Teoria da conspiração do genocídio branco

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Manifestantes anti-imigração em Calais, na França, segurando uma bandeira na qual se lê "Diversidade é uma palavra de código para o genocídio branco", em 8 de novembro de 2015.

Genocídio branco é uma teoria da conspiração neonazista, alt-right, nacionalista e supremacista branca,[1] segundo a qual imigração em massa, a integração racial, a miscigenação, as baixas taxas de fertilidade, o aborto, a violência organizada e o eliminacionismo estariam gerando um "genocídio" de brancos em países tradicionalmente de maioria caucasiana. Isso, segundo a teoria, visaria transformar tais nações em países de minoria branca e assim causar a extinção das pessoas brancas através de assimilação forçada.[2]

A frase "Anti-racista é uma palavra de código para anti-branco", cunhada pelo líder nacionalista branco Robert Whitaker, é associada comumente com o tema do genocídio branco.[3][4] Ela já apareceu em outdoors nos Estados Unidos, perto de Birmingham, Alabama,[5] e em Harrison, Arkansas.[6] Essa teoria da conspiração já havia sido divulgada na Alemanha Nazista em um panfleto escrito para o "Departamento de Pesquisa para a questão Judaica" do "Instituto Reich" de Walter Frank com o título "As nações brancas estão morrendo? O futuro das nações brancas e de cor, à luz das estatísticas biológicas".[7]

A teoria foi popularizada pelo neonazista David Lane, por volta de 1995,[7][8] e atualmente é usada de forma intercalada com outra teoria, a da "Grande Substituição", de Renaud Camus, que foca na população branca cristã na França.[9][10] Uma das variações da teoria é divulgada por pessoas como Tucker Carlson, um jornalista da rede de notícias Fox News, que alega estar acontecendo um genocídio de fazendeiros brancos na África do Sul, onde realmente há uma alta taxa de mortes violentas nas zonas rurais mas nenhuma evidência mostraria que fazendeiros brancos sejam vítimas preferenciais ou desproporcionais.[11]

A teoria do "genocídio branco" é considerado um mito,[12][13] baseada em pseudociência, pseudo-história e ódio,[14] impulsionada por um pânico psicológico muitas vezes relacionado a uma ansiedade infundada pela hipótese de extinção dos povos de cor branca.[15][16] Não existem evidências que pessoas brancas estejam desaparecendo ou que exista algum plano em execução para exterminá-los como raça.[17][18] O propósito desta teoria da conspiração seria assustar pessoas brancas[17] e justificar a agenda política dos nacionalistas brancos[19] para apoiar atos de violência racial contra não-brancos e minorias.[20]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «#whitegenocide, the alt-right and conspiracy theory: How secrecy and suspicion contributed to the mainstreaming of hate.». Secrecy & Society 
  2. Kaplan, Jeffrey (2000). Encyclopedia of White Power: A Sourcebook on the Radical Racist Right. [S.l.: s.n.] ISBN 9780742503403 
  3. «Billboard from 'white genocide' group goes up in Ala.» 
  4. «Where does that billboard phrase, 'Anti-racist is a code word for anti-white,' come from? It's not new» 
  5. «Where does that billboard phrase, 'Anti-racist is a code word for anti-white,' come from? It's not new». AL.com 
  6. «Arkansas Town Responds To Controversial 'Anti-Racist Is A Code Word For Anti-White' Sign». Huffington Post 
  7. a b Dr. Friedrich Burgdörfer: "Sterben die weißen Völker? Die Zukunft der weißen und farbigen Völker im Lichte der biologischen Statistik," Munich, Callwey, 1934, página 88.
  8. «Day of the trope: White nationalist memes thrive on Reddit's r/The_Donald». Southern Poverty Law Center. 19 de abril de 2018 
  9. «Why the alt-right want to call Australia home». Overland. 18 de julho de 2018 
  10. «Meet the Snowflakes Who Are the New Face of Race Hate». Vice Media. 12 de março de 2018 
  11. Wilson, Jason (23 de agosto de 2018). «White farmers: how a far-right idea was planted in Donald Trump's mind». the Guardian (em inglês). Consultado em 24 de agosto de 2018 
  12. «The scary ideology behind Trump's immigration instincts». Vox Media. 18 de junho de 2018 
  13. «The dangerous myth of 'white genocide' in South Africa». Southern Poverty Law Center. 23 de agosto de 2018 
  14. Saslow, Eli (Setembro de 2018). Rising out of hatred: the awakening of a former white nationalist. [S.l.]: Penguin Random House. ISBN 978-0385542876 
  15. «We Are in the Midst of the Third Bogus 'White Extinction' Panic in Just as Many Centuries». Reason. 26 de junho de 2018 
  16. «Alt-right women and the 'white baby challenge'». Salon. 14 de julho de 2019 
  17. a b Marcotte, Amanda (27 de agosto de 2018). «Donald Trump's "white genocide" rhetoric: A dangerous escalation of racism». Salon (em inglês) 
  18. DeVega, Chauncy (5 de setembro de 2018). «Author and activist Tim Wise: 'The Republican Party is a white identity cult'». Salon (em inglês) 
  19. Taylor, Keeanga-Yamahtta (16 de fevereiro de 2018). «The White Power Presidency: Race and Class in the Trump Era». New Political Science. 40 (1): 103–112. doi:10.1080/07393148.2018.1420555 
  20. Perry, Barbara (Novembro de 2003). «'White Genocide': White Supremacists and the Politics of Reproduction». In: Ferber, Abby L. Home-grown hate: gender and organized racism. [S.l.]: Routledge. pp. 75–95. ISBN 0415944155 
Ícone de esboço Este artigo sobre sociologia ou um(a) sociólogo(a) é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.