Saltar para o conteúdo

Veganismo: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Ertrinken (discussão | contribs)
Desfeita a edição 65468273 de JoaquimCebuano
Etiqueta: Desfazer
Reestruturação.
Linha 1: Linha 1:
{{Info


<!-- Infocaixa-->
[[Ficheiro:Foods.jpg|miniaturadaimagem|Frutas, nozes, grãos e legumes são exemplos de comidas veganas.]]
| classe = Classe geral infocaixa
{{Direitos dos animais sidebar}}
| estilo = Estilo geral infocaixa
O '''veganismo''' é definido como "''uma [[filosofia]] e uma forma de viver que busca excluir — na medida do possível e praticável — todas as formas de exploração dos animais e [[Crueldade com animais|crueldade]] para com estes, seja para alimentação, vestuário ou qualquer outro propósito''"<ref name=":0">{{Citar web|url=https://www.vegansociety.com/go-vegan/definition-veganism|titulo=Definição do veganismo pela Sociedade Vegana mais antiga do mundo, a The Vegan Society, fundada em 1944.|acessodata=2022-04-17|website=The Vegan Society|lingua=en}}</ref>'''.''' Em se tratando de alimentação, o veganismo "denota a prática de abster-se de produtos derivados, parcial ou integralmente, de animais"<ref name=":0" />. Desta forma, o veganismo promove o desenvolvimento, a utilização e a disseminação de alternativas que não envolvam animais para o benefício dos próprios animais, dos seres humanos e do meio-ambiente<ref name=":0" />. Um adepto deste modo de viver e desta filosofia é conhecido como ''vegano'' ou ''vegana''.<ref>{{Citar web|titulo=vegano {{!}} Definição ou significado de vegano no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa|url=https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/vegano|obra=Infopédia - Dicionários Porto Editora|acessodata=2020-07-12|lingua=pt|ultimo=Infopédia}}</ref>
| imagem = Vegan friendly icon.svg
| imagem-tamanho = 150px
| legenda = Símbolo comumente usado para <br>representar o veganismo
| imagem1 =
| imagem_tamanho1 = Largura da imagem secundária
| imagem_legenda1 = Legenda da imagem secundária
| imagem2 =
| imagem_tamanho2 = Largura da imagem terciária
| imagem_legenda2 = Legenda da imagem terciária


<!-- Títulos -->
Como resultado de seus princípios éticos, os veganos, assim como os [[Vegetarianismo|vegetarianos]], não consomem carnes vermelhas, peixes, [[Fruto do mar|frutos do mar]], aves (ex. frango, peru, pato, etc.) ou insetos. No entanto, diferentemente dos vegetarianos, os veganos também não consomem outros alimentos de origem animal, tais como [[Lacticínios|laticínios]], [[Ovo (alimento)|ovos]] ou [[mel]], devido ao sofrimento infligido nos animais na obtenção de tais alimentos e ao fato de que, ao contrário do que muitas pessoas creêm, a produção de ovos e a produção de leite também envolvem a [[Abate animal|morte intencional (ou abate)]] de animais. Por exemplo, uma prática muito comum na indústria de ovos consiste em separar os pintinhos recém-nascidos de acordo com seu sexo, e, uma vez que pintinhos machos são inúteis para a indústria (pois não põem ovos e são de uma 'raça' de porte muito pequeno para ter sua carne utilizada), tais pintinhos são mortos — muitas vezes sendo triturados por uma lâmina industrial ou sendo colocados aos montes em uma sacola de lixo para que sufoquem com seu peso. Na indústria do leite, por sua vez, é extremamente comum que as vacas leiteiras sejam levadas ao matadouro quando passam a ser consideradas "improdutivas", isto é, quando sua produção de leite diminui a ponto de o animal não ser mais considerado lucrativo ou quando as vacas não conseguem engravidar com facilidade<ref>{{Citar web|url=https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/1746238/descarte-de-vacas-e-essencial-para-manter-produtividade-nas-propriedades|titulo=Descarte de vacas é essencial para manter produtividade nas propriedades - Portal Embrapa|acessodata=2022-05-22|website=www.embrapa.br}}</ref>.
| cabeçalho =
| cabeçalho-classe =
| cabeçalho-estilo =


| título = <strong> <center> <font size="3"> Veganismo </font> </center> </strong>
''O veganismo, no entanto, não se restringe à alimentação:'' Veganos(as), por exemplo, não adquirem vestimentas e produtos derivados de peles de animais, como [[couro]] ou [[lã]]<ref>{{Citar web|titulo=O crescimento do mercado de couro vegano|url=https://veganbusiness.com.br/mercado-de-couro-vegano/|obra=Veganismo e tudo sobre o mercado vegano!|data=2019-06-26|acessodata=2020-07-12|lingua=pt-BR}}</ref> e não frequentam lugares que utilizam animais para entretenimento, tais como [[Rodeio|rodeios]] ou [[Jardim zoológico|zoológicos]]. Além disso, boicotam produtos cosméticos [[Testes com animais|testados em animais]], como determinados shampoos e maquiagens. No [[Brasil]] e em [[Portugal]] já é possível encontrar facilmente vários cosméticos veganos à venda<ref>{{Citar web|url=https://panoramafarmaceutico.com.br/marca-mineira-de-cosmeticos-torna-se-100-vegana/|titulo=Skala cosméticos torna-se 100% vegana|data=2019-04-17|acessodata=2022-05-29|lingua=pt-BR}}</ref><ref>{{Citar web|url=https://exame.com/invest/esg/negocios/natura-cresce-portfolio-vegano-e-chega-a-90-dos-produtos/|titulo=Natura cresce portfólio vegano e chega a 90% dos produtos|data=2021-11-30|acessodata=2022-05-29|website=Exame|lingua=pt-br}}</ref><ref>{{Citar web|url=https://www.avp.org.pt/marcas-portuguesas-vegan-e-cruelty-free/|titulo=22 Marcas Portuguesas de Higiene e Cosmética Vegan e Cruelty-free {{!}} AVP - Associação Vegetariana Portuguesa|data=2020-11-30|acessodata=2022-05-29|lingua=pt-PT}}</ref>. No entanto, o veganismo é flexível no caso do consumo de itens essenciais à saúde que foram testados em animais, tais como medicamentos e vacinas<ref>{{Citar web|url=https://www.vegansociety.com/resources/nutrition-and-health/medications|titulo=Medications|acessodata=2022-04-17|website=The Vegan Society|lingua=en}}</ref> (ver a especificação na definição do veganismo citada acima: "''Na medida do possível e praticável"''). Assim, uma parte enorme da população vegana toma vacinas e medicamentos (mesmo quando estes são testados em animais) visto que, enquanto que viver sem consumir produtos de origem animal não é prejudicial à saúde<ref>{{Citar periódico |url=https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/19562864/ |titulo=Position of the American Dietetic Association: vegetarian diets |data=2009-07 |acessodata=2022-05-22 |jornal=Journal of the American Dietetic Association |número=7 |ultimo=Craig |primeiro=Winston J. |ultimo2=Mangels |primeiro2=Ann Reed |paginas=1266–1282 |doi=10.1016/j.jada.2009.05.027 |issn=1878-3570 |pmid=19562864 |ultimo3=American Dietetic Association}}</ref>, não tomar vacinas e medicamentos, por outro lado, constitui uma latente ameaça à saúde própria e à saúde alheia. Sendo assim, o movimento vegano não apenas aceita, como também frequentemente incentiva, o uso de vacinas e medicamentos essenciais à saúde.<ref>{{Citation|title=Vegano toma remédio e vacina?|url=https://www.youtube.com/watch?v=Pb-MGtdb9H0|accessdate=2022-05-25|language=pt-BR}}</ref><ref>{{Citar web|ultimo=Periférico|primeiro=Vegano|url=https://www.veganoperiferico.com.br/post/ser-antivacina-em-plena-pandemia-é-um-crime-considere-o-veganismo-e-vacine-se|titulo=Ser antivacina em plena pandemia é um crime. Considere o veganismo e vacine-se|data=2021-01-18|acessodata=2022-07-04|website=Meusite|lingua=pt}}</ref>
| título-classe = Classe do título
| título-estilo = Estilo do título
| subtítulo =
| subtítulo2 =


<!-- Pictograma -->
== História do Veganismo ==
| pictograma =
===O Vegetarianismo no Século XIX===
| tamanho-pictograma =
A ideia de viver de uma alimentação baseada estritamente em alimentos vegetais, no ocidente, existe há muito tempo. No século XIX já havia inúmeros debates entre [[vegetarianos]] que consumiam produtos lácteos e/ou ovos e vegetarianos estritos. Em 1809, o Dr. William Lambe, um pioneiro do vegetarianismo estrito, escreveu livros sobre os possíveis benefícios desta dieta no tratamento do câncer hepático e do estômago, e, em 1854, para outras doenças, algumas crônicas.<ref>{{citar livro|autor =William Lambe, M.D.|título=Reports on the effects of a peculiar regimen on scirrhous tumours and cancerous ulcers|ano=1809|url=https://archive.org/details/reportsoneffects00lamb/page/n7|publicado= J. MCreery for J. Mawman|editor=|volume=|número=|páginas=192|local=London}}</ref><ref>{{citar livro|autor =William Lambe, M.D.|título=Water and vegetable diet in consumption, scrofula, cancer, asthma, and other chronic diseases|ano=1854|url=https://archive.org/details/watervegetabledi00lambrich/page/n6|publicado=Fowlers and Wells|editor=|volume=|número=|páginas=268|local=New York}}</ref> A Sociedade Vegetariana (The Vegetarian Society) foi fundada em 30 de setembro de 1847, em Northwood Villa, Ramsgate, Kent, Inglaterra, posteriormente transferindo sua sede para Manchester, em 1849, mesmo ano da primeira publicação de seu periódico "The Vegetarian Messenger".<ref>{{citar livro|autor =|ano=1849|título=The Vegetarian Messenger|url=https://archive.org/details/vegetarianmessen01vege/page/n3|editor=The Vegetarian Society|publicado=Fred Pitman|local=London|volume=Volume I|número=|página=4}}</ref> Assim, só a palavra “Vegan” era uma novidade em 1944.
| pictograma-ligação =
===O Vegetarianismo no Início do Século XX===
| pictograma-legenda =
A discussão sobre o uso de produtos lácteos e ovos na dieta vegetariana era recorrente na Sociedade Vegetariana desde 1909.
| opacidade =
Em 1931, Ghandi discursou para a Sociedade Vegetariana de Londres a palestra “The Moral Basis of Vegetarianism”<ref name=Ghandi1931>{{citar web|url=https://ivu.org/news/evu/other/gandhi2.html|título=The Moral Basis of Vegetarianism|último =Ghandi|primeiro =M.K.|data=20 de novembro de 1931|website=International Vegetarian Union (IVU)|publicado=EVU News}}</ref> (A Base Moral do Vegetarianismo). Em 1938, a palestra "Saúde Sem Produtos Lácteos”, foi ministrada pelos médicos Dr. Cyril V. Pink e Dr. William White, que repetidamente em suas palestras e escritos testemunhavam sobre a condição superior de bebês criados sem leite de vaca.<ref>{{citar livro|autor =|título=Infants' Dietary: As Recommended at Stonefield Maternity Home, Kidbrooke Grove, Blackheath, S.E.3|ano=1934|editor=|publicado=Heathway Press|local=Sun Lane|páginas=26}}</ref>
| margem-superior =


