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Febre tifoide: diferenças entre revisões

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O gênero ''Salmonella'' corresponde a uma bactéria, do tipo [[bacilo]]s [[gram-negativa|gram-negativos]] e anaeróbios facultativos, pertencentes à família [[Enterobacteriaceae]]. Possuem metabolismo aumentado em comparação com outras bactérias.
O gênero ''Salmonella'' corresponde a uma bactéria, do tipo [[bacilo]]s [[gram-negativa|gram-negativos]] e anaeróbios facultativos, pertencentes à família [[Enterobacteriaceae]]. Possuem metabolismo aumentado em comparação com outras bactérias.
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A ''[[Salmonella typhi]]'' não é propriamente uma espécie, mas sim a designação comum do [[serotipo]] ''Salmonella enterica typhi'' (''S.enterica'' subespécie ''typhi''), que inclui várias outras [[subespécie]]s que não causam esta doença. O serotipo ''Salmonella enterica paratyphi'' causa uma doença semelhante, a [[febre paratifóide]].
A ''[[Salmonella typhi]]'' não é propriamente uma espécie, mas sim a designação comum do [[serotipo]] ''Salmonella enterica typhi'' (''S.enterica'' subespécie ''typhi''), que inclui várias outras [[subespécie]]s que não causam esta doença. O serotipo ''Salmonella enterica paratyphi'' causa uma doença semelhante, a [[febre paratifóide]].

Revisão das 11h20min de 23 de setembro de 2013

PAGENAME
Febre tifoide
Roséolas tíficas, manchas típicas da febre tifoide.
Especialidade infecciologia
Classificação e recursos externos
CID-10 A01.0
CID-9 002
CID-11 1528414070
DiseasesDB 27829
MedlinePlus 001332
eMedicine oph/686 med/2331
MeSH D014435
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A febre tifoide é uma doença causada por bactéria diferente que a Tifo.

Febre tifoide tifoide (pré-AO 1990: ) é uma doença infectocontagiosa causada pela ingestão da bactéria Salmonella typhi em alimentos ou água contaminada. Trata-se de uma forma de salmonelose restrita aos seres humanos e caracterizada por sintomas proeminentes, sendo endêmica em países subdesenvolvidos.

Causa

"Salmonella typhi" invadindo a célula humana.

O gênero Salmonella corresponde a uma bactéria, do tipo bacilos gram-negativos e anaeróbios facultativos, pertencentes à família Enterobacteriaceae. Possuem metabolismo aumentado em comparação com outras bactérias.

A Salmonella typhi não é propriamente uma espécie, mas sim a designação comum do serotipo Salmonella enterica typhi (S.enterica subespécie typhi), que inclui várias outras subespécies que não causam esta doença. O serotipo Salmonella enterica paratyphi causa uma doença semelhante, a febre paratifóide.

O período de incubação é entre 1 a 3 semanas, geralmente 2. As bactérias são ingeridas e quando chegam ao lúmen intestinal invadem um tipo especializado de célula do epitélio do órgão, a célula M, por mecanismos de endocitose ou invasão direta, passando depois à áreas subserosas. Aí são fagocitadas por macrófagos, mas resistem à destruição intracelular. Como estas células linfáticas são altamente móveis, são transportadas para tecidos linfáticos por todo o corpo, como gânglios linfáticos, baço, fígado, pele e medula óssea. A sua disseminação é inicialmente pela linfa, e depois sanguínea.

Sinais e sintomas

Em regiões endêmica, a incidência de febre tifoide pode ser de 25 a 60 vezes maior entre indivíduos HIV positivos.[1]

Como a maioria das bactérias gram-negativa, possuem lipopolissacarídeos (LPS) na membrana celular, que atuam como fortes indutores de resposta imunitária, podem causar vasodilatação em todo o corpo, choque séptico e.

Sintomas na primeira semana[2]:

  • Febre alta (40 graus);
  • Forte diarreia;
  • Mal estar;
  • Tosse seca[1];
  • Dor de cabeça[1];
  • Dor de barriga.

Outros sintomas que ocorrem a partir da segunda semana são[2]:

  • Abdômen sensível;
  • Agitação motora;
  • Manchas rosadas pelo corpo (roséola);
  • Inchaço do fígado e baço[1];
  • Constipação intestinal[1];
  • Fezes com sangue;
  • Calafrios;
  • Confusão mental;
  • Delirium;
  • Humor instável;
  • Sangramento do nariz;
  • Exaustão;
  • Fraqueza muscular (miastenia).

Caso não seja tratado por três semanas, possíveis complicações são:

Transmissão

Geralmente é transmitida através da ingestão de alimentos ou água contaminada ou então pelo contato direto com a saliva do portador em um espirro, beijo ou compartilhamento de talheres e copos. É importante portanto separar talheres e copos para a pessoa infectada. Seu agente causador é classificado como uma bactéria de alta infectividade, baixa patogenicidade e alta virulência.[1]

Começa a ser transmissível na primeira semana de infecção e continua até ser tratado adequadamente. Cerca de 10% dos doentes continuam eliminando bacilos até 3 meses após o início da doença.[1]

A salmonela sobrevive 40 dias no esgoto, 2 semanas em laticínios e 4 semanas em ostras e mariscos contaminados, podendo ser encontrado também em algumas carnes, peixes e na água do mar.[1]

A bactéria geralmente é espalhada através das fezes e urina de pessoas contaminadas, sendo portanto comum apenas em locais sem tratamento de água e esgoto adequado como a região Norte e Nordeste do Brasil.[1]

Algumas pessoas infectadas podem não apresentar sintomas, ou apresentar apenas sintomas leves, mas continuam transmitindo a doença. Deixar os alimentos na geladeira ou no congelamento não é suficiente para matar as a bactéria.[1]

Epidemiologia

Áreas endêmicas em 2006 segundo a OMS.

