Suicídio entre jovens LGBT

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

O suicídio entre jovens LGBT refere-se ao ato de suicídio cometido por pessoas de 15 a 29 anos que, usando do princípio de autodeclaração, identificam-se como gays, lésbicas, bissexuais, travestis, transexuais ou, ainda, queer. De acordo com pesquisadores, as taxas de suicídio, tentativa de suicídio e ideação suicida entre jovens deste grupo social são comparativamente maiores do que entre a juventude em geral.[1][2][3][4][5][6] Uma pesquisa conduzida em 2018 apenas com pessoas LGBTs brasileiras identificou que 62,5% delas já pensaram em suicídio.[7] Adolescentes e adultos jovens LGBT têm uma das maiores taxas de tentativas de suicídio.[8][9] De acordo com alguns grupos, esta está ligada a uma cultura heteronormativa e à homofobia institucionalizada, incluindo as campanhas políticas contra direitos civis e proteções para as pessoas LGBT como as campanhas políticas recentes e contemporâneas para impedir o reconhecimento legal das uniões estáveis de casais homoafetivos (no Brasil) assim como a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo.[10][11] Também foi observado que a depressão e uso de drogas entre pessoas LGBT aumentam significativamente depois que novas leis discriminatórias contra homossexuais são aprovadas.[12]

O suicídio entre jovens LGBT geralmente acontece quando os jovens homossexuais ou LGBT são rejeitados pelos pais, pela família e/ou pela sociedade. De acordo com a pesquisa, é demonstrado que os jovens LGBT recusados pelos seus pais correm mais risco de seis vezes maiores de sofrerem níveis altos de depressão e tentam oito vezes mais cometer o suicídio.[13]

Outra estatística marcante que o estudo apontou é que um de cada quatorze homossexuais e bissexuais tentaram se matar, no mesmo momento em que um em cada trinta e três homens em geral tentaram tirar as suas próprias vidas. No decorrer desta pesquisa, 50% dos homossexuais que foram entrevistados, relataram que sofreram violência dentro de suas próprias casas, por meio de seus familiares. O estudo concluiu que a chance de um homossexual se suicidar é cinco vezes maior do que um indivíduo heterossexual.[14]

Nos Estados Unidos, a Universidade de Columbia elaborou uma pesquisa sobre a relação entre a orientação sexual e o suicídio entre jovens. As consequências mostraram que os homossexuais possuem mais possibilidade de praticar o ato. Além do mais, a busca concluiu que o local de convívio social também se encarrega de muita influência, lugares mais compreensivos abertos com relação à homossexualidade, manifestam menos casos dos homossexuais praticarem o suicídio.[15]

Os suicídios entre os jovens homossexuais levaram o presidente norte-americano Barack Obama a gravar um vídeo para o site It Gets Better. A campanha da website engloba declarações cuja mensagem é simples: Ser gay não é errado.

Apesar disso, os homossexuais são uma minoria que sofre preconceitos e discriminações. Em certas ocasiões, a níveis insuportáveis. O bullying pode causar a egodistonia, ou seja, alguém não gostar de como é. Um jovem rapaz perdeu o namorado e amigo de infância que, se atirou do sétimo andar. O ator brasileiro, Evandro Santo, que é homossexual assumido, contou que nunca pensou em se suicidar.[16]

Respostas políticas[editar | editar código-fonte]

Uma série de opções políticas têm sido propostas para resolver esta questão. Alguns intervencionistas defendem programas para os jovens que já são suicidas (como linhas diretas de crise), enquanto outros defendem programas voltados para aumentar o acesso dos jovens LGBT a instituições vistas como "fatores protetores" contra o suicídio (como redes de apoio social ou mentores).

Uma opção proposta é fornecer aos jovens LGBT a formação anti-bullying ainda no ensino fundamental e médio através de conselheiros e professores. Citando um estudo realizado por Jordan et al., Psicólogo da escola Anastasia Hansen, observa-se que alguns professores fazem comentários homofóbicos ou deixam de intervir quando os alunos fazem tais observações correlacionada com sentimentos negativos sobre a identidade LGBT.[17] Por outro lado, um número de pesquisadores têm constatado um aumento da participação ativa de funcionários nas escolas no apoio aos jovens LGBT.[17] Citando um relatório de Psicologia de 2006, do Projeto Trevor, afirma-se que jovens "lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e travestis (LGBTT)" reportam que têm acesso a um único funcionário na escola com quem eles podem falar sobre os seus problemas, inclusive como lidar com pensamento suicida.[18]