<!--- Informações --->
===O Veganismo===
| tópico-estilo = Estilo geral tópicos
Donald Watson (1910-2005) tornou-se vegetariano em 1924, em uma resolução de fim de ano, após testemunhar aos 13 anos de idade o abate de um porco na fazenda de seu tio, em South Yorkshire, Inglaterra. Durante a depressão dos anos 1930, Watson, um técnico em carpintaria, trabalhou como professor de carpintaria em Loceister, filiando-se a filial da Sociedade Vegetariana local onde passou a trabalhar como secretário. Donald Watson também acreditava que a dieta vegetariana não deveria utilizar produtos lácteos e/ou ovos. A edição de fevereiro de 1944 de "The Vegetarian Messenger" trazia um artigo da irmã de Donald Watson, Eva, intitulado "Eliminando produtos lácteos: como as dificuldades podem ser superadas",<ref>{{citar periódico|autor =Eva Watson|data=Fevereiro de 1944|título=Eliminating Dairy Produce: How the difficulties can be overcome|periódico=The Vegetarian Messenger Health Review|página=38-39}}</ref> com dicas úteis e eficazes. Nas edições de março e abril foi publicado o artigo, em duas partes, "Should Vegetarians Eat Dairy Produce?" (Vegetarianos devem comer produtos lácteos?), de Donald Watson. Os artigos dos irmãos Watson foram baseados em apresentações que eles haviam feito em dezembro de 1943 para a Sociedade Vegetariana de Loceister. Os artigos tiveram uma grande repercussão na Sociedade Vegetariana e, em resposta aos artigos, foi realizado um debate organizado pela Sociedade Vegetariana de Croydon, ainda em abril de 1944 com um público que ia além do grupo de Croydon. O debate foi considerado tão importante que mereceu um relatório de 2 páginas do "The Vegetarian Messenger" de junho de 1944. O debate foi presidido e organizado por Elsie Shrigley (Sally) (1899 – 1978),<ref name=Shrigley2016>{{citar web|url=http://www.veggievision.tv/2016/04/27/in-search-of-sally-2/|título=In search of Sally – The Lesser Known Founder of The Vegan Society with Donald Watson|último =Calvert|primeiro =S.|data=27 de abril de 2016|website=Veggie Vision}}</ref> secretária honorária da Sociedade Vegetariana de Croydon. Donald Watson propôs a moção “That vegetarians should aim at eliminating dairy produce from their diet” (Que os vegetarianos devem procurar eliminar os produtos lácteos da sua dieta), que foi aceita por ampla maioria (30x2). Embora o número de vegetarianos "não lácteos", "totais", "puros", "completos" ou "estritos" estivesse crescendo, eles ainda não eram organizados. Em agosto de 1944, movidos pelo sucesso da moção, que ia muito além da típica realidade dos vegetarianos britânicos, Watson e Sally sugeriram para a tradicional Sociedade Vegetariana de Manchester que fosse criado um grupo com essa proposta dentro da sociedade e uma seção especial dentro do seu periódico. O conselho da Sociedade Vegetariana concluiu que o grupo teria maior liberdade para combater o uso dos derivados animais como um grupo externo a sociedade e recusou a proposta, sugerindo que Watson montasse um grupo fora, mas que a Sociedade divulgaria os textos do grupo nas páginas do "Vegetarian Messenger", o que já acontecia com todos os grupos existentes, como a Sociedade Vegetariana de Loceister, a Sociedade Vegetariana de Croydon e outras tantas sociedades e clubes vegetarianos que existiam e que recebiam suporte das Sociedades Nacionais, porém não eram administradas por elas. O comitê da Sociedade Vegetariana de Manchester não rejeitava o movimento contra os produtos animais na dieta. Watson aceitou a sugestão e formou um grupo chamado "Non-dairy Produce Group" (Grupo dos produtos não-Lácteos) e escreveu uma carta publicada ao editor publicada no "The Vegetarian Messenger", na edição de novembro de 1944, anunciando a formação do grupo, que um jornal seria publicado e solicitando ajuda financeira aos interessados.<ref>{{citar periódico|autor =Donald Watson|data=Novembro de 1944|título=Letter-Box: Non-Dairy Produce Group|periódico=The Vegetarian Messenger Health Review}}</ref> Ainda em novembro de 1944, lançaram seu próprio jornal, o "The Vegan News - Quaterly Magazine of the non-dairy vegetarians" (Vegan News - O jornal dos vegetarianos não-lácteos), um manifesto com as premissas desta nova sociedade que, entre outras coisas, solicitava que quem quisesse aderir que colaborasse com dinheiro e sugestões para o nome da sociedade que estava sendo formada.<ref name=Watson1944>{{citar web|autor =Watson|ano=1944|título=Vegan News|url=http://www.ukveggie.com/vegan_news/vegan_news_1.pdf|website=UKVeggie}}</ref> O segundo número do jornal saiu em fevereiro de 1945, ainda com o mesmo nome e apresentava os nomes até então sugeridos: Allvega / Allvegan / Total Vegetarian Group / Allveg / Allvegist / The True Vegetarian / Neo- Vegetarian / Dairyban / Vitan / Benevore / Benevorous News / Sanivore / Beaumanger / Bellevore (lista compacta). E continuava solicitando que fossem enviadas sugestões. Em abril de 1945, o grupo decide que o nome da sociedade será "The Vegan Society" e a terceira edição do "The Vegan News", de maio de 1945, aparece pela primeira vez com o subtítulo "Quarterly Organ of The Vegan Society".<ref>{{citar periódico|autor =Donald Watson|data=Maio de 1945|título=Quarterly Organ of The Vegan Society|url=https://issuu.com/vegan_society/docs/the-vegan-news-no.-3-may-1945|periódico=The Vegan News|volume=3}}</ref> Junto com o novo subtítulo também foi decidido um novo cabeçalho trazendo a primeira definição de veganismo:
| tópico1 =
<div style="width:70%; margin:10px auto 10px;">
| rótulo-estilo = Estilo geral rótulos
* O VEGANISMO é a prática de viver de frutas, nozes, vegetais, grãos e outros produtos não animais saudáveis.
| rótulo1 = <b>Descrição</b>
| dados-estilo = Estilo geral dados
| dados1 = Abstenção do uso de produtos animais
| rótulo2 = <b>Primeiros adeptos</b>
| dados2 = {{unbulleted list
|[[Al-Ma'arri]] ({{circa|973|1057|lk=on}})
|[[Roger Crab]] (1621–1680)
|Johann Conrad Beissel (1691–1768)
|James Pierrepont Greaves (1777–1842)
|Lewis Gompertz ({{circa|1784}}–1861)
|[[Amos Bronson Alcott]] (1799–1888)
|Donald Watson (1910–2005)
}}
| rótulo3 = <b>Famosos veganos</b>
| dados3 = [[Lista de veganos]]
}}


'''Veganismo''' é a prática de abster-se do uso de produtos [[Animalia|animais]] — particularmente, mas não somente, na [[alimentação]] — e também uma [[filosofia]] que condena a [[Crueldade com animais|exploração animal]]<ref name=":0">{{citar web|url=https://www.vegansociety.com/go-vegan/definition-veganism|titulo=Go Vegan {{!}} What is Veganism? {{!}} Understanding Veganism}}</ref>. Um adepto deste modo de viver e dessa filosofia é conhecido como vegano ou vegana.
* O VEGANISMO exclui como alimento humano: carne, peixe, galinha, ovos, mel; e leite de animais, manteiga e queijo.


Como resultado de seus princípios [[Ética|éticos]], veganos adotam uma [[dieta]] à base de [[Plantae|plantas]]: excluem-se [[carne]], [[leite]] e [[Lacticínios|derivados]], [[Ovo|ovos]], [[mel]], ou qualquer outro produto proveniente de um animal<ref name=":6">{{citar web|url=https://ethicalveganeducation.com/living-vegan/vegan-nutrition/|titulo=Vegan Nutrition Information by Ethical Vegan Education}}</ref>. Como resultado, ela tende a conter um maior teor de [[fibra dietética]], [[magnésio]], [[ácido fólico]], [[vitamina C]], [[vitamina E]], [[ferro]], e [[Fitonutriente|fitonutrientes]], mas um menor teor de [[gordura saturada]], [[colesterol]], [[Ômega 3|ômega-3]], [[vitamina D]], [[cálcio]], [[zinco]], e [[vitamina B12|vitamina B<sub>12</sub>]]<ref name=":7">{{citar web|url=https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0002916523238356?via%3Dihub|titulo=Health effects of vegan diets - Science Directs}}</ref> — sendo muitas vezes necessária [[Suplemento alimentar|suplementação]] ou ingestão de [[Fortificação alimentar|alimentos fortificados]]. Assim, uma dieta à base de plantas bem planejada é tida como apropriada para todas as fases da vida, incluindo [[infância]] e [[gravidez]], como constatado por diversos grupos de pesquisa{{Nota de rodapé|Entre esses grupos de pesquisa estão o American Academy of Nutrition and Dietetics, o Australian National Health and Medical Research Council, a British Dietetic Association, Dietitians of Canada, o New Zealand Ministry of Health, e a Italian Society of Human Nutrition. A German Society for Nutrition não recomenda uma dieta vegana para crianças, adolescentes, e para mulheres grávidas ou amametando.<ref>{{citar web|url=https://digitalcommons.andrews.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=2985&context=pubs|titulo=Position of the American Dietetic Association: Vegetarian Diets}}</ref>}}.
* O VEGANISMO visa incentivar a fabricação e o uso de alternativas aos produtos animais.
</div>


