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Like a Virgin
Álbum de estúdio de Madonna
Lançamento 12 de novembro de 1984 (1984-11-12)
Gravação 1984
Gênero(s) Dance-pop
Duração 43:10
Idioma(s) Inglês
Formato(s) CD, fita cassete, vinil
Gravadora(s) Sire, Warner Bros.
Produção Nile Rodgers, Madonna, Stephen Bray
Cronologia de Madonna
Madonna
(1983)
True Blue
(1986)
Singles de Like a Virgin
  1. "Like a Virgin"
    Lançamento: 6 de novembro de 1984 (1984-11-06)
  2. "Material Girl"
    Lançamento: 30 de janeiro de 1985 (1985-01-30)
  3. "Angel"
    Lançamento: 10 de abril de 1985 (1985-04-10)
  4. "Into the Groove"
    Lançamento: 23 de julho de 1985 (1985-07-23)
  5. "Dress You Up"
    Lançamento: 24 de julho de 1985 (1985-07-24)

Like a Virgin é o segundo álbum de estúdio da artista musical estadunidense Madonna. O seu lançamento ocorreu em 12 de novembro de 1984, através das gravadoras Sire Records e Warner Bros. Records. Após o lançamento de seu álbum de estreia homônimo no ano anterior, a cantora queria se solidificar na indústria musical, devido ao sucesso de seu primeiro disco. Ela decidiu tornar-se uma das produtoras musicais de seu segundo trabalho, porém a Warner Bros. não estava pronta para lhe conceder a liberdade artística que queria. Nile Rodgers foi selecionado como o produtor principal do projeto pela própria intérprete, devido ao seu trabalho no disco Let's Dance (1983), de David Bowie.

O disco foi gravado no estúdio Power Station Studio em um ritmo rápido. Rodgers contou com a ajuda de seu antigos companheiros da banda Chic, nomeadamente Bernard Edwards, que tocava baixo, e Tony Thompson, que tocava bateria; eles apareceram em diversas faixas do álbum. O produtor decidiu ser o guitarrista do trabalho, porém Edwards lhe pediu para desempenhar esse cargo, em troca de sua ajuda. Jason Corsaro, engenheiro de áudio do projeto, convenceu Rodgers a usar a gravação digital, uma técnica introduzida na época. A capa e as imagens do encarte de Like a Virgin foram fotografadas por Steven Meisel. Madonna queria que o título e a capa do álbum fizessem uma ligação provocante entre o nome religioso Madonna — título dado para Maria, mãe de Jesus — e o conceito cristão do nascimento virgem. O trabalho foi relançado mundialmente em 1985, com a inclusão de "Into the Groove" como faixa bônus. Em 2001, foi distribuída uma versão remasterizada do material, apresentando dois remixes como faixas bônus.

Like a Virgin não é considerado um afastamento musical de Madonna, porém a cantora sentiu que o material era mais forte. Juntamente a Rodgers, Madonna também colaborou com seu então namorado Stephen Bray, com quem co-compôs diversas faixas do álbum. Suas canções são derivadas do dance-pop com influências do new wave, e tratam de assuntos variados, como o amor e o materialismo. Like a Virgin recebeu análises geralmente positivas da mídia especializada; embora tenham prezado sua produção e sua composição, resenhadores criticaram suas letras. Comercialmente, foi o primeiro disco de Madonna a obter sucesso internacional e liderou tabelas musicais de diversos países ao redor do mundo, como Alemanha, Espanha, Estados Unidos, Nova Zelândia e Reino Unido. Nos Estados Unidos, foi o primeiro álbum da cantora a culminar na Billboard 200 e recebeu uma certificação de diamante pela Recording Industry Association of America (RIAA), devido às vendas de dez milhões de cópias no país. Mundialmente, comercializou cerca de 21 milhões de unidades, tornando-se um dos álbuns mais vendidos de todos os tempos.

