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Transtorno bipolar: diferenças entre revisões

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A Doença Bipolar (Doença Maníaco-Depressiva), tradicionalmente designada Doença Maníaco-Depressiva, é uma doença psiquiátrica caracterizada por variações acentuadas do humor, com crises repetidas de depressão e «mania». Qualquer dos dois tipos de crise pode predominar numa mesma pessoa sendo a sua frequência bastante variável. As crises podem ser graves, moderadas ou leves.
Como categorizado pelo [[DSM-IV]] e pelo [[CID]]-10, o '''transtorno bipolar''' ou '''distúrbio bipolar''' é uma forma de [[transtorno de humor]] caracterizado pela variação extrema do humor entre uma fase [[mania|maníaca]] ou [[hipomania|hipomaníaca]], hiperatividade e grande imaginação, e uma fase de [[depressão nervosa|depressão]], inibição, lentidão para conceber e realizar idéias, e [[ansiedade]] ou [[tristeza]]. Juntos estes [[sintoma]]s são comumente conhecidos como ''depressão maníaca''.
As viragens do humor, num sentido ou noutro têm importante repercussão nas sensações, nas emoções, nas ideias e no comportamento da pessoa, com uma perda importante da saúde e da autonomia da personalidade.


== História ==
A depressão maníaca foi inicialmente descrita em fins do [[século XIX]] pelo psiquiatra [[Emil Kraepelin]], que publicou seu conhecimento da doença em seu ''Textbook of Psychiatry''. Existem dois tipos principais do distúrbio bipolar: com predomínio de depressão (tipo II) e com predomínio de mania (tipo I).


== Introdução ==
O transtorno bipolar do humor, também conhecido como distúrbio bipolar, é uma doença caracterizada por episódios repetidos, ou alternados, de mania e [[depressão]]. Uma pessoa com transtorno bipolar está sujeita a episódios de extrema alegria, euforia e humor excessivamente elevado (hipomania ou mania), e também a episódios de humor muito baixo e desespero (depressão). Entre os episódios, é comum que passe por períodos de normalidade.<ref name="abc">[http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?419 ABC da Saúde - Transtorno bipolar do humor]</ref><ref name="abril">[http://veja.abril.com.br/180707/p_114.shtml Veja - Um tormento que começa cedo]</ref>


==Sintomas==
Deve-se ter em conta que este distúrbio não consiste apenas de meros "altos e baixos". Altos e baixos são experimentados por praticamente qualquer pessoa, e não constituem um distúrbio. As mudanças de humor do distúrbio bipolar são mais extremas que aquelas experimentadas pelas demais pessoas. Veja [[ciclotimia]] para uma versão moderada deste distúrbio.


===Mania===
O doente de distúrbio bipolar é também comumente chamado de "maníaco-depressivo" por leigos (e por alguns psiquiatras do século vinte), entretanto, este uso não é popular atualmente entre os psiquiatras, que padronizaram o uso de [[Emil Kraepelin|Kraepelin]] do termo ''depressão maníaca'' para descrever o [[espectro bipolar]] como um todo, que inclui tanto o distúrbio bipolar como a [[depressão nervosa|depressão]]; eles agora utilizam ''distúrbio bipolar'' para descrever a forma bipolar da depressão maníaca.<ref name ="entrev">[http://drauziovarella.ig.com.br/entrevistas/valentim_bipolar1.asp Drauzio Varella - Entrevistas]</ref>
O principal sintoma de «MANIA» é um estado de humor elevado e expansivo, eufórico ou irritável. Nas fases iniciais da crise a pessoa pode sentir-se mais alegre, sociável, activa, faladora, auto-confiante, inteligente e criativa. Com a elevação progressiva do humor e a aceleração psíquica podem surgir alguns ou todos os seguintes sintomas:


* Irritabilidade extrema; a pessoa torna-se exigente e zanga-se quando os outros não acatam os seus desejos e vontades;
A natureza e duração dos episódios variam grandemente de uma pessoa para outra, tanto em intensidade quanto em duração. No caso grave, pode haver risco pessoal e material.
* Alterações emocionais súbitas e imprevisíveis, os pensamentos aceleram-se, a fala é muito rápida, com mudanças frequentes de assunto;
* Reacção excessiva a estímulos, interpretação errada de acontecimentos, irritação com pequenas coisas, levando a mal comentários banais;
* Aumento de interesse em diversas actividades, despesas excessivas, dívidas e ofertas exageradas;
* Grandiosidade, aumento do amor próprio. A pessoa, pode sentir-se melhor e mais poderosa do que toda gente;
* Energia excessiva, possibilitando uma hiperactividade ininterrupta;
* Diminuição da necessidade de dormir;
* Aumento da vontade sexual, comportamento desinibido com escolhas inadequadas;
* Incapacidade em reconhecer a doença, tendência a recusar o tratamento e a culpar os outros pelo que corre mal;
* Perda da noção da realidade, ideias estranhas (delírios) e «vozes»;
* Abuso de álcool e de substâncias.