O veganismo, porém, não se restringe à alimentação: veganos não adquirem vestimentas e produtos derivados de peles de animais, como [[couro]] ou [[lã]]<ref>{{Citar web|titulo=O crescimento do mercado de couro vegano|url=https://veganbusiness.com.br/mercado-de-couro-vegano/|obra=Veganismo e tudo sobre o mercado vegano!|data=2019-06-26|acessodata=2020-07-12|lingua=pt-BR}}</ref>, e não frequentam lugares que utilizam animais para entretenimento, tais como [[Rodeio|rodeios]] ou [[Jardim zoológico|zoológicos]]. Além disso, boicotam produtos cosméticos [[Testes com animais|testados em animais]], como determinados shampoos e maquiagens. No [[Brasil]] e em [[Portugal]] já é possível encontrar facilmente vários cosméticos veganos à venda<ref>{{Citar web|url=https://panoramafarmaceutico.com.br/marca-mineira-de-cosmeticos-torna-se-100-vegana/|titulo=Skala cosméticos torna-se 100% vegana|data=2019-04-17|acessodata=2022-05-29|lingua=pt-BR}}</ref><ref>{{Citar web|url=https://exame.com/invest/esg/negocios/natura-cresce-portfolio-vegano-e-chega-a-90-dos-produtos/|titulo=Natura cresce portfólio vegano e chega a 90% dos produtos|data=2021-11-30|acessodata=2022-05-29|website=Exame|lingua=pt-br}}</ref><ref>{{Citar web|url=https://www.avp.org.pt/marcas-portuguesas-vegan-e-cruelty-free/|titulo=22 Marcas Portuguesas de Higiene e Cosmética Vegan e Cruelty-free {{!}} AVP - Associação Vegetariana Portuguesa|data=2020-11-30|acessodata=2022-05-29|lingua=pt-PT}}</ref>. No entanto, o veganismo é flexível no caso do consumo de itens essenciais à saúde que foram testados em animais, tais como [[Medicamento|medicamentos]] e [[Vacina|vacinas]]<ref>{{Citar web|url=https://www.vegansociety.com/resources/nutrition-and-health/medications|titulo=Medications|acessodata=2022-04-17|website=The Vegan Society|lingua=en}}</ref>. Assim, grande parte da população vegana toma vacinas e medicamentos (mesmo quando estes são testados em animais) visto que não tomar vacinas e medicamentos constitui uma latente ameaça à saúde própria e à saúde alheia. O movimento vegano, portanto, não apenas aceita, como também frequentemente incentiva, o uso de vacinas<ref>{{Citation|title=Vegano toma remédio e vacina?|url=https://www.youtube.com/watch?v=Pb-MGtdb9H0|accessdate=2022-05-25|language=pt-BR}}</ref><ref>{{Citar web|ultimo=Periférico|primeiro=Vegano|url=https://www.veganoperiferico.com.br/post/ser-antivacina-em-plena-pandemia-é-um-crime-considere-o-veganismo-e-vacine-se|titulo=Ser antivacina em plena pandemia é um crime. Considere o veganismo e vacine-se|data=2021-01-18|acessodata=2022-07-04|website=Meusite|lingua=pt}}</ref> e medicamentos essenciais à saúde.
Embora a dieta vegana e o princípio da não exploração dos animais tenham sido definidos na fundação da Sociedade Vegana em 1944, Leslie J. Cross, em 1949, considerava que a sociedade carecia de uma definição mais ligada aos "direitos dos animais", exigindo de seus membros a estrita obediência a esses termos, nomeadamente “o princípio da emancipação dos animais da exploração pelo homem”. Isto foi posteriormente definido como “a busca pelo fim do uso de animais pelo homem para alimentação, mercadorias, trabalho, caça, vivissecção e quaisquer outros usos envolvendo a exploração da vida animal pelo homem”.


A palavra "vegano" foi cunhada por Donald Watson e, sua então futura esposa, Dorothy Morgan em 1944<ref>{{citar web|url=https://en.wiktionary.org/wiki/vegan|titulo=vegan - Wiktionary}}</ref>. O interesse pelo veganismo aumentou significativamente na [[década de 2010]].
Desde 1994, ano do 50º aniversário da criação da Vegan Society, na Inglaterra, o dia 1 de Novembro ficou marcado como o Dia Mundial Vegano (World Vegan Day).


== História ==
===Origem do Nome e Etimologia===
[[Ficheiro:Al-Maʿarri by Khalil Gibran.png|miniaturadaimagem|O poeta árabe Al-Ma'arri, um dos primeiros veganos conhecidos.]]
O termo ''Vegan'' (pronuncia-se ''ví:gan''), em inglês, foi cunhado pela primeira vez, em novembro de [[1944]], no lançamento do jornal "Vegan News" em [[Londres]]. A origem do nome é dúbia. Segundo o próprio Watson, o nome é uma redução do nome "Allvegan", sugestão de seus amigos, o casal Henderson. A outra versão, mais conhecida, é que a palavra foi criada por Donald Watson e sua esposa Dorothy Morgan como uma [[corruptela]] da palavra "''veg''etari''an''" (vegetariano), em que se consideram as 3 primeiras e as 2 últimas letras, excluindo o "etari", para formar a palavra ''vegan''; significando o começo e o fim do vegetariano. No português do Brasil, acrescentou-se a vogal "a" ou "o", formando o termo ''vegano'' ou ''vegana''. Em Portugal a palavra mantém a grafia original inglesa. A grafia original inglesa também é utilizada no Brasil (''vegan''; plural: ''vegans'').{{Quote
|text="Antes do lançamento de nossa primeira edição, o Sr. e a Sra. G. A. Henderson sugeriram a palavra “Allvega”, com “Allvegan” como título da revista. Foi daí que a palavra Vegan foi tirada e, recentemente, o Sr. e a Sra. Henderson escreveram afirmando que preferem a versão mais curta."
|sign='''''Donald Watson, 1945'''''<ref>{{citar periódico|autor =Donald Watson|data=Fevereiro de 1945|título=Quaterly Magazine of the non-dairy vegetarians|url=https://issuu.com/vegan_society/docs/the-vegan-news-no.-2-february-1945|periódico=The Vegan News|volume=2|página=2}}</ref>
}}


===Origem===
{{Quote
O [[vegetarianismo]] pode ser rastreado até a [[civilização do Vale do Indo]], entre 3300–1300 a.C., no [[subcontinente indiano]], particularmente no norte e oeste da [[Índia Antiga|Índia antiga]]<ref>{{citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=H3lUIIYxWkEC&redir_esc=y|título=A History of Ancient and Early Medieval India: From the Stone Age to the 12th Century}}</ref>. Os primeiros vegetarianos incluíam [[Filósofo|filósofos]] e imperadores indianos, e, mais tarde, alguns filósofos gregos. [[Pitágoras]] pode ter defendido uma forma primitiva de vegetarianismo estrito<ref>{{citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=p0ihjZufKncC&q=Pythagoreanism&pg=PA50&redir_esc=y#v=snippet&q=Pythagoreanism&f=false|título=In Search of Pythagoreanism: Pythagoreanism as an Historiographical Category}}</ref>.
|text="Convidei meus primeiros leitores a sugerirem uma palavra mais concisa para substituir o “vegetariano não-lácteo”. Algumas sugestões bizarras foram feitas, como “dairyban", "vitan", "benevore", "sanivore", "beaumangeur” et cetera. Eu decidi por minha própria palavra, “vegan”, contendo as três primeiras e últimas duas letras de “vegetariano” - “o começo e o fim do vegetariano”. A palavra foi aceita pelo Oxford English Dictionary e ninguém tentou melhorá-la."
|sign='''''Donald Watson, 2004'''''<ref>{{citar web|autor =Donald Watson|ano=2004|título=24 Carrot: Interview with Donald Watson|website=Vegetarians in Paradise|url=https://www.vegparadise.com/24carrot610.html|local=Los Angeles, USA}}</ref>
}}


Um dos primeiros veganos conhecidos foi o [[poeta]] [[Árabes|árabe]] [[Al-Ma'arri|al-Maʿarri]] (c. 973 – c. 1057), famoso por seu poema "Não Mais Roubo Da Natureza"{{Nota de rodapé|Em tradução livre: <br>"O seu entendimento e sua religião te confundem.<br>Venha a mim, que talvez você ouça alguma verdade.<br>Não coma injustamente o peixe que a água sublevou,<br>e não tenha por alimento a carne dos animais abatidos,<br>ou o branco leite das mães, que o destinam a seus bebês, não a nobres senhoras.<br>E não estristeça os inocentes pássaros roubando seus ovos;<br>pois injustiça é o pior dos crimes.<br>E poupe o mel que as abelhas tão industriosamente produzem das cheirosas flores e plantas;<br>Pois elas não o assim guardaram para que pertença a outros,<br>nem para que sirva de recompensa ou presente.<br>Lavo minhas mãos de tudo isso; e desejo que eu<br>Tivesse encontrado meu caminho antes que meu cabelo se tornasse grisalho!"}}<ref>{{citar web|url=https://antagonist.co/the-work-of-blind-arabian-poet-al-maarri-is-proof-that-veganism-is-over-1000-years-old/#:~:text=I%20no%20longer%20Steal%20from%20Nature,-You%20are%20diseased&text=for%20their%20young%2C%20not%20noble,is%20the%20worst%20of%20crimes|titulo=Veganism is 1000 years old.}}</ref>.
== Ideologia ==
Ao contrário do que muitos acreditam, o veganismo não é uma dieta. É um conjunto de práticas focadas nos Direitos dos Animais e, por consequência, entre elas, está a adoção de uma alimentação estritamente vegetariana. Vegans, ou Veganos, entendem que os animais têm o direito de não serem usados como propriedade, e que o veganismo é a base ética para levar esse direito a sério. Veganos referem-se às outras espécies como "animais não humanos" ou "seres [[senciência|sencientes]]", uma vez que eles têm uma consciência semelhante à consciência humana, declaração dada como verificada e reconhecida na '''[https://www.animal-ethics.org/declaracao-consciencia-cambridge/ Declaração de Cambridge sobre a Consciência em Humanos e não Humanos]''',<ref name=Lowetal2012>{{citar conferência|autor = Low, Philip |data= 2 de Julho de 2012 |título= The Cambridge Declaration on Consciousness | url = http://fcmconference.org/img/CambridgeDeclarationOnConsciousness.pdf |conferencia= Francis Crick Memorial Conference on Consciousness in Human and non-Human Animal |urlconferencia= http://fcmconference.org |local= Churchill College, Cambridge, Reino Unido | editor=Panksepp, J.; Reiss, D.; Edelman, D.; Van Swinderen, B.; Low, P. and Koch, C.}}</ref> assim, para eles, é incorreto distinguí-los dos seres humanos como "animais irracionais". Um dos expoentes da filosofia vegana é o autor do livro ''Animal Liberation'' (Libertação Animal), de 1975, considerado um marco no direito dos animais, o filósofo australiano Peter Albert David Singer. [[Peter Singer]], que apoia plenamente a causa da libertação animal, recomenda o veganismo, apesar dele mesmo não ser vegano.<ref>{{citar web|autor =Chaves, F.|título=Peter Singer, autor do clássico livro “Libertação Animal”, não acredita na libertação animal|data= 2 de setembro de 2013 |url=https://www.vista-se.com.br/peter-singer-autor-do-classico-livro-libertacao-animal-nao-acredita-na-libertacao-animal/|website=Vista-se}}</ref> Outra prática inerente ao veganismo é evitar ao máximo o uso de quaisquer produtos de origem animal ou em que tenham sido usados animais em qualquer fase de seu desenvolvimento. Esta é uma prática bastante difícil, que requer muito conhecimento, curiosidade, dedicação e abdicação, já que o desenvolvimento da sociedade, e de suas tecnologias, quase que na totalidade, envolve o uso de produtos de origem animal para sua síntese ou desenvolvimento. Derivados de origem animal estão em produtos de uso diário, como dinheiro, carros, tintas, corantes alimentares, remédios, vitaminas, vacinas e outros.<ref>{{citar web|autor =Jodie Halford|título=How difficult is it to avoid animal products in everyday life?|data=8 de dezembro de 2016|website=BBC News|url=https://www.bbc.com/news/uk-england-38205600}}</ref><ref>{{citar periódico|autor =Tatsuma Yao, Yuta Asayama|ano=2017|título=Animal‐cell culture media: History, characteristics, and current issues|url=https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5661806/|periódico=Reprod Med Biol.|volume=16|número=2|página=99–117|doi=10.1002/rmb2.12024|pmid=29259457}}</ref>