Cinco singles foram lançados do disco, com a faixa homônima, "Material Girl" e "Into the Groove" tornando-se sucessos internacionais, sendo que a primeira foi o primeiro número um de Madonna na Billboard Hot 100. Para promover o álbum, a cantora apresentou-se em premiações e programas televisivos, lançou a coletânea de vídeos Madonna e embarcou em sua primeira turnê, The Virgin Tour, que visitou o Canadá e os Estados Unidos ao longo do ano de 1985. Like a Virgin alcançou significância como um artefato cultural dos anos 80. A artista provou que não era uma cantora de apenas um sucesso e foi capaz de estabelecer uma grande permanência no mundo musical. Suas canções, nomeadamente "Like a Virgin" e "Material Girl", tornaram-se destaque de críticas de conservadores e de imitações das mulheres mais jovens. De acordo com o autor J. Randy Taraborrelli, "todo artista importe possui, pelo menos, um álbum em sua carreira cujo sucesso crítico e comercial torna-se o seu momento mágico; para Madonna, Like a Virgin foi apenas um momento de definição".[1][2]

Antecedentes e desenvolvimento[editar | editar código-fonte]

Nile Rodgers (imagem) foi selecionado por Madonna como o produtor de Like a Virgin devido ao seu trabalho com David Bowie no álbum Let's Dance (1983).[3]

Ex-dançarina e figura presente nas boates nova-iorquina, Madonna Louise Ciccone tornou-se conhecida mundialmente simplesmente como Madonna com o lançamento de seu álbum de estreia homônimo em 1983. Apoiado por canções de sucesso como "Holiday", "Borderline" e "Lucky Star", o disco foi um dos mais vendidos naquele ano e ajudou a cantora a se tornar uma das artistas novas mais interessantes dos anos 80.[4] Quando começou a trabalhar em seu segundo álbum, Madonna sentiu que seu trabalho anterior havia obtido sucesso em introduzi-la na personalidade de "rainha da dança de rua", e queria se solidificar na indústria musical baseando-se nesse conceito.[3] Ela disse: "Meu trabalho, minha dedicação — a obsessão em lançar Madonna — valeu a pena. Estava na a hora [certa] de solidificar meu futuro [musical]".[3] Em Like a Virgin, Madonna queria se tornar uma das principais produtoras musicais, sentindo que precisava controlar os diversos aspectos de sua música. Ela acreditou que depender de um produtor particular em seu álbum não era algo que lhe convinha.[5] A artista disse: "Eu aprendi minha lição enquanto criava meu álbum de estreia, e o jeito como [Reggie] Lucas me deixou sozinha com o projeto, [faz com que] você não possa acreditar nos homens", referindo-se ao incidente que ocorreu durante a produção de Madonna, quando certas diferenças de opinião entre o produtor Reggie Lucas e Madonna fez com que ele abandonasse o projeto.[3] Entretanto, a Warner Bros. não estava pronta para lhe dar a liberdade artística que queria. Em sua biografia escrita pelo autor J. Randy Taraborrelli, Madonna disse:

Mais tarde, Nile Rodgers foi selecionado por Madonna como o produtor do álbum, com a aprovação dos executivos da gravadora. Ela escolheu Rdogers principalmente devido ao seu trabalho como integrante da banda dos anos 70 Chic, além de sua então recente produção com David Bowie em seu disco Let's Dance (1983).[3] Sobre a escolha, a cantora comentou o seguinte: "Quando eu estava fazendo o disco, eu fiquei muito assustada e feliz [ao mesmo tempo] em trabalhar com Nile Rodgers. Eu idolatrei Nile por causa de todas as coisas [que ele fez] com o Chic. Eu não pude acreditar que a gravadora me deu o dinheiro [necessário], então eu pude trabalhar com ele".[4] Rodgers respondeu que ele viu Madonna pela primeira vez em uma boate pequena em Nova Iorque, no ano de 1983. Em uma entrevista com a Time, ele explicou: "Eu fui à boate para fez outra mulher cantar, mas quando eu estava lá, Madonna estava no palco. Eu amei sua presença de palco e então nós nos encontramos depois [daquela performance]. Eu continuei pensando: 'Puxa, ela é uma estrela', mas ela não era [uma estrela] naquela época. Eu sempre quis trabalhar com ela e Like a Virgin parecia a oportunidade perfeita".[6]

