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Doença de refluxo gastroesofágico: diferenças entre revisões

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| Nome = Doença de refluxo gastroesofágico
| Sinónimos = Refuxo gastroesofágico, refluxo ácido
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<!-- Definição e sintomas -->
O '''refluxo gastroesofágico''' ou '''doença do refluxo gastroesofágico''' (DRGE) consiste no refluxo de conteúdo alimentar presente no [[estômago]] para o [[esôfago]], normalmente com [[pH]] [[ácido]], embora possa ser também de conteúdo [[Bile|biliar]], neste caso chamado refluxo [[alcalino]]. É uma das afecções mais frequentes na prática médica<ref name=":3" />.
A '''doença de refluxo gastroesofágico''' ('''DRGE''') é uma condição [[Doença crónica|crónica]] em que o conteúdo do [[estômago]] regressa ao [[esófago]], causando sintomas ou complicações.<ref name=NIH2014/><ref name=Kah2008>{{cite journal |last1=Kahrilas |first1=PJ |last2=Shaheen |first2=NJ |last3=Vaezi |first3=MF |last4=American Gastroenterological Association |first4=Institute |last5=Clinical Practice and Quality Management |first5=Committee |title=American Gastroenterological Association Institute technical review on the management of gastroesophageal reflux disease. |journal=Gastroenterology |date=October 2008 |volume=135 |issue=4 |pages=1392–1413, 1413.e1-5 |pmid=18801365 |doi=10.1053/j.gastro.2008.08.044}}</ref> Os sintomas mais comuns são sabor a ácido na parte de trás da boca, [[azia]], [[Halitose|mau hálito]], [[dor torácica]], [[vómito]]s, dificuldade em respirar e desgaste dos [[dente]]s.<ref name=NIH2014/> As possíveis complicações incluem [[esofagite]], [[obstrução do esófago]] e [[esófago de Barrett]].<ref name=NIH2014/>


<!-- Causa e diagnóstico -->
O refluxo, que contém material [[ácido]], atinge a [[faringe]] e até a [[boca]], provocando, tal como na [[pirose]], ardor, queimação, mal estar e em casos extremos a morte.
Os [[fatores de risco]] incluem [[obesidade]], [[gravidez]], [[Tabagismo|fumar]], [[hérnia do hiato]] e alguns medicamentos.<ref name=NIH2014>{{cite web |title=Gastroesophageal Reflux (GER) and Gastroesophageal Reflux Disease (GERD) in Adults |url=https://www.niddk.nih.gov/health-information/health-topics/digestive-diseases/ger-and-gerd-in-adults/Pages/all-content.aspx |website=NIDDK |accessdate=13 September 2016 |date=13 November 2014 |deadurl=no |archiveurl=https://web.archive.org/web/20161005041548/https://www.niddk.nih.gov/health-information/health-topics/digestive-diseases/ger-and-gerd-in-adults/Pages/all-content.aspx |archivedate=5 October 2016 |df= }}</ref> Os medicamentos envolvidos mais comuns são [[anti-histamínico]]s, [[bloqueadores dos canais de cálcio]], [[antidepressivo]]s e indutores do sono.<ref name=NIH2014/> A doença é causada por uma disfunção do esfíncter esofágico inferior, a união entre o [[estômago]] e o esófago, que não encerra por completo.<ref name=NIH2014/> Em pessoas que não melhoram com medidas de tratamento simples, podem ser necessários métodos complementares de diagnóstico, como [[Esofagogastroduodenoscopia|endoscopia digestiva alta]], [[radiografia]]s com [[Meio de contraste|contraste]], [[phmetria esofagica]] ou [[manometria esofágica]].<ref name=NIH2014/>


<!--Tratamento -->
== Tipos de refluxo ==
O tratamento consiste em modificações no estilo de vida, medicação e, nos casos mais graves, cirurgia.<ref name=NIH2014/> As modificações no estilo de vida incluem não se deitar nas três horas seguintes a comer uma refeição, perder peso, evitar alguns alimentos e [[Cessação tabágica|parar de fumar]].<ref name=NIH2014/> Os medicamentos usados são [[antiácido]]s, [[Anti-histamínico H2|bloqueadores do recetor H<sub>2</sub>]], [[Inibidor da bomba de protões|inibidores da bomba de protões]] e [[procinético]]s.<ref name=NIH2014/><ref name=Her2011>{{cite journal |vauthors=Hershcovici T, Fass R | title = Pharmacological management of GERD: where does it stand now? | journal = Trends in Pharmacological Sciences | volume = 32 | issue = 4 | pages = 258–64 | date = April 2011 | pmid = 21429600 | doi = 10.1016/j.tips.2011.02.007 }}</ref> Em pessoas que não melhoram com outras medidas, pode ser considerada cirurgia.<ref name=NIH2014/>