=== O Vegetarianismo no Século XIX ===
===Ativismo Político===
O vegetarianismo se estabeleceu como um movimento significativo na [[Grã-Bretanha]] e nos [[Estados Unidos]] no [[século XIX]]. Uma minoria de vegetarianos evitou totalmente a alimentação animal.
Entre as práticas fomentadas pela sociedade vegana e outros grupos veganos está o ativismo político. Esse ativismo é inspirado, entre outros, pelo livro ''Ethics into Action'' (Ética em Ação), 1998, de Peter Singer, que conta como o advogado, defensor dos direitos dos animais, Henry Spira, inspirou-se no livro ''Libertação Animal'', do mesmo autor, para tornar suas lições de ética em ideias práticas para salvar o maior número possível de animais. Entre os grupos ativistas conhecidos que mais inspiram os veganos estão o PETA (People for the Ethical Treatment of Animals / Pessoas para o tratamento ético dos animais), fundado por Ingrid Newkirk e Alex Pacheco, em 1980, e a ALF (Animal Liberation Front / Frente de Libertação Animal), fundado por Ronnie Lee e Cliff Goodman, em 1972. O PETA ganhou notoriedade em 1981 com o caso dos macacos de Silver Spring, em que Alex Pacheco foi trabalhar disfarçado no Instituto de Pesquisas Comportamentais de Silver Spring, Maryland e denunciou os maus-tratos para a polícia. Era a primeira vez na história americana que a polícia dava uma batida em um laboratório de pesquisas e o primeiro laboratório de pesquisas a ter um caso julgado pela suprema corte americana, e o caso resultou em uma emenda ao ato do bem-estar animal em 1985.<ref>{{citar web|autor =Peter Carlson|ano=1991|título=The Great Silver Spring Monkey Debate|url=https://www.washingtonpost.com/archive/lifestyle/magazine/1991/02/24/the-great-silver-spring-monkey-debate/25d3cc06-49ab-4a3c-afd9-d9eb35a862c3/|website=Washington Post}}</ref> O primeiro ato da ALF que se tem registro data de 1972, quando ainda com o nome "Band of Mercy", um grupo de 12 pessoas atacou veículos de caçadores, rasgando seus pneus e quebrando seus vidros, para impedir que fossem caçar.<ref>{{citar livro|autor = Best, Steven & Nocella, Anthony J.|ano=2004|título=Terrorists or Freedom Fighters?|publicado=Lantern Books|página=8}}</ref> Em 1976, após ter cumprido um ano de uma sentença de três anos por atacar as colônias de animais de laboratório da Oxford, Lee, segundo Molland, queria um nome que assombrasse aqueles que usavam animais, então criou a ALF.<ref>{{citar livro|autor =Molland, Neil|capítulo=Thirty Years of Direct Action|editor=Best, Steven & Nocella, Anthony J. (ed.)|ano=2004|título=Terrorists or Freedom Fighters?|publicado=Lantern Books|páginas=70-74}}</ref>

Em 1813, o poeta [[P. B. Shelley|Percy Bysshe Shelley]] publicou ''A Vindication of Natural Diet'', defendendo a "abstinência de alimentos de origem animal", e em 1815, William Lambe, um médico londrino, afirmou que sua "dieta de água e vegetais" poderia curar qualquer coisa desde [[tuberculose]] a [[acne]]<ref>{{citar livro|url=https://www.gutenberg.org/ebooks/38727|título=A Vindication of Natural Diet}}</ref>. Lambe chamou a alimentação animal de "irritação habitual" e argumentou que "beber leite e comer carne são apenas ramos de um sistema comum e devem permanecer ou cair juntos"{{Nota de rodapé|"habitual irritation" e "milk eating and flesh-eating are but branches of a common system and they must stand or fall together", no original}}.

A dieta sem carne de [[Sylvester Graham]] — consistente principalmente de [[frutas]], [[Legume|legumes]], [[água]] e [[pão]] feito em casa com farinha moída — tornou-se popular como remédio de saúde na década de 1830 nos Estados Unidos.
[[Ficheiro:NorthwoodVillaInterior.jpg|miniaturadaimagem|Interior da Northwood Villa, onde a Vegetarian Society foi fundada]]

==== A Vegetarian Society ====
Em 1843, membros da [[:en:Alcott_House|Alcott House]] criaram a ''Sociedade Britânica e Estrangeira para a Promoção da Humanidade e Abstinência de Alimentos de Origem Animal''<ref>{{citar web|url=https://ivu.org/history/societies/britfor.html|titulo=International Vegetarian Union - History of Vegetarianism - United Kingdom Societies}}</ref>, liderada por Sophia Chichester, uma rica benfeitora da Alcott House. Alcott House também ajudou a estabelecer a [[Vegetarian Society]] do Reino Unido, que realizou sua primeira reunião em 1847 em [[Ramsgate]], Kent. O ''Medical Times and Gazette'' em Londres relatou em 1884:<blockquote>"Existem dois tipos de vegetarianos — um é uma forma extrema, cujos membros não comem nenhum produto de origem animal; e uma seita menos radical, que não se opõe a ovos, leite ou peixe. A ''Vegetarian Society'' [...] pertence à última divisão, mais moderada<ref>{{citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=2rdXAAAAMAAJ&pg=PA712&redir_esc=y#v=onepage&q&f=false|título=The Medical Times and Gazette, Volume 1|ano=1884|página=712}}</ref>{{Nota de rodapé|No original: "There are two kinds of Vegetarians—one an extreme form, the members of which eat no animal food products what-so-ever; and a less extreme sect, who do not object to eggs, milk, or fish. The Vegetarian Society ... belongs to the latter more moderate division".}}."</blockquote>Um artigo na revista da Sociedade, o ''Vegetarian Messenger'', em 1851 discutiu alternativas ao couro de sapato, o que sugere a presença de veganos entre os membros, não apenas na dieta<ref>{{citar web|url=https://web.archive.org/web/20080630114643/http://www.ivu.org/history/renaissance/words.html|titulo=International Vegetarian Union - The Origins of Some Words}}</ref>. Na publicação de 1886 de ''A Plea for Vegetarianism and Other Essays'', de Henry S. Salt, ele afirma que: "É bem verdade que a maioria — não todos — os reformadores de alimentos admitem em sua dieta alimentos de origem animal como leite, manteiga, queijo e ovos."<ref>{{citar livro|url=https://en.wikisource.org/wiki/A_Plea_for_Vegetarianism_and_Other_Essays|título=A Plea for Vegetarianism and Other Essays}}</ref>{{Nota de rodapé|No original: "It is quite true that most—not all—Food Reformers admit into their diet such animal food as milk, butter, cheese, and eggs".}}. O consumo de leite e ovos tornou-se um campo de batalha nas décadas seguintes. Houve discussões regulares sobre isso no ''Vegetarian Messenger''; parece pelas páginas de correspondência que muita da oposição ao veganismo veio de vegetarianos<ref name=":1">{{citar periódico |url=https://issuu.com/vegan_society/docs/the-vegan-autumn-1965---21st-anniversary-issue |título=The Vegan Autumn 1965}}</ref>.
[[Ficheiro:Gandhi LVS 1931.jpg|miniaturadaimagem|Mahatma Gandhi, ''Vegetarian Society'', Londres, 20 de novembro de 1931.|302x302px]]
Durante uma visita a Londres em 1931, [[Mahatma Gandhi]] — que se juntou ao comitê executivo da ''Vegetarian Society'' quando morou em Londres de 1888 a 1891 — fez um discurso à Sociedade argumentando que ela deveria promover uma dieta sem carne como uma questão de moralidade, não de saúde<ref>{{citar web|url=https://ivu.org/news/evu/other/gandhi2.html|titulo=The Moral Basis of Vegetarianism}}</ref>. Os lacto-vegetarianos reconheceram a consistência ética da posição vegana, mas consideraram uma dieta vegana impraticável e temeram que ela pudesse ser um impedimento para a disseminação do vegetarianismo se os veganos se encontrassem incapazes de participar de círculos sociais onde não houvesse comida não animal disponível<ref name=":1" />.

=== The Vegan Society ===
Em agosto de 1944, vários membros da ''Vegetarian Society'' pediram que uma seção de seu boletim fosse dedicada ao vegetarianismo não lácteo. Quando o pedido foi recusado, Donald Watson, secretário da filial de [[Leicester]], criou um novo boletim trimestral em novembro de 1944, ao preço de dois [[pence]]<ref name=":2">{{citar web|url=https://www.vegansociety.com/sites/default/files/DW_Interview_2002_Unabridged_Transcript.pdf|titulo=INTERVIEW WITH DONALD WATSON ON SUNDAY 15 DECEMBER 2002}}</ref>. Ele o chamou de ''The Vegan News''.

A palavra "vegan" foi inventada por Watson e Dorothy Morgan, uma professora com quem ele se casaria mais tarde. A palavra é formadas pelas “três primeiras e as duas últimas letras de 'Vegetarian'"<ref name=":2" />. O ''Vegan News'' perguntou a seus leitores se eles poderiam pensar em algo melhor do que ''vegan'' para representar "vegetariano não lácteo". Eles sugeriram ''allvega'', ''neovegetarian'', ''milkban'', ''vitan'', ''benevore'', ''sanivores'' e ''beaumangeur''<ref>{{citar periódico |url=https://issuu.com/vegan_society/docs/the-vegan-news-no.-2-february-1945 |título=The Vegan News No. 2 1945}}</ref>.

A primeira edição atraiu mais de 100 cartas, incluindo de [[George Bernard Shaw]], que resolveu se abster de ovos e laticínios<ref>{{citar periódico |url=https://issuu.com/vegan_society/docs/the-vegan-autumn-1965---21st-anniversary-issue |título=The Vegan Autumn 1965 |data=}}</ref>. A ''The'' ''Vegan Society'' realizou sua primeira reunião no início de novembro no Attic Club, 144 High Holborn, [[Londres]]. Os presentes eram Donald Watson, Elsie B. Shrigley, Fay K. Henderson, Alfred Hy Haffenden, Paul Spencer e Bernard Drake, com Mme Pataleewa (Barbara Moore, uma engenheira russo-britânica) observando<ref>{{citar periódico |url=https://issuu.com/vegan_society/docs/the-vegan-autumn-1994---50th-anniversary |título=The Vegan Autumn 1994}}</ref>. O Dia Mundial do Veganismo é todo [[1 de novembro|1º de novembro]] para marcar a fundação da Sociedade e o mês de novembro é considerado pela Sociedade como o Mês Mundial do Veganismo<ref>{{citar web|url=https://www.vegansociety.com/get-involved/world-vegan-month#:~:text=Every%20November%2C%20World%20Vegan%20Month,gone%20from%20strength%20to%20strength.|titulo=World Vegan Month}}</ref>.

''The Vegan News'' mudou seu nome para ''The Vegan'' em novembro de 1945, quando já tinha 500 assinantes<ref>{{citar periódico |url=https://issuu.com/vegan_society/docs/the-vegan-no.-5-november-1945 |título=The Vegan No. 5 November 1945}}</ref>. Publicou receitas e uma lista de produtos sem origem animal, como [[Pasta-de-dente|cremes dentais]], graxas para sapatos, artigos de papelaria e cola.

