Estádio Ismael Benigno

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Colina
Estádio Ismael Beningo


Nomes
Nome Estádio Ismael Benigno
Apelido Estádio da Colina
Colina
Antigos nomes Estádio Gilberto Mestrinho
Características
Local Avenida Presidente Dutra, São Raimundo, Manaus, AM, Brasil
Gramado Grama natural (105 x 68 m)
Capacidade 10.000 espectadores
Construção
Custo R$ 24 milhões
Inauguração
Data 27 de abril de 1958 (65 anos)[1]
Partida inaugural São Raimundo 2x0 Princesa Isabel[1]
Primeiro gol Santarém(São Raimundo) - 35¹[1]
Recordes
Público recorde 23.152 pessoas
Data recorde 27 de Abril de 1969
Partida com mais público Nacional 0 X 0 Rio Negro
Outras informações
Remodelado 2013 a 2014
Fechado 1997 a 2000
2013 a 2014
Competições Amazonas Campeonato Amazonense
Brasil Campeonato Brasileiro
Brasil Copa do Brasil
Brasil Copa Verde
Proprietário São Raimundo
Administrador Governo do Estado do Amazonas

O Estádio Ismael Benigno, mais conhecido como Estádio da Colina, é um estádio brasileiro localizado em Manaus, no estado do Amazonas. Pertence ao São Raimundo e está em estado de comodato com o Governo do Estado do Amazonas pelo período de 20 anos. A Colina é um dos estádios mais usado em jogos no Amazonas, com parte da história do futebol amazonense se passando nele, onde jogaram Pelé, Garrincha e outros grandes nomes do futebol brasileiro.

A pessoa de Ismael Benigno[editar | editar código-fonte]

Ismael Benigno foi um histórico dirigente do São Raimundo, responsável por levar o clube à primeira divisão do Campeonato Amazonense de Futebol em 1956. Fez carreira política e foi vereador de Manaus por diversos mandatos. Entre um mandato e outro, foi nomeado prefeito de Manaus em Julho de 1958 pelo então governador Plínio Ramos Coelho. Chegou a ser eleito Deputado Federal em 1966 mas por conta da Revolução de Março, foi cassado e então desistiu da política. Benigno faleceu em 4 de Maio de 1978 e além do estádio, seu nome também foi dado à praça que fica em frente à Igreja de São Raimundo Nonato, no bairro de São Raimundo.[2]

História[editar | editar código-fonte]

O campo do São Raimundo (como era conhecido) existia desde 1952, pelo menos, época em que já eram noticiados jogos de futebol sendo realizados por lá. Na época era só o campo, sem muro e arquibancadas. Depois, já com características de estádio, é considerado jogo inaugural a partida vencida pelo São Raimundo por 2 a 0 ante o hoje extinto Princesa Isabel, partida esta realizada no dia 27 de Abril de 1958, o gol inaugural sendo marcado por Santarém aos 36 minutos do primeiro tempo.[1] Há a ideia de que a essa altura o estádio consistia apenas no campo de futebol, com uma pequena geral em volta. Vale ressaltar que a maioria dos pequenos estádios da época contavam que essas gerais que acomodavam a maior parte do público. A partir deste período passaram a ocorrer jogos oficiais ali.

Inauguração oficial em 1961

Em 18 de Fevereiro de 1961 o clube inaugurou oficialmente o estádio, com arquibancadas, que passaria a se chamar Estádio Gilberto Mestrinho. Para as festividades foi convidado o Sport Club do Recife para uma série de cinco jogos, iniciando no dia 17, contra o São Raimundo. Era a primeira vez na história que uma temporada interestadual não seria realizada no Parque Amazonense. Na estreia, vitória do clube pernambucano por 8 a 1. O primeiro gol com essa estrutura foi marcado por Mario, do Sport. Os jogos do Sport nessa temporada de inauguração do Estádio:

Alambrado e Tuneis, em 1964

O estádio ficou fechado por quase três meses partindo de Janeiro de 1964 para que fossem construídos tuneis que levassem os jogadores dos vestiários para o campo, e também instalação de alambrado em todo o entorno do campo.[8] As obras teriam custado em torno de 3 milhões de cruzeiros ao clube.[9] As melhorias contaram com uma programação de inauguração em duas datas, na primeira, em 5 de Abril de 1964, foi realizado amistoso entre São Raimundo e Nacional onde o anfitrião saiu vitorioso pelo placar de 3 a 1.[10] Uma semana depois, em 12 de Abril, outra partida comemorativa, desta vez dos donos da casa contra o Rio Negro e nova vitória por 3 a 1.[11]