<!-- Epidemiologia e história -->
Nos países ocidentais, a condição afeta entre 10 e 20% da população.<ref name=Her2011/> O refluxo gastroesofágico ocasional, sem sintomas ou complicações significatvas associadas, é mais comum.<ref name=NIH2014/> A doença foi descrita pela primeira vez em 1935 pelo gastroenterologista norte-americano [[Asher Winkelstein]].<ref>{{cite book |last1=Arcangelo |first1=Virginia Poole |last2=Peterson |first2=Andrew M. |title=Pharmacotherapeutics for Advanced Practice: A Practical Approach |date=2006 |publisher=Lippincott Williams & Wilkins |isbn=9780781757843 |page=372 |url=https://books.google.com/books?id=EaP1yJz4fkEC&pg=PA372 |language=en |deadurl=no |archiveurl=https://web.archive.org/web/20170908180953/https://books.google.com/books?id=EaP1yJz4fkEC&pg=PA372 |archivedate=8 September 2017 |df= }}</ref> Os sintomas clássicos já tinham sido descritos em 1925.<ref>{{cite book |last1=Granderath |first1=Frank Alexander |last2=Kamolz |first2=Thomas |last3=Pointner |first3=Rudolph |title=Gastroesophageal Reflux Disease: Principles of Disease, Diagnosis, and Treatment |date=2006 |publisher=Springer Science & Business Media |isbn=9783211323175 |page=161 |url=https://books.google.com/books?id=wbV09gYB6DkC&pg=PA161 |language=en |deadurl=no |archiveurl=https://web.archive.org/web/20170908180953/https://books.google.com/books?id=wbV09gYB6DkC&pg=PA161 |archivedate=8 September 2017 |df= }}</ref>

== Classificação ==


Existem três tipos de doenças de refluxo, classificadas de acordo com o local aonde chega o refluxo:
Existem três tipos de doenças de refluxo, classificadas de acordo com o local aonde chega o refluxo:
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* refluxo faringolaríngeo (RFL): forma atípica de RGE, com sintomatologia exclusivamente extraesofágica, faringolaríngea e/ou traqueobrônquica<ref name=":0" />
* refluxo faringolaríngeo (RFL): forma atípica de RGE, com sintomatologia exclusivamente extraesofágica, faringolaríngea e/ou traqueobrônquica<ref name=":0" />
* refluxo enterogástrico
* refluxo enterogástrico

== Ocorrência ==
A DRGE é a doença esofágica mais comum. Estima-se que 40% da população adulta apresentarão refluxo em alguma fase da vida<ref name=":2">{{citar periódico|ultimo = |primeiro = |titulo = Refluxo laringofaríngeo e Bulimia Nervosa: Alterações Vocais e Laríngeas|jornal = Rev. CEFAC. 2011 Mar-Abr; 13(2):352-361|doi = |url = http://www.scielo.br/pdf/rcefac/v13n2/187-09.pdf|acessadoem = |autor = Carla Aparecida Cielo|coautores = Dayane Domeneghini Didoné, Enma Mariángel Ortiz Torres,
Joziane Padilha de Moraes Lima|ano = 2011}}</ref>. A DRGE predomina no [[sexo feminino]], mas os pacientes do [[sexo masculino]] apresentam maior incidência de alterações laríngeas<ref name=":2" />. Além disso, é alta a prevalência da DRGE em idosos<ref>{{citar periódico|ultimo = Parente|primeiro = Joana Patrícia Oliveira|titulo = Avaliação do uso de medicamentos inapropriados
em idosos: aplicação dos Critérios de Beers|jornal = |doi = |url = http://ubibliorum.ubi.pt/bitstream/10400.6/1007/1/Disserta%C3%A7%C3%A3o%20de%20mestrado%20-%20Joana%20Parente%20%28final%29.pdf|acessadoem = 27/12/2015|paginas = 8|ano = 2011}}</ref>.