A ''The'' ''Vegan Society'' logo deixou claro que rejeitava o uso de animais para qualquer finalidade, não apenas na alimentação. Em 1947, Watson escreveu: "O vegano renuncia a ideia de que a vida humana dependa da exploração dessas criaturas cujos sentimentos são muito parecidos com os nossos"{{Nota de rodapé|No original: "The vegan renounces it as superstitious that human life depends upon the exploitation of these creatures whose feelings are much the same as our own".}}<ref name=":3">{{citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=vQNgAwAAQBAJ&pg=PA203&redir_esc=y#v=onepage&q&f=false|título=The Rise of Critical Animal Studies: From the Margins to the Centre}}</ref>. A partir de 1948, a primeira página do ''The Vegan'' dizia: "Defendendo a vida sem exploração{{Nota de rodapé|No original: "Advocating living without exploitation".}}", e em 1951, a Sociedade publicou sua definição de veganismo como "a doutrina de que o homem deve viver sem explorar os animais{{Nota de rodapé|No original: "the doctrine that man should live without exploiting animals".}}"<ref name=":3" />. Em 1956, seu vice-presidente, Leslie Cross, fundou a ''Plantmilk Society''; e em 1965, como ''Plantmilk Ltd'' e mais tarde ''[[:en:Plamil_Foods|Plamil Foods]]'', iniciou a produção de um dos primeiros leites de soja amplamente distribuídos no mundo ocidental<ref>{{citar web|url=https://plamilfoods.co.uk/company-history/|titulo=Company Story - Plamil}}</ref>.

=== Definição ===
Desde 1988, a ''The Vegan Society'' apresenta a seguinte definição<ref name=":0" />:<blockquote>"Veganismo é uma filosofia e um estilo de vida que busca excluir — tanto quanto possível — todas as formas de crueldade e exploração animais: para alimentação, vestuário ou qualquer outro propósito; e, portanto, promove o desenvolvimento e uso de alternativas que beneficiem animais, humanos e o meio-ambiente. Em termos de dieta, denota a prática de dispensar todos os produtos derivados total ou parcialmente de animais.{{Nota de rodapé|No original: "Veganism is a philosophy and way of living which seeks to exclude—as far as is possible and practicable—all forms of exploitation of, and cruelty to, animals for food, clothing or any other purpose; and by extension, promotes the development and use of animal-free alternatives for the benefit of animals, humans and the environment. In dietary terms it denotes the practice of dispensing with all products derived wholly or partly from animals.".}}<ref name=":0" />"</blockquote>

== Interesse Crescente ==

=== Movimentos para alimentação alternativa ===
[[Ficheiro:Linda McCartney and husband Paul 1976 (cropped).jpg|miniaturadaimagem|161x161px|Linda McCartney, ativista dos Direitos dos Animais.]]
Nas décadas de 1960 e 1970, um movimento de comida vegetariana emergiu como parte da [[Contracultura da década de 1960|contracultura nos Estados Unidos]] que se concentrava nas preocupações com a dieta, o meio ambiente e a desconfiança dos produtores de alimentos, levando a um crescente interesse no cultivo orgânico<ref>{{citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=IH6KFJ4Om0oC&pg=PA197&redir_esc=y#v=onepage&q&f=false|título=Eating History: 30 Turning Points in the Making of American Cuisine|página=197}}</ref>. Na década de 1980, [[Linda McCartney]], que se tornou vegetariana junto com [[Paul McCartney]] em 1975, publicou seu primeiro livro de receitas vegetarianas<ref name=":4">{{citar web|url=https://www.paulmccartney.com/timeline/1990|titulo=Paul McCartney {{!}} Timeline {{!}} 1991}}</ref>, contribuindo significantemente para a popularização do vegetarianismo; além de contribuir com comerciais da [[PETA]]<ref>{{citar periódico |url=https://news.google.com/newspapers?nid=1955&dat=19990909&id=USwiAAAAIBAJ&pg=1193,5116144 |título=Activists Target Fish Menus |periódico=Reading Eagle}}</ref>, a criação de uma [[:en:Linda_McCartney_Foods|empresa de comidas vegetarianas]]<ref name=":4" />, e a música “[https://www.youtube.com/watch?v=wRjNbbTRnc0 Cow]”<ref>{{citar web|url=https://www.the-paulmccartney-project.com/song/cow/|titulo=Cow (song)}}</ref>, com essa temática. Os dois também apareceram em um episódio de ''[[Os Simpsons|The Simpsons]]'', ''"''[[Lisa the Vegetarian]]"<ref>{{citar web|url=https://www.paulmccartney.com/timeline/1990|titulo=Paul McCartney {{!}} Timeline {{!}} 1995}}</ref>, no qual ajudam [[Lisa Simpson|Lisa]] a se tornar vegetariana.

=== Crescimento do veganismo ===
O veganismo, porém, tornou-se mais popular na década de 2010, especialmente na segunda metade<ref>{{citar web|url=https://www.cbsnews.com/news/vegan-diets-become-more-popular-more-mainstream/|titulo=Vegan Diets Become More Popular, More Mainstream}}</ref>. ''[[The Economist]]'' declarou 2019 "o ano do vegano"<ref>{{citar web|url=https://www.economist.com/the-world-in-2021|titulo=The World In 2021}}</ref>. Cadeias de [[Restaurante|restaurantes]] começaram a marcar itens veganos em seus [[Cardápio|cardápios]] e os [[Supermercado|supermercados]] melhoraram sua seleção de alimentos veganos processados.
[[Ficheiro:Patrik Baboumian für PETA.jpg|miniaturadaimagem|270x270px|O alemão [[Patrik Baboumian]], que estrelou o documentário de 2018 ''The Game Changers'' para demonstrar que os atletas podem prosperar com uma dieta vegana.]]
O mercado global de carne vegetal aumentou 18% entre 2005 e 2010, e nos Estados Unidos 8% entre 2012 e 2015<ref name=":5">{{citar web|url=https://www.independent.co.uk/life-style/food-and-drink/features/is-this-the-end-of-meat-7765871.html|titulo=Is this the end of meat?}}</ref>. ''De Vegetarische Slager'', o primeiro açougue vegetariano conhecido, vendendo carnes simuladas, foi inaugurado na [[Países Baixos|Holanda]] em 2010<ref name=":5" />. Desde 2017, mais de 12.500 redes de restaurantes começaram a oferecer produtos [[:en:Beyond_Meat|''Beyond Meat'']] e ''[[:en:Impossible_Foods|Impossible Foods]]'', bem como da [https://www.fazendafuturo.io/ Fazenda Futuro]<ref>{{citar web|url=https://exame.com/colunistas/primeiro-lugar/spoleto-se-une-a-startup-e-tera-almondegas-e-polpetones-feitos-com-plantas/|titulo=Spoleto se une a startup e terá almôndegas e polpetones feitos com plantas}}</ref> e outras marcas no Brasil. As vendas de carne à base de plantas nos EUA cresceram 37% entre 2017 e 2019<ref>{{citar web|url=https://www.fastcompany.com/90396177/think-fake-burgers-are-just-for-vegetarians-95-of-impossible-foods-customers-are-meat-eaters|titulo=Think fake burgers are just for vegetarians? 95% of Impossible Foods’ customers are meat eaters}}</ref>.

A partir dos [[anos 2000]], vários documentários focados na alimentação à base de plantas e nos Direitos dos Animais foram produzidos, como [[Earthlings]] (2005)<ref>{{citar web|url=https://www.imdb.com/title/tt0358456/|titulo=Terráqueos (2205) - IMDb}}</ref>, [[A Carne É Fraca]] (2005)<ref>{{citar web|url=https://www.imdb.com/title/tt2388080/|titulo=A Carne é Fraca (2004) - IMDb}}</ref>, [[Cowspiracy]] (2014)<ref>{{citar web|url=https://www.imdb.com/title/tt3302820/|titulo=A Conspiração da Vaca: O Segredo da Sustentabilidade (2014) - IMDb}}</ref>, [[:en:What_the_Health|What The Health]] (2017)<ref>{{citar web|url=https://www.imdb.com/title/tt5541848/|titulo=What the Health (2017) - IMDb}}</ref>, [[:en:The_Game_Changers|The Game Changers]] (2018)<ref>{{citar web|url=https://www.imdb.com/title/tt7455754/|titulo=Dieta de Gladiadores (2018) - IMDb}}</ref> e [[:en:Dominion_(2018_film)|Dominion]] (2018)<ref>{{citar web|url=https://www.imdb.com/title/tt5773402/|titulo=Domínio (2018) - IMDb}}</ref>.

Em 2018, o livro ''The End of Animal Farming'' de Jacy Reese Anthis argumentou que o veganismo substituirá completamente os alimentos de origem animal até 2100<ref>{{citar web|url=https://www.penguinrandomhouse.com/books/567165/the-end-of-animal-farming-by-jacy-reese/|titulo=The End of Animal Farming by Jacy Reese: 9780807039878 {{!}} PenguinRandomHouse.com: Books}}</ref>. O livro foi destaque no ''[[The Guardian]]'', [[The New Republic|''The New Republic'']], e ''[[Forbes]]'', entre outros jornais e revistas.

Em janeiro de 2021, 582.538 pessoas de 209 países e territórios se inscreveram no ''[[:en:Veganuary|Veganuary]]'', quebrando o recorde do ano anterior de 400.000<ref>{{citar web|url=https://veganuary.com/veganuary-2021-becomes-biggest-year-yet/|titulo=Veganuary’s 2021 Becomes Biggest Year Yet {{!}} Veganuary}}</ref>. Nesse mesmo mês, o [https://clairevallee.com/en/ona/ ONA] na [[França]] se tornou o primeiro restaurante vegano do país a receber uma [[Guia Michelin|estrela Michelin]]<ref>{{citar web|url=https://www.bbc.com/news/world-europe-55717253|titulo=ONA: Vegan restaurant becomes first in France to get Michelin star}}</ref>. Ao longo do ano, outros 79 restaurantes à base de plantas em todo o mundo receberam estrelas Michelin. No final do ano, uma pesquisa realizada pelo ''The Guardian'' mostrou que um novo recorde de 36% do público britânico estava interessado no veganismo<ref>{{citar web|url=https://www.theguardian.com/lifeandstyle/2021/dec/25/no-meat-please-were-british-now-a-third-of-us-approve-of-vegan-diet|titulo=No meat please, we’re British: now a third of us approve of vegan diet}}</ref>.