===Depressão===
A doença pode se manifestar em crianças, porém talvez pela dificuldade em identificá-la, se manifesta em grande parte em adultos, por volta dos 15 a 25 anos.<ref name="abc"/><ref name="abril"/>
O principal sintoma é um estado de humor de tristeza e desespero.


Em função da gravidade da depressão, podem sentir-se alguns ou muitos dos seguintes sintomas:
== Euforia e depressão ==
O paciente de bipolaridade pode chegar ao extremo da [[Depressão nervosa|depressão]] seguida de [[suicídio]] e, no outro extremo, a [[euforia]] de tentar escrever um [[livro]] num só dia, por exemplo.


* Preocupação com fracassos ou incapacidades e perda da auto-estima. Pode ficar-se obcecado com pensamentos negativos, sem conseguir afastá-los;
=== Euforia ===
* Sentimentos de inutilidade, desespero e culpa excessiva;
Saber lidar com as situações extremas é quase decisivo e a maior dificuldade: o bipolar quase nunca percebe quando está hiperagitado. Quando percebe, recusa-se a aceitar o fato, e pior, tanto num caso quanto no outro, gosta de estar eufórico. Resiste firmemente a tomar medicamentos; abusa de drogas e álcool; gasta suas finanças de forma descontrolada; torna-se impulsivo, irascível, promíscuo e inconsequente. O senso crítico e moral podem ficar seriamente comprometidos nesta fase da doença.
* Pensamento lento, esquecimentos, dificuldade de concentração e em tomar decisões;
* Perda de interesse pelo trabalho, pelos hobbies e pelas pessoas, incluindo os familiares e amigos;
* Preocupação excessiva com queixas físicas, como por exemplo a obstipação;
* Agitação, inquietação, sem conseguir estar sossegado ou perda de energia, cansaço, inacção total;
* Alterações do apetite e do peso;
* Alterações do sono: insónia ou sono a mais;
* Diminuição do desejo sexual;
* Choro fácil ou vontade de chorar sem ser capaz;
* Ideias de morte e de suicídio; tentativas de suicídio;
* Uso excessivo de bebidas alcoólicas ou de outras substancias;
* Perda da noção de realidade, ideias estranhas (delírios) e «vozes» com conteúdo negativo e depreciativo;


Por vezes o/a doente tem, durante a mesma crise, sintomas de depressão e de «mania», o que corresponde às crises MISTAS.
== Principais sintomas ==
{{aviso-médico}}
=== Como identificar o humor ===
Após um diagnóstico positivo do THB (Transtorno de Humor Bipolar), entra a segunda parte, a mais difícil, com o paciente que pode estar incapacitado e seus familiares, saber se está ou não em surto, é uma dificuldade constante para o portador de THB. A preocupação por amplos setores da saúde e da sociedade em geral, em especial a saúde mental, é o de garantir o bem-estar dos portadores do transtorno, e impedir a incapacitação dos "doentes".


Nem sempre os sintomas maníacos ou depressivos são bem claros. Até mesmo quem convive com um paciente bipolar sente dificuldade em distinguir uma aflição comum da depressão, ou sua alegria da euforia patológica. A doença é de difícil diagnóstico, mesmo para profissionais da saúde, que acompanhem há um longo tempo o paciente.


Com a implantação dos [[Hospital Dia|hospitais-dia]], reuniões com parentes e pacientes, a evolução está sendo suprida. O paciente deveria ser o maior sabedor das coisas que envolvem a doença para conseguir controlá-la.


==Quanto tempo dura uma crise?==
; Sintomas da depressão<ref name="virt">[http://virtualpsy.locaweb.com.br/index.php?art=367&sec=26 Portal de Psiquiatria - Transtorno Afetivo Bipolar]</ref><ref name="cemp">[http://www.cemp.com.br/artigos.asp?id=86 Centro de Estudos em Psicologia - Transtorno Bipolar]</ref>
O individuo deprimido em geral se sente abatido, quieto e triste. Pode dormir muito, como uma fuga do convívio, reclamar de cansaço em tarefas simples como escovar os dentes, apresentar traços de baixa auto-estima e de sentimentos de inferioridade.
Demonstra pouco interesse pelos acontecimentos e coisas e pode se isolar da família e amigos.


Varia muito. A pessoa pode estar em fase maníaca ou depressiva durante alguns dias, ou durante vários meses. Os períodos de estabilidade entre as crises podem durar dias, meses ou anos. O tratamento adequado encurta a duração das crises e pode preveni-las.
O indivíduo pode se sentir, nesta fase, culpado por erros do passado, e fracassos em sua vida e de seus familiares. Pode haver irritabilidade, lamentos, e auto-recriminação.


Pode haver um distúrbio do apetite, tanto para aumentá-lo, como para diminuí-lo. O deprimido pode apresentar queda na sua imunidade, o que o deixa mais predisposto a contrair doenças. Em alguns casos a depressão pode se manifestar de forma psicossomática, e o indivíduo pode apresentar algumas doenças de causa psicológica, que normalmente se caracterizam por dores pelo corpo ou cabeça.


Há uma queda da [[libido]] e o indivíduo se afasta de seu companheiro, se o possuir.