A prevalência de manifestações do RLF em pacientes com DRGE é alta: 5% a 20% da população mundial tem complicações supraesofágicas da DRGE<ref name=":1" />.

== Causas e fatores predisponentes ==
O principal fenômeno motor associado à DRGE (principal causa da ocorrência do refluxo) é o relaxamento transitório do [[esfíncter]]<ref name=":3" />.

Os fatores predisponentes mais comuns da DRGE são a presença de [[hérnia]] do hiato esofágico, [[obesidade]] e [[Tabaco|tabagismo]], entre outros.


== Sinais e sintomas ==
== Sinais e sintomas ==
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espessamento da região posterior da glote
espessamento da região posterior da glote
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== Causas ==
O principal fenômeno motor associado à DRGE (principal causa da ocorrência do refluxo) é o relaxamento transitório do [[esfíncter]]<ref name=":3" />.

Os fatores predisponentes mais comuns da DRGE são a presença de [[hérnia]] do hiato esofágico, [[obesidade]] e [[Tabaco|tabagismo]], entre outros.


== Diagnóstico ==
== Diagnóstico ==
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== Fisiopatologia ==
== Fisiopatologia ==

Sua causa mais comum é a incapacidade que tem o esfíncter (válvula cárdia), inferior do esôfago, de reter o conteúdo do estômago, provocando a regurgitação.
Sua causa mais comum é a incapacidade que tem o esfíncter (válvula cárdia), inferior do esôfago, de reter o conteúdo do estômago, provocando a regurgitação.


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Para os casos mais graves e aqueles que não respondem ao tratamento clínico, pode estar indicado o tratamento [[Cirurgia|cirúrgico]], que consiste na correção da hérnia de hiato ou da incontinência do esfíncter inferior do esôfago através da confecção de uma válvula anti-refluxo (fundoplicatura) com o fundo gástrico que envolve total ou parcialmente o esôfago. As vias de abordagens são a [[laparotomia]] (método tradicional, com um corte vertical de cerca de 10-15 [[Centímetro|cm]] acima da cicatriz [[Umbigo|umbilical]]); e a [[laparoscopia]] (método mais recente em que são realizadas 4 ou 5 pequenas incisões, de cerca de 1&nbsp;cm cada, e por onde são inseridos o instrumental cirúrgico e uma pequena câmera de [[vídeo]]).
Para os casos mais graves e aqueles que não respondem ao tratamento clínico, pode estar indicado o tratamento [[Cirurgia|cirúrgico]], que consiste na correção da hérnia de hiato ou da incontinência do esfíncter inferior do esôfago através da confecção de uma válvula anti-refluxo (fundoplicatura) com o fundo gástrico que envolve total ou parcialmente o esôfago. As vias de abordagens são a [[laparotomia]] (método tradicional, com um corte vertical de cerca de 10-15 [[Centímetro|cm]] acima da cicatriz [[Umbigo|umbilical]]); e a [[laparoscopia]] (método mais recente em que são realizadas 4 ou 5 pequenas incisões, de cerca de 1&nbsp;cm cada, e por onde são inseridos o instrumental cirúrgico e uma pequena câmera de [[vídeo]]).

Além dessas técnicas, algumas plantas medicinais como a [[Camomila-vulgar|camomila]] e o [[alcaçuz]] têm mostrado eficácia na melhora dos sintomas.<ref>[http://www.criasaude.com.br/doencas/fitoterapia-drge.html - Fitoterapia DRGE]</ref>


Recentemente foi aprovada técnica endoscópica, trans-oral, para a correção do refluxo. A técnica envolve o uso do aparelho EsophyX e vem sendo empregada com sucesso em pacientes com hérnia de hiato pequena, ou sem hérnia de hiato. Estudos a longo prazo ainda não estão disponíveis, porém os resultados preliminares são promissores.
Recentemente foi aprovada técnica endoscópica, trans-oral, para a correção do refluxo. A técnica envolve o uso do aparelho EsophyX e vem sendo empregada com sucesso em pacientes com hérnia de hiato pequena, ou sem hérnia de hiato. Estudos a longo prazo ainda não estão disponíveis, porém os resultados preliminares são promissores.


