Carmen Miranda: Bananas Is My Business

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Carmen Miranda: Bananas Is My Business
Carmen Miranda: Bananas Is My Business
Cartaz do documentário.
 Brasil
1995 •  cor •  91 min 
Gênero filme biográfico
documentário
Direção Helena Solberg
Produção Helena Solberg
David Meyer
Roteiro Helena Solberg
Elenco Cynthia Adler
Eric Barreto
Letícia Monte
Alice Faye
Aloysio de Oliveira
Aurora Miranda
Cesar Romero
Carmen Miranda
Mário Cunha
Rita Moreno
Synval Silva
Música Léo Gandelman
Benny Mouthon
Diretor de fotografia Tomasz Magierski
Edição Helena Solberg
David Meyer
Distribuição Radiante Filmes
International Cinema
PBS
Fox Lorber Home Vídeo
CPB
Lançamento Brasil13 de abril de 1995
Estados Unidos05 de julho de 1995
Portugal16 de julho de 1995
Canadá15 de setembro de 1995
Idioma português
inglês
Orçamento US$ 550 mil

Carmen Miranda: Bananas Is My Business é um docudrama lançado em 1995[nota 1] e dirigido por Helena Solberg.[1][2] Este documentário narra a vida e carreira de Carmen Miranda, símbolo hollywoodiano do espírito latino-americano na década de 1940. O documentário conta a sua história de vida em uma série de etapas, começando com suas raízes e ascensão ao estrelato no Brasil e seu desenvolvimento como cantora e atriz nos Estados Unidos, começando na Broadway em Nova York, em seguida, na indústria cinematográfica depois que ela assinou contrato com a 20th Century Fox em Los Angeles, além de seus últimos anos de vida, antes de sua morte trágica e seu retorno ao Brasil. O filme conta com várias entrevistas de amigos e familiares próximos da cantora, como sua irmã Aurora Miranda, seu primeiro namorado Mário Cunha, o violinista Laurindo Almeida, o compositor de samba Synval Silva, e os atores Cesar Romero e Alice Faye.[3][4]

Sinopse[editar | editar código-fonte]

Carmen Miranda: Bananas is my Business conta a extraordinária história da estrela brasileira que conquistou a imaginação e o coração do mundo. Carmen Miranda, nascida em Portugal e criada no Brasil, foi uma artista de imenso talento. Já famosa na América do Sul, em 1939 é descoberta por Lee Schubert que a leva para os Estados Unidos, onde tornou-se "The Brazilian Bombshell". Carmen Miranda permanece como a mais famosa brasileira a conquistar as telas do cinema. No entanto para os norte americanos era mais conhecida como uma figura caricata que carregava uma enorme pilha de bananas e outras frutas na cabeça. O filme tenta resgatá-la dessa trama, devolvendo-a o que há de mais fundamental: sua identidade.

Estrelato no Brasil[editar | editar código-fonte]

Carmen Miranda volta à vida na primeira cena do documentário, como um sonho narrado por Helena Solberg, de onde sai de seu museu no Rio de Janeiro, seguida da tristeza de seus fãs brasileiros em imagens de seu cortejo fúnebre. O filme faz uso de entrevistas com pessoas íntimas a ela, como a sua irmã Aurora Miranda.

A emigração da família Miranda para o Brasil já estava marcada, entretanto, ao ver-se grávida, a mãe de Carmen preferiu aguardar. Pouco depois de seu nascimento, seu pai, José Maria, emigrou para o Brasil, onde se instalou no Rio de Janeiro. Dois meses depois, já situado em seu novo país, José Maria despachou o dinheiro para a vinda da família. Carmen chegou ao Rio, com sua mãe e irmã mais velha, Olinda, no dia 17 de dezembro de 1909. Tinha dez meses e oito dias.[5]

Na adolescência para ajudar no orçamento da família, Carmen começou a trabalhar como aprendiz de chapeleira na Maison La Femme Chic de Madame Boss no centro da cidade, onde aprendeu a confeccionar chapéus, foi nessa época que ela tomou gosto pela música e notou a forte influência do samba em sua vida.[6]

Carmen usou o samba como uma forma de expressar-se como artista, e começou logo a se apresentar em rádios da cidade em uma época em que a sociedade desaprovava e o rádio era um mundo dominado por homens, ela manteve relações estreitas com importantes compositores de sua época como Synval Silva e Laurindo Almeida, entre outros, até partir para os Estados Unidos.