==É possível prever as crises?==
É comum nesta fase pensamentos suicidas, uma vez que o indivíduo se sente mal em sua vida e sem energia para mudá-la. A conseqüência mais grave de uma depressão pode ser a concretização do suicídio.


Para algumas pessoas, sim. Umas terão uma ou duas crises durante toda a vida, outras pessoas recaem repetidas vezes em certas alturas do ano (caso não estejam tratadas!). Há doentes que têm mais do que 4 crises por ano (CICLOS RÁPIDOS).
; Sintomas da Euforia (Mania)<ref name="virt"/><ref name="cemp"/>
Na fase eufórica o indivíduo pode apresentar sentimentos de grandiosidade, poderes além dos que possui e grande entusiasmo. O indivíduo passa a dormir pouco, tornar-se agitado.


Pode falar muito, ter muitas idéias ao mesmo tempo.


Há uma alteração na libido e o indivíduo tem um aumento do desejo sexual.


==Em que idade surge a doença?==
O indivíduo perde a inibição social, podendo passar por situações vexatórias por falta de senso crítico.


Pode começar em qualquer altura, durante ou depois da adolescência.
Nesta fase é comum os indivíduos se endividarem ou perderem muito dinheiro, comprometendo até bens de família. Durante os delírios de grandeza os gastos são muito acima do que sua realidade permitiria. Devido ao grande otimismo, é possível que o indivíduo empreste dinheiro a pessoas a quem mal conhece, e que podem estar aproveitando-se da situação.


São comuns manias como perseguição, realização de sonhos (reformas, viagens, compras) que a primeira vista podem até parecer normais.


No tipo de THB com surtos psicóticos, é comum nesta fase que o paciente tenha alucinações e [[delírio]]s de grandeza.


==Quantas pessoas sofrem da doença Bipolar?==
== Tratamento ==
O distúrbio bipolar é uma [[patologia]] que acomete cerca de 1,6% da população hoje em dia. No entanto, hoje é tratável. As alarmantes trocas bruscas de humor, todavia, podem ser controladas pelos [[medicamento]]s conhecidos. O tratamento com [[sal|carbonato]] [[lítio|de lítio]] é o mais antigo e ainda em uso, e hoje há significativos progressos no estudo de novos tratamentos com poucas, mas significativas novas medicações introduzidas na medicina nos últimos tempos. O lítio induz a uma série de efeitos adversos e, por isso mesmo, precisa ser dosada sua concentração no sangue periodicamente. O tratamento moderno de transtorno bipolar é feito sem lítio, com uso contínuo de olanzapina ou quetiapina.


Aproximadamente 1% da população sofrem da doença, numa percentagem idêntica em ambos os sexos.
Equivocada é a idéia de que a bipolaridade seria estar hiper [[alegria|contente]] pela [[manhã]], [[tristeza|triste]] à [[noite]] e com um sentimento médio à tarde. Tal idéia não traduz a bipolaridade. Na verdade a bipolaridade pode vir a se manifestar nos dois pólos da doença: depressão e mania. Hoje há remédios de última geração que controlam com sucesso qualquer alteração de humor para esses dois pólos da doença.


Com o uso de medicamentos adequados e de apoio psicológico, é perfeitamente possível atravessar períodos indefinidamente longos de saúde e ter vida plena.<ref>[http://drauziovarella.ig.com.br/entrevistas/valentim_bipolar6.asp Drauzio Varella - Entrevistas]</ref><ref name="bip">[http://www.bipolaridade.com.br/tratamento/tratamentos.asp Tratamento da bipolaridade]</ref>


O tratamento exige acompanhamento profissional, o uso fiel e bem monitorado dos medicamentos adequados e o comprometimento do paciente em buscar para si uma vida melhor. O apoio e a compreensão da família ou de amigos chegados são de grande valia ao doente.


==Qual a causa da doença?==
=== Terapia ocupacional ===
A partir de conceitos do [[CID]]-10 o tratamento da bipolaridade não só trocou de nome (PMD - [[Psicose Maníaco-Depressiva]]) do [[CID X]] mas, também há precoce tratamento aos pacientes crônicos em hospitais-dia, onde se fazem [[terapia ocupacional|terapias ocupacionais]] durante o dia e, à noite, os pacientes voltam ao convívio de suas famílias. Se só o nome já assustava, imagine-se a situação em que o bipolar comunica sua patologia a um leigo dizendo que tem psicose maníaco-depressiva. Seu interlocutor pensará que é um louco sem controle ao ouvir esses termos.


Há vários factores que predispõem para a doença, mas o seu conhecimento ainda é incompleto.
São pessoas úteis à comunidade em que vivem, mas que podem ser marginalizadas pela [[patologia]] que apresentam. Se bem tratados e acompanhados psicologicamente mais de perto, vivem uma vida normal e têm, ainda, a possibilidade de render mais em certos setores.
Os factores genéticos e biológicos (na química do cérebro) têm um papel essencial entre as causas da doença, mas o tipo de personalidade e os stresses que a pessoa enfrenta desempenham também um papel relevante no desencadeamento das crises.