Gravação[editar | editar código-fonte]

Madonna é realmente astuta quando se trata de conseguir o que quer. Em certo ponto, eu tinha ameaçado abandonar o projeto, pois ela teria tratado o estúdio de forma indelicada, algo que eu não aprovo. Eu estava no elevador, ela caminhou, sorriu para mim e disse: 'Nile, eu quero saber de uma coisa: Isso significa que você não gosta mais de mim?'. E então nós dois começamos a rir. Então, nós percebemos como estávamos sendo ridículos. Foi isso. Nós não tivemos uma briga séria depois disso.

—Rodgers falando sobre trabalhar com Madonna.[4]

Like a Virgin foi gravado no estúdio Power Station Studio em Nova Iorque, em um ritmo rápido. Rodgers contou com a ajuda de seus ex-companheiros da banda Chic, nomeadamente Bernard Edwards, que era o baixista, e Tony Thompson, que era o baterista; eles apareceram em diversas faixas do álbum. O produtor decidiu ser o guitarrista, porém Edwards lhe pediu para desempenhar este papel, em troca de sua ajuda.[4] As sessões de gravação não iniciavam-se até a tarde, já que Rodgers, que frequentava festas noturnas, não estava acostumado a trabalhar de manhã.[4] Esses atrasos causaram dificuldade para Madonna, que respondeu que costumava "ir para o clube de natação no Upper West Side e nadar, e caminhar de lá para o estúdio de gravação. Para mim, foi impossível chegar lá de manhã". Rodgers disse que a cantora era muito trabalhadora e incrivelmente tenaz. Ele comentou: "Eu sempre me impressiono pelo incrível julgamento de Madonna quando se trata de fazer discos pop. Eu nunca vi ninguém fazer [álbuns pop] melhor [do que ela], e essa é a verdade. Quando fizemos esse álbum, foi a união perfeita, e eu sabia disso desde o primeiro dia [em que estava] no estúdio. Sabe, aquilo entre nós foi sexual, apaixonante, criativo (...) foi pop".[5]

Jason Corsaro, engenheiro de áudio do álbum, convenceu Rodgers a usar a gravação digital, uma técnica introduzida na época que fez Corsaro acreditar que seria o futuro da gravação.[7] Para ter certeza de que tal daria certo, ele usou o gravador de fita digital de 24 faixas Sony 3324 e o gravador de duas faixas Sony F1 durante a mixagem das canções. A artista gravou as partes principais das músicas em uma pequena sala de madeira e com piano, situada no último andar e na parte de trás do Studio C, também conhecida como a "sala R&B" do Power Station.[7] Jason então colocou gobos ao redor dela enquanto usou o topo da cápsula de um tubo do microfone estéreo AKG C24, com um pré-amplificador de microfone Schoeps e um equalizador Pultec. Uma vez que as faixas foram aprovadas por todos, Robert Sabino adicionou os teclados, tocando principalmente um Sequential Circuits Prophet-5, bem como partes do piano Rhodes e do piano acústico, enquanto Rodgers também tocou um synclaiver. Embora não tenha sido obrigada, Madonna esteve presente nas sessões de gravação e no processo de mixagem. Corsaro comentou: "Nile estava lá na maior parte do tempo, mas ela [Madonna] sempre estava lá. Ela nunca saía".[7]

Capa e encarte[editar | editar código-fonte]

O vestido usado por Madonna na capa de Like a Virgin, incluindo o vestido com as palavras "Boy Toy".