Esta oportunidade veio em fevereiro de 1939, quando o magnata do show business Lee Shubert assistiu um de suas apresentações no Cassino da Urca, e a contrata para seu espetáculo The Streets of Paris, que estrearia na Broadway alguns meses depois. Carmen porém impõe a ida do Bando da Lua com ela, e embarcam na noite de 4 de maio no a bordo do SS Uruguay, chegando em Nova York no dia 17 de maio de 1939. Este foi o episódio que transformou a vida de quem mais tarde viria a ser conhecida como "The Brazilian Bombshell".[7]

Carreira nos Estados Unidos e a luta pela sua identidade[editar | editar código-fonte]

Como se tornou bastante popular nos Estados Unidos, notícias sobre seu sucesso chegavam ao Brasil através de agências telegráficas, os brasileiros estavam céticos de seu sucesso em Nova York. Miranda acabou se deparando em uma luta incansável para provar a sua identidade como brasileira, mas também para manter a atenção do público norte-americano. Sua apropriação do estilo "baiana" fez com que ela ganhasse seus muitos inimigos dentro do Brasil, já que ela acabava representando um setor da cultura brasileira, que era vista com desprezo e ameaça à identidade nacional, de acordo com a elite branca do País.[8]

Em julho de 1940, Carmen Miranda retorna ao Rio de Janeiro, no dia 15 daquele mês se apresenta para uma platéia gelada no Casino da Urca – era o Estado Novo, hesitante entre o Eixo e os aliados, que a acusava de ter voltado “americanizada”.

Parte da imprensa e da elite constantemente atacavam sua imagem, muitos a olhavam como "uma vergonha e uma afronta à sua herança cultural".[9] Helena Solberg também sugere que a imagem de Miranda foi explorada e utilizada pelo Governo dos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial como parte de sua Política de Boa Vizinhança, para a América Latina, cujos recursos naturais eram vital e necessária para combater a guerra, isso acabaria por elevar ainda mais críticas a ela no Brasil. No entanto, o público norte-americano parecia está cada vez mais cativado pelo estilo exótico e colorido da cantora/atriz.

Estereotipada como um ícone cômico, sensual e bobo, Carmen Miranda foi consumida pela tristeza, pois sabia que ser amada, exemplificava ela como uma mercadoria a ser consumida pela plateia americana. Nesta parte do documentário, Solberg inclui uma entrevista com a atriz porto-riquenha Rita Moreno, que crítica os estereótipos hollywoodianos criados sobre as mulheres latino-americanas como "sempre deixada de lado pelo cara, vivaz, fogosa! um exagero."

As opiniões divergem sobre a imagem de Carmen, Cesar Romero diz que "o problema foi ela nunca ter mudado, uma novidade que começou a cansar". Mas Alice Faye e outros negam que ela pudesse ter escapado da imagem empregada pelos seus filmes, "Você poderia argumentar [com o estúdio]", diz ela, "mas, depois, seria suspensa".[10]

A morte e as consequências[editar | editar código-fonte]

A fase final do filme narra os acontecimentos que levaram à morte de Carmen Miranda. No documentário, Helena Solberg utiliza entrevistas com amigos e empregados próximos da cantora, para mostrar que o casamento conturbado com o produtor de cinema David Sebastian e seu ritmo alucinado de trabalho a levaram ao um desgaste físico e uma profunda depressão. Com ordens de seu médico, Carmen tirou uma licença do trabalho e viajou de volta para o Brasil em 1954, para descansar por várias semanas.

Após o seu regresso a Los Angeles, Carmen Miranda foi convidada para se apresentar no show de variedades de Jimmy Durante na rede NBC em 4 de agosto de 1955. Durante sua apresentação de dança, ela subidamente cai de joelhos, sendo amparada pelo comediante, logo em seguida põem a mão sobre o peito e, sorrido, reclama estar sem fôlego. Mesmo exausta, continuou o número até o final das gravações. Ao final do programa Jimmy Durante agradece a sua presença e, junto com os músicos, se despede acompanhando-a até a porta do cenário. Esse é o último registro de Carmen viva, na madrugada do dia 5, ela morreria em sua casa em Beverly Hills, vitima de um ataque cardíaco.