==Depois de uma crise de depressão ou mania volta-se ao normal?==

Em geral, sim. No entanto, devido às consequências dramáticas que as crises podem ter, no plano social, familiar e individual, a vida da pessoa complica-se e perturba-se muito, restringindo de forma marcante a sua capacidade de adaptação e autonomia.
O tratamento adequado para a prevenção das crises (se são graves e/ou frequentes) é essencial para evitar os muitos riscos inerentes à doença.



==Há tratamento para as crises e para a doença Bipolar?==

Não há nenhum tratamento que cure a doença por completo. No entanto, há grandes possibilidades de controlar a doença, através de medicamentos estabilizadores do humor, cuja acção terapêutica diminui muito a probabilidade de recaídas, tanto das crises de depressão como de «mania». Os estabilizadores do humor são a Olanzapina, a Lamotrigina, o Valproato, Carbonato de Lítio, Quetiapina, Carbamazepina, Risperidona e Ziprasidona.
As crises depressivas tratam-se com medicamentos ANTIDEPRESSIVOS ou, em casos resistentes, a elecroconvulsivoterapia. As crises de mania tratam-se com os estabilizadores do humor atrás referidos e com os medicamentos neurolépticos ANTIPSICÓTICOS.
Naturalmente, o apoio psicológico individual e familiar é um complemento indispensável para o tratamento.
As crises graves obrigam a tratamento hospitalar em muitos casos.


=== Como controlar ===
=== Como controlar ===
* Acompanhamento de um médico e psicoterápico;
Regularmente<ref name="bip"/>
* Uso da [[medicação]] prescrita conforme recomendação médica;
* Acompanhamento médico e psicoterápico
* Restrição ao uso de [[álcool]], drogas e cafeína;
* Uso da [[medicação]] prescrita conforme recomendação médica.
* Vida saudável com horas de [[sono]] suficientes e em horário regular, alimentação equilibrada e atividade física adequada.
* O uso da [[medicação]] é particularmente importante porque é muito comum o paciente de bipolaridade interromper a [[terapia]] medicamentosa. A interrupção no uso do medicamento recomendado, via de regra, desencadeia novos episódios da conduta característica a essa condição: estados de depressão mais intensa e maior exaltação na euforia

* Restrição ao uso de [[álcool]], drogas e cafeína

* Vida saudável com horas de [[sono]] suficientes e em horário regular, alimentação equilibrada e atividade física adequada


==Porque é que é tão importante conciencialização dos doentes, dos familiares e de outras pessoas sobre a doença Bipolar?==

A noção de doença mental na opinião pública é, em geral, muito confusa e pouco correcta. Verifica-se uma tendência para considerar negativamente as pessoas que sofrem de doenças psiquiátricas e é frequente a ideia de que as doenças mentais são qualitativamente diferentes das outras doenças. É muito comum imaginar que há uma «doença mental» única («a doença mental»), atribuindo às pessoas que tenham sofrido crises, um prognóstico negativo de incurabilidade, aferido erradamente pelos casos de doentes mentais mais graves e crónicos. Por vezes o diagnóstico médico das diferentes doenças psiquiátricas não se faz na altura própria, por variadas razões, e isso acontece, com alguma frequência, na Doença Bipolar.
O conhecimento, mesmo que simplificado, das características da Doença Bipolar facilita a seu reconhecimento aos próprios (que a sofrem) e aos outros, possibilitando uma maior ajuda a muitas pessoas que carecem de um tratamento médico adequado e de uma solidária compreensão humana.


==Como evolui? ==
De que tipos de crises (acessos ou fases) sofrem as pessoas com Doença Bipolar? Com que frequência voltam a ter recorrências, a sofrer novas crises? Algumas pessoas têm um número igual de crises de euforia ou excitação irritável (mania) e de depressão. Outras têm principalmente crises de um tipo, de depressão ou de euforia. Em média, uma pessoa que sofre de Doença Bipolar tem quatro crises durante os primeiros 10 anos da doença. Embora possa haver um intervalo de anos entre duas ou três primeiras crises, a sua frequência é maior se não se fizer o tratamento estabilizador apropriado. As crises podem corresponder às mudanças de estação em padrões variáveis, no "rebentar" e no "cair" da folha, no Inverno e no Verão. Algumas pessoas têm crises frequentes ao longo do ano, por vezes, mesmo, ciclos ininterruptos de euforia e depressão. As primeiras crises podem ser desencadeadas por factores emocionais ou stress, mas à medida que a doença evolui, se a pessoa não fizer o tratamento estabilizador (preventivo), as crises podem surgir com maior frequência e sem factores precipitantes dignos de relevo.
As crises podem durar dias, meses ou mesmo anos. Em média, sem tratamento, as fases de mania e hipomania (euforia leve) duraram poucos meses, enquanto as depressões arrastam-se muitas vezes por mais de seis meses. Há designações especiais para cada forma de evolução da Doença Bipolar:
===Bipolar I ===
A pessoa sofre crises de mania ou crises mistas(sintomas de depressão e mania misturados) e, quase sempre, também tem fases depressivas. As crises voltam a repetir-se excepto se fizer o tratamento preventivo.
===Bipolar II ===
A pessoa tem crises depressivas graves e fases leves de elevação do humor (hipomania). As crises de elevação do humor podem não ser identificadas ou referidas porque o doente se sente "acima do normal" com muita energia e alegria, sem perturbações óbvias. Se o tratamento for só para a depressão, com uma medicação exclusivamente com antidepressivos, não se verifica uma estabilização, podendo surgir crises frequentes e uma viragem do humor.
===Ciclos Rápidos ===
A pessoa tem pelo menos quatro crises por ano, em qualquer combinação de fases de mania, hipomania, mistas e depressivas. Corresponde a uma evolução que atinge entre 5 e 15% dos doentes com Doença Bipolar. Pode, em alguns casos, resultar de uma terapêutica demasiado intensiva e prolongada com antidepressivos, em vez da adequada terapêutica de estabilização do humor.