A capa do disco e as fotos do encarte foram tiradas por Steven Meisel, que viria a se tornar um frequente colaborador de Madonna, em uma suíte no St. Regis Hotel. A cantora queria que o título fizesse uma ligação provocante entre seu próprio nome religioso — título romano dado para Maria, mãe de Jesus — e o conceito cristão do nascimento virgem. Com a faixa-título aludindo-se a este conceito, Madonna queria que a capa do álbum também apresentasse mensagens misturadas. O autor Graham Thompson escreveu que "reclinada sobre um lençol de cetim, com um buquê em seu colo e usando um vestido de casamento, uma inspeção mais aproximada revela a imagem de Madonna como fetichista e sexualizada". Ele acrescentou que a maquiagem pesada, os lábios em forma de selinho e o cabelo despojado, juntamente com o bustiê apertado e as luvas cobrindo completamente os dedos, transformou a imagem da intérprete em uma figura que não era de virtude, e sim de desejo. Este ponto, segundo Thompson, é ainda mais enfatizado com o cinto usado pela cantora, o qual apresenta as palavras "Boy Toy". O autor concluiu: "A imagem era ambígua e foi baseada no fato de que o apelo de Madonna naquela época de sua carreira não era apresentar-se como um objeto de desejo, mas também com uma sujeita feminina desejável".

Stephen Thomas Erlewine, do portal Allmusic, comentou que a "capa fotografada por Steven Meisel (...) foi como uma chave para a reinvenção dela, [assim] como a música do álbum em si". William McKeen, autor de Rock and roll is here to stay: an anthology, sentiu que a imagem era outro mecanismo e testamento ao fato de que Madonna era a última palavra em termos de moda para mulheres e jovens garotas daquela era — considerada por ele o "epítome do legal". A figurinista Arianne Phillips falou sobre o estilo adotado pela cantora para Like a Virgin: "Esse foi um dos momentos mais chocantes, libertadores e influentes na história da cultura pop/da moda. (...) A moda nunca mais foi a mesma". Madonna declarou: "Eu sempre gostei de interpretar o gato e o rato com os estereótipos convencionais. A capa do meu álbum Like a Virgin é um exemplo clássico. As pessoas estavam pensando em quem eu estava tentando ser — a virgem Maria ou uma vadia? Essas eram as duas extremas imagens de mulheres que eu conheci vividamente e me lembro desde a infância, e eu queria brincar com elas. Eu queria ver se poderia misturar a virgem Maria e a vadia como um todo. A foto era um testamento de independência, 'Se você quiser ser uma virgem, seja bem vida. Mas se você quiser ser uma vadia, é seu direito de ser uma".

Composição[editar | editar código-fonte]

Like a Virgin é um álbum muito mais forte e agressivo do que o primeiro. As canções daquele [disco] eram muito fracas. Nesse, eu escolhi todas as músicas e queria que todas fossem sucessos — sem [músicas para] preencher [o disco]. Por isso, eu fiz músicas vindas de outros [compositores], bem como seis de minha própria autoria. (...) Eu queria que cada faixa fosse forte.

—Madonna comentando sobre as canções de Like a Virgin.

