Textus Receptus
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Textus Receptus (Texto Recebido ou TR), é a denominação dada à série de impressões do Novo Testamento em grego no século XVI, que serviu de base para diversas traduções da Bíblia do século XVI ao XIX, como a Bíblia de Lutero, a Bíblia Rei Tiago ou King James e para a maioria das traduções do Novo Testamento da Reforma Protestante, inclusive a tradução portuguesa por João Ferreira de Almeida.
O Textus Receptus tem sua origem em alguns manuscritos do texto-tipo Bizantino (ou Texto Majoritário), por isso muitas vezes são confundidos como se fossem o mesmo texto.[1] Porém, há algumas diferenças entre o Textus Receptus e o Texto Bizantino (por exemplo: Atos 8:37 e 1 João 5:7-8. Portanto, o TR não deve ser confundido com o Texto Bizantino ou Majoritário.[1]
História[editar | editar código-fonte]
Durante o primeiro século após a ressurreição de Cristo, os primeiros cristãos fervorosos escreveram e fixaram a Palavra. O resultado foi um conjunto de cartas e livros, chamados de “autógrafos originais”. Essas cartas e esses livros foram copiados em grego koiné e recopiados através dos séculos e distribuídos por todo o mundo.
Texto Majoritário[editar | editar código-fonte]

Essas cópias consistem os manuscritos do Novo Testamento. Mais de 5.500 desses manuscritos gregos sobreviveram até os dias atuais. O grande número desses manuscritos (c. 80%) apoia a chamada tradição textual bizantina ("bizantina" porque veio do mundo falante do grego da época). Por serem a maioria (c. 80%) dos manuscritos do NT, é chamado de Texto Majoritário. Esses manuscritos bizantinos formaram o que chamamos de texto tradicional do Novo Testamento,[2] de onde se origina, no século XV, o chamado Textus Receptus.[3]
As impressões do séc. XVI[editar | editar código-fonte]
O Textus Receptus é na verdade uma compilação dos textos contidos nestes manuscritos, de modo a compor um único texto grego contendo todo o Novo Testamento. A primeira compilação deste texto foi executada pelo teólogo, padre católico, intelectual, filósofo, humanista e estudioso Erasmo de Roterdão em 1516, o Novum Instrumentum omne. Erasmo usou 6 manuscritos gregos recentes (séc. XII em diante) disponíveis em Basileia, porém, alguns versos em Apocalipse ele traduziu da Vulgata Latina, devido a falta de manuscritos. Portanto, trata-se de uma edição crítica, embora limitada a poucos manuscritos recentes, do Novo Testamento em grego.[4]
Este NT teve posteriormente várias outras edições publicadas (1522,1527 e 1535) tanto pelo próprio Erasmo, como por Beza, Estienne, e pelos Elzevirs, entre outros.[3]
As edições consideradas como as principais representantes do Textus Receptus são as edições de Estienne de 1550 (a terceira) e a edição dos Elzevirs de 1633.[3]
Deve-se ressaltar que, apesar de todas as pesquisas e revisões dos textos gregos nas diversas edições do Textus Receptus, entre a primeira edição de Erasmo em 1516 e a edição dos Elzevirs em 1633, há uma diferença de menos de 300 palavras em 140.000 que compõem o Novo Testamento, ou seja, apenas 0,2% do total.[carece de fontes]
O uso largo do Texto Recebido[editar | editar código-fonte]
O Textus Receptus foi utilizado para a criação de várias outras traduções da Bíblia para várias outras línguas, como as Bíblias de Lutero em 1522, a de Tyndale em 1526, e a do rei James em 1611, e também para a tradução de João Ferreira de Almeida para o português em 1681. É importante, neste ponto, notarmos que o Textus Receptus, diretamente ou através de uma de suas traduções, foi aceito pelas igrejas protestantes após a Reforma, e que esta posição se manteve intocável, no Brasil, até meados do século XX.
