Fortaleza da Arrifana: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Mais conteúdo e acertos
Linha 22: Linha 22:
|estado= Mau
|estado= Mau
}}
}}
A '''Fortaleza da Arrifana''' é um monumento militar localizado na localidade de [[Arrifana (praia)|Arrifana]], no Concelho de [[Aljezur]], no [[Distrito de Faro]], em [[Portugal]].
A '''Fortaleza da Arrifana''' é um monumento militar, localizado na localidade de [[Arrifana (praia)|Arrifana]], no concelho de [[Aljezur]], na região do [[Algarve]], em [[Portugal]].


==Descrição e História==
==Descrição==
[[File:ArrifanaFortress2.png|thumb|Esquema da Fortaleza da Arrifana, em 1754.]]
[[File:ArrifanaFortress2.png|thumb|Esquema da Fortaleza da Arrifana, em 1754.]]
A fortaleza situa-se num promontório alcantilado, a cerca de 70 m de altura sobre o nível do mar.<ref name=PortalArq/>
Situa-se junto à localidade da Arrifana, no interior do [[Aljezur|Concelho de Aljezur]]. Foi erguido em 1635 por ordem do Governador e Capitão-Mor do Reino do Algarve, D. Gonçalo Coutinho, para proteger este local e as armações de pesca do atum que aqui se faziam durante os meses de Verão. Devido à acção da natureza, este edifício foi-se progressivamente degradando, tendo sido reconstruido em 1670. Sofreu graves danos na sequência do [[Sismo de 1755]].

<ref>Vilas e Aldeias do Algarve Rural, 2003:17</ref><ref name=CMAljezur>{{Citar web|título=Fortaleza da Arrifana|publicado=Câmara Municipal de Aljezur|url=https://cm-aljezur.pt/pt/604/fortaleza-da-arrifana.aspx|acessodata=12 de Julho de 2019}}</ref>
O imóvel apresentava uma planta de forma irregular, com duas partes distintas, unidas por um estreito desfiladeiro.<ref name=PortalArq/> Na parte do lado da terra, protegida por uma muralha, situava-se a porta de entrada, com arco de volta perfeita, a casa da guarda, as casamatas e o paiol.<ref name=CMAljezur/> Sobre esta porta estava uma lápide com a data de construção do forte, o escudo nacional e o brasão da família Coutinho.<ref name=CMAljezur/> A outra parte consistia essencialmente numa bateria, que tinha duas bocas-de-fogo apontadas para o oceano.<ref name=CMAljezur/> No local foi encontrado um extenso espólio, que incluía vários fragmentos de louça de mesa, com faianças lisboetas e inglesas, corda seca parcial sevilhana, e loiça vidrada nacional, loiça de cozinha, tanto vidrada como comum, contentores para transporte e armazenagem, como um pote em grés com origem no Norte da Europa, uma moeda em bronze, parte de um crucifixo, uma peça de uma arma de fogo com fecho de pederneira, restos de faunas malacológica e mamalógica, e uma pederneira em sílex.<ref name=PortalArq/>

Além das ruínas em si, o local da fortaleza é utilizado como miradouro sobre a [[Praia da Arrifana]] e a [[Costa Vicentina]].<ref name=CMAljezur/>

==História==
Foi construída em 1635, por ordem de [[Gonçalo Coutinho|D. Gonçalo Coutinho]], Governador do Reino do Algarve e Capitão-Mor, para defender aquela zona da faixa costeira, principalmente a baía da Arrifana e uma almadrava para atum, que funcionava desde 1516.<ref name=CMAljezur/> Porém, logo em 1654 [[Nuno de Mendonça, 2.º conde de Vale de Reis|D. Nuno de Mendonça]], Governador e Capitão-General do Reino do Algarve, enviou uma carta ao rei [[João IV de Portugal|D. João IV]], referindo que o forte estava desguarnecido.<ref name=CMAljezur/> Em 1670, D. Nuno de Mendonça terá ordenado que fossem feitas obras de reedificação.<ref name=CMAljezur/>