==Como se trata a doença bipolar? ==
Naturalmente, as indicações que aqui ficam são as essenciais para o reconhecimento da doença pelo doente e os familiares, mas não devem levar a minimizar o papel do médico psiquiatra, elemento chave no tratamento. Pelo contrário, o melhor conhecimento e reconhecimento da doença e dos aspectos gerais do tratamento visa permitir uma colaboração mais activa entre todos, doente, família, médico psiquiatra, médico de família e outros técnicos de saúde (enfermeiro, psicólogo, técnico de serviço social).
No tratamento da Doença Bipolar há que ter em conta, por um lado, as fases agudas e, por outro, a estratégia de prevenção das crises. Quando o doente sofre uma crise de depressão, de mania, hipomania, ou mista, precisa de ser tratado na fase aguda com a terapêutica apropriada antidepressiva, anti-maníaca ou antipsicótica, sendo necessária, em muitos casos, a hospitalização no período crítico. Depois de tratada a fase aguda e na continuidade do seu tratamento, inicia-se a terapêutica preventiva das crises para evitar que voltem a ocorrer. Para que o tratamento seja eficaz é necessária uma medicação (tanto para a fase aguda como para a estabilização da doença), acompanhada de uma educação do doente e dos familiares (sobre a doença, os medicamentos, a necessidade de aderir ao tratamento, modificação de hábitos nocivos). Pode ser benéfico um apoio psicológico para o doente e seus familiares (como lidar com os problemas e o stress, etc).

==A medicação? ==
Os medicamentos mais importantes no tratamento dos sintomas da Doença Bipolar são os estabilizadores do humor e os antidepressivos. Mas o médico pode ter necessidade de receitar outros medicamentos, como os antipsicóticos, os ansioliticos e os hipnóticos. Para a prevenção das crises e a estabilização da doença são essenciais os medicamentos designados, com toda a propriedade, estabilizadores do humor. É importante agora dar algumas informações sobre estes últimos medicamentos.


==O que são os estabilizadores de humor? ==
{{ref-section}}
Os medicamentos estabilizadores do humor são a base essencial da terapêutica preventiva das fases depressivas e eufóricas da Doença Bipolar. A sua descoberta e utilização revolucionou o tratamento da doença, permitindo a muitas pessoas o controle da Perturbação Bipolar através de uma prevenção das crises. A par desta acção terapêutica essencial, os estabilizadores do humor também são utilizados para o tratamento das crises de mania, hipomania e estados mistos e podem atenuar os sintomas de depressão.
Há, presentemente, três estabilizadores do humor comprovadamente eficazes:
• O Lítio, comercializado, em Portugal, no medicamento Priadel;
• O Valproato, comercializado nos medicamentos Diplexil R e Depakine;
• A Carbamazepina (Tegretol).
Cada um destes três estabilizadores do humor tem diferentes acções químicas no organismo. Se um não for eficaz no tratamento ou tiver efeitos adversos persistentes o médico tem a possibilidade de escolher outro, ou de combinar dois em doses que permitam uma melhor tolerância e eficácia. Há análises para determinar o nível sanguíneo dos três estabilizadores do humor, permitindo o controle correcto da dose em cada doente.
Prevenção, eis a palavra-chave. Os estabilizadores do humor (lítio, valproato, carbamazepina) são a base de prevenção. Cerca de um terço das pessoas com Doença Bipolar ficam completamente livres de sintomas com a manutenção estabilizadora apropriada. A maioria das pessoas beneficia de uma grande redução no número e na gravidade das crises. O médico poderá ter de fazer um acerto da medicação ou uma outra combinação terapêutica caso se continuem a verificar crises de mania ou depressão. Caso a medicação não seja 100% eficaz, não fique desencorajado: a informação rápida do médico sobre sintomas de instabilidade é essencial para um ajustamento terapêutico que previna a eclosão de uma crise. O doente nunca deve recear informar o médico sobre quaisquer mudanças de sintomas, pois dessa informação precoce depende o controle da doença. Se sentir mudanças no sono, na energia (aumento ou diminuição), no humor (alegria excessiva, irritabilidade ou tristeza) e no seu comportamento e relações com pessoas, será melhor contactar com o médico sem demora.
A manutenção da medicação é outro aspecto essencial. Os medicamentos controlam, mas não curam a Doença Bipolar. Ao parar a medicação estabilizadora, mesmo depois de muitos anos sem crises, há um sério risco de uma recaída passadas algumas semanas ou meses. E, em alguns doentes, a retoma da medicação pode não se acompanhar dos mesmos bons resultados anteriores. A decisão de interromper a medicação caberá ao médico, em função de circunstância que a tal aconselham, como é o caso de uma gravidez.