O Texto Recebido hoje[editar | editar código-fonte]
A partir do final do século XIX, com publicação do texto de manuscritos mais antigos do Novo Testamento, a maioria das traduções bíblicas usa os chamados textos críticos, isto é, estabelecidos através da crítica textual e baseados principalmente nos Códex Sinaiticus e Vaticanus, não sem controvérsia daqueles que ainda preferem o Textus Receptus.[5]

Nos dias de hoje, uma tradução da Bíblia que continua mantendo exclusivamente o Textus Receptus como base do Novo Testamento, é a Bíblia Almeida Corrigida Fiel (ACF) publicada pela Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil (SBTB).[6] As outras Almeidas, que são publicadas pela Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), passaram a se basear no Texto Crítico ou em ambos os textos, em alguns pontos, como a Almeida Revista e Corrigida (ARC).[carece de fontes]
Origem do nome[editar | editar código-fonte]
A denominação "Textus Receptus", tem sua origem no prefácio da edição de 1633 dos irmãos Bonnaventura e Abraão Elzevir que diz em latim: "Textum ergo habes nunc ab omnibus receptum, in quo nihil immutatum aut corruptum damus" (em tradução livre: Tens, portanto, o texto agora recebido por todos, no qual nada oferecemos de alterado ou corrupto). As palavras "textum" e "receptum" foram utilizadas no caso nominativo para formar "Textus Receptus".[carece de fontes]
Principais defensores[editar | editar código-fonte]
Atualmente é defendido por uma minoria de estudiosos, considerados, pelos que adotam teoria contrária, como fundamentalistas ou fanáticos. A Trinitarian Bible Society e Sociedade Bíblia Trinitariana do Brasil e seus associados são os principais defensores do TR.[7][3]
Ver também[editar | editar código-fonte]
- Manuscritologia bíblica (Critica textual da Bíblia ou Baixa Crítica)
- Texto Majoritário
- Texto-tipo bizantino
- Texto-tipo alexandino
- Texto-tipo ocidental
- Novum Testamentum Graece (NTG/Neslte-Aland e GNT/UBS)
- O Novo Testamento no Grego Original (Westcott-Hort)
- Novo Testamento
- Filologia
- Crítica textual (aplicação geral)
Referências[editar | editar código-fonte]
- ↑ a b ANGLADA, Paulo R.B. (2014). Manuscritologia do Novo Testamento: história, correntes textuais e o final do Evangelho de Marcos. Ananindeua: Knox Publicações. 192 p..
- ↑ «Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil». biblias.com.br. Consultado em 18 de novembro de 2019
- ↑ a b c d Um Breve Histórico do Textus Receptus. São Paulo: Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil, 2018. Disponível em <https://biblias.com.br/artigo/um-breve-historico-do-textus-receptus>. Acessado em 25 de junho de 2020.
- ↑ Scrivener, Frederick Henry Ambrose (1894). A Plain Introduction to the Criticism of the New Testament for the Use of Biblical Students. II 4th ed. London: Deighton, Bell. pp. 182–187
- ↑ Kurt and Barbara Aland - The text of the New Testament: an introduction to the critical editions and to the theory and practice of modern textual criticism
- ↑ Introdução à Edição Almeida Corrigida Fiel (ACF). Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil, 2018. Disponível em <https://biblias.com.br/artigo/introducao-a-edicao-almeida-corrigida-fiel-acf>. Acessado em 25 de junho de 2020.
- ↑ Sobre: Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil. Disponível em <https://biblias.com.br/sobre>. Acessado em 25 de junho de 2020.
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
- O que o cristão de hoje precisa saber sobre o Novo Testamento em grego, artigo traduzido da Trinitarian Bible Society
- Origem ou tradução?, artigo de Walter Andrade Campelo
- A Teoria de Westcott e Hort e o texto grego do Novo Testamento: um ensaio em manuscritologia bíblica, artigo de Paulo R. B. Anglada