O documentário mostra uma missa celebrada na Igreja do Bom Pastor em Los Angeles e também o retorno de seu corpo para o Rio de Janeiro, de acordo com os últimos desejos da artista. Após a sua chegada, o governo brasileiro declarou um período de luto nacional, mais de 60.000 pessoas assistiram a cerimônia na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, seguido de mais de meio milhão de brasileiros que acompanharam o seu cortejo fúnebre até o Cemitério de São João Batista.[11][12]

Elenco[editar | editar código-fonte]

Desenvolvimento[editar | editar código-fonte]

Produção[editar | editar código-fonte]

"Acredito que a visão em relação à figura de Carmen está mudando, as pessoas estão vendo com mais clareza o impacto que ela causou tanto na nossa cultura como na dos Estados Unidos. O legado dela está sendo mais valorizado, na época havia uma elite que não queria ver a imagem do país associada a Carmen e às músicas que cantava. Mas ela continua sendo um ícone tão forte que jamais envelheceu e segue despertando o interesse de diferentes gerações"

David Mayer foi parte da gênese do filme e trabalhou junto a Helena Solberg até o fim da edição do documentário. O diretor de fotografia, o polonês Tomasz Magierski, foi constante nas filmagens, enquanto o resto da equipe mudava dependendo do país em que o documentário ia sendo filmado. O filme foi financiado pela Corporation for Public Broadcasting, Public Broadcasting Service, Channel 4 (Reino Unido), Rádio e Televisão de Portugal e RioFilme.

Custo[editar | editar código-fonte]

O filme custou por volta de US$ 550 mil, o que encareceu foram os direitos de imagem pago aos grandes estúdios pelo uso dos filmes de Carmen Miranda. Helena e David fizeram uma pesquisa mundial em busca de imagens inéditas e acabaram encontrando bastante material, inclusive home movies da própria cantora, o que acrescentava um novo custo pelos direitos de uso.[14]

Prêmios[editar | editar código-fonte]

Ano Festival Categoria País Resultado
1994 Festival de Brasília Melhor Documentário  Brasil Venceu
Prêmio Especial do Júri  Brasil Venceu[15]
Prêmio da Crítica  Brasil Venceu
1995 Festival de Havana Melhor Documentário  Cuba Venceu
Festiva Internacional de Cinema de Chicago[16] Melhor Documentário  Estados Unidos Venceu
Yamagata International Documentary Film Festival Melhor Documentário  Japão Indicado
1996 Festival Internacional de Cinema do Uruguai Melhor Documentário Uruguai Venceu
Encontro Internacional de Cinema de Portugal[17] Melhor Documentário Portugal Portugal Venceu

Festivais[editar | editar código-fonte]

O filme foi convidado para 26 festivais internacionais.

Festival País Ano
Melbourne International Film Festival Austrália Austrália 1995[18]
Locarno International Film Festival Suíça Suíça 1995
Toronto International Film Festival Canadá Canadá 1995
Yamagata International Documentary Film Festival Japão Japão 1995
BFI London Film Festival Inglaterra Inglaterra 1995
International Film Festival Rotterdam Países Baixos Holanda 1996
Göteborg International Film Festival Suécia Suécia 1996
Santa Barbara International Film Festival Estados Unidos Estados Unidos 1996
Rencontres de Cinema d'amérique Latine França França 1996
Festival international de films de femmes de Créteil França França 1996
Hong Kong International Film Festival Hong Kong Hong Kong 1996
Mostra Internacional de Films de Dones de Barcelona Espanha Espanha 1996
Jerusalem Film Festival Israel Israel 1996
Galway Film Fleadh República da Irlanda Irlanda 1996
Wellington Film Festival Nova Zelândia Nova Zelândia 1996
The London Latin American Film Festival Inglaterra Inglaterra 1996
Helsinki Film Festival Suíça Suíça 1996
Films from the South Noruega Noruega 1996
Festival de Cine Realizado por Mujeres Espanha Espanha 1996
International Women's Film Festival Dortmund França França 1999
Flying Broom International Women's Film Festival Turquia Turquia 2000
É Tudo Verdade Brasil Brasil 2014[19]
Curtas e Docs Brasil Brasil 2014[20]

Trilha sonora[editar | editar código-fonte]