De acordo com Taraborrelli, "a energia colaborativa de Madonna e Rodgers — ela querendo ficar famosa com um segundo álbum que fosse bem sucedido e ele querendo ser o produtor que desse tal para ela — dirigiram a produção de Like a Virgin com grande precisão". Madonna também colaborou com seu ex-namorado Stephen Bray, com quem compôs muitas das canções. Refletindo sobre a composição musical do produto, Bray notou: "Eu meio que já deixava a caixa torácica e o esqueleto das canções prontos — ela chegava para cuidar das últimas coisas, como as sobrancelhas e o corte de cabelo". A faixa de abertura "Material Girl" foi escrita por Peter Brown e Robert Rans. A cantora explicou que o conceito da música era semelhante à situação de sua vida na época. De acordo com ela, a obra era provocante, o que a fez atrair-se pelo número. A canção incorpora elementos dos estilos dance-pop e new wave e consiste em arranjos de sintetizadores, com uma voz robótica repetindo o gancho "Vivendo em um mundo materialista". Suas letras tratam do materialismo, com Madonna pedindo uma vida rica e influente em vez de romance e relacionamentos sérios. Composta pela cantora e Bray, "Angel" é o tema seguinte. Foi um dos primeiros a serem desenvolvidos para o projeto e, segundo a estadunidense, foi inspirado por uma garota salva por anjo e consequentemente se apaixona por ele. É constituída por um gancho ascendente de três acordes, que serve como as estrofes e o refrão e possui harmonias vocais sob o refrão principal; seu conteúdo lírico repete a imagem angelical do salvador de Madonna.

A faixa-título foi escrita por Billy Steinberg e Tom Kelly e, segundo o primeiro, foi inspirada por suas experiências pessoais de romance. A canção foi selecionada para Madonna após uma demo cantada por Kelly ser ouvida por Michael Ostin, da Warner Bros. Records. Entretanto, Rodgers inicialmente sentiu que a obra não tinha um gancho bom o suficiente e que não seria adequada para a cantora, mas mudou de ideia depois que o gancho grudou em sua mente. Ele creditou Madonna por reconhecer o potencial da canção: "Eu pedi desculpas a Madonna e disse, 'você sabe... se é tão grudenta ao ponto de ter ficado na minha cabeça por quatro dias, deve ser algo. Então vamos fazer". "Like a Virgin" é uma canção dance-pop composta por dois gancho. A voz de Madonna é ouvida em um registro alto enquanto um arranjo contínuo de baterias é ouvido ao longo da linha do baixo. Em seu livro The Complete Guide to the Music of Madonna, o autor Rikky Rooksby apontou que as letras da canção são ambíguas e contêm duplos significados. Em termos sexuais, podem ser interpretadas de maneiras diferentes por pessoas diferentes. Em "Over and Over", Madonna canta sobre determinação e seguir em frente após decepções. O número é instrumentalmente formado por baterias e sintetizadores, apresentando uma progressão harmônica de três acordes. Um momento emocionante ocorreu no estúdio quando a cantora regravou "Love Don't Live Here Anymore, de Rose Ryce. Rodgers lembrou: "Madonna nunca havia se apresentado com uma orquestra ao vivo antes. Eu já estava bastante acostumado em fazer tudo ao vivo, então apenas disse, 'Madonna, vá até lá, cante e nós vamos segui-la'. Ela ficou inicialmente hesitante, mas a gravação ao vivo acabou rendendo momentos memoráveis. Ela cantou, ficou cheia de emoções e começou a chorar, mas eu a mantive na gravação". A canção apresenta os vocais de Madonna acompanhados por violões e cordas sintetizadas, com Thompson tocando a bateria na segunda estrofe. Perto do final, ela entoa uma voz similar à de uma cantora soul.

"Into the Groove" é a sexta faixa, contida apenas no relançamento de 1985 do trabalho. Madonna se inspirou nas pistas de dança para a concepção da obra, elaborando-a enquanto observava um homem porto-riquenho bonito em sua janela. Tendo originalmente composto-a para seu amigo Mark Kamins, ela decidiu utilizá-la na trilha sonora de seu filme Desperately Seeking Susan. Ao contrário das outras músicas do disco, esta foi gravada nos Sigma Sound Studios e produzida por Madonna e Bray. A amiga da cantora, Erika Belle, esteve presente na gravação e acompanhou todo o processo. Para a biografia da intérprete feita por Andrew Morton, Belle notou que Bray enfrentou dificuldades com a ponte da canção em um momento da gravação, já que a melodia desenvolvida por ele não estava se encaixando com o resto da composição. Sem se deixar abater pelas dificuldades, Madonna pegou o microfone e cantou as palavras "Viva a sua fantasia aqui comigo". O problema foi resolvido; Belle comentou que a canção "parecia ter vindo de dentro dela" e ficou "impressionada". A instrumentação do número é formada por bateria, percussão, congas e assobios, com a voz de Madonna sendo duplicada no refrão. As letras são simples e escritas como um convite para dançar com a cantora, com significados sexuais e duplos.