Comemoração do 1º aniversário

Em comemoração ao primeiro aniversário do estádio, em 1962 o São Raimundo trouxe uma temporada da Tuna Luso de Belém do Pará para três jogos a serem realizados no estádio. Os jogos foram:

Primeiros refletores em 1967

Em 1967 a diretoria do clube, na época presidido por Ismael Benigno, instalou refletores no estádio. Por ocasião da inauguração do sistema de iluminação, o clube organizou a chamada "Festa da Luz" em 18 de Fevereiro daquele ano, constando de um amistoso entre o São Raimundo contra o Nacional. Vale lembrar que a cidade de Manaus não possuía um estádio com iluminação desde que o Parque Amazonense deixou de tê-la, na década de 40. O palco ainda não possuía sua maior arquibancada também, esta só sendo inaugurada em 1969, quando o estádio recebeu seus maiores públicos. No dia da festa, uma forte chuva caiu sobre Manaus, ainda assim um público razoável de 4.386 pagantes compareceu para ver o dono da casa ser derrotado por 3 a 1.[15]

Mudança de nome em 1977

Somente em 1977 na administração do presidente Raimundo Sena, o Estádio voltou a receber obras. Desta vez o Conselho do clube decide pela troca do nome, que de Gilberto Mestrinho passa a se chamar Ismael Benigno, em homenagem ao presidente falecido três anos antes e que idealizara o estádio.[16]

O estádio mais importante de Manaus[editar | editar código-fonte]

Do final da década de 60 até a inauguração do Estádio Vivaldo Lima, alguns anos depois, a Colina se tornou o estádio mais importante do futebol amazonense, por conta da sua capacidade ultrapassar a do Estádio Parque Amazonense, que comportava até 11 mil pessoas. Foi assim que os clássicos entre Nacional e Rio Negro passaram a ser disputados por lá, e bateram recordes de público do futebol amazonense até então. Além dos clássicos, os confrontos desses dois contra o Fast Clube e as finais do campeonato também passaram a ser disputados por lá. Além disso, os grandes também passaram a organizar seus amistosos e disputa-los na Colina. Foi assim que no final dos anos 60 o Santos de Pelé se apresentou em Manaus para enfrentar o Nacional. Lá também o Nacional venceu o Flamengo, em 1969, ano no qual o clube estava bastante prestigiado no país.

A partir do final dos anos 60, o estádio passou a receber investimentos públicos, que viam o estádio como um patrimônio geral da cidade. Quando o Estádio Vivaldo Lima entrava em reformas, o estádio sempre recebia reformas promovidas pela federação, clubes e estado. Em 1983 o Rio Negro utilizou o estádio na disputa do Campeonato Brasileiro de Futebol, e fez algumas reformas no estádio. Na época o estádio recebeu o jogo Rio Negro contra Flamengo-RJ, que terminou empatado em 1-1; o público pagante era de 18.300 pessoas, apesar de o estádio estar "derramando" gente, o que levou a Policia Militar a escorar tapumes no alambrado para este não ceder, o detalhe é que pelo menos 70% do estádio torcia para o clube local. Antes disso, em 1982, o estádio foi palco de um dos episódios mais lembrados da história do Futebol Amazonense, o famoso W.O do Nacional diante do Rio Negro, que deu o título da temporada ao "Galo Gigante do Norte".

Campeonato Brasileiro em 1983[editar | editar código-fonte]

Com a indisponibilidade do Estádio Vivaldo Lima, o Estádio da Colina foi indicado para receber os jogos do Rio Negro pelo Campeonato Brasileiro de Futebol de 1983. De acordo com o levantamento da Revista Placar em seu especial sobre a edição do torneio, o estádio tinha capacidade para 30 mil pessoas distribuídas em 3 lances de arquibancadas que somavam 28 mil lugares mais um lance de cadeiras cobertas com capacidade para 2 mil pessoas. Possuía ainda 8 banheiros e 8 cabines para a imprensa.[1] Apesar da informação, o estádio nunca recebeu públicos superiores a 22 mil pessoas, e naquele campeonato o maior público não ultrapassou 20 mil, apesar de em alguns jogos o estádio estar superlotado.