Canção[21] Performance Nota(s)
"Adeus Batucada" Synval Silva
  • (durante o encerramento dos créditos)
"Aquarela do Brasil" Carmen Miranda
"Ao Voltar da Batucada" Synval Silva
"A Week-End in Havana" Carmen Miranda
"Boneca de Pixe" Carmen Miranda
"Cai, Cai" Carmen Miranda
"Chica Chica Boom Chic" Carmen Miranda
"Camisa Listada" Carmen Miranda
"Cantores de Rádio" Aurora Miranda
Carmen Miranda
"Coração" Synval Silva
"Disseram que Voltei Americanizada" Erick Barreto
  • (como Carmen Miranda)
"Diz que tem" Carmen Miranda
"I Like You Very Much" Carmen Miranda
Erick Barreto
  • Performance do curta-metragem Sing With The Stars
  • (como Carmen Miranda)
"I Make My Money With Bananas" Erick Barreto
  • (como Carmen Miranda)
"K-K-K-Katy" Carmen Miranda
"O que é que a baiana tem?" Carmen Miranda
"O Samba e o Tango" Carmen Miranda
"P'rá Você Gostar de Mim" (Taí) Carmen Miranda
"Primavera no Rio" Carmen Miranda
"South American Way" Carmen Miranda
"Street of Dreams" The Ink Spots
"Tico-tico no Fubá" Carmen Miranda
"The Lady In The Tutti Frutti Hat" Carmen Miranda
"The Soul Of Carmen Miranda" John Cale
  • (durante o inicio dos créditos)[22]

Lançamento[editar | editar código-fonte]

Lançado primeiramente no Brasil, em 13 de abril de 1995, o filme encerrou a mostra competitiva do 27º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.

Em julho do mesmo ano, foi lançado comercialmente nos Estados Unidos, ganhando o Gold Hugo Award de melhor docu-drama no Festival de Chicago, além de ser selecionado entre os 10 melhores filmes de não-ficção pelo Andrew Sarris.[23]

Em Portugal, foi lançado em 16 de julho de 1995, no Canadá em 15 de setembro durante o Festival Internacional de Cinema de Toronto.

Repercussão[editar | editar código-fonte]

O filme foi extremamente bem recebido pela crítica norte-americana, o docudrama passou nos cinemas de arte das pricipais cidades dos Estados Unidos. No Brasil, a crítica foi também calorosa, na televisão foi adquirido pelo Canal Brasil e TV Cultura,[24] e pelos canais a cabo GNT e Curta!.[25][26]

Na América Latina, pelo Discovery Channel e Film&Arts.[27] Nos Estados Unidos foi exibido nacionalmente pela rede PBS.[28] e na França pelo Canal Plus.[29][30]

Crítica nos Estados Unidos[editar | editar código-fonte]

No Rotten Tomatoes, o filme detém um índice de aprovação de 80% com base em 5 reviews.[31] O Daily News de Nova York comentou em sua crítica que "Carmen Miranda continua a ser uma das imagens mais reconhecíveis da história do cinema, uma explosão de fantasia, energia e erotismo lúdico" e o documentário dirigido por Helena Solberg "é um estudo complexo, pessoal e comovente de uma grande artista, que se tornou uma vítima do momento cultural que ela encarnou".[32] Stephen Holden, crítico de cinema do New York Times, escreveu que o "documentário de Helena Solberg é ricamente contemplativo", e que "Bananas Is My Business retrata Miranda como uma figura trágica, presa em sua exótica personalidade de Brazilian bombshell", e concluiu: "é triste constatar que Hollywood, depois de coroá-la com bananas, não pudesse pensar em mais nada a ver com ela, exceto transformar essa imagem em uma piada".[33] Em sua análise, Amy Taubin do jornal The Village Voice, escreveu que o filme era "fabuloso e deslumbrante".

O Los Angeles Times chamou-o de "perceptivo, pungente".[34] Godfrey Cheshire, da revista Variety, escreveu que Bananas is my Business "fornece um relato fascinante da mega estrela, prisioneira de uma imagem vertiginosa refletindo diversas agendas políticas e culturais entrelaçadas".[35] Juan M. Mendez, do El Daily News, disse que "Miranda ressurge como a mulher que ela realmente era, este é seu verdadeiro retorno".