== Ver também ==
== Epidemiologia ==
* [[Esôfago de Barrett]]


A DRGE é a doença esofágica mais comum. Estima-se que 40% da população adulta apresentarão refluxo em alguma fase da vida<ref name=":2">{{citar periódico|ultimo = |primeiro = |titulo = Refluxo laringofaríngeo e Bulimia Nervosa: Alterações Vocais e Laríngeas|jornal = Rev. CEFAC. 2011 Mar-Abr; 13(2):352-361|doi = |url = http://www.scielo.br/pdf/rcefac/v13n2/187-09.pdf|acessadoem = |autor = Carla Aparecida Cielo|coautores = Dayane Domeneghini Didoné, Enma Mariángel Ortiz Torres,
{{Referências}}
Joziane Padilha de Moraes Lima|ano = 2011}}</ref>. A DRGE predomina no [[sexo feminino]], mas os pacientes do [[sexo masculino]] apresentam maior incidência de alterações laríngeas<ref name=":2" />. Além disso, é alta a prevalência da DRGE em idosos<ref>{{citar periódico|ultimo = Parente|primeiro = Joana Patrícia Oliveira|titulo = Avaliação do uso de medicamentos inapropriados
em idosos: aplicação dos Critérios de Beers|jornal = |doi = |url = http://ubibliorum.ubi.pt/bitstream/10400.6/1007/1/Disserta%C3%A7%C3%A3o%20de%20mestrado%20-%20Joana%20Parente%20%28final%29.pdf|acessadoem = 27/12/2015|paginas = 8|ano = 2011}}</ref>.

A prevalência de manifestações do RLF em pacientes com DRGE é alta: 5% a 20% da população mundial tem complicações supraesofágicas da DRGE<ref name=":1" />.


{{Referências|col=2}}
== Ligações externas ==
* {{Link||2=http://www.cccastelo.com.br/drge.htm |3=Doença do refluxo gastroesofágico}}


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Revisão das 16h41min de 25 de janeiro de 2018

Doença de refluxo gastroesofágico
Doença de refluxo gastroesofágico
Radiografia em que se observa o contraste a voltar a entrar no esófago devido a refluxo grave
Sinónimos Refuxo gastroesofágico, refluxo ácido
Especialidade Gastroenterologia
Sintomas Sabor a ácido, azia, mau hálito, dor torácica, dificuldade em respirar[1]
Complicações Esofagite, obstrução do esófago, esófago de Barrett[1]
Duração Crónica[1][2]
Causas Disfunção do esfíncter esofágico inferior[1]
Fatores de risco Obesidade, gravidez, fumar, hérnia do hiato, alguns medicamentos[1]
Método de diagnóstico Endoscopia digestiva alta, radiografias com contraste, phmetria esofagica, manometria esofágica[1]
Condições semelhantes Úlcera péptica, cancro do esófago, espasmo esofágico, angina[3]
Tratamento Alterações no estilo de vida, medicação, cirurgia[1]
Medicação Antiácidos, bloqueadores do recetor H2, inibidores da bomba de protões, procinéticos[1][4]
Frequência ~15% (países ocidentais)[4]
Classificação e recursos externos
CID-10 K21
CID-9 530.81
CID-11 1391387859
OMIM 109350
DiseasesDB 23596
MedlinePlus 000265
eMedicine med/857 ped/1177 radio/300
MeSH D005764
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A doença de refluxo gastroesofágico (DRGE) é uma condição crónica em que o conteúdo do estômago regressa ao esófago, causando sintomas ou complicações.[1][2] Os sintomas mais comuns são sabor a ácido na parte de trás da boca, azia, mau hálito, dor torácica, vómitos, dificuldade em respirar e desgaste dos dentes.[1] As possíveis complicações incluem esofagite, obstrução do esófago e esófago de Barrett.[1]

Os fatores de risco incluem obesidade, gravidez, fumar, hérnia do hiato e alguns medicamentos.[1] Os medicamentos envolvidos mais comuns são anti-histamínicos, bloqueadores dos canais de cálcio, antidepressivos e indutores do sono.[1] A doença é causada por uma disfunção do esfíncter esofágico inferior, a união entre o estômago e o esófago, que não encerra por completo.[1] Em pessoas que não melhoram com medidas de tratamento simples, podem ser necessários métodos complementares de diagnóstico, como endoscopia digestiva alta, radiografias com contraste, phmetria esofagica ou manometria esofágica.[1]