Reforma de 1997[editar | editar código-fonte]

Com a larga utilização do Estádio Vivaldo Lima e o afastamento do poder público e outros clubes, o estádio voltou a depender unicamente do São Raimundo para mantê-lo. Em 1997 o cenário era desagradável. Sem iluminação, com os alambrados parcialmente destruídos e até sem gramado, o estádio não oferecia condições de conforto para jogadores, torcedores e imprensa. O futebol havia se tornado impraticável na Colina. Naquele ano, Ivan Guimarães assumiu como diretor de futebol e colocou em prática uma reforma geral. Foram trocados os degraus quebrados da arquibancada, instalados drenos e um novo gramado, além de nova iluminação. Na arquibancada coberta foi criado o setor social, onde foram instalados mil assentos, disponibilizando cadeiras cativas. As cabines de radio também foram reformadas. Com o fim da reforma, o estádio foi reaberto em 2000.[16]

A reforma fez parte de todo o processo de reestruturação do São Raimundo que "nasceu" para o futebol nacional a partir de então. O estádio chegou a comportar alguns jogos importantes do clube depois de sua ascensão. Porém, com o passar dos anos, o estádio foi sendo pouco utilizado, com os jogos sendo disputados no Estádio Vivaldo Lima. Com isso, as arquibancadas e o muro foram se deteriorando, chegando ao ponto de apenas o setor de cadeiras(que comportava cerca de 1 mil pessoas) ser liberado. Após a queda de parte do muro, o estádio foi definitivamente interditado. Na altura da escolha das sub-sedes da Copa do Mundo FIFA de 2014 o estádio estava novamente em estado de total abandono.

Estrutura Atual[editar | editar código-fonte]

Reforma para a Copa do Mundo 2014[editar | editar código-fonte]

Após a escolha de Manaus como uma das sedes da Copa de 2014, o estádio foi indicado para receber uma completa remodelação para assim poder ser utilizado como Centro de Treinamento (CT ou COT) para as seleções que vieram jogar na cidade. O projeto previu a demolição completa da antiga estrutura do estádio, para a construção de uma nova no mesmo local. A obra teve duração de 15 meses.

Com a construção da nova estrutura financiada pelo governo do estado e seus investidores, o Estádio passou a ser gerido pelo governo do Amazonas pelo período de 20 anos. Ao São Raimundo caberá apenas a prioridade no mando dos jogos, já que apenas cedeu o terreno, não contribuindo financeiramente para a demolição da antiga estrutura, limpeza do terreno e construção.

Além das seleções que vieram para a Copa do Mundo de Futebol de 2014 o estádio passou a receber treinos de equipes de futebol que visitavam Manaus, como foi o caso da própria Seleção Brasileira de Futebol que em preparação para o jogo contra a Seleção do Uruguai, válido pelas eliminatórias da Copa do Mundo de Futebol de 2022, utilizou o estádio como seu local oficial de treinos.[17]

O Estádio[editar | editar código-fonte]

Após a reforma, de acordo com as normas atuais, o novo estádio conta com 10.400 lugares divididos em quatro lances de arquibancadas completamente desligados um do outro. Assim como todos os estádios mais modernos, ele não possui alambrados e ainda conta com oito escadas de emergência que ligam a arquibancada ao campo. As arquibancadas consistem de concreto, sem assentos.

A iluminação para jogos noturnos é fornecida por 4 torres localizadas atrás das arquibancadas laterais, que contam, cada uma, com 36 lâmpadas modernas. Para o público e esportistas o estádio possui 8 lojas e 2 lanchonetes com banheiros internos, e mais 8 banheiros para utilização pública (4 masculinos e 4 femininos), 7 bares, sala para coletiva, 2 vestiários completos com 12 chuveiros, vestiários para árbitros masculinos e femininos, sala médica, sala de exame, sala de massagem, sala de preleção e para comissão técnica. O local de aquecimento dos jogadores tem grama sintética no piso. Há ainda estacionamento privativo.

Possui 2 bilheterias de entradas e 7 portões de saída, sistema de som, cabine de transmissão de rádio e TV, sala VIP, espaço acima das cabines de TV e sala VIP para fotógrafos e cinegrafistas. Além disso, atende a todas as normas de acessibilidade quanto à circulação mínima, rampas de acesso às arquibancadas, banheiros dimensionados e equipados para uso de Portadores de Necessidades Especiais, barras de apoio e cuidado na escolha dos acabamentos do piso. Além da atenção para as normas de saídas de emergência quanto à largura de corredores, saídas acessíveis e rotas de fuga com oito escadas de emergência para atender os torcedores.

A obra teve o custo de R$ 24 milhões. A responsável pela reforma foi a construtora Tecon (Tecnologia em Construções LTDA).

