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Missa tridentina: diferenças entre revisões

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O [[Papa Bento XVI]] em 2007 pelo [[motu proprio]] ''[[Summorum Pontificum]]'', regulamentou a possibilidade do uso da liturgia tridentina; no rito romano nas missas privadas celebradas sem o povo, os padres podem usar livremente a liturgia tridentina;<ref>[http://www.sanctamissa.org/en/resources/summorum-pontificum.html ''Summorum Pontificum''], articles 2 and 4</ref> ela também pode ser usada publicamente em [[paróquia]]s, se houver um grupo estável de fiéis (''coetus fidelium'') que a ela assista.<ref>[http://www.sanctamissa.org/en/resources/summorum-pontificum.html ''Summorum Pontificum''], article 5</ref>
O [[Papa Bento XVI]] em 2007 pelo [[motu proprio]] ''[[Summorum Pontificum]]'', regulamentou a possibilidade do uso da liturgia tridentina; no rito romano nas missas privadas celebradas sem o povo, os padres podem usar livremente a liturgia tridentina;<ref>[http://www.sanctamissa.org/en/resources/summorum-pontificum.html ''Summorum Pontificum''], articles 2 and 4</ref> ela também pode ser usada publicamente em [[paróquia]]s, se houver um grupo estável de fiéis (''coetus fidelium'') que a ela assista.<ref>[http://www.sanctamissa.org/en/resources/summorum-pontificum.html ''Summorum Pontificum''], article 5</ref>
== Terminologia ==
== Terminologia ==
Atualmente, a Missa Tridentina é definida pela Igreja como a "forma ''extraordinaria'' do Rito Romano", <ref>[http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/motu_proprio/documents/hf_ben-xvi_motu-proprio_20070707_summorum-pontificum_lt.html Motu proprio ''Summorum pontificum''] Art. 1.</ref> indicando portanto, que a missa nova de Paulo VI permanece como a "[[Missa de Paulo VI|forma ''ordinária'']]" ou "normal" do Rito Romano, embora ambos não sejam considerados ritos distintos, mas apenas "formas diferentes do mesmo rito".<ref name="SP">[http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/letters/2007/documents/hf_ben-xvi_let_20070707_lettera-vescovi_it.html Lettera di Benedetto XVI ai Vescovi] in occasione della pubblicazione del Motu Proprio ''Summorum Pontificum''</ref> É chamada comumente de "Missa Tridentina" (gentílico de [[Trento]], na [[Itália]]) ou "Missa de São Pio V", porque o [[Concílio de Trento]], pediu aos papas, a revisão do Missal Romano, que foi aplicada pelo [[Papa São Pio V]] em 1570.
Actualmente, a Missa Tridentina é definida pela Igreja como a "forma ''extraordinária'' do Rito Romano", <ref>[http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/motu_proprio/documents/hf_ben-xvi_motu-proprio_20070707_summorum-pontificum_lt.html Motu proprio ''Summorum pontificum''] Art. 1.</ref> indicando portanto, que a missa nova de Paulo VI permanece como a "[[Missa de Paulo VI|forma ''ordinária'']]" ou "normal" do Rito Romano, embora não sejam considerados ritos distintos, mas apenas "formas diferentes do mesmo rito".<ref name="SP">[http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/letters/2007/documents/hf_ben-xvi_let_20070707_lettera-vescovi_it.html Lettera di Benedetto XVI ai Vescovi] in occasione della pubblicazione del Motu Proprio ''Summorum Pontificum''</ref> É chamada comummente de "Missa Tridentina" (gentílico de [[Trento]], na [[Itália]]) ou "Missa de São Pio V", porque o [[Concílio de Trento]], pediu aos papas, a revisão do Missal Romano, que foi aplicada pelo [[Papa São Pio V]] em 1570.


Também é comumente chamado de "rito antigo", "rito tradicional", "rito romano clássico", "missa de sempre", "missa de todos os tempos",<ref>{{cite web |url = http://www.papalencyclicals.net/Pius05/p5quopri.htm | title = Quo primum | accessdate = 2008-03-25 | quote = We decided to entrust this work to learned men of our selection. They very carefully collated all their work with the ancient codices in Our Vatican Library and with reliable, preserved or emended codices from elsewhere. Besides this, these men consulted the works of ancient and approved authors concerning the same sacred rites; and thus ''they have restored the Missal'' itself to the original form and rite of the holy Fathers. When this work has been gone over numerous times and ''further emended'', after serious study and reflection, We commanded that the finished product be printed and published.}}</ref> "missa das eras",<ref>[http://www.catholiceducation.org/articles/religion/re0540.html The Mass of Vatican II]</ref> ou "usus antiquior" (uso antigo) - "forma antiquior" (forma antiga), para diferenciá-la do uso, e da forma, da missa nova. É também conhecida como "missa em [[latim]]", embora de forma inadequada, uma vez que mesmo a liturgia da missa de 1969 pode ser celebrada nesse idioma. Menos comumente, em círculos mais cultos, é chamado de "''Vetus Ordo Missae''" (Velho Ordinário da Missa).<ref>O Missal é composto do Ordinário, do Próprio e do Comum. O Ordinário compõe as partes da liturgia da missa que normalmente não mudam, sem levar em conta a data em que seja executada; enquanto o Próprio, é a parte da liturgia que varia de acordo com a data, devido a comemoração de uma festa dentro do ano litúrgico, ou de um determinado santo ou evento significativo, e o Comum, que contém as orações que são comum a toda uma categoria de santos, como apóstolos ou mártires. Essa terminologia é usada em contrapartida com a missa nova, chamada de "Novus Ordo Missae".</ref> Como seus elementos essenciais remontam a liturgia do [[Papa Gregório I]], também é conhecida como "Missa Gregoriana".<ref>{{cite web|url=http://www.telegraph.co.uk/news/uknews/2129070/Latin-mass-to-return-to-England-and-Wales.html|title=Latin mass to return to England and Wales|publisher=[[The Daily Telegraph]]|date=2008-06-14|accessdate=2008-06-17|last= Thompson|first=Damian}}</ref><ref>Esta definição, não deve ser confundida, com uma devoção chamada também de missas gregorianas ou "Ciclo Gregoriano", que de acordo com uma devoção popular, a celebração de trinta missas ininterruptas por 30 dias consecutivos, oferecidas em sufrágio pelas almas dos falecidos, os liberta do [[purgatório]], esse termo provém do fato de que essa prática foi animada primeiramente também por São Gregório, o Grande. </ref>
Também é commumente chamado de "rito antigo", "rito tradicional", "rito romano clássico", "missa de sempre", "missa de todos os tempos",<ref>{{cite web |url = http://www.papalencyclicals.net/Pius05/p5quopri.htm | title = Quo primum | accessdate = 2008-03-25 | quote = We decided to entrust this work to learned men of our selection. They very carefully collated all their work with the ancient codices in Our Vatican Library and with reliable, preserved or emended codices from elsewhere. Besides this, these men consulted the works of ancient and approved authors concerning the same sacred rites; and thus ''they have restored the Missal'' itself to the original form and rite of the holy Fathers. When this work has been gone over numerous times and ''further emended'', after serious study and reflection, We commanded that the finished product be printed and published.}}</ref> "missa das eras",<ref>[http://www.catholiceducation.org/articles/religion/re0540.html The Mass of Vatican II]</ref> ou "usus antiquior" (uso antigo) - "forma antiquior" (forma antiga), para diferenciá-la do uso, e da forma, da missa nova. É também conhecida como "missa em [[latim]]", embora de forma inadequada, uma vez que mesmo a liturgia da missa de 1969 pode ser celebrada nesse idioma. Menos commumente, em círculos mais cultos, é chamado de "''Vetus Ordo Missae''" (Velho Ordinário da Missa).<ref>O Missal é composto do Ordinário, do Próprio e do Comum. O Ordinário compõe as partes da liturgia da missa que normalmente não mudam, sem levar em conta a data em que seja executada; enquanto o Próprio, é a parte da liturgia que varia de acordo com a data, devido a comemoração de uma festa dentro do ano litúrgico, ou de um determinado santo ou evento significativo, e o Comum, que contém as orações que são comum a toda uma categoria de santos, como apóstolos ou mártires. Essa terminologia é usada em contrapartida com a missa nova, chamada de "Novus Ordo Missae".</ref> Como os seus elementos essenciais remontam à liturgia do [[Papa Gregório I]], também é conhecida como "Missa Gregoriana".<ref>{{cite web|url=http://www.telegraph.co.uk/news/uknews/2129070/Latin-mass-to-return-to-England-and-Wales.html|title=Latin mass to return to England and Wales|publisher=[[The Daily Telegraph]]|date=2008-06-14|accessdate=2008-06-17|last= Thompson|first=Damian}}</ref><ref>Esta definição, não deve ser confundida, com uma devoção chamada também de missas gregorianas ou "Ciclo Gregoriano", em que de acordo com uma devoção popular, a celebração de trinta missas ininterruptas por 30 dias consecutivos, oferecidas em sufrágio pelas almas dos falecidos, os liberta do [[purgatório]], esse termo provém do facto de que essa prática foi animada primeiramente também por São Gregório, o Grande. </ref>


