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Pederastia: diferenças entre revisões

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Designava, na Antiguidade [[Grécia Antiga|grega]], uma instituição existente em praticamente toda a sua história <ref>Nick Fisher, ''Aeschines: Against Timarchos,'' "Introduction, " p.27; Oxford University Press, 2001</ref> embora com diferentes visões, segundo a área geográfica, que variavam desde a aceitação total até a recusa absoluta <ref>Plato, ''Symposium,'' 182A</ref>. A própria natureza do relacionamento variava entre o estritamente erótico, sem qualquer tipo de intercurso sexual, até o acto sexual como única razão de ser da relação <ref>Nick Fisher, ''Aeschines: Against Timarchos,'' "Introduction, " p.26; Oxford University Press, 2001</ref>.
Designava, na Antiguidade [[Grécia Antiga|grega]], uma instituição existente em praticamente toda a sua história <ref>Nick Fisher, ''Aeschines: Against Timarchos,'' "Introduction, " p.27; Oxford University Press, 2001</ref> embora com diferentes visões, segundo a área geográfica, que variavam desde a aceitação total até a recusa absoluta <ref>Plato, ''Symposium,'' 182A</ref>. A própria natureza do relacionamento variava entre o estritamente erótico, sem qualquer tipo de intercurso sexual, até o acto sexual como única razão de ser da relação <ref>Nick Fisher, ''Aeschines: Against Timarchos,'' "Introduction, " p.26; Oxford University Press, 2001</ref>.
A cultura ocidental atual desencoraja que a prática homoasexual seja considerada como pederastia. De fato, evita-se a utilização desta palavra quando se fala em sexualidade.
A cultura ocidental atual desencoraja que a prática homoasexual seja considerada como pederastia. De fato, evita-se a utilização desta palavra quando se fala em sexualidade.

Revisão das 19h19min de 5 de junho de 2013

Cena de pederastia: o erastas (amante) toca o queixo e a genitália do eromenos (amado). Pintura sobre ânfora ática, c. 540 a.C)

O termo pederastia, do grego antigo paederastía, as (παιδεραστία, de παῖς "menino" e ἐράω "amar"), designa o relacionamento erótico entre um homem e um menino. Por extensão de sentido, o termo é modernamente utilizado para designar, além da prática sexual entre um homem e um rapaz mais jovem, também qualquer relação homossexual masculina.[1]

História

Designava, na Antiguidade grega, uma instituição existente em praticamente toda a sua história [2] embora com diferentes visões, segundo a área geográfica, que variavam desde a aceitação total até a recusa absoluta [3]. A própria natureza do relacionamento variava entre o estritamente erótico, sem qualquer tipo de intercurso sexual, até o acto sexual como única razão de ser da relação [4]. A cultura ocidental atual desencoraja que a prática homoasexual seja considerada como pederastia. De fato, evita-se a utilização desta palavra quando se fala em sexualidade.

Em algumas situações, a pederastia era vista como uma questão de fascínio estético[5]; em outras era inserida na educação dos adolescentes do sexo masculino, rapazes de famílias de boa posição social, por parte dos pedagogos - varões maduros. Geralmente estes pedagogos tinham o papel de mestres para estes rapazes, ensinando-lhes algum ofício.

Em outros casos, era conveniente para uma família que seu filho homem pudesse conseguir um mestre de prestígio, e desta forma ascender socialmente. Com frequência, o relacionamento entre ambos ultrapassava a mera amizade, ganhando contornos de relacionamento amoroso e, por vezes, também sexual e de poder do mestre sobre o adolescente[6]. Esses relacionamentos eram tão difundidos na Grécia Antiga que Platão os considerava como um elemento de distinção entre a civilização helênica e as culturas bárbaras (de βάρβαρος, "não grego"). Porém, segundo William Percy, o costume não foi institucionalizado na Grécia até o século VII a.C., quando o casamento era proibido ou fortemente desencorajado para os homens com menos de 30 anos.

A pederastia era conhecida também fora da tradição grega. Em várias outras sociedades, o principal objeto de amor homossexual masculino era o adolescente. Tais relações eram conhecidas na Coreia, Japão, China, onde o contato entre homens e mulheres era severamente limitado.[7]

Na atualidade, embora não seja um costume generalizado, a pederastia tem sido abordada sob diversas perspectivas, o que é revelador do interesse e da complexidade do tema. Relacionada à fascinação estética, não totalmente desprovida de impulso erótico, foi descrita por Thomas Mann em "Morte em Veneza", romance de inspiração possivelmente autobiográfica que foi transposto para o cinema por Luchino Visconti, e que trata da paixão de um homem de meia-idade (Aschenbach) por um adolescente (Tadzio):

Ele era mais bonito do que as palavras podiam exprimir, e Aschenbach sentiu dolorosamente, como tantas vezes antes, que a linguagem pode apenas louvar, mas não reproduzir, a beleza que toca os sentidos. (...) Tadzio sorriu; (...) E [Aschenbach] recostando-se, com os braços caídos, transbordando de emoção, tremendo repetidamente, segredou a formulação tradicional do desejo - impossível, absurda, abjecta, idiota mas sagrada, e mesmo neste caso honrada: "Eu te amo."

Pedofilia e pederastia

A pedofilia, com que é, por vezes, identificada, é geralmente considerada como uma perversão sexual caracterizada pela atracção física (ou de outra ordem) por crianças até a puberdade, sejam elas do sexo masculino, feminino ou ambos, sendo mesmo classificada como uma doença mental pela Organização Mundial da Saúde[8], enquanto a pederastia, pelo contrário, dirige-se exclusivamente para adolescentes do sexo masculino e não possui essa conotação de doença mental. Os dois termos são assim mutuamente excludentes. Por sua vez, os pedófilos podem ser de ambos os sexos (homens ou mulheres) e também de ambas as orientações sexuais, heterossexuais ou homossexuais.

Crime militar de pederastia

Ver artigo principal: Crime de pederastia

No Brasil, existe no Código Penal Militar o chamado "crime de pederastia" que não tem a ver com a definição clássica do termo (relação entre adulto e adolescente), e se refere a atos libidinosos, sejam homossexuais ou heterossexuais, praticados exclusivamente por militares e no âmbito das Forças Armadas.[9]

Referências

  1. Dicionário Houaiss
  2. Nick Fisher, Aeschines: Against Timarchos, "Introduction, " p.27; Oxford University Press, 2001
  3. Plato, Symposium, 182A
  4. Nick Fisher, Aeschines: Against Timarchos, "Introduction, " p.26; Oxford University Press, 2001
  5. William Armstrong Percy III, "Reconsiderations about Greek Homosexualities, " in Same–Sex Desire and Love in Greco-Roman Antiquity and in the Classical Tradition of the West, Binghamton, 2005; pp47
  6. Eva Keuls, The Reign of the Phallus: Sexual Politics in Ancient Athens, 1985
  7. GLBTQ Encyclopedia (em inglês)
  8. (em inglês) ICD-10 International Classification of Diseases (clicar no item F65.4)
  9. Código Penal Militar do Brasil – Artigo 235

Ver também

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Ligações externas

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