== Filosofia ==
{{Direitos dos animais sidebar}}
=== Ideologia ===
Ao contrário do que muitos acreditam, o veganismo não é uma dieta. É um conjunto de práticas focadas nos [[Direitos dos animais|Direitos dos Animais]] que visa acabar com todas as formas de exploração e mercadorização desses<ref name=":6" />. Entre essas práticas está, consequentemente:

* A adoção de uma alimentação à base de plantas, isto é, sem carne, ovos, leite e derivados, mel, ou qualquer outro produto proveniente de animais. A alimentação incorpora: [[Plantae|vegetais]], [[Noz|nozes]], [[Semente|sementes]], frutas, grãos, [[Erva|ervas]], [[Fungi|fungos]], [[Alga|algas]], entre outros<ref>{{citar web|url=https://ethicalveganeducation.com/living-vegan/vegan-nutrition/|titulo=Vegan Nutrition Information by Ethical Vegan Education}}</ref>;
* O não uso de qualquer outro produto derivado, inteiramente ou em parte, de animais, como roupas de [[lã]], [[couro]], [[seda]], [[Pena|penas]], corantes animais, peles<ref>{{citar web|url=https://ethicalveganeducation.com/living-vegan/fashion/|titulo=Vegan Fashion and Clothing Information by Ethical Vegan Education}}</ref>; [[Sabonete|sabonetes]] de origem animal; [[Gelatina|gelatinas]], [[lactose]], entre outros;
* Evitar o uso de produtos [[Testes com animais|testados em animais]]<ref>{{citar web|url=https://ethicalveganeducation.com/living-vegan/experimentation/|titulo=Animal Experimentation and Testing - Ethical Vegan Education}}</ref>;
* O boicote a instituições e atividades que exploram ou ferem animais, como [[Jardim zoológico|zoológicos]], [[Parque de diversão|parques temáticos]], [[Circo|circos]] ou montaria<ref>{{citar web|url=https://ethicalveganeducation.com/living-vegan/entertainment/|titulo=Animal Entertainment Exploits Animals - Ethical Vegan Education}}</ref>;
* Incentivar a fabricação e o uso de alternativas aos produtos animais<ref name=":0" />;
* A conscientização social do [[Crueldade com animais|tratamento cruel dado a animais]] atualmente, e da necessidade de mudança.
[[Ficheiro:03-gavage-foie-gras-cages-individuelles-France-2012.jpg|miniaturadaimagem|Alimentação forçada para produção de ''[[foie gras]]''.]]
Veganos também se referem às outras espécies como "animais não humanos" ou "seres [[Senciência|sencientes]]", uma vez que eles têm uma consciência semelhante à consciência humana, declaração dada como verificada e reconhecida na "[https://www.animal-ethics.org/declaracao-consciencia-cambridge/ Declaração de Cambridge sobre a Consciência em Humanos e não Humanos]"<ref name="Lowetal2012">{{citar conferência|autor = Low, Philip |data= 2 de Julho de 2012 |título= The Cambridge Declaration on Consciousness | url = http://fcmconference.org/img/CambridgeDeclarationOnConsciousness.pdf |conferencia= Francis Crick Memorial Conference on Consciousness in Human and non-Human Animal |urlconferencia= http://fcmconference.org |local= Churchill College, Cambridge, Reino Unido | editor=Panksepp, J.; Reiss, D.; Edelman, D.; Van Swinderen, B.; Low, P. and Koch, C.}}</ref>, assim, para eles, é incorreto distingui-los dos seres humanos como "animais irracionais".

=== Exploração animal ===
Os métodos de processamento animal em massa levam a sofrimento animal, resultados de tratamentos cruéis como [[confinamento]]<ref>{{citar web|url=https://genv.org/farm-animal-confinement/|titulo=Farm Animal Confinement: Environmental Impacts & Legislation - GenV}}</ref>, [[alimentação forçada]]<ref>{{citar web|url=https://www.peta.org/issues/animals-used-for-food/factory-farming/ducks-geese/foie-gras/|titulo=Foie Gras: Cruelty to Ducks and Geese {{!}} PETA}}</ref> ou inadequada, separação de famílias<ref>{{citar web|url=https://kb.rspca.org.au/knowledge-base/why-are-calves-separated-from-their-mother-in-the-dairy-industry/|titulo=Why are calves separated from their mother in the dairy industry? – RSPCA Knowledgebase}}</ref><ref name=":8">{{citar web|url=https://www.peta.org/features/rape-milk-pork-turkey/|titulo=Is Your Food a Product of Rape? {{!}} PETA}}</ref>, estupro por [[Inseminação artificial|inseminação]]<ref name=":8" />, aglomeração excessiva e [[Abatedouro|abate]]. Ao contrário do que muitas pessoas creem, a produção de ovos e a produção de leite também envolvem a morte intencional (ou abate) de animais<ref name=":8" />.
[[Ficheiro:Animal Abuse Battery Cage 02.jpg|miniaturadaimagem|240x240px|Os métodos de criação animal são considerados altamente antiéticos pela maioria dos veganos.]]
Por exemplo, uma prática muito comum na indústria de ovos consiste em separar os pintinhos recém-nascidos de acordo com seu sexo, e, uma vez que pintinhos machos são inúteis para a indústria (pois não põem ovos e são de uma 'raça' de porte muito pequeno para ter sua carne utilizada), tais pintinhos são mortos — muitas vezes sendo [https://www.youtube.com/watch?v=LQRAfJyEsko&t=1470s triturados por uma lâmina industrial]<ref>{{citar web|url=https://www.youtube.com/watch?v=LQRAfJyEsko&t=1470s|titulo=Dominion (2018) - full documentary [Official]}}</ref> ou sendo colocados aos montes em uma sacola de lixo para que sufoquem com seu peso. Na indústria do leite, por sua vez, é extremamente comum que as vacas leiteiras sejam levadas ao matadouro quando passam a ser consideradas "improdutivas"<ref name=":8" />, isto é, quando sua produção de leite diminui a ponto de o animal não ser mais considerado lucrativo ou quando as vacas não conseguem engravidar com facilidade<ref name=":8" />.


== Saúde e Alimentação ==
== Saúde e Alimentação ==
O vegetarianismo abrange uma ampla variedade de práticas dietéticas com diferentes implicações para a saúde. Assim, há diferentes definições e fundamentações das práticas vegetarianas, como, por exemplo: a dieta lactoovovegetariana, que inclui produtos lácteos e ovos; a lactovegetariana, que inclui apenas produtos lácteos; a ovovegetariana, que inclui apenas ovos; a dieta vegetariana estrita, que não contém nenhum produto de origem animal; e a dieta vegana, uma dieta vegetariana estrita pura, ou seja, exclue da alimentação quaisquer produtos de origem animal e seus derivados, como leite, ovos, mel e, também, produtos que possam ou não conter algum derivado animal, como algumas massas, bolos e pães. A macrobiótica, que inclui o consumo esporádico de pequenas quantidades de determinados tipos de carne, como peixes e aves ("carnes brancas"), às vezes é confundida com o vegetarianismo. As dietas não-vegetarianas, nas quais o consumo de carne é freqüente, são denominadas dietas onívoras. Qualquer uma dessas variedades dietéticas, desde que corretamente planejada, é apropriada em todos os estágios do ciclo de vida e pode garantir um suporte nutricional adequado.