A doença é uma pandemia exclusiva em seres humanos, sendo endêmica na América Latina, na África, Europa Oriental e sul da Ásia. A OMS estima que ocorrem entre 16 e 33 milhões de casos de febre tifoide por ano, resultando em 216.000 mortes em áreas endêmicas. Sua incidência é maior em crianças e adultos jovens entre 5 e 19 anos.[3]

A hospitalização é feita entre 10% a 40% dos casos e dura geralmente de 10 a 15 dias ou mais. Sem tratamento 10% a 30% morrem em menos de um mês, e com tratamento a mortalidade diminui para cerca de 1% a 4% em áreas endêmicas, geralmente crianças.[4]

No Brasil, entre 2000 e 2011, ocorreram entre 100 a 1000 casos por ano com menos de 30 casos por ano resultando em morte. Pará e Alagoas foram os mais afetados e a maior parte dos casos foi entre 2002 e 2006. 75% dos casos foram em áreas urbanas. A principal suspeita da contaminação, em cerca de 70%, foi por ingestão de alimentos ou água contaminados.[1]

Diagnóstico

Para o diagnóstico definitivo da FT é necessário o isolamento da Salmonella typhi, uma vez que o quadro clínico é inespecífico e comum a outras patologias. Eventualmente podem ser usados métodos que demonstram a presença de antígenos ou anticorpos contra esta bactéria.

A reação de Widal é um teste de aglutinação em tubo que demonstra resposta serológica contra a S. typhi. Este teste, apesar de apresentar várias limitações, é ainda muito utilizado em regiões pouco desenvolvidas.[5]

Exames de sangue mostram elevado número de leucócitos. Cultura sanguínea, de medula ou de fezes podem revelar a bactéria.[2]

Atualmente estão disponíveis testes comerciais que utilizam uma metodologia modificada e possibilitam a detecção de anticorpos contra os antígenos O, H, ou Vi da S.typhi

Tratamento

A vacina é recomendada para quem vive ou for viajar a locais sem tratamento adequado de água e esgoto.[1]

A febre tifoide deve ser tratada com antibióticos específicos, mais comumente o cloranfenicol, ampicilina ou quinolonas. Caso os antibióticos tradicionais não sejam eficientes em reduzir os sintomas em poucos dias, antibióticos alternativos como fluoroquinolona podem ser utilizados[6]. Pacientes com vômito e diarreia por mais de um dia podem receber soro oral ou injetável para reidratarem.

Complicações são mais comuns em crianças. Cirurgia pode ser necessária para tratar as ulcerações do sistema digestivo, especialmente no intestino, vesículas e bexiga.

Os doentes que se tenham curado sem tratamento antibiótico podem continuar transmitindo a doença por vários meses, exigindo tratamento com antibióticos e separação de copos e talhes até eliminam as bactérias remanescentes.

Prevenção

Além da vacinação, para evitar o contágio da febre tifoide é necessário tratar a água e o esgoto, eliminar o lixo adequadamente, lavar bem as mãos e os alimentos e cozinhar bem os alimentos. É importante identificar os portadores recorrentes para eliminar as bactérias resistentes a algum antibiótico.[3]

As vacinas modernas possuem 96% a 89% de eficiência nos primeiros 3 anos, porém vacinas mais antigas com 75%-55% de eficiência também são usadas em certos países subdesenvolvidos. Geralmente só são oferecidas gratuitamente para a população geral durante surtos nas regiões mais afetadas.[3]

Histórico

A Princesa Leopoldina, filha do Imperador do Brasil Dom Pedro II, morreu de febre tifoide em 7 de Fevereiro de 1871.

A Salmonella typhi é também conhecida como bacilo de Elberth, assim chamado em homenagem a Karl Joseph Elberth que o descreveu pela primeira vez em 1880.

Em 1907, Mary Mallon (a original "Maria Tifóide") foi o primeiro portador a ser identificado após uma epidemia, nos EUA.

A febre tifoide vitimou várias personagens históricas, incluindo o compositor Franz Schubert, o consorte da Rainha Vitória do Reino Unido, Alberto de Saxe-Coburgo-Gota, Wilbur Wright, um dos primeiros aviadores, Péricles (governante de Atenas), e ainda a princesa do Brasil Leopoldina de Bragança e Bourbon.

Ver também

  • Tifo (doença distinta causada por bactéria do gênero Rickettsia)

Ligações externas

Commons
Commons
O Commons possui imagens e outros ficheiros sobre Febre tifoide

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l m n http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/febre_tifoide_apresent_2011.pdf
  2. a b c http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmedhealth/PMH0002308/
  3. a b c http://www.who.int/vaccine_research/diseases/diarrhoeal/en/index7.html
  4. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15298225
  5. Ryan KJ, Ray CG (editors) (2004). Sherris Medical Microbiology (4th ed.). McGraw Hill. ISBN 0-8385-8529-9.
  6. Cooke FJ, Wain J, Threlfall EJ (2006). "Fluoroquinolone resistance in Salmonella typhi (letter)". Brit Med J 333 (7563): 353–354. doi:10.1136/bmj.333.7563.353-b. PMC 1539082. PMID 16902221.