Referências

  1. J Homosex. 2011 January; 58(1): 10–51. Published online 2011 January 4. doi: 10.1080/00918369.2011.534038; PMCID: PMC3662085; NIHMSID: NIHMS312131; Ann P. Haas, Mickey Eliason, Vickie M. Mays, Robin M. Mathy, Susan D. Cochran, Anthony R. D'Augelli, Morton M. Silverman, Prudence W. Fisher, Tonda Hughes, Margaret Rosario, Stephen T. Russell, Effie Malley, Jerry Reed, David A. Litts, Ellen Haller, Randall L. Sell, Gary Remafedi, Judith Bradford, Annette L. Beautrais, Gregory K. Brown, Gary M. Diamond, Mark S. Friedman, Robert Garofalo, Mason S. Turner, Amber Hollibaugh, and Paula J. Clayton
  2. Risk Factors for Suicide among Gay, Lesbian, and Bisexual Youths, Curtis D. Proctor and Victor K. Groze, Social Work (1994) 39 (5): 504-513. doi: 10.1093/sw/39.5.504
  3. Risk Factors for Attempted Suicide in Gay and Bisexual Youth Gary Remafedi, James A. Farrow, Robert W. Deisher, PEDIATRICS - American Academy of Pediatrics, Vol. 87 No. 6 June 1, 1991 pp. 869 -875
  4. Stephen T. Russell and Kara Joyner. Adolescent Sexual Orientation and Suicide Risk: Evidence From a National Study. American Journal of Public Health: August 2001, Vol. 91, No. 8, pp. 1276-1281. doi: 10.2105/AJPH.91.8.1276
  5. Gay and Lesbian Youth, Tracie L. Hammelman, Journal of Gay & Lesbian Psychotherapy Vol. 2, Iss. 1, 1993, DOI:10.1300/J236v02n01_06, pages 77-89
  6. Johnson, R. B., Oxendine, S., Taub, D. J. and Robertson, J. (2013), Suicide Prevention for LGBT Students . New Directions for Student Services, 2013: 55–69. doi: 10.1002/ss.20040
  7. SOUZA, Humberto da Cunha Alves de; JUNQUEIRA, Sérgio Rogério Azevedo; REIS, Toni (org.) (2020). Ensaios sobre o perfil da comunidade LGBTI+. Col: Coleção Livres & Iguais. Curitiba: IBDSEX. ISBN 978-65-991261-2-3 
  8. Study: Tolerance Can Lower Gay Kids' Suicide Risk (em inglês)
  9. Elevated rates of suicidal behavior in gay, lesbian, and bisexual youth. Bagley, Christopher; Tremblay, Pierre, Crisis: The Journal of Crisis Intervention and Suicide Prevention, Vol 21(3), 2000, 111-117. doi: 10.1027//0227-5910.21.3.111
  10. Addressing the Needs of Older Lesbian, Gay, Bisexual, and Transgender Adults, Posted: 2/18/2011 Volume 19 - Number 2 - February 2011, Mark J. Simone, MD, and Jonathan S. Appelbaum, MD, Clinical Geriatrics 2011;19(2):38-45.
  11. Research exposes negative effects of anti-gay legislation (em inglês)
  12. The Impact of Institutional Discrimination on Psychiatric Disorders in Lesbian, Gay, and Bisexual Populations: A Prospective Study (em inglês)
  13. UOL Mulher (9 de maio de 2013). «Gays rejeitados pelos pais são oito vezes mais suscetíveis ao suicídio». Consultado em 11 de junho de 2015 
  14. A Liga Gay (25 de novembro de 2014). «Suicídio LGBT - O assunto que ninguém quer falar». Consultado em 11 de junho de 2015 
  15. Revista Galileu. «Jovens homossexuais têm mais tendência ao suicídio, diz estudo». Consultado em 11 de junho de 2015. Arquivado do original em 12 de junho de 2015 
  16. Folha.com (1 de novembro de 2010). «Discriminação leva jovens homossexuais ao suicídio». Consultado em 11 de junho de 2015 
  17. a b «Hansen, Anastasia. "School-Based Support for GLBT Students: A Review of Three Levels of Research." Psychology in the Schools. 44.8(2007). 839-848». Eric.ed.gov:80. Consultado em 21 de agosto de 2011 
  18. «Cópia arquivada» (PDF). Consultado em 12 de junho de 2015. Arquivado do original (PDF) em 7 de agosto de 2012