"Dress You Up" foi a última faixa a ser adicionada ao álbum, por ter sido tardiamente enviada pelos compositores Andrea LaRusso e Peggy Stanziale. Embora Rodgers tenha a rejeitado por não ter tempo para compor uma melodia e gravá-la para o disco, Madonna insistiu que ela fosse incluída em Like a Virgin, já que particularmente gostou de suas letras. É uma faixa dance-pop guiada por batidas de bateria, e inclui instrumentação de guitarras e vocais de um coral. Suas letras são uma metáfora para moda e sexo, comparando a troca de roupas com a paixão. "Shoo-Bee-Doo" contém homenagem à música da Motown. Iniciando-se com uma lenta introdução, é uma obra do gênero doo-wop similar aos trabalhos de grupos dos anos 1960 como The Shirelles e The Crystals. O breakdown de saxofone é tocado por Lenny Pickett. Liricamente, discute problemas de relacionamentos, fraseados como clichês na coda. "Prentender" começa com o refrão e logo muda-se para as estrofes, e fala sobre sedução e a insegurança de uma mulher que sente que as coisas estão indo rápido demais para ela e seu parceiro. "Stay", a última música do projeto, usa ritmos triplos e vocais duplos. Inclui um ruído similar à alguém mexendo em um microfone, e uma sequência falada que desaparece gradualmente ao final.

Legado[editar | editar código-fonte]

Uma mulher no controle de sua vida sexual e carreira era uma ideia tão nova que Madonna tornou-se a maior coisa a atingir o pop e a cultura popular em anos. E ela permaneceu desse jeito: sua influência na maneira em que as mulheres passaram a ver o sexo, o amor e elas mesmas era tão grande que algumas universidades ofereceram cursos com estudos de Madonna. E ela também continuou a fazer alguns dos singles mais duradouros do pop.

—Caroline Sullivan, do The Guardian, comentando sobre o impacto de Like a Virgin.

Em matéria para o The New York Times após o lançamento de Like a Virgin, o jornalista Stephen Holden comentou: "Nenhum fenômeno ilustra mais criticamente o quanto a música pop parece estar correndo em ciclos do que o sucesso inesperado da sirene pop de 24 anos conhecida como Madonna. Um mês antes do natal, o segundo álbum de Madonna, Like a Virgin, vendeu mais de dois milhões de cópias. Adolescentes estavam se enfileirando nas lojas para comprar o álbum assim como seus pais se enfileiraram para comprar os álbuns dos Beatles no final dos anos 1960". Madonna provou não ser uma cantora de apenas um sucesso com o lançamento do disco, que vendeu 12 milhões de cópias mundialmente na época de seu lançamento. Andrew Unterberger, da Billboard, posicionou-o na nona colocação entre os melhores álbuns certificados de diamante nos Estados Unidos, escrevendo que "as ambições musicais e conceituas de Madonna viriam a crescer a partir daqui". Michael Roffman, do portal Consequence of Sound, o considerou o segundo melhor álbuns segundanista, definindo-o como o projeto que "esculpiu o trono (...) que seria de Madonna para sempre: o de rainha do pop. De sua capa provocante às suas letras polêmicas, o álbum rapidamente tornou-se um tornado sem precedentes, rasgando as normas e os valores sociais conservadores com desenvoltura, conforme a música transformava-se numa revolução (...) tornando Madonna mais uma autora pop que reescreveu as regras do jogo".