== Introdução ==
== Introdução ==

Revisão das 10h34min de 1 de março de 2013

A Missa Tridentina é a liturgia da Missa do Rito Romano contida nas edições típicas[1] do Missal Romano que foram publicadas de 1570 a 1962. Foi a liturgia da missa mais amplamente celebrada em todo o mundo, até que o Concílio Vaticano II, pediu sua revisão, o que ocasionou a promulgação de uma nova liturgia, pelo Papa Paulo VI, em 1969.

O Papa Bento XVI em 2007 pelo motu proprio Summorum Pontificum, regulamentou a possibilidade do uso da liturgia tridentina; no rito romano nas missas privadas celebradas sem o povo, os padres podem usar livremente a liturgia tridentina;[2] ela também pode ser usada publicamente em paróquias, se houver um grupo estável de fiéis (coetus fidelium) que a ela assista.[3]

Terminologia

Actualmente, a Missa Tridentina é definida pela Igreja como a "forma extraordinária do Rito Romano", [4] indicando portanto, que a missa nova de Paulo VI permanece como a "forma ordinária" ou "normal" do Rito Romano, embora não sejam considerados ritos distintos, mas apenas "formas diferentes do mesmo rito".[5] É chamada comummente de "Missa Tridentina" (gentílico de Trento, na Itália) ou "Missa de São Pio V", porque o Concílio de Trento, pediu aos papas, a revisão do Missal Romano, que foi aplicada pelo Papa São Pio V em 1570.

Também é commumente chamado de "rito antigo", "rito tradicional", "rito romano clássico", "missa de sempre", "missa de todos os tempos",[6] "missa das eras",[7] ou "usus antiquior" (uso antigo) - "forma antiquior" (forma antiga), para diferenciá-la do uso, e da forma, da missa nova. É também conhecida como "missa em latim", embora de forma inadequada, uma vez que mesmo a liturgia da missa de 1969 pode ser celebrada nesse idioma. Menos commumente, em círculos mais cultos, é chamado de "Vetus Ordo Missae" (Velho Ordinário da Missa).[8] Como os seus elementos essenciais remontam à liturgia do Papa Gregório I, também é conhecida como "Missa Gregoriana".[9][10]

Introdução

Existem muitas diferenças entre a missa de 1570 e a missa dos primeiros séculos em Roma. Já antes do Papa Gregório I (590-604) houve, entre outras mudanças, uma revisão radical do cânon da missa e uma redução do número das leitura bíblicas[11][12] O Papa Gregório I também reformou o rito romano: ancorou o Pai-Nosso ao final do cânon.[13] mudou a ordem de algumas partes do cânon,[14] inseriu uma frase no Hanc igitur[15] e introduziu "Christe eleison" como variação de "Kyrie eleison".[16] Outros elementos da forma tridentina do rito romano apareceram mais tarde, como o Credo (1014 em Roma) e as orações do ofertório (século XIII).[11]

O Concílio Vaticano II (1962-1965), na constituição Sacrosanctum Concilium (1963), mandou rever o rito da missa, assim como os restantes livros litúrgicos, segundo os princípios enunciados na mesma constituição. Tal ordem foi executada por um grupo de especialistas em liturgia, Bíblia e teologia, nomeados pelo Papa Paulo VI, que promulgou em 1969 o novo Ordo Missae (ordinário da missa, parte invariável de todas as celebrações da missa) e em 1970 o novo Missal Romano. Este Missal Romano reformado conheceu até hoje três edições, em 1970, 1975 e 2002.

