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Partido Republicano Nacionalista

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Partido Republicano Nacionalista
Fundação7 de fevereiro de 1923[1]
Dissolução7 de fevereiro de 1935[2]
IdeologiaNacionalismo
Conservadorismo
Conservadorismo social
Sidonismo
Anti-Partido Democrático
Espectro políticoDireita
AntecessorPartido Liberal Republicano
Partido Republicano da Reconstituição Nacional

O Partido Republicano Nacionalista foi um partido político português do tempo da I República, tendo surgido como resultado da reunião do Partido Liberal Republicano, do Partido Reconstituinte e de elementos dispersos do velho Partido Sidonista[1].

Na Noite Sangrenta de 19 de Outubro de 1921, o líder do Partido Liberal Republicano, António Granjo, fora assassinado[3][4][5][6][7]. Em 1922 iniciaram-se demoradas negociações entre Liberais e Reconstituintes, com vista à fusão dos dois partidos. Em 7 de fevereiro do 1923 foi enfim assinado o manifesto público do Partido Republicano Nacionalista, pretendida grande plataforma das direitas republicanas, destinada a desafiar o poder ao hegemónico Partido Democrático. As adesões ao PRN deram-se sobretudo nas classes dos proprietários, comerciantes, militares, funcionários públicos, médicos e advogados[1].

Os Nacionalistas, como eram usualmente designados, formaram um governo em 15 de Novembro de 1923, que durou um mês, liderado por António Ginestal Machado e com o general Óscar Carmona (futuro Presidente da República do Estado Novo) como ministro da Guerra[1].

Álvaro de Castro abandonou então o PRN, formando em dezembro de 1923 um novo governo, que sucedeu ao ministério de Ginestal Machado. O novo governo já não tinha Nacionalistas, mas sim Democráticos, independentes e seareiros. O governo de Álvaro de Castro (18 de dezembro de 1923 a 6 de julho de 1924) passou no Parlamento em 11 de janeiro de 1924 com a oposição dos Nacionalistas, esta manifestada sobretudo por Francisco Cunha Leal[1].

Foram dirigentes destacados do PRN, além de Ginestal Machado, Álvaro de Castro (que provocou uma cisão logo em Dezembro de 1923, para formar na Câmara dos Deputados um novo grupo parlamentar), Júlio Dantas, Mendes Cabeçadas, Tomé de Barros Queirós, Francisco Cunha Leal (que provocaria uma cisão em Março de 1926, para formar a União Liberal Republicana)[8], José Carvalho dos Santos[2][7][9][nota 1], Pedro Goes Pitta[10][11], Jorge de Vasconcelos Nunes[12], Joaquim Ribeiro de Carvalho, José Jacinto Nunes, Alexandre de Vasconcelos e Sá e, a partir de 1925, o irrequieto comandante Filomeno da Câmara[1].

Os Nacionalistas realizaram quatro congressos ao longo da sua existência: março de 1923, janeiro de 1924, março de 1925 e março de 1926, todos realizados em Lisboa[2][1][1].

A formação da União Liberal Republicana no início de 1926[13][14] e, pouco depois, a Ditadura Militar, ditariam o fim do PRN, cuja dissolução foi decidida em 7 de fevereiro de 1935[2].

No início dos anos 30, muitos ex-membros do partido aderiram à União Nacional.

Resultados eleitorais

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Eleições legislativas

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Data Votos % Deputados Senadores Status
1925 N/D 23,0 (2.º)
33 / 163
8 / 73
Oposição

Notas

  1. Foi o autor da moção, que votada e aprovada, a 8 de novembro de 1923, pela Junta Consultiva e pelo grupo parlamentar do Partido Republicano Nacionalista, deu apoio ao Parlamento para a constituição de um governo presidido por Afonso Costa, reconhecendo as altas qualidades de estadista deste e ser incontestavelmente a figura de maior destaque do Partido Democrático.

Referências

  1. a b c d e f g h LEAL, Ernesto Castro (2008). Partidos e programas O campo partidário republicano português, 1910-1926. [S.l.]: Imprensa da Universidade de Coimbra. p. 102-105. ISBN 9789898074485. Consultado em 23 de setembro de 2025 
  2. a b c d BAIÔA, Manuel Pimenta Morgado (2012). Elites e Organizações Políticas na I República Portuguesa: O caso do Partido Republicano Nacionalista (1923-1935) (tese de doutoramento em História Contemporânea) (PDF). Évora: Universidade de Évora - Instituto de Investigação e Formação Avançada. p. 307 e 432 (dissolução), 136, 245 e 292 (José Carvalho dos Santos). Consultado em 22 de setembro de 2025 
  3. LEAL, Ernesto Castro; NUNES, Teresa (2012). António Granjo: república e liberdade. [S.l.]: Assembleia da República. Consultado em 23 de setembro de 2025 
  4. FERNANDES, Jorge Almeida (10 de setembro de 2010). «Depois veio a noite infame». Público. Consultado em 23 de setembro de 2025 
  5. CASTRO, Rodrigo de (1922). Cinzas imortais na morte de Antonio Granjo. [S.l.]: Tipografia Lusitania 
  6. CAEIRO, Joaquim Manuel Croca (1997). Os militares no poder: uma análise histórico-política do liberalismo à revisão constitucional de 1959. [S.l.]: Hugin Editores. Consultado em 23 de setembro de 2025 
  7. a b BORGES, Augusto Moutinho [et.al.] (2023). Joaquim Carvalho dos Santos, sua vida e sua obra, 1867-1934: descendência 🔗. Carviçais: Lema d' Origem. p. 92-94. ISBN 978989-9114-48-7. Consultado em 20 de setembro de 2025 
  8. FARINHA, Luís Manuel do Carmo (2003). Francisco Pinto Cunha Leal - intelectual e político - estudo biográfico (1888-1970) - volume I - tese de doutoramento em História política e institucional (séc. XX) (PDF). Lisboa: Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. pp. 354 e 355. Consultado em 21 de setembro de 2025 
  9. BAIÔA, Manuel (2015). O Partido Republicano Nacionalista (1923-1935): «uma república para todos os portugueses» (PDF). Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais. pp. 103, 160, 226 e 264. ISBN 978-972-671-347-0. Consultado em 21 de setembro de 2025 
  10. «Pedro Góis Pita» (PDF). Universidade de Évora. p. 159-160. Consultado em 18 de setembro de 2025 
  11. BAIÔA, Manuel (2015). O Partido Republicano Nacionalista (1923-1935): «uma república para todos os portugueses» (PDF). Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais. pp. 64, 66, 67, 69, 70, 120, 150, 180, 245 e 294. ISBN 978-972-671-347-0. Consultado em 10 de setembro de 2025 
  12. BAIÔA, Manuel (2015). O Partido Republicano Nacionalista (1923-1935): «uma república para todos os portugueses» (PDF). Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais. pp. 107, 222 a 225 e 275. ISBN 978-972-671-347-0. Consultado em 21 de setembro de 2025 
  13. PINTO, Ricardo Leite (1995). «União Liberal Republicana (ULR) 1926-1930: um partido político na transição de I República para o Salazarismo». Revista de Estudos Jurídico-Políticos. Polis. pp. 131–260. ISSN 0872-8208. Consultado em 5 de setembro de 2025 
  14. «28 de maio de 1926: Como o republicanismo liberal cedeu lugar à ditadura nacional, por Luís Farinha». Esquerda. 28 de maio de 2021. Consultado em 22 de setembro de 2025 



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