Taraborrelli sentiu que "Like a Virgin é realmente um retrato dos instintos pop misteriosos de Madonna, empoderados por seu zelo impaciente por crescimento artístico e seu dom inato de criar um bom disco". Ele acrescentou que o sucesso do álbum esclareceu qual era a personalidade verdadeira da cantora: "Ela era uma rainha urbana da dança com o encanto sensual de Marilyn Monroe, a frieza tímida de Marlene Dietrich e a fluência incisiva e protetora de uma Mae West moderna". Embora o trabalho tenha recebido críticas mistas, o autor acreditou que o "simples fato de que na época de seu lançamento muitas pessoas não conseguiam resistir a comentar sobre o disco era um testamento à crescente e contínua fascinação em Madonna (...) Cada artista importante tem pelo menos um álbum em sua carreira cujo sucesso crítico e comercial se torna seu momento mágico; para Madonna, Like a Virgin foi apenas um grande momento de definição". Chris Smith, autor de 101 Albums That Changed Popular Music, considerou que foi com este álbum que Madonna conseguiu ser o centro das atenções. Ela afirmou sua sexualidade de uma maneira que apenas os cantores rock haviam feito anteriormente, indo bem além dos limites de ser uma artista pop, para se tornar um ponto de discussões nacionais sobre relações de poder nas áreas de sexo, raça, gênero, religião e outros assuntos sociais divisivos. Suas canções tornaram-se centro tanto de críticas por conservadores quanto de imitações pela população feminina mais jovem.


"Like a Virgin" foi a primeira canção da artista a atrair atenção de organizações familiares, que reclamaram que o vídeo e a faixa promoviam o sexo sem casamento e enfraqueciam os valores familiares, oferecendo uma imagem desagradável de Madonna como uma meretriz. Moralistas indignados a condenaram como uma prostituta e tentaram bani-la. Conservadores ficaram furiosos por Madonna retratar o vestido de casamento virgem em um contexto sexual. Enquanto uma parcela da população estava indignada com o escândalo, a outra estava se alegrando com a noção de uma Madonna virgem, que retrucou dizendo:

A influência da música foi mais profunda na geração mais nova. A personalidade pública de Madonna como uma mulher indomável, sexualmente desenvergonhada e supremamente confiante atingiu-os profundamente. O biógrafo Andrew Morton notou que a maior parte dos fãs da cantora era composta por mulheres, que nasceram e cresceram com uma imagem de esteriótipos antiquados de mulheres como noivas virgem, ou como prostitutas, ou com valores feministas que rejeitavam o uso de roupas de uma mulher para seu próprio avanço. William McKeen, autor de Rock and roll is here to stay: an anthology, comentou que, com a canção, Madonna misturou essas ideias de feminilidade da classe média com exemplos do que a feminilidade significada para ela, que era ter oportunidades iguais. Ela ofereceu uma sexualidade agressiva que implicou que era aceitável para mulheres não apenas iniciarem relações, como também aproveitá-las. Além disso, numa época em que a moda dos anos 1980 estavam promovendo mulheres de peito liso e magras como ideias de beleza, a imagem de uma Madonna mais curvilínea fez meninas comuns sentirem ser bom estar da forma que estavam. Uma nova palavra chamada "Madonna wannabe" foi introduzida para descrever as milhares de garotas que tentavam imitar o estilo de Madonna. Em certo ponto, a Macy's transformou um piso inteiro especialmente para a venda de roupas estilizadas de acordo com a moda da cantora. Professores de universidades, acadêmicos experientes em estudos de gêneros e feministas começaram a discutir seriamente o papel da intérprete como uma ícone de estilo pós-modernista e cultural.

