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Linha de Barca d’Alva
Antigo cais de mercadorias de Barca d'Alva Antigo cais de mercadorias de Barca d'Alva
Comprimento:	77,5 km
Bitola:	Bitola larga
Legenda 000 0 L.ª Douro 191,1 Barca d’Alva encerr. 1988 191,8 ⇄ Ponte× Rio Águeda × CL-517 × CL-517 000 0 La Fregeneda × Ribeira de Froya × DSA-590 (= CP-005) × DSA-591 (= CV-44) 000 0 Hinojosa de Douro × SA-330 × DSA-579 (= CV-16) × CL-517 000 0 Lumbrales × DSA-461 (= CV-162) 000 0 Olmedo-Cerralbo × DSA-460 (= CV-43) 000 0 Bogajo 000 0 Villavieja de Yeltes × DSA-451 (= SA-322) × Rio Yeltes 000 0 Villares de Yeltes ∥ DSA-452 (= CV-154) × DSA-452 (= CV-154) 000 0 Boada × DSA-443 (= CV-28) 000 0 L.ª Salamanca 000 0 F.te S. Est.-Boadilla 000 0 L.ª Salamanca Localização na rede + Barca d’Alva × LFdSE-B

Estação de caminho-de-ferro em Barca d’Alva, perto da fronteira com a Espanha.

Término da linha, em San Esteban; à esquerda, a linha Salamanca-C.Rodrigo.

A Linha Internacional de Barca d'Alva-La Fregeneda a La Fuente de San Esteban é uma linha de caminho-de-ferro em bitola ibérica que liga o término da Linha do Douro, no nordeste de Portugal, à rede ferroviária Espanhola. Até ao encerramento do troço espanhol, em 1985, existiam regularmente comboios de mercadorias e de passageiros entre o Porto e Salamanca. Em conjunto com a Linha do Douro, esta foi até então a via mais directa de ligação do Porto à Europa.

Caracterização

Percurso

Aspeto típico da linha, com numerosos túneis e pontes.

Esta linha tinha um extensão de 77,5 km entre Barca d’Alva e La Fuente de San Esteban-Boadilla, tendo como estações intermédias como La Fregeneda (estação fronteiriça do lado espanhol onde ficava a alfândega), Hinojosa de Duero, Lumbrales, Olmedo de Camaces-Cerralbo, Bogajo, Villavieja de Yeltes, Villares de Yeltes e Boada. A linha circunda La Fregeneda de oeste até nordeste, subindo as arribas do Douro, nunca passando a menos de 2 quilómetros; a estação situa-se na localidade de Valdenoguera, 2,5 quilómetros a leste de La Fregeneda.

Em La Fuente de San Esteban-Boadilla entrocava na Linha de Salamanca Medina del Campo-Fuentes de Oñoro, seguindo até Salamanca, estação terminal desta linha internacional. A estação de La Fuente de San Esteban-Boadilla era usada também por muitos portugueses para transbordo para a ligação internacional Lisboa-Paris (via Vilar Formoso, Linha da Beira Alta) que ali passava. Era igualmente costume das populações portuguesas deslocar-se a Espanha para participar em diversos festejos, como bailes em A Fregeneda e Sobradillo.

Serviços

Locomotora 10321 da Renfe preservada no Museu Ferroviário de Aranda de Duero.

Por esta linha circulavam, habitualmente, pequenas composições de mercadorias, rebocadas por locomotivas das Séries 10.300 ou 10.400 da Red Nacional de Ferrocarriles Españoles, porque as numerosas pontes metálicas nesta linha não permitiam a passagem de locomotivas mais pesadas.

História

Construção (1883-1887)

Ponte Internacional do Rio Águeda.