Contudo, os católicos chamados tradicionalistas, descontentes com o Concílio Vaticano II e com o rumo então tomado pelas autoridades eclesiásticas, não receberam com bons olhos o novo missal, preferindo celebrar a missa na anterior forma. Eles alegavam que a nova forma da missa dessacralizava o Sacríficio de Cristo e era muito próxima à Ceia Luterana e outras cerimônias protestantes. Entre estes, notabilizou-se o arcebispo Marcel Lefebvre, fundador da Fraternidade Sacerdotal de São Pio X, um dos mais notáveis grupos tradicionalistas. Além deste, há muitos outros grupos católicos tradicionalistas, alguns dos quais em boas relações com a Santa Sé e com os Bispos da Igreja Católica, enquanto outros, entre os quais a Fraternidade Sacerdotal de São Pio X, estão em desacordo. Característica comum de todos estes grupos é celebrarem a missa tridentina, utilizando para isso ou a última edição típica do Missal Romano antes da reforma de Paulo VI, ou seja, o chamado Missal de 1962 (ano em que foi publicado) ou uma edição publicada antes da eleição do Papa João XXIII.

Apesar do missal de 1962 nunca ter sido abrogado juridicamente,[17] na prática, o novo missal deveria substituir o antigo. Face, porém, aos católicos que mantiveram o uso do missal 1962, foi dada permissão ao seu uso em 1984, quando a carta Quattuor abhinc annos atribuiu aos bispos a faculdade de concederem tais autorizações, em casos justificados e com certas limitações. Tais disposições foram confirmadas pelo motu proprio Ecclesia Dei, de 1988.

Em 7 de Julho de 2007, o Papa Bento XVI promulgou o motu proprio "Summorum Pontificum", em que liberaliza o uso, como forma extraordinária do rito romano, do Missal Romano editado em 1962, cujo uso nas missas celebradas sem o povo fica doravante ao arbítrio da cada padre,[18] podendo também a celebração pública ser permitida, sem recorrer ao bispo, se solicitada por um grupo estável de fiéis.[19] A forma ordinária ou normal da celebração da Missa segundo o rito romano continua a ser a do Missal publicado por Paulo VI, mas a forma do ano 1962 está permitida como forma extraordinária.[20]

História

Face às doutrinas propagadas pelos protestantes, o Concílio de Trento reafirmou a doutrina católica sobre a Missa, sobretudo nas sessões XIII, em que versou sobre a presença real de Jesus Cristo na Eucarístia, e na XXII, sobre o sacrifício. Além disso, mandou elaborar uma lista de abusos cometidos na celebração da missa, a partir da qual promulgou um documento acerca das "coisas a observar e a evitar na celebração da missa". Tais abusos podem reduzir-se a avareza, irreverência e superstição.

A fim de eliminar esses abusos, era intenção do Concílio proceder à reforma dos livros litúrgicos. No entanto, como o Concílio já acontecia há vários anos, os padres conciliares decidiram, na última sessão, incumbir o Papa Pio IV dessa função. Contudo, foi Pio V que realizou tal incumbência, promulgando, em 1570, através da bula Quo primum tempore, o Missal Romano revisado. Nessa bula, Pio V esclarece que o objectivo da revisão dos livros litúrgicos era restaurar os ritos "em conformidade com a antiga norma dos Santos Padres". No entanto, como afirma a Instrução Geral do Missal Romano, documento que acompanha o Missal de Paulo VI, "este Missal de 1570 pouco difere do primeiro impresso em 1474, o qual, por sua vez, reproduz fielmente o Missal do tempo de Inocêncio III. Além disso, se bem que os códices da Biblioteca Vaticana tenham ajudado a corrigir algumas expressões, não permitiram, naquela diligente investigação dos “antigos e mais fidedignos autores” ir além dos comentários litúrgicos da Idade Média." (IGMR 7)

O rito da missa foi posteriormente revisto por outros papas em 1604, 1634, 1888, 1920, 1955 e 1962. Estas reformas, contudo, foram pouco significativas, exceptuando algumas mais importantes:

  • Em 1604, Clemente VIII eliminou uma oração a dizer pelo sacerdote ao entrar na igreja, a palavra omnibus nas duas orações a seguir ao Confiteor, o nome do imperador no Cânon Romano e tríplice bênção da missa solene.
  • Pio XII, em 1956, restaura a Semana Santa
  • João XXIII publica em 1960 um novo código das rubricas da Missa e insere no Cânon Romano o nome de São José. São estas modificações que dão origem ao missal de 1962, última edição do missal tridentino. Na bula que o acompanha, João XXIII faz referência ao Concílio Vaticano II, então já convocado, que deveria propor os grandes princípios da reforma da liturgia. Esta edição tornou-se a referência para a celebração actual da missa tridentina.

Características da missa tridentina

A estrutura, os momentos e seu significado e grande parte dos textos litúrgicos mantiveram-se com poucas alterações no Missal actual. No entanto, houve uma série de aspectos alterados. Esta secção versa apenas sobre as diferenças da missa tridentina em relação à missa actual. Para uma descrição dos vários momentos da Missa e do seu significado, consulte o artigo Missa.

Língua litúrgica e posição do sacerdote

As características mais visíveis da missa tridentina são o uso do latim como língua litúrgica assim como a posição do sacerdote, aparentemente de costas para os fiéis. No entanto, essas diferenças, embora as mais visíveis, são na verdade circunstanciais.

De facto, a missa tridentina admite, teoricamente, a tradução dos textos. Porém, nela persiste o uso do latim por ser um idioma que está "morto", ou seja, não é mais usado e, portanto, não sofre alterações, o que preservaria a Missa de erros litúrgicos e doutrinais a que as palavras das chamadas "línguas vernáculas" estão sujeitas com sua constante evolução semântica e ortográfica. Situação idêntica ocorre nas chamadas "liturgias orientais", onde em vários casos também podem ser usadas outras "línguas mortas": aramaico no rito siríaco, copta no rito alexandrino, eslavo ou grego arcaicos no rito bizantino, entre outros.

Já a posição "de costas ao povo" é mais corretamente definida como "Ad orientem", ou seja, para o leste, direção da Terra Santa, onde Jesus foi crucificado. Na Missa Tridentina, esta posição é também conhecida como "versus Deum", já que nesta Missa o padre fica voltado para Deus Filho (guardado no Sacrário sob as espécies consagradas, segundo a Fé Católica). O padre assume, assim, postura idêntica à do povo, dirigindo as orações da Missa a Deus. Salvo algumas exceções (como a da atual missa latina), os sacerdotes de praticamente todos os ritos católicos e ortodoxos adotam até hoje a posição "ad Orientem" durante a Missa.

Por outro lado, todas as edições do Missal actual são feitas originalmente em latim, e a Missa pode sempre ser celebrada nessa língua. Do mesmo modo, nada proíbe que seja celebrada de costas para o povo, o que acontece sempre que, por exemplo, numa igreja o altar não permite que seja doutra forma.

No entanto, abstraindo destes elementos, há outras diferenças significativas entre a missa tridentina e a de Paulo VI.