=== Carnes vegetais ===
Dietas vegetarianas oferecem uma série de vantagens, incluindo níveis mais baixos de gordura saturada e colesterol e, ainda, níveis mais altos de carboidratos, fibras, magnésio, boro, ácido fólico, antioxidantes, como vitaminas C e E, carotenóides e fitoquímicos.<ref name=Messina&Messina1996>{{citar livro|autor =Messina, M.J. & Messina, V.L.|título=The Dietitian’s Guide to Vegetarian Diets: Issues and Applications|ano=1996|local=Gaithersburg, MD|publicado=Aspen Publishers}}</ref><ref>{{citar periódico|autor =Craig, W.J.|título=Nutrition concerns and health effects of vegetarian diets.|ano=2010|periódico=Nutr Clin Pract.|volume=25|número=6|página=613-620|doi=10.1177/0884533610385707|pmid=21139125}}</ref> Com o passar do tempo, foi ficando mais fácil compor uma dieta vegana adequada, já que o mercado se tornou mais versátil e amplo, o número de produtos fortificados e suplementos dietéticos também aumentou, assim, novos alimentos vegetarianos de conveniência estão disponíveis e há um maior conhecimento acerca do significado de uma dieta vegetariana e da importância dessa ser adequadamente planejada. No entanto, estudos mostram que, devido a diferentes escolhas alimentares, a ingestão de alimentos e nutrientes dos vegetarianos varia entre os subgrupos (por exemplo, semi-vegetarianos, lactovegetarianos e vegans.<ref>{{citar periódico|autor =Fraser, G.E.|título=Vegetarian diets: what do we know of their effects on common chronic diseases?|url=https://watermark.silverchair.com/1607s.pdf?token=AQECAHi208BE49Ooan9kkhW_Ercy7Dm3ZL_9Cf3qfKAc485ysgAAAkQwggJABgkqhkiG9w0BBwagggIxMIICLQIBADCCAiYGCSqGSIb3DQEHATAeBglghkgBZQMEAS4wEQQMR-zh9a5E9ZtKnBZKAgEQgIIB94N1seGto-E250VWGrczRoYc_eanvyOISg7YgAVMs3UJATrZfeqcQrhHOFislB0dG_yY4VzjJ6bua0aYFfb1r7sEcxcf3B1Zkj9E8sk0JnsWUrbjX2luNWgXayZeIEZ0nAP_KG_-UxBmSGvfuGwJTjIv2ZA_oEuX9kJAc19fmbSoUukGowzQwsQUIssX9YNidSVqj4poyKrnbyKXORrqvI3XQGbU0iwdDCoRAruL_BIvThSVdQUcfNzvHnVXK50UjZgukS9TVkx9kSU7fFv-_KutmwYfumk0X60pytjSHMmpHTwxEN4a5mpz1fcSCMsBZdlkP6i5Tmtodd8MYi63f2kZTA-xsuvRh88hY5jZoZz22n1OFe_dcy94TbjxW5kO8XUOSCZ8yJRGi_BBbZgAV3UTFK574SSCm3y3_RDhXyc8WhPPGcIbo5YlPWp3DCEFZ6kQ0kRZYUBkNPBcjGExY-8oK0i5rTgrLBneBeoVIfpp6QIOTqI3DrseiVKB8AjeibCTIMpEApUuJ1N9PkmVJGOLM52BWgbilgvT7Gn-9C1cj1W1ym4MLyhEGrdTDmlv6gMxP4SYJFOAPSgdgPHtn6M0ZJIWjPsRaMFlsnX08UGH5XBP-6xWl9K77q41FjLTt2OXREIRAutR1J2UT42swHM11g3RZUMJ|periódico=The American Journal of Clinical Nutrition|ano=2009|volume=89|número=5|páginas=1607S–1612S|
[[Ficheiro:Beyond burger en Mexico 01.jpg|miniaturadaimagem|Carnes à base de plantas se tornaram cada vez mais populares.]]
doi=10.3945/ajcn.2009.26736K}}</ref> Além disso, mesmo dentro do mesmo subgrupo, por exemplo o dos veganos, a ingestão individual de alimentos pode variar consideravelmente.<ref>{{citar periódico|autor =Larsson, C.L. & Johansson, G.K.|título=Dietary intake and nutritional status of young vegans and omnivores in Sweden|url=https://watermark.silverchair.com/100.pdf?token=AQECAHi208BE49Ooan9kkhW_Ercy7Dm3ZL_9Cf3qfKAc485ysgAAAjwwggI4BgkqhkiG9w0BBwagggIpMIICJQIBADCCAh4GCSqGSIb3DQEHATAeBglghkgBZQMEAS4wEQQMkSfOIHtS_V77XKUSAgEQgIIB735xGcYIVrVEijlA9DXeLe9SXM92pq2Hp7OBx_LofykuX-YCYqUxZczMmn9vmFx7e0hp9itOKrTqlg0fVjtMLEoFZpTeerBBc5UzycOD7IYsiVvUdDOcr6rd-56dQjIKiilF27sGrzQn6VxDhRT-EnNH15mdFeez9YoYxOVPNPc-wURfNnZx8xMlCrptVPW5GZkLyfC6rl_Mho8X2XxRICjdhQOXS8rMdAgefayw93q1TFDXuueu3E0e_movTwr8d-l8YhU5_oC9Injc5R81rLfNz_A1BlyvYiyBux10kjS2R8yB5D0f5yGUW1OLwEnNZZ7PH_UMdof0pgR0CILwItdkH_DRgwNOLEMdmwil6_3YgY6CvElrgnCj5HHiixL9d3HeVZQuS2PTjiQJEW4DJSQU-LQxd5DhCEjCCNJkI8_c5vd3si1FanC_03TVeekxcxjlaBbUdHk7wS-qxv76QddrFOsgaJU39WRrxeFPTm2ko4W_MEGoxpxDo2xU0ZuzmYUHgHxhpneRkBVp9hwVP9g9Ss9G87UEzDpwNIVYiB7gQHdkChCbsKyn6U9SH3pNIS76U5duaoytjbQD_qu33Z5IPRjXUdK3URdKrJK5fKSdulY94qtIFGqCz0d-lQh6g7FEcJ0CAEYPVysGqqq1cQ|periódico=The American Journal of Clinical Nutrition|ano=2002|volume=76|número=1|páginas=100–106|
Alternativas de carne vegana são comumente vendidas em formas como salsichas vegetais<ref>{{citar web|url=https://www.fazendafuturo.io/products/future-sausage|titulo=Future Sausage {{!}} Future Farm}}</ref>, carne moída<ref>{{citar web|url=https://www.fazendafuturo.io/products/future-beef|titulo=Future Beef {{!}} Future Farm}}</ref> ou hambúrgueres vegetais<ref name=":9">{{citar web|url=https://www.fazendafuturo.io/products/future-burger|titulo=Future Burger {{!}} Future Farm}}</ref>. Geralmente são feitos de [[soja]], [[seitan]] ([[glúten]] de trigo), [[feijão]], [[lentilha]], [[arroz]], [[Cogumelo|cogumelos]] ou vegetais<ref name=":9" />. Substitutos de carne foram feitos na [[China]] desde pelo menos a [[dinastia Tang]] (618 a 907 da era comum), incluindo [[pato]] simulado feito de seitan. Eles são muito mais recentes nos países ocidentais. Alguns produtores ocidentais famosos de alternativas veganas à carne incluem a ''Impossible Foods'', a ''Beyond Meat''<ref>{{citar web|url=https://brandessenceresearch.com/blog/top-10-plant-based-meat-companies|titulo=Top 10 Plant-based Meat Companies {{!}} Report Analysis 2022-2029}}</ref> e, no Brasil, a ''Fazenda Futuro''. No entanto, no final de 2010, muitos produtores de carne e supermercados também começaram a fazer suas próprias marcas de substitutos de carne vegana.
doi=10.1093/ajcn/76.1.100|pmid=12081822}}</ref> Os fatores conhecidos por influenciar a ingestão de comida dos vegetarianos são, entre outros: o '''''[[ethos]]''''' do regime vegetariano; conhecimento sobre uma dieta vegana equilibrada e saudável; variedade da disponibilidade de comida vegetariana; uso de alimentos enriquecidos; e hábitos de suplementação.<ref>{{citar periódico|autor =Haddad, E.H.; Berk, L.S,; Kettering, J.D.; Hubbard, R.W. & Peters, W.R.|título=Dietary intake and biochemical, hematologic, and immune status of vegans compared with nonvegetarians|url=https://watermark.silverchair.com/586s.pdf?token=AQECAHi208BE49Ooan9kkhW_Ercy7Dm3ZL_9Cf3qfKAc485ysgAAAj8wggI7BgkqhkiG9w0BBwagggIsMIICKAIBADCCAiEGCSqGSIb3DQEHATAeBglghkgBZQMEAS4wEQQMUAdACPJ1mH1Kh0C0AgEQgIIB8gHCXxJ7Ur2ysDy3hYa7WJTh-UERBj8h1z5dJXufdRrUZbvcL2RaxPtHZQV0F0E4-vmXqh0Y1MXGbM8QqWZY_61z1Dy51W53jSXH5XL0UJ3UICfvXR4oQNyrzzPmygXOjbi2NbMAcXncrU3j5UXImVT-2NNMKiDVYSc9Pg52KQmkgbhaoZ3eKZVUKz1cxavi8xPClPBv7VT87e1OQB1Vk5W32Uhp4P4oyqKAsLA3FHBNxsGxshyfSTBg5_xMTeYYXuniox82hGANhXGnfo3fd0ZH8cpBRP3hrFzrqQtlA9zra4q5qTrC1mQzX5RdLMvkhpnSoEXz9167Q_Ar1hmKxPsYvgqh-tJKscx4Dw31hNKMj5CKawWavWg-AxibFtzvxV4idjpUGv53U22n6WhQRoGSB11ykPLpJZEePJuK8JAqls7mO2Cgk_A_h5NifcUBOxJQbALVuipIZsi0nEGcxNnLOFg5RJMTgdtGcEV8rllNpQ1Cfqa5nt2L3bKBR1GxwFm1Fy-hFDRwIksAZ6NfdgiOprxC4rXDs840ZTFoHOVO6CbholTGLq8o346fgZHHeAQaoDV4Jf2fDlSdMgAfcjBg9uQeDw2yM0LzG96Ci16rdU-kRYtzBiOoaAeJDCPEuhZsTiSRRQkeljy_VMjiMHqGuA|periódico=The American Journal of Clinical Nutrition|ano=1999|volume=70|número=3|páginas=586s–593s|
doi=10.1093/ajcn/70.3.586s}}</ref><ref>{{citar periódico|autor =Larsson, C.L.; Klock, K.S.; Åstrøm, A.N.; Haugejorden, O. and Johansson, G.|título=Food habits of young Swedish and Norwegian vegetarians and omnivores|url=https://www.cambridge.org/core/services/aop-cambridge-core/content/view/87BE070BFAED8C398CAB4185505E1EC7/S1368980001001057a.pdf/food_habits_of_young_swedish_and_norwegian_vegetarians_and_omnivores.pdf|periódico=Public Health Nutrition|ano=2001|volume=4|número=5|páginas=1005-1014|
doi=10.1079/PHN2001167}}</ref> Segundo a Academia Americana de Nutrição e Dietética, uma dieta vegana pode ser saudável desde que o indivíduo siga algumas precauções.<ref name=ADA2009>{{citar periódico|autor =Craig W.J., Mangels A.R.; American Dietetic Association|título=Position of the American Dietetic Association: vegetarian diets.|url=https://jandonline.org/article/S0002-8223(09)00700-7/pdf|periódico=J Am Diet Assoc.|ano=2009|volume=109|número=7|página=1266–1282|doi=10.1016/j.jada.2009.05.027|pmid=19562864}}</ref> Conforme aumenta a restrição de ingestão de proteínas animais, aumenta a necessidade de conhecimento da composição dos alimentos e do modo de preparo dos vegetais para uma dieta balanceada com maior biodisponibilidade dos nutrientes existentes (por exemplo, a sinergia dos alimentos{{efn|Quando dois ou mais ingredientes interagem entre si durante a digestão, facilitando a absorção de todos os nutrientes envolvidos, ocorre a sinergia alimentar. Dessa forma, os benefícios ao organismo são muito mais amplos e completos do que quando esses alimentos são ingeridos isoladamente.}}). Veganos e vegetarianos estritos, podem precisar de fontes suplementares de vitamina B12 (cianocobalamina),<ref>{{citar periódico|autor =Obersby, D.; Chappell, D.C.; Dunnett, A. & Tsiami, A.A.|título=Plasma total homocysteine status of vegetarians compared with omnivores: a systematic review and meta-analysis|url=https://www.cambridge.org/core/journals/british-journal-of-nutrition/article/plasma-total-homocysteine-status-of-vegetarians-compared-with-omnivores-a-systematic-review-and-metaanalysis/1754320C613E6CD7F9AED4EE60C421B5/core-reader|periódico=British Journal of Nutrition|ano=2013|volume=109|número=5|páginas=785–794|