O USA Today escreveu que o "documentário é muito confuso, mas raras imagens de arquivo e entrevistas com amigos, amores e parentes de Miranda a resgatam".[36] Michael Wilmington, do Chicago Tribune, disse que o documentário "apresenta Miranda em um sério contexto: como um artista amada pelo seu povo, roubada por Hollywood e que morreu triste aos 46 anos, o filme nos mostra o significado de Carmen Miranda como um artista e instituição brasileira - acima de sua imagem em grande parte cômica em filmes de Hollywood, as entrevistas (Cesar Romero, Rita Moreno, e o produtor/arranjador Aloysio de Oliveira) são boas. Os clipes são atraentes. As recriações dramaticamente exageradas. E a narração, dolorosa e duvidosa. No cômputo geral, é interessante".[37]

Marjorie Baumgarten, em sua análise para o The Austin Chronicle, lembrou que o documentário "busca encontrar a pessoa por trás do ícone estereotipado por Hollywood".[38] Para Jay Carr do The Boston Globe o filme é "comovente e inesquecível".

A New York Magazine faz um comentário negativo ao filme, que na sua concepção "é falho em vários aspectos" entre elas "nas recriações dramática de Carmen Miranda, além disso, Helena Solberg, decidiu enquadrar a história como uma busca pessoal para descobrir a real Carmen oferecendo observações sobre o impacto dela em sua própria vida, seus comentários não acrescentam nada, e o tempo teria sido melhor gasto em entrevistas com outros artistas como Rita Moreno, que fornece alguns breves comentários picantes".[39]

Ken Ringle, do The Washington Post, chamou o filme de "provocativo, carinhoso e inteligente" e que "Bananas Is My Business é um tesouro de relatos fascinantes".[40] A revista Time Out escreveu que "o material mais interessante aqui relaciona-se com o papel de Carmen Miranda como um símbolo nacional para os brasileiros, e como a personificação da política de boa vizinhança de Roosevelt durante a Segunda Guerra Mundial. A personalidade exuberante surge alto e claro uma vez que em Hollywood Carmen nunca variou seu ato, e é tudo muito óbvio por que ela foi esmagada sob o peso de todas aquelas bananas".[41]

Tim Purtell, escrevendo para a Entertainment Weekly, diz que "Bananas is my Business traça a jornada da Brazilian Bombshell, da vendedora de chapéus e estrela sul-americana para Hollywood, onde foi estereotipada como um "latin bimbo". Entrevistas com a sua irmã e vários músicos e compositores se misturam com um toque lúdico e reconstituições dramáticas, mas o show pertence a Carmen (a própria) - em clipes, filmes caseiros, e raro material de arquivo - se apresentando com uma delirante vitalidade inimitável".[42] Jonathan Rosenbaum do Chicago Reader, observou que o longa-metragem "é altamente pessoal e informativo, sobre uma mulher que se tornou uma bomba exagerada".[43]

David Hiltbrand da revista People, escreveu que "este documentário é também um ensaio invulgarmente pessoal sobre o impacto duradouro de Carmen Miranda sobre a cultura pan-americana e sobre a imaginação da cineasta brasileira Helena Solberg. Entrelaçando junto notícias, entrevistas com pessoas íntimas, cenas vibrantes de filmes de Miranda em Technicolor e uma sequências de sonhos quiméricos apresentando Carmen sendo imitada por Erik Barreto, este filme cria um retrato com profundidade e talento".[44]

Barry Walters escreveu em sua crítica para o San Francisco Chronicle, "Miranda foi uma Madonna, alguém que nunca teve a liberdade de mudar sua imagem com o passar das estações, e Solberg capta a dor de sua fama incapacitante. O resultado é divertido como profundamente comovente. Você nunca mais vai pensar em Carmen Miranda da mesma forma novamente".[45]

Roger Hurlburt do Sun Sentinel, escreveu que "antes de adotar os turbantes carregados de frutas, que se tornaram sua marca registrada, Carmen Miranda era uma cantora de rádio. Bonita, carismática e otimista, ela disse uma vez que tudo o que precisava para ser feliz era um prato de sopa e a liberdade de cantar. Miranda encontrou-se oscilando entre duas culturas. No Brasil, a imprensa a acusava de se vender a Hollywood. Ao mesmo tempo, os chefes de estúdio se recusavam a permitir que ela se desviasse da imagem auto-zombeteira que fez dela uma máquina de fazer dinheiro" e conclui dizendo que "Bananas Is My Business analisa com sensibilidade e integridade o mito de que era Carmen Miranda".[46]