Ficheiro:Padre usando indumentária tradicional.jpg
Um sacerdote da Administração Apostólica São João Maria Vianney usando os paramentos para celebrar a missa tridentina, cuja maioria é facultativa na missa nova.

Diferenças no rito da missa tridentina em relação à de Paulo VI

Na Missa tridentina só o sacerdote e um acólito, sacristão ou ajudante proferiam os textos da missa, excepto nalguns lugares, em que todos os fiéis presentes proferiam os textos destinados ao ajudante. Tal prática, a das chamadas missas dialogadas, vulgarizou-se mais no séc. XX, graças às propostas do chamado Movimento Litúrgico, que propunha o enriquecimento da participação litúrgica. Os assistentes da missa tridentina muitas vezes acompanham a cerimónia através dum livro que apresenta os textos litúrgicos com a respectiva tradução. Outras vezes, porém, vão fazendo outras orações, tais como o terço.

Liturgia da Missa Tridentina

A missa é dividida em duas partes, a Missa dos catecúmenos e a Missa dos Fiéis. Os Catecúmenos, são aqueles que estão sendo instruídos na fé,[21] e são dispensados após a primeira parte da missa, por não terem ainda sido batizados e compreenderem os dogmas da fé católica. A Profissão de fé, feita através do Credo Niceno-Constantinopolitano, foi considerado essencial para a assistência no sacrifício da Eucaristia.[22]

Assim a regra da Didache do século II ainda está em vigor, sendo uma das três condições (batismo, fé reta e vida reta) para a admissão de receber a Sagrada Comunhão, que a Igreja Católica sempre aplicou.

Antes da missa

O Asperges (aspersão com água benta, acompanhada do Salmo 51:3-9) é um rito penitencial que normalmente precede a missa principal do domingo. Na sacristia, o sacerdote veste uma alva, se irá celebrar a missa, ou uma sobrepeliz, se ele não é o celebrante, revestido com uma estola, da respectiva cor litúrgica se o sacerdote é o celebrante da Missa, ou roxa se ele não é o celebrante, exorciza o sal e abençoa a água, em seguida, coloca o sal abençoado na água por três vezes, polvilhando-o na forma de uma cruz enquanto diz uma vez "Commixtio salis et aquæ pariter fiat in nomine Patris, et Filii et Spiritus Sancti" ("Que essa mistura de sal e água agora seja feita em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo"). Depois disso, o sacerdote, investido com uma pluvial da cor do dia, enquanto a schola cantorum canta uma antífona e um versículo dos Salmo 118: ou do Salmo 51:3-9, polvilha com a água benta o altar três vezes e, em seguida, o clero e a congregação. Este rito, se usado, precede as orações ao pé do altar.

Durante o Tempo da Páscoa, o versículo "Asperges me..." é substituído pelo versículo "Vidi aquam ...", e a expressão "Aleluia" é adicionado ao versículo "Ostende nobis ...", que é a sua resposta. Seguindo o Asperges, a Missa começa.

Missa dos catecúmenos

A primeira parte é a Missa dos Catecúmenos.[23]

Orações ao pé do altar

O padre fazendo as Orações ao pé do altar. Capela da Fraternidade Sacerdotal São Pedro, Veneza.
  • Sinal da Cruz
  • O sacerdote, após a procissão com os demais servidores da missa, na Missa Baixa, coloca o cálice velado no centro do altar, então fica na frente dos degraus sobre o qual está construído o altar, fazendo o sinal da cruz “ao pé do altar”. Na Missa Solene, o cálice é colocado antes da missa sobre a credência. O Missal Romano que contém todas as orações que o padre deve recitar na missa, está depositado no lado direito do altar. Na extrema direita, esquerda, e no centro estão três painéis, denominados “Sacras”, com orações que o padre deve dizer na missa, e que devido a distância do padre do Missal no momento, não podem ser feitas olhando para o mesmo.
  • Salmo 43:, ("Iudica me, Deus" – “Julga-me Deus”), precedido e seguido pela antífona "Introibo ad altare Dei, ad Deum qui lætificat juventutem meam" (“Entrarei nos altares de Deus, o Deus que alegra minha juventude)”, é recitado pelo sacerdote, alternado com os servidores, que simbolicamente representam o povo. Em seguida, o sacerdote faz novamente o sinal da cruz, dizendo: "Adjuntorium nostrum in nomine Domine” (“O nosso auxílio está no nome do Senhor", em que os servidores respondem: “Qui fecit caælum et terram” ("Que fez o céu e a terra").
  • Confissão ("Confiteor")
    • Primeiro, o sacerdote extremamente inclinando diz o seguinte: "Confiteor Deo omnipoténti..." ("Confesso a Deus todo-poderoso"). Na confissão o sacerdote pede a intercessão da Virgem Maria, de João Batista, de Miguel Arcanjo, e de São Pedro e São Paulo, e acrescenta “et vobis, fratres”, pedindo também a congregação que reze por ele. Em seguida reza duas vezes “mea culpa” ("minha culpa"), e uma terceira vez "mea maxima culpa" ("minha máxima culpa"), bate com a mão no peito três vezes.
    • Os servidores após a Confissão do padre, o abençoam dizendo: “Misereátur tui omnípotens Deus, et dimissis peccátis tuis, perdúcat te ad vitam ætérnam” ("Deus Todo-Poderoso tenha misericórdia de ti, perdoar-te dos teus pecados, e te conduza a vida eterna"). Em seguida, é a vez dos servidores de confessar seus pecados e pedir a benção do padre. Eles usam as mesmas palavras usadas pelo sacerdote, porém pedem orações ao padre, e não a congregação, dizendo portanto “et tibi, Pater” ("e ti Padre"), no lugar de “et vobis, fratres”. O padre em seguida, responde com a mesma benção que os servidores usaram, porém, como demonstração de seu específico cargo sacerdotal, acrescenta uma prece de absolvição: “Indulgéntiam absolutiónem, et remissiónem peccatórum nostrórum, tríbuat nobis omnípotens et miséricors Dóminus” (“Indulgência, absolvição e remissão dos nossos pecados, nos conceda o nosso Onipotente e Misericordioso Deus”)
  • Então, três versículos são ditos pelo padre e os servidores, são eles “Deus, tu convérsus vivificábis nos" ("Dai-nos Senhor a vida"); “Osténde nobis Dómine, misericórdiam tuam” (“Mostra-nos, Senhor, tua misericórdia”); e “Dómine, exáudi oratiónem meam” (“Ó Senhor, ouve a minha oração”);
Ficheiro:Beijo do Altar no Oramus te Domine.jpg
Sacerdote após as "Orações ao Pé do Altar", na prece "Oramus te Domine", em que beija o altar.
  • Ao termina-los o padre reza pela primeira vez na missa o “Dominus vobiscum” (“O Senhor estaja convosco”), cuja resposta dos servidores é: “Et cum spíritu tuo” (“E com o teu Espírito)”, então o padre diz: "Oremus" ("Vamos orar"). Depois disso, ele vai para o altar, rezando em silêncio “Aufer a nobis, quǽsumus, Domine, iniquitátes nostras: ut ad Sancta Sanctorum puris mereámur méntibus introíre” (“Limpa-nos das nossas iniquidades Senhor, para que, com mentes puras possamos entrar dignamente no santo dos santos)", que é uma referência a Êxodo 26:33-34, I Reis 6:6-16, III Reis 6:16, I Reis 8:6, II Crônicas 3:8, Ezequiel 41:4, e outros. Ele coloca as mãos unidas sobre o altar e o beija enquanto silenciosamente reza “Oramus te, Domine, por Merita Sanctorum tuórum, quorum Reliquiae hic sunt, et omnium sanctorum: ut indúlgere dignéris Omnia peccata mea” (“Rezamos a ti Senhor, para que, pelos méritos dos teus Santos cujas relíquias estão neste altar, e de todos os santos, Deus se digne a perdoar todos os meus pecados”).