Um documento de 1754 refere que o forte contava com duas peças de artilharia, de calibres 12 e 18, que se encontravam em boas condições.<ref name=CMAljezur/> Nesse ano foi elaborada a planta da fortaleza por Francisco Lobo Cardinal, mostrando a bateria, os alojamentos e o desfiladeiro de acesso.<ref name=CMAljezur/> Em 1755, o complexo foi quase totalmente destruído pelo [[Sismo de 1755|sismo]], tendo permanecido apenas a bateria e a muralha da entrada.<ref name=CMAljezur/> A fortaleza foi reconstruída em 1762, mas voltou a ser danificada durante o Inverno de 1765, que provocou uma nova derrocada do desfiladeiro.<ref name=CMAljezur/> Em 1771 voltou a ser alvo de obras de reparação, mas em 1792 já estava novamente em mau estado de conservação, sem a porta e com as abóbadas do corpo da guarda e do paiol muito estragadas.<ref name=CMAljezur/> Neste último ano, estava equipado com duas bocas-de-fogo montadas, sendo a guarnição constituída por um cabo e seis soldados.<ref name=CMAljezur/> Não terão sido feitas quaisquer obras de conservação após 1792, o que terá contribuído para o seu estado de ruína e abandono.<ref name=CMAljezur/> Com efeito, em 1796 ainda existem registos da presença das duas bocas-de-fogo, mas os relatórios após 1815 apenas descrevem a existência das muralhas junto à entrada, já em ruínas.<ref name=CMAljezur/> Em 1821 ainda tinha as duas peças de artilharia, mas já estavam desmontadas, e em 1840 já só existia uma.<ref name=CMAljezur/> Em 1861 já estava totalmente ao abandono.<ref name=PortalArq>{{citar web|titulo=Arrifana|obra=Portal do Arqueólogo|publicado=Direcção Geral do Património Cultural|url=https://arqueologia.patrimoniocultural.pt/index.php?sid=sitios&subsid=50370|acessodata=23 de Setembro de 2021}}</ref>
Em 1940 o imóvel foi entregue ao [[Ministério das Finanças (Portugal)|Ministério das Finanças]], perdendo a sua categoria de fortificação militar.<ref name=CMAljezur/> Nesse ano o [[Ministério da Marinha (Portugal)|Ministério da Marinha]] recusou-se a acolher as ruínas do forte, tendo então sido posto à venda.<ref name=CMAljezur/> Porém, em 1944 a Comissão do Domínio Público Marítimo deliberou que o sítio onde se encontrava a antiga fortaleza era de sua responsabilidade.<ref name=CMAljezur/> Posteriormente foram feitas grandes obras de restauro nas ruínas da fortaleza, por iniciativa da Câmara Municipal de Aljezur, que foram financiadas como parte do programa Polis Litoral Sudoeste.<ref name=CMAljezur>{{Citar web|título=Fortaleza da Arrifana|publicado=Câmara Municipal de Aljezur|url=https://cm-aljezur.pt/pt/604/fortaleza-da-arrifana.aspx|acessodata=12 de Julho de 2019}}</ref>

==Ver também==
*[[Lista de património edificado no distrito de Faro#Aljezur|Lista de património edificado em Aljezur]]
*[[Castelo de Aljezur]]
*[[Museu Municipal de Aljezur]]
*[[Povoado Islâmico da Ponta do Castelo]]
*[[Ribat de Arrifana]]
*[[Sítio arqueológico da Barrada]]


{{referências}}
{{referências}}
{{commonscat|Fortaleza da Arrifana|a Fortaleza da Arrifana}}
{{commonscat|Fortaleza da Arrifana|a Fortaleza da Arrifana}}
== Bibliografia ==
== Leitura recomendada ==
*{{Citar livro|título=Vilas e Aldeias do Algarve Rural|local=Faro|editora=Globalgarve/Alcance/In Loco/Vicentina|ano=2003|páginas=171 |isbn= 972-8152-27-2|edição=2ª}}
*{{Citar livro|título=Vilas e Aldeias do Algarve Rural|local=Faro|editora=Globalgarve/Alcance/In Loco/Vicentina|ano=2003|páginas=171 |isbn= 972-8152-27-2|edição=2ª}}


Linha 39: Linha 56:
{{Fortalezas de Portugal}}
{{Fortalezas de Portugal}}
{{Esboço-fortificação}}
{{Esboço-fortificação}}
{{Portal3|Algarve|Guerra|Monumentos de Portugal}}


[[Categoria:Património edificado em Aljezur]]
[[Categoria:Património edificado em Aljezur]]

Revisão das 03h52min de 23 de setembro de 2021

 Nota: Este artigo é sobre a antiga fortaleza da Arrifana, construída no Século XVII. Para o mosteiro fortificado de origem muçulmana, veja Ribat de Arrifana.
Fortaleza da Arrifana
Fortaleza da Arrifana
Fortaleza da Arrifana, em 2018.
Tipo Edifício militar
Inauguração 1635
Estado de conservação Mau
Geografia
País Portugal Portugal
Coordenadas 37° 17' 47.21" N 8° 52' 24.98" O
Mapa
Localização em mapa dinâmico

A Fortaleza da Arrifana é um monumento militar, localizado na localidade de Arrifana, no concelho de Aljezur, na região do Algarve, em Portugal.