Em 23 de julho de 1883, por pressão dos empresários portuenses, mais propriamente da banca portuense, é aprovada por Decreto-Lei o prolongamento da Linha do Douro até a fronteira luso-espanhola, na freguesia de Barca d’Alva. Ao mesmo tempo começou a reunião de fundos para a construção do lado espanhol, desde Barca d’Alva a La Fregeneda, localidade onde a linha alcançaria as planícies de Leão. Foi construtor desta linha uma sociedade de bancos do Porto, a Companhia das Docas do Porto e Caminhos de Ferro de Salamanca à Fronteira Portuguesa (ambas de capitais portugueses) que foi, posteriormente, transferida para a Compañía Nacional de los Ferrocarriles del Oeste. </ref> que foi, posteriormente, transferida para a Companhia de Caminhos de Ferro do Oeste de Espanha., pois eram os principais interessados em ligar o Porto com a Europa.

Depois de muitos avanços e recuos, nomeadamente em relação à localização da ponte internacional sobre o Rio Águeda, os trabalhos foram iniciados em 1882. O troço entre Barca d’Alva e La Fregeneda, foi dos mais difíceis construção sendo uma autêntica via alpina com curvas de raio mínimo de 300 m e rampas de 21‰, tendo em apenas 17 km de linha-férrea 13 pontes metálicas e 20 túneis.

O troço entre Boadilla e Lumbrales é inaugurado em 25 de julho de 1887 - com um serviço de comboios com de 1.ª, 2.ª e 3.ª classe - e o troço entre e Lumbrales e Barca de Alva é completada a 8 de dezembro de 1887.

Em 9 de dezembro de 1887 é inaugurada a Linha Internacional de Barca d’Alva a La Fregeneda e Salamanca, com a cerimónia de inauguração a decorrer na Ponte internacional do Rio Águeda. No mesmo dia é inaugurado o troço Pocinho – Barca d’Alva, ficando a Linha do Douro terminada, sendo aberto à exploração pública do serviço direto Porto-Salamanca. Esta obra permitiu a ligação da Linha do Douro à rede ferroviária espanhola e ao resto da Europa, e foi a única via férrea construída em território estrangeiro com capitais portugueses.

O Encerramento (1985-1988)

Estação de La Fregeneda, sensivelmente a meio do percurso.

Em 1984, o governo espanhol decidiu encerrar, no âmbito de um plano de abatimento de várias ligações ferroviárias, o troço entre La Fuente de San Esteban e La Fregeneda, o que resultou na suspensão de serviços, igualmente, no troço internacional entre esta última localidade e Barca d’Alva; este encerramento deveria ser concretizado no dia 1 de Janeiro de 1985.

Em 18 de Outubro de 1988 foi feito o mesmo do lado português, tendo sido suspensos os serviços no troço Pocinho-Barca d’Alva, por alegada falta de rentabilidade. A Linha do Douro passa a ser utilizada apenas entre Ermesinde e a estação do Pocinho, sendo a exploração do restante troço até Barca d’Alva abandonada.

Reabertura ao serviço planeada

Encerrada desde 1 de Janeiro de 1985, existem atualmente planos, tanto do lado português, como do lado espanhol, para reabertura desta linha: Em agosto de 2009, foi finalmente anunciado pela Secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, a intenção de reabrir o tráfego internacional desta linha, estando previstos para breve o inicio dos trabalhos para recuperação do troço entre o Pocinho e Barca d’Alva.

A 10 de Setembro de 2009, na estação de Caminhos de Ferro do Pocinho, foi assinado, por responsáveis da Rede Ferroviária Nacional, Comboios de Portugal, Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos, Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte e Estrutura de Missão do Douro, um protocolo de intenções para Reabilitação do troço da Linha do Douro entre o Pocinho e Barca D’Alva e para Exploração Turística da Linha do Douro entre a Régua e Barca D’Alva, tendo sido homologado pela Secretária de Estado.

Ver também

• História do transporte ferroviário em Portugal
• Lista de linhas ferroviárias em Portugal

Bibliografia

• VIEGAS, Francisco José (1988). Comboios Portugueses. Um Guia Sentimental. Lisboa: Círculo de Editores. 185 páginas