O padre no altar

  • Intróito
    • O padre de novo faz um sinal da cruz, enquanto ele começa a ler o Intróito, alguns versículos que normalmente são retirados de um Salmo. Exceções ocorrem por exemplo, no Intróito para o domingo da Páscoa, que é adaptado de Sabedoria 10:20-21, e a antífona nas missas da Virgem Maria, que são do poeta Sedúlio.
  • Kyrie
    • Esta parte da Missa é rezada em grego. Em que o padre e o servidor intercalam, três "Kyrie, eleison”; três “Christe, eleison”, e por fim outros três “Kyrie, eleison"; que significam "Senhor, tem misericórdia, Cristo; tem misericórdia..."
  • Gloria in excelsis Deo
    • A primeira linha do Gloria [24]é tirado Lucas 2:14,. O Glória é omitido durante tempos litúrgicos de penitência, como o Advento e a Quaresma, ambos geralmente tendo a cor violeta litúrgica, mas é usado em festas durante estas estações, bem como na Quinta-feira Santa. É sempre omitido em uma Missa de Réquiem.
  • A Coleta
    • O padre vira-se para o povo e diz: "Dominus vobiscum". Os servidores respondem: "Et cum spiritu tuo" ("O Senhor esteja com vocês." "E com teu espírito"). A coleta é uma oração que não é diretamente retirada da Escritura, mas reflete as intenções do tempo litúrgico, ou da festa do santo do dia.

Instrução

  • O sacerdote então lê a Epístola, principalmente um extrato das Epítolas de São Paulo para várias igrejas. Em seu motu proprio Summorum Pontificum, o Papa Bento XVI permitiu sua leitura em língua vernácula, quando a Missa é celebrada com o povo.[25]
  • Entre a Epístola e o Evangelho, dois versículos (raramente três) do coro são cantados ou somente rezados. Geralmente estes são o gradual, que é seguido por um Aleluia, mas no domingo da Septuagésima, e no Sábado Santo, ou em uma Missa Requiem ou outro missa penitencial, o Aleluia é substituído por um Trato, e entre a Páscoa e o domingo de Pentecostes o Gradual é substituído por um segundo Aleluia. Em algumas ocasiões excepcionais (mais notavelmente a Páscoa, Pentecostes, Corpus Christi, e em uma Missa de Requiem), uma seqüência, segue o Aleluia ou o Trato.
  • O Gradual é parcialmente constituído pela porção de um salmo.
  • A leitura do Evangelho, é um trecho de um dos quatro Evangelhos, o Evangelho deve ser recitado no lado esquerdo do altar, chamado por isso mesmo “Lado do Evangelho”, por isso o servidor da missa, pega o Missal Romano, na parte da extrema direita do altar, e o muda para a parte da extrema esquerda.
    • Enquanto o servidor muda o Missal de lugar, antes de ler ou cantar o Evangelho, o sacerdote reza: leitura “Munda cor meum ac lábia mea, omnípotens Deus, qui lábia Isaíæ Prophétæ cálculo mundásti igníto: ita me tua grata miseratióne dignáre mundáre, ut sanctum Evangélium tuum digne váleam nuntiáre” ("Limpa meu coração e os meus lábios, ó Deus Todo-Poderoso, como limpaste os lábios do profeta Isaías com um carvão em brasa; através da Tua misericórdia graciosa purifica-me para que eu possa dignamente anunciar Teu santo Evangelho)", uma referência a Isaías 6:6. Nesta passagem, depois de ser purificado por um anjo, Isaías foi instruído a profetizar.
  • O Sermão
    • Antes do sermão, o padre pode fazer anúncios, especialmente de casamentos, eventos para a semana, e os pedidos de oração para um doente ou morto. Se a Epístola e o Evangelho foram lidos em latim, é habitual o padre ler uma tradução vernácula pelo menos do Evangelho, antes de dar o sermão. O sermão é obrigatório em todos os domingos e festas de preceito.
  • O Credo Niceno-Constantinopolitano
    • É considerado absolutamente essencial todos os fiéis professarem o Credo, como exposição pública de que acreditam em Deus e na Igreja, para que assim, possam participar da “Missa dos Fiéis”.

Missa dos Fiéis

A segunda parte é a Missa dos Fiéis.[26]