Descrição

Esquema da Fortaleza da Arrifana, em 1754.

A fortaleza situa-se num promontório alcantilado, a cerca de 70 m de altura sobre o nível do mar.[1]

O imóvel apresentava uma planta de forma irregular, com duas partes distintas, unidas por um estreito desfiladeiro.[1] Na parte do lado da terra, protegida por uma muralha, situava-se a porta de entrada, com arco de volta perfeita, a casa da guarda, as casamatas e o paiol.[2] Sobre esta porta estava uma lápide com a data de construção do forte, o escudo nacional e o brasão da família Coutinho.[2] A outra parte consistia essencialmente numa bateria, que tinha duas bocas-de-fogo apontadas para o oceano.[2] No local foi encontrado um extenso espólio, que incluía vários fragmentos de louça de mesa, com faianças lisboetas e inglesas, corda seca parcial sevilhana, e loiça vidrada nacional, loiça de cozinha, tanto vidrada como comum, contentores para transporte e armazenagem, como um pote em grés com origem no Norte da Europa, uma moeda em bronze, parte de um crucifixo, uma peça de uma arma de fogo com fecho de pederneira, restos de faunas malacológica e mamalógica, e uma pederneira em sílex.[1]

Além das ruínas em si, o local da fortaleza é utilizado como miradouro sobre a Praia da Arrifana e a Costa Vicentina.[2]

História

Foi construída em 1635, por ordem de D. Gonçalo Coutinho, Governador do Reino do Algarve e Capitão-Mor, para defender aquela zona da faixa costeira, principalmente a baía da Arrifana e uma almadrava para atum, que funcionava desde 1516.[2] Porém, logo em 1654 D. Nuno de Mendonça, Governador e Capitão-General do Reino do Algarve, enviou uma carta ao rei D. João IV, referindo que o forte estava desguarnecido.[2] Em 1670, D. Nuno de Mendonça terá ordenado que fossem feitas obras de reedificação.[2]

Um documento de 1754 refere que o forte contava com duas peças de artilharia, de calibres 12 e 18, que se encontravam em boas condições.[2] Nesse ano foi elaborada a planta da fortaleza por Francisco Lobo Cardinal, mostrando a bateria, os alojamentos e o desfiladeiro de acesso.[2] Em 1755, o complexo foi quase totalmente destruído pelo sismo, tendo permanecido apenas a bateria e a muralha da entrada.[2] A fortaleza foi reconstruída em 1762, mas voltou a ser danificada durante o Inverno de 1765, que provocou uma nova derrocada do desfiladeiro.[2] Em 1771 voltou a ser alvo de obras de reparação, mas em 1792 já estava novamente em mau estado de conservação, sem a porta e com as abóbadas do corpo da guarda e do paiol muito estragadas.[2] Neste último ano, estava equipado com duas bocas-de-fogo montadas, sendo a guarnição constituída por um cabo e seis soldados.[2] Não terão sido feitas quaisquer obras de conservação após 1792, o que terá contribuído para o seu estado de ruína e abandono.[2] Com efeito, em 1796 ainda existem registos da presença das duas bocas-de-fogo, mas os relatórios após 1815 apenas descrevem a existência das muralhas junto à entrada, já em ruínas.[2] Em 1821 ainda tinha as duas peças de artilharia, mas já estavam desmontadas, e em 1840 já só existia uma.[2] Em 1861 já estava totalmente ao abandono.[1] Em 1940 o imóvel foi entregue ao Ministério das Finanças, perdendo a sua categoria de fortificação militar.[2] Nesse ano o Ministério da Marinha recusou-se a acolher as ruínas do forte, tendo então sido posto à venda.[2] Porém, em 1944 a Comissão do Domínio Público Marítimo deliberou que o sítio onde se encontrava a antiga fortaleza era de sua responsabilidade.[2] Posteriormente foram feitas grandes obras de restauro nas ruínas da fortaleza, por iniciativa da Câmara Municipal de Aljezur, que foram financiadas como parte do programa Polis Litoral Sudoeste.[2]

Ver também

Referências

  1. a b c d «Arrifana». Portal do Arqueólogo. Direcção Geral do Património Cultural. Consultado em 23 de Setembro de 2021 
  2. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t «Fortaleza da Arrifana». Câmara Municipal de Aljezur. Consultado em 12 de Julho de 2019 
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre a Fortaleza da Arrifana

Leitura recomendada

  • Vilas e Aldeias do Algarve Rural 2ª ed. Faro: Globalgarve/Alcance/In Loco/Vicentina. 2003. 171 páginas. ISBN 972-8152-27-2 

Ligações externas


Ícone de esboço Este artigo sobre uma fortaleza é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.