== {{Ligações externas}} ==
== {{Ligações externas}} ==

Revisão das 13h45min de 26 de agosto de 2010

A Doença Bipolar (Doença Maníaco-Depressiva), tradicionalmente designada Doença Maníaco-Depressiva, é uma doença psiquiátrica caracterizada por variações acentuadas do humor, com crises repetidas de depressão e «mania». Qualquer dos dois tipos de crise pode predominar numa mesma pessoa sendo a sua frequência bastante variável. As crises podem ser graves, moderadas ou leves. As viragens do humor, num sentido ou noutro têm importante repercussão nas sensações, nas emoções, nas ideias e no comportamento da pessoa, com uma perda importante da saúde e da autonomia da personalidade.


Sintomas

Mania

O principal sintoma de «MANIA» é um estado de humor elevado e expansivo, eufórico ou irritável. Nas fases iniciais da crise a pessoa pode sentir-se mais alegre, sociável, activa, faladora, auto-confiante, inteligente e criativa. Com a elevação progressiva do humor e a aceleração psíquica podem surgir alguns ou todos os seguintes sintomas:

  • Irritabilidade extrema; a pessoa torna-se exigente e zanga-se quando os outros não acatam os seus desejos e vontades;
  • Alterações emocionais súbitas e imprevisíveis, os pensamentos aceleram-se, a fala é muito rápida, com mudanças frequentes de assunto;
  • Reacção excessiva a estímulos, interpretação errada de acontecimentos, irritação com pequenas coisas, levando a mal comentários banais;
  • Aumento de interesse em diversas actividades, despesas excessivas, dívidas e ofertas exageradas;
  • Grandiosidade, aumento do amor próprio. A pessoa, pode sentir-se melhor e mais poderosa do que toda gente;
  • Energia excessiva, possibilitando uma hiperactividade ininterrupta;
  • Diminuição da necessidade de dormir;
  • Aumento da vontade sexual, comportamento desinibido com escolhas inadequadas;
  • Incapacidade em reconhecer a doença, tendência a recusar o tratamento e a culpar os outros pelo que corre mal;
  • Perda da noção da realidade, ideias estranhas (delírios) e «vozes»;
  • Abuso de álcool e de substâncias.

Depressão

O principal sintoma é um estado de humor de tristeza e desespero.

Em função da gravidade da depressão, podem sentir-se alguns ou muitos dos seguintes sintomas:

  • Preocupação com fracassos ou incapacidades e perda da auto-estima. Pode ficar-se obcecado com pensamentos negativos, sem conseguir afastá-los;
  • Sentimentos de inutilidade, desespero e culpa excessiva;
  • Pensamento lento, esquecimentos, dificuldade de concentração e em tomar decisões;
  • Perda de interesse pelo trabalho, pelos hobbies e pelas pessoas, incluindo os familiares e amigos;
  • Preocupação excessiva com queixas físicas, como por exemplo a obstipação;
  • Agitação, inquietação, sem conseguir estar sossegado ou perda de energia, cansaço, inacção total;
  • Alterações do apetite e do peso;
  • Alterações do sono: insónia ou sono a mais;
  • Diminuição do desejo sexual;
  • Choro fácil ou vontade de chorar sem ser capaz;
  • Ideias de morte e de suicídio; tentativas de suicídio;
  • Uso excessivo de bebidas alcoólicas ou de outras substancias;
  • Perda da noção de realidade, ideias estranhas (delírios) e «vozes» com conteúdo negativo e depreciativo;

Por vezes o/a doente tem, durante a mesma crise, sintomas de depressão e de «mania», o que corresponde às crises MISTAS.


Quanto tempo dura uma crise?

Varia muito. A pessoa pode estar em fase maníaca ou depressiva durante alguns dias, ou durante vários meses. Os períodos de estabilidade entre as crises podem durar dias, meses ou anos. O tratamento adequado encurta a duração das crises e pode preveni-las.


É possível prever as crises?

Para algumas pessoas, sim. Umas terão uma ou duas crises durante toda a vida, outras pessoas recaem repetidas vezes em certas alturas do ano (caso não estejam tratadas!). Há doentes que têm mais do que 4 crises por ano (CICLOS RÁPIDOS).


Em que idade surge a doença?

Pode começar em qualquer altura, durante ou depois da adolescência.


Quantas pessoas sofrem da doença Bipolar?

Aproximadamente 1% da população sofrem da doença, numa percentagem idêntica em ambos os sexos.


Qual a causa da doença?