Ofertório

O padre no ofertório tem suas mãos lavadas pelos acólitos (lavabo). Fraternidade Sacerdotal São Pedro.
  • Antífona de Ofertório
  • Depois de cumprimentar o povo mais uma vez ("Dominus vobiscum/Et cum spiritu tuo") e fazendo o convite para orar (“Oremus”), o sacerdote começa, a segunda parte da missa, considerada a mais importante, a “Missa dos Fiéis”, da qual os não-batizados assistiam a “Missa dos Catecúmenos”, não podem participar, sendo por isso, dispensados da igreja. O padre então lê a antífona do ofertório, que é uma breve citação da Sagrada Escritura, que varia de acordo com a missa de cada dia, rezando com as mãos unidas.
  • Oferecimento do Pão e do Vinho
    • O sacerdote oferece a hóstia a Deus, colocando-a na patena, e segurando esta no nível do peito, e rezando para que, embora ele seja indigno, Deus possa aceitar "esta hóstia impecável” (o significado básico de “hóstia” em latim, é “vítima”) para o perdão de seus próprios inumeráveis pecados, ofensas e negligências, e o de todos os presentes, e para o dos fiéis cristãos vivos e mortos, para que sirva para a salvação deles. Ele, então, deposita no cálice uma pequena quantidade de vinho, e em seguida o mistura com algumas gotas de água, que lhe são trazidas pelos servidores nas “galhetas”, ele então segura o cálice de modo que a borda deste fique na altura de seus lábios, e oferece "o cálice da salvação", fazendo uma oração de contrição adaptada do texto de Daniel 3:39-40.
  • Incensação das oferendas e dos fiéis
    • Em uma Missa Solene, o padre abençoa o incenso trazido ao altar em um turíbulo pelos servidores, em seguida, incensa o pão e o vinho no altar. Entre as orações, o sacerdote diz alguns versículos do Salmo 141:2: "Dirigátur, Dómine, oratio mea, sicut incénsum in conspéctu tuo: elevatio mánuum mearum sacrificium vespertínum..." (“Que a minha oração, Senhor, seja dirigidas como incenso diante de ti; elevem-se as minhas mãos como o sacrifício da tarde..."), que é a oração feita enquanto o padre incensa o altar. O padre então dá o turíbulo ao servidor, que incensa o sacerdote, e em seguida, os outros ministros e a congregação.
  • Lavar as mãos
    • Os servidores trazem até o sacerdote uma bacia e um vaso com água, no qual ele lava as mãos rezando o Salmo 26:6-12: “Lávabo inter innocéntes manus meas: et circúmdabo altáre tuum, Dómine. Ut áudiam vocem laudis: et enárrem univérsa mirabília tua. Dómine, diléxi decórem domus tuæ...” (“Eu lavo as minhas mãos entre os inocentes, que circundam o teu altar, Senhor. Que eu possa ouvir a voz de louvor, e contar todas as tuas maravilhas. Amo, ó Senhor, a beleza da tua casa..."), em seguida reza um Gloria Patri.
  • Oração à Santíssima Trindade
    • Esta oração pede que a Trindade Divina receba a oferta sendo feita em memória da paixão, ressurreição e ascensão de Jesus e em honra da sempre Virgem Maria e os outros santos,
  • Orate Fratres, Suscipiat e Secreta;
    • Aqui, o padre se vira para a congregação e diz as duas primeiras palavras: "Orate, fratres" (“Orai Irmãos”), em um tom elevado e então se vira novamente para o altar, enquanto termina a exortação em tom secreto: “ut meum ac vestrum sacrificium acceptábile fiat apud Deum Patrem omnipoténtem” ("para que o meu sacrifício e o vosso possa ser aceitável a Deus Pai todo-poderoso").
    • Os servidores respondem com a oração denominada Suscipiat, em que unem suas intenções ao do sacerdote: “Suscipiat Dominus sacrificium de manibus Tuis, ad laudem et gloriam Nominis sui, ad utilitatem quoque Nostram, totiusque Ecclesiae suae Sanctae”, em seguida o padre secretamente responde, "Amém” ("Aceite este sacrifício por meio de suas mãos, para louvor e glória do Seu nome, para nossa utilidade, e de toda a Sua Santa Igreja").
  • O sacerdote, então, diz a “Secreta”, alguns versículos com sentido de oferecimento, em voz inaudível, e conclui com “Per omnia sæcula sæculorum” (“Por todos os séculos dos séculos”) em voz alta.
    • Os servidores então respondem: "Amém", que conclui o Ofertório.

Canon

Prefácio do Canon.
  • Prefácio do Canon
    • "A data do estabelecimento do Cânon é antes de São Gregório Magno, que morreu em 604. Ele contém os principais elementos encontrados em quase todos os ritos, mas num arranjo invulgar.
    • Há um diálogo entre o padre e a congregação, que se inicia com o “Dominus vobiscum - Et cum spiritu tuo”, e é sucedido pelo “Sursum corda - Habemus ad Dominum” (“Levantai os vossos corações - Os elevamos ao Senhor”), “Gratias agamus Domino Deo nostro – Dignum et iustum est” (“Demos graças ao Senhor nosso Deus - É digno e justo”).
    • Em seguida o “Prefácio” é rezado, que indica razões específicas para dar graças a Deus. Isto conduz a oração do Sanctus.[27]
  • Canon ou “Regra da consagração”[28], que é rezado de maneira inaudível,[29] por ser uma prece puramente sacerdotal, pertencente exclusivamente ao sacerdote, sendo também o silêncio uma reverência ao momento mais sagrado da missa;
    • Intercessões
    • Compreendem, uma série de quatro orações, são elas o Te Igitur, In Primis, a Primeiro Memória - Memória dos vivos, e o Communicantes - Memória dos Santos, nessas orações o padre reza pela vida, para que Deus guarde, una e governe a Igreja, pede pela santificação dos cristãos vivos e implora o auxílio dos santos.
  • Orações preparatórias para a consagração
    • Trata-se de duas orações, o Hanc Igitur, e o Quam oblationem, duas preces nas quais o sacerdote pede que Deus aceite a oferta dele e da Igreja.
  • Consagração (transubstanciação) e Elevação maior
O celebrante durante o Cânon, eleva o cálice, para adoração dos fiéis. Fraternidade Sacerdotal São Pedro.
  • A passagem Lucas 22:19-20 é fundamental nesta seção, compreendendo duas orações, Qui pridie, pelo qual se consagra o pão, e Simili modo, pelo qual se consagra o vinho. É considerado a parte essencial da missa, de instituição divina.
    • Oblação da vítima a Deus
    • A oferta e sacrifício de Cristo pelo perdão dos pecados, é feito em três orações, Unde et memores, Supra quae, e Suplices te rogamus
  • Intercessões
    • O padre agora faz duas intercessões, uma pelos mortos, pedindo que eles repousem, trata-se da “Memória dos Mortos”, que é seguida por outra intercessão, agora feita para os vivos, na qual se cita João Batista e 14 mártires (sete homens e sete mulheres), que são mencionados pelo nome, trata-se da “Segunda Memória dos Vivos”. Nesta última oração, as primeiras palavras, o padre fala em voz alta: “Nobis quoque peccatoribus” (“Por nós pecadores”), para indicar que está rezando pelos fiéis cristãos, que são devido a sua natureza, considerados pecadores. Logo em seguida o padre volta a rezar inaudivelmente.
  • Fim do Canon e doxologia com elevação menor
    • A conclusão do Canon ocorre com a doxologia é: “Per ipsum, et cum ipso, et in ipso, est tibi Deo Patri omnipotenti, in unitate Spiritus Sancti, omnis honor et gloria" (“Por ele, e com ele, e nele, ó Deus, Pai todo-poderoso, na unidade do Espírito Santo, toda honra e glória é sua”), terminando a frase dizendo em voz alta: "Per omnia saecula saeculorum" (“Por todos os séculos dos séculos”), concluindo o Canon, dizendo em seguida “Amen”.

