Egito e sabia também que nos anos de seca que viriam, como se mostrou nos sonhos do Faraó, apenas o Baixo Egito teria mantimentos que tinham sido armazenados.[8] E assim aconteceu. Nos sete anos de seca que vieram depois, havia fome em todas as terras, menos nas terras do Faraó. Todo o Egito clamava a Faraó por alimento e este mandava que fossem a José e este abriu todos os celeiros e vendia os mantimentos aos egípcios.[9]
José reencontra-se também com os seus irmãos, que vieram em busca de alimento e que, ao serem reconhecidos pelo irmão poderoso, tiveram medo de serem castigados pelo que tinham feito a ele, porém José os perdoou, chorando junto com eles.[10]
José enviou seus irmãos de volta a seu pai, com um recado: para que todos descessem ao Egito, sem demora, para habitar a Terra de Gósen e assim ficar perto dele. Pediu que viessem os filhos, netos, rebanhos e tudo quanto tivessem. José os sustentaria, pois ainda restavam cinco anos de fome.[11] [12]
Quando Jacó (Israel) chegou ao Egito, José subiu ao seu encontro, abraçando-o e chorando demoradamente.[13]
Todos os onze irmãos a quem José ajudou, além de seu pai e todos os demais parentes (sendo ao todo sessenta e seis pessoas), foram: Zebulom, Issacar, Rúben, Naftali, Benjamim, Dã, Simeão, Levi, Judá, Gade e Aser.[14]
É assim que o povo israelita se instala no Egito, antes de ser escravizado e, mais tarde, libertado sob a liderança de Moisés.
O fim do governo
É possível que durante os anos de seca os sacerdotes tenham conseguido despertar a ira popular contra José e Apopi I, o faraó hicso, pois é durante esses anos que acontecem vários conflitos civis contra os governantes que terminaram com a vitória do faraó Taá II e seu exército, que tomaram primeiro Mênfis e depois a então capital Tânis. Vendo-se sem condições de vencer, Apopi e seus vassalos refugiam-se em Aváris, a cidade fortaleza construída pelos hicsos. Os hicsos acabaram finalmente vencidos, depois de aproximadamente 500 sobre as terras do Egito, por Amósis filho de Taá, na XVIII dinastia. É muito provável que José tenha morrido durante esses combates contra Taá II ou em um dos conflitos civis.
Mesmo com a ascensão demorada de José, que era cárcere e, depois de Deus o usar como intérprete para os sonhos do Faraó Ramsés, se tornar o 2º na terra do Egito, nunca foi vista uma mudança de ego em José. Após o encontro com sua família, José arranjou a melhor terra no Egito para que sua família morasse. José viveu muitos anos no Egito até sua morte com 110 anos [15], mas nunca se esqueceu da aliança de Deus para o povo de Israel. Essa aliança foi a de que a terra de Canaã, onde morava seu pai Jacó, seria dada à Abraão e seus descendentes. Antes de sua morte, José pediu para que fosse enterrado na Terra de Canaã, pois era a Terra que Deus tinha dado a Abraão e seus descendentes por herança. O povo de Israel somente saiu da escravidão do Egito após 430 anos a contar da descida de Jacó ao Egito para encontrar-se com José, sendo libertados por Moisés.
Na cultura popular
A figura de José inspirou vários autores e artistas ao longo da história, devido à riqueza narrativa do relato que é, sem dúvida, uma das mais populares gestas bíblicas. Thomas Mann recontou a história em José e seus irmãos e Andrew Lloyd Webber, com "José e o deslumbrante manto de mil cores", passou a história para um musical de sucesso. Um filme estadunidense, intitulado "Joseph: King of Dreams" foi lançado em 2000, pela Dreamworks.
A história foi recontada entre Janeiro e Outubro de 2013 pela TV Record no seriado brasileiro de 38 episódios, José do Egito. A série televisiva foi um sucesso de audiência.
José do Egito e a Jornada do Herói
O primeiro livro da Bíblia, Gênesis, narra do capítulo 37 ao 50, a vida de José, também conhecido como José do Egito. A história de José é uma das mais conhecidas narrativas bíblicas e faz parte do imaginário coletivo da civilização judaico-cristã. É possível encontrar na trajetória de José várias das funções básicas da narrativa enunciadas por Vladimir Propp.