Há vários factores que predispõem para a doença, mas o seu conhecimento ainda é incompleto. Os factores genéticos e biológicos (na química do cérebro) têm um papel essencial entre as causas da doença, mas o tipo de personalidade e os stresses que a pessoa enfrenta desempenham também um papel relevante no desencadeamento das crises.


Depois de uma crise de depressão ou mania volta-se ao normal?

Em geral, sim. No entanto, devido às consequências dramáticas que as crises podem ter, no plano social, familiar e individual, a vida da pessoa complica-se e perturba-se muito, restringindo de forma marcante a sua capacidade de adaptação e autonomia. O tratamento adequado para a prevenção das crises (se são graves e/ou frequentes) é essencial para evitar os muitos riscos inerentes à doença.


Há tratamento para as crises e para a doença Bipolar?

Não há nenhum tratamento que cure a doença por completo. No entanto, há grandes possibilidades de controlar a doença, através de medicamentos estabilizadores do humor, cuja acção terapêutica diminui muito a probabilidade de recaídas, tanto das crises de depressão como de «mania». Os estabilizadores do humor são a Olanzapina, a Lamotrigina, o Valproato, Carbonato de Lítio, Quetiapina, Carbamazepina, Risperidona e Ziprasidona. As crises depressivas tratam-se com medicamentos ANTIDEPRESSIVOS ou, em casos resistentes, a elecroconvulsivoterapia. As crises de mania tratam-se com os estabilizadores do humor atrás referidos e com os medicamentos neurolépticos ANTIPSICÓTICOS. Naturalmente, o apoio psicológico individual e familiar é um complemento indispensável para o tratamento. As crises graves obrigam a tratamento hospitalar em muitos casos.

Como controlar

  • Acompanhamento de um médico e psicoterápico;
  • Uso da medicação prescrita conforme recomendação médica;
  • Restrição ao uso de álcool, drogas e cafeína;
  • Vida saudável com horas de sono suficientes e em horário regular, alimentação equilibrada e atividade física adequada.



Porque é que é tão importante conciencialização dos doentes, dos familiares e de outras pessoas sobre a doença Bipolar?

A noção de doença mental na opinião pública é, em geral, muito confusa e pouco correcta. Verifica-se uma tendência para considerar negativamente as pessoas que sofrem de doenças psiquiátricas e é frequente a ideia de que as doenças mentais são qualitativamente diferentes das outras doenças. É muito comum imaginar que há uma «doença mental» única («a doença mental»), atribuindo às pessoas que tenham sofrido crises, um prognóstico negativo de incurabilidade, aferido erradamente pelos casos de doentes mentais mais graves e crónicos. Por vezes o diagnóstico médico das diferentes doenças psiquiátricas não se faz na altura própria, por variadas razões, e isso acontece, com alguma frequência, na Doença Bipolar. O conhecimento, mesmo que simplificado, das características da Doença Bipolar facilita a seu reconhecimento aos próprios (que a sofrem) e aos outros, possibilitando uma maior ajuda a muitas pessoas que carecem de um tratamento médico adequado e de uma solidária compreensão humana.


Como evolui?

De que tipos de crises (acessos ou fases) sofrem as pessoas com Doença Bipolar? Com que frequência voltam a ter recorrências, a sofrer novas crises? Algumas pessoas têm um número igual de crises de euforia ou excitação irritável (mania) e de depressão. Outras têm principalmente crises de um tipo, de depressão ou de euforia. Em média, uma pessoa que sofre de Doença Bipolar tem quatro crises durante os primeiros 10 anos da doença. Embora possa haver um intervalo de anos entre duas ou três primeiras crises, a sua frequência é maior se não se fizer o tratamento estabilizador apropriado. As crises podem corresponder às mudanças de estação em padrões variáveis, no "rebentar" e no "cair" da folha, no Inverno e no Verão. Algumas pessoas têm crises frequentes ao longo do ano, por vezes, mesmo, ciclos ininterruptos de euforia e depressão. As primeiras crises podem ser desencadeadas por factores emocionais ou stress, mas à medida que a doença evolui, se a pessoa não fizer o tratamento estabilizador (preventivo), as crises podem surgir com maior frequência e sem factores precipitantes dignos de relevo. As crises podem durar dias, meses ou mesmo anos. Em média, sem tratamento, as fases de mania e hipomania (euforia leve) duraram poucos meses, enquanto as depressões arrastam-se muitas vezes por mais de seis meses. Há designações especiais para cada forma de evolução da Doença Bipolar:

Bipolar I

A pessoa sofre crises de mania ou crises mistas(sintomas de depressão e mania misturados) e, quase sempre, também tem fases depressivas. As crises voltam a repetir-se excepto se fizer o tratamento preventivo.

Bipolar II

A pessoa tem crises depressivas graves e fases leves de elevação do humor (hipomania). As crises de elevação do humor podem não ser identificadas ou referidas porque o doente se sente "acima do normal" com muita energia e alegria, sem perturbações óbvias. Se o tratamento for só para a depressão, com uma medicação exclusivamente com antidepressivos, não se verifica uma estabilização, podendo surgir crises frequentes e uma viragem do humor.