Comunhão

  • O Pai Nosso e o Libera nos[30]
    • O Padre reza o Pai Nosso, e em seguida a congregação responde os últimos versículos: “sed libera nos a malo” (“mas livrai-nos do mal”). O sacerdote então reza o "Libera nos", que é uma extensão do Pai Nosso, rezando para que a Virgem Maria, juntamente com os apóstolos e santos, possam interceder pelos homens, para obter paz.
  • Fração da hóstia
    • Durante a oração anterior, o sacerdote parte a hóstia consagrada em três partes, e depois de concluir a oração deposita a menor parte no cálice, enquanto reza pedindo pela eficácia do sacrifício de Cristo.
Ficheiro:Comunhão de Missa pontifical.jpg
Comunhão dos Padres assistentes dada pelo Bispo celebrante, em uma missa pontifical solene.
  • Agnus Dei
    • "Agnus Dei" significa "Cordeiro de Deus", nela o sacerdote reza duas vezes: “Agnus Dei, qui tollis peccáta mundi: miserére nobis” ("Cordeiro de Deus, que tiras os pecados do mundo, tende piedade de nós") e em seguida, acrescenta: “Agnus Dei, qui tollis peccáta mundi: dona nobis pacem” ("Cordeiro de Deus, que tiras os pecados do mundo, dai-nos a paz"). A Missa da Última Ceia de Quinta-feira Santa tem três "tem misericórdia de nós". Nas missas de réquiem, as petições são “dona eis réquiem” ("concede-lhes descanso") (duas vezes), seguido por “dona eis réquiem sempitérnam” ("concede-lhes o descanso eterno").
  • "Pax"
    • O padre pede a Cristo para não olhar para os pecados do sacerdote, mas para ver a fé da Igreja e reza pela paz e unidade nela. Em uma Missa Solene, o celebrante dá o sinal de paz para o diácono, dizendo: “Pax tecum” ("A paz esteja contigo"), que é respondido com “Et cum Spiritu tuo”.
  • Orações preparatórias para a Comunhão
    • São duas orações, na primeira o padre pede para ser liberado de todas as suas iniquidades e maldades, e pede forças para aderir aos mandamentos de Jesus e nunca se separar dele. Na segundo, ele pede que não seja condenado por ousar consumir o Corpo e o Sangue de Cristo.
  • Comunhão do Padre
    • O sacerdote diz em silêncio várias orações aqui, antes de receber a comunhão. Em uma deles, ele fala três vezes, sendo a primeira linha da oração audível, e o restante silencioso, enquanto possui a hóstia na mão esquerda e bate no peito com a mão direita, baseado em Mateus 8:9, dizendo “Dómine, non sum dignus (et secrete prosequitur): ut íntres sub tectum meum: sed tantum dic verbo, et sanábitur ánima mea” ("Senhor, eu não sou digno (e prossegue secretamente): de que entreis sob meu teto, mas dizei uma palavra, e minha alma será salva").
  • Segunda Confissão dos Fiéis
    • Aqui os servidores da missa ou a congregação recitam novamente a Confissão (“Confiteor”), e o padre lhes dá a benção e a absolvição de seus pecados, para que possam comungar mais adequadamente.
Padre no "Ecce Agnus Dei" na comunhão dos leigos.
    • Se o sacerdote distribuirá a comunhão para a congregação na missa, ele pega uma pequena hóstia, elevando-a em cima de um cibório, e diz em voz alta: “Ecce Agnus Dei, ecce qui tollit peccáta mundi” ("Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo"), e os demais repetem três vezes o “Dómine, non sum dignus”. Ele então o padre dá a comunhão primeiramente aos demais clérigos presentes, em seguida aos coroinhas e aos fiéis, o padre ao dar a hóstia na boca dos demais, faz com a mesma o sinal da cruz ao dizer: “Corpus Dómini nostri Jesu Christi custódiat ánimam tuam in vitam æternam. Amen.” ("Que o Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo guarde a tua alma para a vida eterna Amém").[31]

Conclusão

  • Orações de ação de graças
    • São orações que se concentram sobre o Corpo e o Sangue de Cristo recebido, implorando que o preservam na retidão moral e doutrinária.
  • Antífona de Comunhão e Pós-comunhão
    • A antífona de comunhão é normalmente alguns versículos de um salmo. A Oração de pós-comunhão é semelhante A Coleta, não sendo diretamente retirado das Escrituras.
Ficheiro:Ite Missa Est em Missa Pontifical.jpg
"Ite Missa Est" - a despedida dos fiéis, em uma missa solene pontifical, pronunciada pelo diácono.
  • Ite missa est e Bênção
    • "Ite Missa Est", é a frase que indica que a Missa terminou e os fiéis em seguida podem retirar-se.
    • Depois de dizer uma oração silenciosa para si, o sacerdote dá ao povo a sua bênção.
  • O Último Evangelho
    • O sacerdote então no lado direito do altar lê o início do Evangelho de João, João 1:1-14, que relata a Encarnação de Cristo. Em certas ocasiões, como por exemplo, na missa do dia no dia de Natal, outra passagem do Evangelho era lida, pois estes trechos foram ditos no Evangelho da Missa, mas o Papa João XXIII na revisão das rubricas, decretou que nessa e outras ocasiões, o Último Evangelho deve ser omitido.

Orações depois da missa (não faz parte da liturgia)

Orações Públicas

O Papa Leão XIII prescreveu que após o Último Evangelho, três Ave Marias, uma Salve Regina, seguida por um versículo, uma oração para a conversão dos pecadores e a liberdade da Igreja, e uma oração a São Miguel Arcanjo deviam ser recitadas após uma Missa Baixa celebrada com o povo, por isso são chamadas de “Orações leoninas”. Originalmente eram preces rezadas pela resolução da Questão Romana. O Papa Pio X acrescentou em seguida três vezes "Sagrado Coração de Jesus, tende piedade de nós". O Papa Pio XI , que resolveu a Questão romana, não aboliu essas preces, mas ordenou que elas fossem feitas na intenção de permitir a tranquilidade e a liberdade de professar a fé no povo da União Soviética.[32] Uma vez que essas orações não faziam parte da liturgia, podiam ser recitadas em língua vernácula. Elas foram suprimidos em 07 de março de 1965.[33]

Orações Privadas

As edições do Missal Romano até 1962, recomendavam constantemente várias orações, embora não as considerasse obrigatórias, para a recitação do padre depois da missa privada. [34] O “Cântico dos Três Jovens” (do Livro de Daniel)[35] é uma dessas orações.