O tratamento consiste em modificações no estilo de vida, medicação e, nos casos mais graves, cirurgia.[1] As modificações no estilo de vida incluem não se deitar nas três horas seguintes a comer uma refeição, perder peso, evitar alguns alimentos e parar de fumar.[1] Os medicamentos usados são antiácidos, bloqueadores do recetor H2, inibidores da bomba de protões e procinéticos.[1][4] Em pessoas que não melhoram com outras medidas, pode ser considerada cirurgia.[1]

Nos países ocidentais, a condição afeta entre 10 e 20% da população.[4] O refluxo gastroesofágico ocasional, sem sintomas ou complicações significatvas associadas, é mais comum.[1] A doença foi descrita pela primeira vez em 1935 pelo gastroenterologista norte-americano Asher Winkelstein.[5] Os sintomas clássicos já tinham sido descritos em 1925.[6]

Classificação

Existem três tipos de doenças de refluxo, classificadas de acordo com o local aonde chega o refluxo:

  • refluxo gastresofágico (RGE): "afecção crônica, decorrente do fluxo retrógrado de parte do conteúdo gastroduodenal para o esôfago e/ou órgãos adjacentes"[7][8]
  • refluxo faringolaríngeo (RFL): forma atípica de RGE, com sintomatologia exclusivamente extraesofágica, faringolaríngea e/ou traqueobrônquica[7]
  • refluxo enterogástrico

Sinais e sintomas

O sintoma mais comum é a azia (sensação de queimor retroesternal e epigástrica, que pode subir até à garganta) e sensação de regurgitação. Entretanto, a ocorrência eventual de pirose não significa caso da doença, embora sua ocorrência em períodos relativamente curtos seja indicativo de seu desenvolvimento.

Pode ocorrer também dor no precórdio, em queimação, simulando uma dor cardíaca, problemas respiratórios (asma, broncopneumonia) ou do orofaringe (tosse, pigarro ou rouquidão). Os sintomas de pirose e dor podem ser aliviados com a ingestão de antiácidos no entanto um modo rápido de identificar a origem da dor no peito (se cardíaca ou gastrointestinal) é ingerindo alguns goles de leite sem açúcar.

A presença de bile refluída do duodeno parece ter muita importância em um tipo mais grave de DRGE, chamado de Esôfago de Barrett. Este tipo está intimamente ligado ao câncer do esôfago.

Dificuldade para engolir e dor torácica crônica, e ainda pode incluir tosse, rouquidão, alteração na voz, dor crônica no ouvido, dores agudas (pontadas) no tórax, náusea ou sinusite.

Sintomas e sinais de refluxo, por tipo de refluxo[7]

Refluxo gastroesofágico (RGE) Refluxo faringolaríngeo
Sintomas azia/queimação,

dor retroesternal e regurgitação

disfagia faringoesofágica (51% dos casos)[9]

globo faríngeo (sensação de "bola na garganta", um corpo estranho na faringe[10])

queimação retroesternal[necessário esclarecer],

pigarro crônico,

rinorreia posterior[necessário esclarecer],

halitose,

rouquidão,

fadiga vocal,

quebras vocais,

disfagia (dificuldade de engolir)

regurgitação,

tosse crônica,

chiado no peito,

obstrução respiratória

laringoespasmo paroxístico

Sinais lesão da mucosa do esôfago ou do trato aerodigestivo edema laríngeo difuso,

hiperemia,

hipertrofia interaritenoídea[necessário esclarecer],

úlcera de contato[necessário esclarecer],

granuloma ou granulação[necessário esclarecer],

espessamento da região posterior da glote

Causas

O principal fenômeno motor associado à DRGE (principal causa da ocorrência do refluxo) é o relaxamento transitório do esfíncter[11].

Os fatores predisponentes mais comuns da DRGE são a presença de hérnia do hiato esofágico, obesidade e tabagismo, entre outros.

Diagnóstico

A maior parte dos indivíduos com sintomas típicos de pirose, epigastralgia e regurgitação não apresentam lesões esofágicas e podem ser diagnosticados com teste terapêutico[11].