Ciclos Rápidos

A pessoa tem pelo menos quatro crises por ano, em qualquer combinação de fases de mania, hipomania, mistas e depressivas. Corresponde a uma evolução que atinge entre 5 e 15% dos doentes com Doença Bipolar. Pode, em alguns casos, resultar de uma terapêutica demasiado intensiva e prolongada com antidepressivos, em vez da adequada terapêutica de estabilização do humor.

Como se trata a doença bipolar?

Naturalmente, as indicações que aqui ficam são as essenciais para o reconhecimento da doença pelo doente e os familiares, mas não devem levar a minimizar o papel do médico psiquiatra, elemento chave no tratamento. Pelo contrário, o melhor conhecimento e reconhecimento da doença e dos aspectos gerais do tratamento visa permitir uma colaboração mais activa entre todos, doente, família, médico psiquiatra, médico de família e outros técnicos de saúde (enfermeiro, psicólogo, técnico de serviço social). No tratamento da Doença Bipolar há que ter em conta, por um lado, as fases agudas e, por outro, a estratégia de prevenção das crises. Quando o doente sofre uma crise de depressão, de mania, hipomania, ou mista, precisa de ser tratado na fase aguda com a terapêutica apropriada antidepressiva, anti-maníaca ou antipsicótica, sendo necessária, em muitos casos, a hospitalização no período crítico. Depois de tratada a fase aguda e na continuidade do seu tratamento, inicia-se a terapêutica preventiva das crises para evitar que voltem a ocorrer. Para que o tratamento seja eficaz é necessária uma medicação (tanto para a fase aguda como para a estabilização da doença), acompanhada de uma educação do doente e dos familiares (sobre a doença, os medicamentos, a necessidade de aderir ao tratamento, modificação de hábitos nocivos). Pode ser benéfico um apoio psicológico para o doente e seus familiares (como lidar com os problemas e o stress, etc).

A medicação?

Os medicamentos mais importantes no tratamento dos sintomas da Doença Bipolar são os estabilizadores do humor e os antidepressivos. Mas o médico pode ter necessidade de receitar outros medicamentos, como os antipsicóticos, os ansioliticos e os hipnóticos. Para a prevenção das crises e a estabilização da doença são essenciais os medicamentos designados, com toda a propriedade, estabilizadores do humor. É importante agora dar algumas informações sobre estes últimos medicamentos.

O que são os estabilizadores de humor?

Os medicamentos estabilizadores do humor são a base essencial da terapêutica preventiva das fases depressivas e eufóricas da Doença Bipolar. A sua descoberta e utilização revolucionou o tratamento da doença, permitindo a muitas pessoas o controle da Perturbação Bipolar através de uma prevenção das crises. A par desta acção terapêutica essencial, os estabilizadores do humor também são utilizados para o tratamento das crises de mania, hipomania e estados mistos e podem atenuar os sintomas de depressão. Há, presentemente, três estabilizadores do humor comprovadamente eficazes: • O Lítio, comercializado, em Portugal, no medicamento Priadel; • O Valproato, comercializado nos medicamentos Diplexil R e Depakine; • A Carbamazepina (Tegretol). Cada um destes três estabilizadores do humor tem diferentes acções químicas no organismo. Se um não for eficaz no tratamento ou tiver efeitos adversos persistentes o médico tem a possibilidade de escolher outro, ou de combinar dois em doses que permitam uma melhor tolerância e eficácia. Há análises para determinar o nível sanguíneo dos três estabilizadores do humor, permitindo o controle correcto da dose em cada doente. Prevenção, eis a palavra-chave. Os estabilizadores do humor (lítio, valproato, carbamazepina) são a base de prevenção. Cerca de um terço das pessoas com Doença Bipolar ficam completamente livres de sintomas com a manutenção estabilizadora apropriada. A maioria das pessoas beneficia de uma grande redução no número e na gravidade das crises. O médico poderá ter de fazer um acerto da medicação ou uma outra combinação terapêutica caso se continuem a verificar crises de mania ou depressão. Caso a medicação não seja 100% eficaz, não fique desencorajado: a informação rápida do médico sobre sintomas de instabilidade é essencial para um ajustamento terapêutico que previna a eclosão de uma crise. O doente nunca deve recear informar o médico sobre quaisquer mudanças de sintomas, pois dessa informação precoce depende o controle da doença. Se sentir mudanças no sono, na energia (aumento ou diminuição), no humor (alegria excessiva, irritabilidade ou tristeza) e no seu comportamento e relações com pessoas, será melhor contactar com o médico sem demora. A manutenção da medicação é outro aspecto essencial. Os medicamentos controlam, mas não curam a Doença Bipolar. Ao parar a medicação estabilizadora, mesmo depois de muitos anos sem crises, há um sério risco de uma recaída passadas algumas semanas ou meses. E, em alguns doentes, a retoma da medicação pode não se acompanhar dos mesmos bons resultados anteriores. A decisão de interromper a medicação caberá ao médico, em função de circunstância que a tal aconselham, como é o caso de uma gravidez.

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