Madonna declarou que "Material Girl" é a canção que mais se arrepende de ter gravado e que, se soubesse do rótulo que seria lhe dado por décadas, provavelmente nunca teria a gravado. Após filmar o vídeo correspondente, a cantora disse nunca querer ser comparada com Monroe, embora tenha posado como ela e recriado muitas de suas poses mais conhecidas para vários ensaios fotográficos, mais notavelmente numa edição de 1991 da revista Vanity Fair. Refletindo sobre a faixa, a intérprete disse para Taraborrelli: "Não posso desdenhar a canção e o vídeo completamente, porque eles certamente foram importantes para a minha carreira. Mas falo sobre a mídia focando numa frase e mal interpretando tudo também. Eu não escrevi a música, e o vídeo era sobre como a garota rejeitava diamantes e dinheiro. Mas Deus não permite que a ironia seja entendida. Então, quando eu tiver 90 anos, ainda serei a Material Girl. Acho que não é tão ruim. Lana Turner era a Sweater Girl até o dia que morreu".

Guilbert comentou que o termo "material girl" designou um certo tipo de mulher libertada, assim desviando-se de sua cunhagem original que significava uma mulher que era tangível e acessível. O autor Nicholas Cook disse que o significado e o impacto de "Material Girl" não era mais circunscrito pelo vídeo, e sim pela canção. Sua influência foi vista mais tarde entre diversos grupos, como a mulher contra o homem, o gay contra o hétero, e o acadêmico contra o adolescente. Em 1993, uma conferência foi realizada na Universidade da Califórnia em Santa Barbara, com o tópico Madonna: Feminist Icon or Material Girl?. A conferência discutiu a dualidade de Madonna como ambas e deduziu que a questão do feminismo de Madonna não é fácil de se decidir. Algumas das feministas abandonaram o evento, citando que não conseguiram se decidir.

"Dress You Up" foi alvo de grande atenção da mídia, quando foi incluída na lista "Filthy Fifteen" do Parents Music Resource Center (PMRC), devido ao percebido teor sexual de suas letras. Mary "Tiiper" Gore, fundadora da organização, encontrou sua filha ouvindo a canção, e considerou a linha "Vou vesti-lo no meu amor" como um exemplo de música vulgar. O PMRC pediu à Recording Industry Association of America (RIAA) maneiras de os pais identificarem discos não recomendáveis para menores — um sistema de classificação baseado no conteúdo lírico. A canção recebeu da RIAA uma avaliação de "S", para "sexo e obscenidade". Gore comentou sobre a faixa: "A cultura popular está moralmente falida, flagrantemente sem vergonha e totalmente materialista — e Madonna é a pior de todas". A classificação levou à criação do selo Parental Advisory, implementado em 1990.

Lista de faixas[editar | editar código-fonte]

Todas as canções produzidas por Nile Rodgers, exceto "Into the Groove", produzida por Madonna e Stephen Bray.

N.º TítuloCompositor(es) Duração
1. "Material Girl"  Peter Brown, Robert Rans 4:00
2. "Angel"  Madonna, Stephen Bray 3:56
3. "Like a Virgin"  Tom Kelly, Billy Steinberg 3:38
4. "Over and Over"  Madonna, Bray 4:12
5. "Love Don't Live Here Anymore"  Miles Gregory 4:47
6. "Dress You Up"  Andrea LaRusso, Peggy Stanziale 4:01
7. "Shoo-Bee-Doo"  Madonna 5:16
8. "Pretender"  Madonna, Bray 4:30
9. "Stay"  Madonna, Bray 4:07
Duração total:
43:10

Referências

  1. Taraborrelli 2002, p. 89
  2. Taraborrelli 2002, p. 164
  3. a b c d e Taraborrelli 2002, p. 87
  4. a b c d e Rosen 1996, p. 283
  5. a b c Taraborrelli 2002, p. 85
  6. Smith, Ubarly (1º de setembro de 1986). «Rdogers: Is He Back in 'Chic'?». Time. 71 (12). ISSN 0040-781X 
  7. a b c Richard Buskin (setembro de 2007). «Classic Tracks: Madonna 'Like A Virgin'». Sound on Sound (em inglês). SOS Publications Group. Consultado em 20 de abril de 2016