Dissidências e adesões

Apesar de ter a força de um documento redigido e assinado pelo Papa, a Carta Apostólica Summorum Pontificum tem sido objeto de contestação no Brasil por parte de alguns eclesiásticos. Dom Aloísio Roque Oppermann, Arcebispo Emérito de Uberaba, objeta que a Missa Tridentina é incompreensível, seca e utiliza o Latim, uma língua misteriosa[36]. Dom Paulo Sérgio Machado, Bispo de São Carlos, considera que os que preferem a Missa Tridentina são uma minoria moralista de pessoas puritanas, retrógradas, com uma mórbida aversão às mudanças e ao novo[37].

Por outro lado, quase 40 cardeais [38], acatando filialmente as determinações do Papa, já participaram de cerimônias em Latim segundo a Forma Extraordinária do Rito romano, após a entrada em vigor do motu proprio Summorum Pontificum.

O Brasil é o único país do mundo que possuí uma circunscrição eclesiástica equiparada a uma diocese, cujo carisma é exatamente a celebração da missa tridentina, em Campos dos Goytacazes, trata-se da Administração Apostólica São João Maria Vianney, governada por Dom Fernando Rifan. Para além de Dom Rifan, outros 17 arcebispos e bispos[38] também celebraram ou participaram da forma antiga, dentre os quais: Dom Orani João Tempesta, Arcebispo do Rio de Janeiro; Dom Alberto Taveira Corrêa, Arcebispo de Belém do Pará; Dom Alano Maria Pena, Arcebispo Emérito de Niterói; Dom Luciano Bergamin, Bispo de Nova Iguaçu; Dom Fernando José Monteiro Guimarães, Bispo de Garanhuns; Dom Gregório Paixão, Bispo Auxiliar de Salvador; Dom Pedro Luiz Stringhini, Bispo de Franca; Dom Diógenes Silva Matthes, Bispo Emérito de Franca; Dom Mário Rino Sivieri, Bispo de Propriá e Dom Henrique Soares da Costa, Bispo Auxiliar de Aracaju.

Ver também

Referências

  1. "Edição típica" é a edição oficialmente aprovada dos textos do Missal, cujas impressões são obrigadas a reproduzir e a seguir.
  2. Summorum Pontificum, articles 2 and 4
  3. Summorum Pontificum, article 5
  4. Motu proprio Summorum pontificum Art. 1.
  5. Lettera di Benedetto XVI ai Vescovi in occasione della pubblicazione del Motu Proprio Summorum Pontificum
  6. «Quo primum». Consultado em 25 de março de 2008. We decided to entrust this work to learned men of our selection. They very carefully collated all their work with the ancient codices in Our Vatican Library and with reliable, preserved or emended codices from elsewhere. Besides this, these men consulted the works of ancient and approved authors concerning the same sacred rites; and thus they have restored the Missal itself to the original form and rite of the holy Fathers. When this work has been gone over numerous times and further emended, after serious study and reflection, We commanded that the finished product be printed and published. 
  7. The Mass of Vatican II
  8. O Missal é composto do Ordinário, do Próprio e do Comum. O Ordinário compõe as partes da liturgia da missa que normalmente não mudam, sem levar em conta a data em que seja executada; enquanto o Próprio, é a parte da liturgia que varia de acordo com a data, devido a comemoração de uma festa dentro do ano litúrgico, ou de um determinado santo ou evento significativo, e o Comum, que contém as orações que são comum a toda uma categoria de santos, como apóstolos ou mártires. Essa terminologia é usada em contrapartida com a missa nova, chamada de "Novus Ordo Missae".
  9. Thompson, Damian (14 de junho de 2008). «Latin mass to return to England and Wales». The Daily Telegraph. Consultado em 17 de junho de 2008 
  10. Esta definição, não deve ser confundida, com uma devoção chamada também de missas gregorianas ou "Ciclo Gregoriano", em que de acordo com uma devoção popular, a celebração de trinta missas ininterruptas por 30 dias consecutivos, oferecidas em sufrágio pelas almas dos falecidos, os liberta do purgatório, esse termo provém do facto de que essa prática foi animada primeiramente também por São Gregório, o Grande.
  11. a b Adrian Fortescue, Liturgy of the Mass
  12. Nelson Velloso, Raízes e história da Eucaristia
  13. James F. White, Introdução ao culto cristão, p. 186
  14. Adrian Fortescue, Canon of the Mass
  15. St. Gregory the Great: Liturgical Reforms
  16. Canto Ambrosiano, p. 20
  17. Carta do Papa Bento XVI que acompanha o motu proprio Summorum Pontificum e Summorum Pontificum, art. 1
  18. Summorum Pontificum, art. 2
  19. Summorum Pontificum, art. 5
  20. Carta do Papa Bento XVI que acompanha o motu proprio Summorum Pontificum
  21. «The Collaborative International Dictionary of English v.0.48». 1913. Consultado em 25 de março de 2008 
  22. Chapman, John (1908). «Didache». Consultado em 25 de março de 2008. Let no one eat or drink of the Eucharist with you except those who have been baptized in the name of the Lord. 
  23. Text of Mass of the Catechumens
  24. Text in Latin and English
  25. Summorum Pontificum, article 6
  26. Text of Mass of the Faithful
  27. Santus
  28. Mass of the Faithful - The Canon
  29. Em latim, "secreta" (Ritus servandus in celebratione Missae, VIII, 1)
  30. Mass of the Faithful - Closing Prayers
  31. Ritus servandus, X, 6 no Missal de 1962 .
  32. Alocucão Indictam ante de 30 de Junho de 1930, na Acta Apostolicae Sedis 22 (1930), pg. 301
  33. Instruction Inter Oecumenici, 48
  34. Post Missam
  35. Douay-Rheims Version
  36. «Quem vai rezar em Latim?». Fratres in Unum. Consultado em 8 de abril de 2012 
  37. «O Retorno à Idade Média». Fratres in Unum. Consultado em 8 de abril de 2012 
  38. a b «268 Cardeais e Bispos». Accíón Litúrgica. Consultado em 8 de abril de 2012 

COELHO, António, Curso de Liturgia Romana, Negrelos: Ora & Labora, 1950.

JUNGMANN, Josef A., El Sacrificio de la Misa. Tratado historico-liturgico., Madrid: BAC, 1951 (Tradução da obra alemã Missarum Solemnia, onde pode ser encontrada a história pormenorizada de cada um dos momentos da missa)

Ligações externas

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