Segundo Drauzio Varella[12], quando os sintomas são típicos, o paciente geralmente responde bem ao tratamento à base de inibidores da bomba de prótons ou receptores H2, e não há necessidade de endoscopia, exame que fica reservado aos casos que apresentam outros complicadores, como estreitamento esofágico.

Nos casos com sintomas típicos em que a endoscopia é normal, a pH-metria esofágica costuma fazer o diagnóstico. O esfíncter esofágico inferior (EEI) é localizado por manometria e então um cateter com sensor de pH é inserido por via nasal até o esôfago, registrando o pH esofágico durante um período de 24 horas.

Nos casos com sintomas de refluxo, mas com pouca resposta aos tratamentos convencionais, aplica-se hoje a impedanciopHmetria, que mostra a presença de refluxo não ácido, sendo que, possivelmente, estes pacientes se beneficiariam muito com a cirurgia.

É importante ressaltar que, mesmo a pHmetria esofágica não é um exame definitivo, pois muitos pacientes com lesões erosivas no esôfago distal, assim como outros portadores de hérnia hiatal sem lesões erosivas, apresentam uma pHmetria esofágica normal, mesmo sendo muito sintomáticos[11].

Fisiopatologia

Sua causa mais comum é a incapacidade que tem o esfíncter (válvula cárdia), inferior do esôfago, de reter o conteúdo do estômago, provocando a regurgitação.

Hérnia de hiato esofagiano, mesmo assintomática, é outro fator que pode causar o refluxo não confundir com a doença, nesse caso o alimento é regurgitado antes de passar pelo esófago. Acidez elevada, bem como excessiva produção de ácido gástrico pode contribuir para a ocorrência da doença; também a síndrome de Zollinger-Ellison, hipercalcemia, esclerose sistêmica e pedras na vesícula.

Acrescenta-se que a ingestão de alimentos condimentados, gordurosos, uso do fumo e álcool, mau hábito de alimentação (dormir logo após a refeição, excesso de comida) são fatores que ocasionam e pioram os efeitos do refluxo.

Tratamento

A DRGE é uma doença crônica que exige uso contínuo de medicamentos e controles comportamentais. Os tratamentos cirúrgicos são uma opção[11].

Os casos leves são tratados com medicamentos antiácidos, como preparações à base de hidróxido de magnésio e alumínio, e medicamentos inibidores de receptores H2 histaminérgicos, como a ranitidina e cimetidina. Além disso, há os pró-cineticos, que melhoram o esvaziamento gástrico (como a domperidona, metoclopramida e bromoprida).[13] Os mais efetivos são os inibidores da bomba de prótons (omeprazol, pantoprazol, rabeprazol dentre outros) ingeridos 1 ou 2 vezes ao dia. São também indicadas medidas como não deitar após as alimentações e dormir com a cabeceira da cama mais elevada.

Para os casos mais graves e aqueles que não respondem ao tratamento clínico, pode estar indicado o tratamento cirúrgico, que consiste na correção da hérnia de hiato ou da incontinência do esfíncter inferior do esôfago através da confecção de uma válvula anti-refluxo (fundoplicatura) com o fundo gástrico que envolve total ou parcialmente o esôfago. As vias de abordagens são a laparotomia (método tradicional, com um corte vertical de cerca de 10-15 cm acima da cicatriz umbilical); e a laparoscopia (método mais recente em que são realizadas 4 ou 5 pequenas incisões, de cerca de 1 cm cada, e por onde são inseridos o instrumental cirúrgico e uma pequena câmera de vídeo).

Recentemente foi aprovada técnica endoscópica, trans-oral, para a correção do refluxo. A técnica envolve o uso do aparelho EsophyX e vem sendo empregada com sucesso em pacientes com hérnia de hiato pequena, ou sem hérnia de hiato. Estudos a longo prazo ainda não estão disponíveis, porém os resultados preliminares são promissores.

Epidemiologia

A DRGE é a doença esofágica mais comum. Estima-se que 40% da população adulta apresentarão refluxo em alguma fase da vida[14]. A DRGE predomina no sexo feminino, mas os pacientes do sexo masculino apresentam maior incidência de alterações laríngeas[14]. Além disso, é alta a prevalência da DRGE em idosos[15].

A prevalência de manifestações do RLF em pacientes com DRGE é alta: 5% a 20% da população mundial tem complicações supraesofágicas da DRGE[8].

Referências

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