Em sua crítica, a revista TV Guide diz que "a diretora Helena Solberg desenterra um material fascinante sobre a vida de Carmen Miranda e sua importância dentro da cultura popular brasileira. Desmentindo a sua imagem como uma bombshell latina pateta, Carmen surge como uma manipuladora extremamente sagaz de sua própria personalidade e carreira".[47]

Crítica no Brasil[editar | editar código-fonte]

No Brasil, Sonia Nolasco escreveu para o O Estado de S. Paulo que "são tantas as surpresas e revelações de Banana Is My Business que o espectador fica vexado de ignorar a grandeza de nosso maior produto de exportação". Paulo Francis de O Globo disse que "o filme de Solberg e Meyer é a primeira noticia sobre o cinema brasileiro que me interessa desde Barravento".

Luiz Zanin Oricchio disse "mais importante para os brasileiros, é que pela primeira vez, o mito de Carmen aparece com toda a integridade. Vale dizer com sua ambivalência, matizes e pontos obscuros. Uma ambiguidade que não vinha só dela mas principalmente de um país que não sabia no fundo se a amava ou odiava. A história de um mito diz muito sobre o pais que o cria. O filme não é um amontoado de fatos e imagens. Tem um eixo, uma direção, uma tese sem ser frio como teorema".[48]

Nelson Motta em sua crítica para o O Estado de S. Paulo escreveu que "você ri, você chora, você se orgulha e se envergonha de ser brasileiro, você se apaixona perdidamente por aquela mulher lindíssima, com aquele olhos enormes, aquela imensa boca cheia de sexo, alegria e musica".

Inácio Araújo, crítico da Folha disse que "Bananas is my Business, é um belo documentário em que Helena Solberg esboça seu perfil e a trajetora que levaria Carmen Miranda a fama internacional, e a morte prematura, no setor reconstituição, há algo a questionar: toda a tentativa de imitar Carmen resulta inferior a ela (sobretudo na dança). A parte documental compensa esse senão plenamente".[49]

O jornalista Arnaldo Jabor escreveu para a Folha de S. Paulo: "Helena Solberg e David Meyer, num trabalho de pesquisa e lirismo foram além do mero documentário e redesenharam não só a ascensão e queda de Carmen Miranda mas também um retrato de nossa fragilidade. É preciso assistir Bananas Is My Business para ver quem nós somos".[50]

Diogo Mainardi da revista Veja, disse "Bananas Is My Business deveria ser adotado como lema nacional, cunhado em todas as moedas. É nossa contribuição para a humanidade, bananas, rebolado, caretas e sorrisos".[48]

Zuenir Ventura do Jornal do Brasil chamou o filme de "definitivo e extraordinário".

Notas

  1. Documentário-ficção sobre Carmen Miranda: a parte documental conta com trechos de filmes estrelados ou coadjuvados por ela, cartas trocadas com namorados, entrevistas e depoimentos com familiares e amigos. A parte ficcional exibe a atriz e cantora em dois tempos: antes de sucesso e adulta.

Referências

  1. INÁCIO ARAUJO (31 de Julho de 1995). «'Carmen' carrega contradições do Brasil». Folha de S. Paulo. Consultado em 3 de Fevereiro de 2014 
  2. «"LANÇAMENTO DE BANANAS IS MY BUSINESS DE HELENA SOLBERG"». Jornal da Tarde. Consultado em 21 de dezembro de 2013 
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  4. AMIR LABAKI (5 de dezembro de 1994). «Documentário devassa a síndrome Carmen Miranda». Folha de S. Paulo. Consultado em 21 de dezembro de 2013 
  5. CASTRO, Ruy, Carmen, Uma Biografia, São Paulo:Companhia das Letras, 2005, ISBN 85-359-0760-2
  6. Museu Carmen Miranda. «TURBANTES SOCIAIS – EUA – Anos 1940/50». Consultado em 21 de dezembro de 2013 
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  8. Barry Walters (23 de fevereiro de 1996). «Carmen' pays respect». The San Francisco Examiner. Consultado em 15 de fevereiro de 2014 
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Ligações externas[editar | editar código-fonte]