Apresentação e início da jornada
- Afastamento: vítima do ciúme e do ódio de seus irmãos por ser o filho predileto de Jacó, José é vendido aos ismaelitas para ser escravo no Egito, onde ele se torna mordomo na casa de Potifar.
"Nó da Intriga"
- Fraude: atraída por José, a mulher de Potifar, Sati, tenta seduzi-lo. José resiste. (A mulher como tentação é um dos estágios da jornada do herói segundo Joseph Campbell.)
- Dano: em uma ocasião, irritada com a rejeição do servo e em posse de suas vestes, Sati acusa José de ter tentado violentá-la e mostra as roupas dele como prova. Potifar acredita nas falsas acusações da esposa e o "lança no cárcere" (Gn. 39: 20). Na prisão, José interpreta os sonhos de dois ex-criados do Faraó, o padeiro-chefe e o copeiro-chefe.
Designação da prova e vitória do herói
- Designação da prova: enquanto José estava na prisão, o Faraó se vê atormentado por sonhos que nenhum sábio do Egito é capaz de interpretar. Nos sonhos do rei, sete vacas magras devoravam sete vacas gordas e sete espigas de milho secas e mirradas devoravam sete espigas de milho cheias. O copeiro-chefe, já restituído de suas funções, conta ao Faraó sobre um hebreu com quem ele conviveu na prisão que é capaz de interpretar sonhos. O Faraó pede que tragam José à sua presença.
- Recebimento do adjuvante: sob inspiração divina, José interpreta os sonhos do Faraó, afirmando que as sete vacas gordas e as sete espigas de milho cheias simbolizavam sete anos de fartura no Egito, e as sete vacas magras e as sete espigas secas e mirradas simbolizavam sete anos de fome. A "inspiração divina" pode ser entendida como o artefato "mágico" que ajuda o herói a cumprir sua prova: o adjuvante.
- Estigma: impressionado com a sabedoria do hebreu, o Faraó dá um anel a José (símbolo da heroicidade) e o nomeia governador (ou Adon) do Egito.
- Vitória do herói: José assume o posto como o mais poderoso homem do Egito, submisso apenas à autoridade do Faraó. O herói simboliza o pacto feito entre o hebreu e o Soberano do Egito. E ainda consegue perdoar os irmãos e trazer o seu povo para o país que adotou como casa.
Referências
- ↑ Segundo o Gênesis.
- ↑ Gênesis 41:45
- ↑ Gênesis 29:30
- ↑ Gênesis 37:2:28
- ↑ Gênesis 39:7:20
- ↑ Gênesis 40:1:22
- ↑ «Fê-lo subir ao seu segundo carro, e clamavam diante dele: Ajoelhai-vos. Ele o constituiu sobre toda a terra do Egito» (Gênesis 41:1:46)
- ↑ Gênesis 41:47:49
- ↑ Gênesis 41:55:57
- ↑ Gênesis 45:1:15
- ↑ Gênesis 45:9:11
- ↑ Gênesis 46:1:7
- ↑ «Disse Israel a José: Morra eu agora, pois tenho visto o teu rosto, que ainda vives.» (Gênesis 46:29:30)
- ↑ Gênesis 46:8:26
- ↑ Gênesis 50:22
Bibliografia
- A Bíblia Sagrada, Gênesis, do capítulo 37 ao capítulo 50
- O Chanceler de Ferro, Wera Krijanowsky e Conde J. W. Rochester, FEB (literatura espírita)
- MILES, Jack. Deus: Uma Biografia. 2ª edição. São Paulo: Cia das Letras, 1997 cap. 3 ISBN 85-7164-633-3
Filhos de Jacó, por esposa e ordem de nascimento | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Lia | Rúben (1) | Simeão (2) | Levi (3) | Judá (4) | Issacar (9) | Zebulom (10) | Diná (11) | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Raquel | José (12) | Benjamim (13) | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Bila (criada de Raquel) | Dã (5) | Naftali (6) | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Zilpa (criada de Lia) | Gade (7) | Aser (8) |