Inauguração[editar | editar código-fonte]

A estrutura atual foi inaugurada em 3 de Julho de 2014 contando com um confronto amistoso entre as equipes do São Raimundo e do Sul América, clubes tradicionais da região da Colina. O estádio recebeu bom público, de cerca de 8 mil presentes e o autor do primeiro gol foi o jogador Pimenta, atuando pelo Sul América que venceu a partida com este gol, ganhando assim uma taça comemorativa.[18]

Maiores públicos na História[editar | editar código-fonte]

O estádio, assim como a maioria dos estádios de outrora, contava com uma pista no entorno do campo que servia para o que era chamado de "geral" onde pessoas poderiam assistir jogos em pé. Essa condição aliada a normas de segurança "afrouxadas" possibilitaram ao estádio, de estrutura limitada, receber públicos superiores a 20 mil pagantes e até 30 mil presentes.

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b c d e Revista Placar (14 de janeiro de 1983). «Estádio da Colina». Revista Placar. Consultado em 5 de julho de 2022 
  2. Carlos Zamith (3 de maio de 2010). «Ismael Benigno». Baú Velho. Consultado em 9 de dezembro de 2022. Cópia arquivada em 15 de abril de 2015 
  3. «Sport goleou impiedosamente o S. Raimundo». Jornal do Commercio. Manaus, AM. 19 de fevereiro de 1961. Consultado em 10 de dezembro de 2022 
  4. «Rio Negro armou com fibra a sua vitória». Jornal do Commercio. Manaus, AM. 21 de fevereiro de 1961. Consultado em 10 de dezembro de 2022 
  5. «Falta de preparo físico derrotou o Santos». Jornal do Commercio. Manaus, AM. 24 de fevereiro de 1961. Consultado em 10 de dezembro de 2022 
  6. «Fast soube honrar o título de campeão baré». Jornal do Commercio. Manaus, AM. 26 de fevereiro de 1961. Consultado em 10 de dezembro de 2022 
  7. «Seguiu para Santarém a delegação do Sport após cumprir cinco jogos em gramados Barés». Jornal do Commercio. Manaus, AM. 3 de abril de 1964. Consultado em 10 de dezembro de 2022 
  8. «Com dois tuneis e alambrado será reaberto no domingo o estádio Gilberto Mestrinho». Jornal do Commercio. Manaus, AM. 28 de março de 1964. Consultado em 10 de dezembro de 2022 
  9. «São Raimundo festeja reabertura da Colina». Jornal do Commercio. Manaus, AM. 5 de abril de 1964. Consultado em 10 de dezembro de 2022 
  10. «Tufão venceu com tranquilidade o Nacional na inauguração dos melhoramentos do estádio». Jornal do Commercio. Manaus, AM. 7 de abril de 1964. Consultado em 10 de dezembro de 2022 
  11. «Rio Negro foi derrotado pelo São Raimundo no amistoso de domingo no estádio da Colina». Jornal do Commercio. Manaus, AM. 14 de abril de 1964. Consultado em 10 de dezembro de 2022 
  12. «Tuna não produziu 70 por cento do que sabe». Jornal do Commercio. Manaus, AM. 20 de fevereiro de 1964. Consultado em 11 de dezembro de 2022 
  13. «Nacional deixou fugir uma vitória certa». Jornal do Commercio. Manaus, AM. 22 de fevereiro de 1964. Consultado em 11 de dezembro de 2022 
  14. «Derrotando a Tuna o Rio Negro deu prova suficiente de que é um grande esquadrão». Jornal do Commercio. Manaus, AM. 27 de fevereiro de 1964. Consultado em 11 de dezembro de 2022 
  15. Calos Zamith (24 de abril de 2010). «Festa da luz na Colina». Baú Velho. Consultado em 9 de dezembro de 2022. Cópia arquivada em 23 de março de 2016 
  16. a b «História da Colina» 
  17. Sergio Santana (12 de outubro de 2021). «Local de treino da Seleção, Estádio da Colina 'já viu' Pelé e Zico e passou por obras para a Copa de 2014». lance.com.br. Consultado em 5 de julho de 2022 
  18. Marcos Dants (4 de julho de 2014). «No AM, Estádio da Colina reabre as portas para torcedores em amistoso». g1.globo.com/am. Consultado em 5 de julho de 2022 
  19. Carlos Zamith (8 de março de 2010). «Maior Público da Colian». Baú Velho. Cópia arquivada em 16 de abril de 2015 
  20. «Zico salva o Fla de um vexame maior». O Fluminense. Rio de Janeiro. 4 de fevereiro de 1983. Consultado em 5 de julho de 2022 
  21. «Zico culpa CBF pelo empate do Flamengo». Jornal do Brasil. Rio de Janeiro/RJ. 4 de fevereiro de 1983. Consultado em 5 de julho de 2022