doi=10.1017/S000711451200520X|pmid=23298782}}</ref><ref>{{citar periódico|autor =Elmadfa, I. & Singer, I.|título=Vitamin B-12 and homocysteine status among vegetarians: a global perspective|url=https://watermark.silverchair.com/1693s.pdf?token=AQECAHi208BE49Ooan9kkhW_Ercy7Dm3ZL_9Cf3qfKAc485ysgAAAkMwggI_BgkqhkiG9w0BBwagggIwMIICLAIBADCCAiUGCSqGSIb3DQEHATAeBglghkgBZQMEAS4wEQQM6jxCeajKRsKDRRAKAgEQgIIB9uFV6mQZ0P_YugIAJSzQK7f6fGh_Z2ioWX1Rc2wrvuaspj-rGSt2A3_G62ONkyze-6ncVkSrWcoZzl4kmeLHVbSm-5FgECehi_-ilbVTMb2pwAzXefYJ803YH7TPEOen7_xeW6Op6L1o_GJhf0tkIuSgCjUoet4PhQXbc_4ZSGkMlcXjLU_pMdU_UiSMbTBDxeyfy8qFK6O5_h5Qev_cfptdkQvT1d6j78u_n0xsT4l2nYD4aDQEDNomLcBDW3U7YxJWGBUkF_WIg2qKmcPhCIBXWhh3dpvJjQ4fT-GhrEeveHCiqPMQvlGddBcIljwX1OHRr76apL_KEmPTPH0zlxQqjvF3egZtiMU7iRxfjgEMrWiQ5MeMYlUFo6DpeO5K8HFva-TssQbeVYyGod-jSHFSZoAOas77M353O2CxcsOmUXXLKND5vvl3Okn8IDKBkWeXb6XzrgMMo2JxVwU57Ammv7T_8oj-u4NH1hyv3bHWBqXdh0p5lgL_Cg1YFdwni5gFNGk8SmyQ9ORbmUBysyBSuwuwyQD7owK36RxhVERBbfCRxE6WcfEpM67hNhirTrIqu2te2Vx4WCXSBid-CXNPSiId3KOi1wiS_YsraYhrt-UvrPHavlvmmPGhdGt5PEkkyMMeYOZsHi7vvxinSe-FluTzE-k|periódico=The American Journal of Clinical Nutrition|ano=2009|volume=89|número=5|páginas=1693S–1698S|
doi=10.3945/ajcn.2009.26736Y}}</ref> vitamina D (25-hydroxyvitamin D),<ref>{{citar periódico|autor =Chan, J.; Jaceldo-Siegl, K. & Fraser, G.E.|título=Serum 25-hydroxyvitamin D status of vegetarians, partial vegetarians, and nonvegetarians: the Adventist Health Study-2|url=https://watermark.silverchair.com/1686s.pdf?token=AQECAHi208BE49Ooan9kkhW_Ercy7Dm3ZL_9Cf3qfKAc485ysgAAAkMwggI_BgkqhkiG9w0BBwagggIwMIICLAIBADCCAiUGCSqGSIb3DQEHATAeBglghkgBZQMEAS4wEQQM7HO5IprwbBEpzqzOAgEQgIIB9tuaS2FF3b1TxzDECMO3BeBeX3sTyDByGjwRLT1TVu2obbZIVTROSfbe9ayNx-12Bb_bKvmsmJI36Wljd1EjkH0WBQpMnaRfAJtkFMmdt9QLDbvQk8SNy_6tuwDphd_3Xg1rLP8rk88l9flUJkB_OtpTiLt1q9lUc4hkQSeC6K6dN5guv2FzOt7fXQEUdDFk5pX4uznwdzaF4iWW0RuWj4GCddLCAJ2iqp0O0lWbsLlmrGgCrEX72nhgF8rIdFkCyuWu2zbhzEHg6QmGWrYpU4YFFilZyPDPP1Wo5QdidxWEmQaolgfVcWlwaf5mjj8vMuEROq3s72U9Bs7jW0n3WoClAVtwuA7CI1Hl78XjpT_6b_XRpXVlYoV78ZgsPHPFyohNfxwIjS0F8QPfkNWO6sLsdGNSdGom78RbZbAc_3jBbTGBUn4rn6Ego9uQhglEj-BwkuQ2L7jhGcb79OT6a9GgASLTtk740rdQIx9f5WPvMZT92k2ckHbAlPsjFu-MFMuHPfa_GXqeCP_JZ0r_-icS08TnC53vPTwqgUNw-ciXO8-JCJ4IdtTey-Ds6uOwC3-q7Bl7YanzkwP5JslFK-VQGtfCtmHrZJv5jBTe9OAJdJQ_mk8E0pkeEqtrFFOfCICHGIqaqD9TiW-AFWdh78AzgwaizYo|periódico=The American Journal of Clinical Nutrition|ano=2009|volume=89|número=5|páginas=1686S–1692S|
doi=10.3945/ajcn.2009.26736X}}</ref><ref>{{citar periódico|autor =Crowe, F.L.; Steur, M.; Allen, N.E.; Appleby, P.N.; Travis, R.C. & Key, T.J.|título=Plasma concentrations of 25-hydroxyvitamin D in meat eaters, fish eaters, vegetarians and vegans: results from the EPIC–Oxford study|url=https://www.cambridge.org/core/services/aop-cambridge-core/content/view/13C1A2796ADA3A318D4F3B7C105D9D9C/S1368980010002454a.pdf/plasma_concentrations_of_25hydroxyvitamin_d_in_meat_eaters_fish_eaters_vegetarians_and_vegans_results_from_the_epicoxford_study.pdf|periódico=Public Health Nutrition|ano=2011|volume=14|número=2|páginas=340-346|doi=10.1017/S1368980010002454}}</ref> iodo,<ref>{{citar periódico|autor =Krajčovičová-Kudláčková, M.; Bučková, K.; Klimeš, I. & Šeboková, E.|título=Iodine Deficiency in Vegetarians and Vegans|url=|periódico=Annals of Nutrition and Metabolism|ano=2003|volume=47|número=5|páginas=183–185|doi=10.1159/000070483|pmid=12748410}}</ref><ref>{{citar periódico|autor =Leung, A.M.; LaMar, A.; He, X., Braverman, L.E. & Pearce, E.N.|título=Iodine status and thyroid function of Boston-area vegetarians and vegans.|url=https://watermark.silverchair.com/jcem1303.pdf?token=AQECAHi208BE49Ooan9kkhW_Ercy7Dm3ZL_9Cf3qfKAc485ysgAAAkIwggI-BgkqhkiG9w0BBwagggIvMIICKwIBADCCAiQGCSqGSIb3DQEHATAeBglghkgBZQMEAS4wEQQMtCyZ8RRII19rG7FyAgEQgIIB9YtGBJj-JaXygU4K0MTOVYvDX6W7B5XJ0K5syLOYdyvNBFQ2Vrm0YweVUO1emwGCVIplwx87AomLRFJWXD7wdrEzUc2uCgyV4o9Yx75gkR_ZC1yCqrQAzgXHatZAWROZXrhTaR5bCsJKVbhMCVI8xu29ftj7vEXQchLXGV-l7jBON1End0LoEtjdLxK4nJQj2VMHWknTx-UD_YmwJAzZlfnbfIRwr88k-6ITOJpZNpnO0Qo6NIoMCAjpk0cjWkthsXncsOd-rL6EBmwAUr7hNpH7rkWTgznHWJBOBecHn83buN2_aWU-qMXWvFQPv4rwJ3enLFF-LtWpSNOVnDXdQD7Gc0KW5g3ZnmeDL-qXOgeopIz9Wc-kkLKCqpLSp3N8DOaJ3y2xefcC3O53yfE9mPAPiWRrc4DRHNyBx27-YdRaI4HHTEEpF3ysbBLtgcUOVaFw_B_EA39gw-VacDb1hGB9706bjLIW2ks8VrLnaQ4pK3PoJZgNcsuuz2cVGfOAOsd3PNw1UatWT0YFwicJDXK0cwg3pu_gM8chy-_oIOm1N83PBASAsvG9EkVu57-N-gwRRFq7_2K5THlMXqecjjTrYD9U1KyksgHUstHgA2akKiMyxx1IhLY7OXGu5mU4H8E89PZNg7wTa06cy824q8KsriAtqw|periódico= J Clin Endocrinol Metab|ano=2011|volume=96|número=8|páginas=E1303–E1307|doi=10.1210/jc.2011-0256|pmid=21613354}}</ref> cálcio,<ref>{{citar periódico|autor =Smith, A.M.|título=Veganism and osteoporosis: a review of the current literature.|url=|ano=2006|periódico=International Journal of Nursing Practice|volume=12|número=5|páginas=302-306.|doi=10.1111/j.1440-172X.2006.00580.x|pmid=16942519}}</ref><ref>{{citar periódico|autor =Tucker, K.L.|título=Vegetarian diets and bone status.|url=https://watermark.silverchair.com/329s.pdf?token=AQECAHi208BE49Ooan9kkhW_Ercy7Dm3ZL_9Cf3qfKAc485ysgAAAk4wggJKBgkqhkiG9w0BBwagggI7MIICNwIBADCCAjAGCSqGSIb3DQEHATAeBglghkgBZQMEAS4wEQQMzp7oc0-4UF9GvrCwAgEQgIICAVGojwKKZezSWZpLNk4Nwypw7ENdB3aUjFobebp077sxyEoj6CX5aVlhGGeGJeMM00rDAS_Ch_OsLgpsIyW_n50Ey6YcqrL7KPCYxHFnAojScXtQ27gTo0-s8b439nENlaJW34xYnp--p4QnmTqNeY1HbECYgAMYka0iXBnSpbiB5THKlj4KduR2lxDu8oUxjbDjXbjEH_l-kLlp9b3QO6J_575Ew6w_YZZfb9OqrNb9ZePewJazT8ObSF74NQZiMZIo8gq-LTUwV38bQLRxAmtVYKrIxzh2BsoEeA7hI_ks9CyPt7zwR_JTnS9P5HgaUMO43ilN56VZKPAW78djJxsfs32-u2cd1Y-unYoq7EqkdmCbhsBZ10zNS2S_RTrx8ow3t9yayqDe6tqBuu8F3rCTTRmbgalPACJr_HleSzUJBFc0S77hbk__-k2a1qHSuVzPTMPi9MGszE3BJcZxnIdSznnvAIw9he85zjX_AIADFSccFq3d3LZdvn6ug_C7DsANepu9b5UNlVtA15qE2iqSQeP0g9yu0jhWub1yaCYxwaEt1yIvtJ7bgwYQQkPoFEuLnDJSO8TJFLv-0oilkFIJzm-9KfH-ayagh_aXyKu5oXXu6Lq-cf8vRHm2u6ndifoAAbaZ_56853tN0HGmFW-LUi_znhsPhWlmtR4tAOKpwA|ano=2014|periódico=The American Journal of Clinical Nutrition|volume=100|número=Suppl. 1|páginas=329S–335S|doi=10.3945/ajcn.113.071621|pmid=24898237}}</ref><ref>{{citar periódico|autor =Hansen, T.H.; Madsen, M.T.B.; Jørgensen, N.R.; Cohen, A.S.; Hansen, T.; Vestergaard, H.; Pedersen, O. & Allin, K.H.|título=Bone turnover, calcium homeostasis, and vitamin D status in Danish vegans.|url=|ano=2018|periódico=European Journal of Clinical Nutrition|volume=72|número=7|páginas=1046-1054|doi=10.1038/s41430-017-0081-y|pmid=29362456}}</ref> zinco,<ref>{{citar periódico|autor =Bortoli, M.C. & Cozzolino, S.M.|título=Zinc and selenium nutritional status in vegetarians.|url=|periódico=Biological Trace Element Research|ano=2008|volume=127|número=3|páginas=228–233|doi=10.1007/s12011-008-8245-1|pmid=18953504}}</ref><ref>{{citar periódico|autor =Foster, M.; Chu, A.; Petocz, P. & Samman, S.|título=Effect of vegetarian diets on zinc status: a systematic review and meta-analysis of studies in humans.|url=|periódico=Journal of the Science of Food and Agriculture|ano=2013|volume=93|número=10|páginas=2362-2371|doi=10.1002/jsfa.6179|pmid=23595983 }}</ref> ácidos graxos ômega 3 de cadeia longa<ref>{{citar periódico|autor =Sanders, T.A.B.|título=DHA status of vegetarians|url=|periódico=Prostaglandins Leukot Essent Fatty Acids|ano=2009|volume=81|número=2-3|páginas=137–141|doi=10.1016/j.plefa.2009.05.013|pmid=19500961}}</ref><ref>{{citar periódico|autor =Kornsteiner, M.; Singer, I. & Elmadfa, I.|título=Very low n-3 long-chain polyunsaturated fatty acid status in Austrian vegetarians and vegans.|url=|ano=2008|periódico=Annals of Nutrition and Metabolism|volume=52|número=1|páginas=37-47|doi=10.1159/000118629|pmid=18305382}}</ref> e, ocasionalmente, riboflavina (vitamina B2 ou G)<ref>{{citar periódico|autor =Vudhivai, N.; Ali, A.; Pongpaew, P.; Changbumrung, S.; Vorasanta, S.; Kwanbujan, K.; Charoenlarp, P.; Migasena, P. & Schelp, F.P.|título=Vitamin B1, B2 and B6 status of vegetarians.|url=|ano=1991|periódico=Journal of the Medical Association of Thailand|volume=74|número=10|páginas=465-470|pmid=1797957}}</ref><ref>{{citar periódico|autor =Majchrzak, D.; Singer, I.; Männer, M.; Rust, P.; Genser, D.; Wagner, K.H. & Elmadfa, I.|título=B-vitamin status and concentrations of homocysteine in Austrian omnivores, vegetarians and vegans.|url=|ano=2006|periódico=Annals of Nutrition and Metabolism|volume=50|número=6|páginas=485-491|doi=10.1159/000095828|pmid=16988496}}</ref>
, que são mais baixos do que o recomendado (ou indisponíveis) nos alimentos vegetais, mas que podem ser encontrados em alimentos enriquecidos e suplementos.


Substitutos de peixes, como atum, também já são comercializados no Brasil<ref>{{citar web|url=https://www.fazendafuturo.io/products/future-tvna|titulo=Future Tvna {{!}} Future Farm}}</ref>.
===Benefícios e Riscos===
Embora as taxas de mortalidade entre vegetarianos e onívoros não sejam significativamente diferentes, tem sido relatado que vegetarianos possuem índices de massa corporal mais baixos, bem como taxas mais baixas de morte por isquemia cardíaca; vegetarianos também apresentam níveis mais baixos de colesterol no sangue; menor pressão arterial; e menores taxas para hipertensão, e parecem ter menor propensão a ter diabetes tipo 2 e câncer de próstata e do cólon.<ref name=ADA2009/> Desde que bem planejadas, as dietas vegetarianas são adequadas para todo o ciclo de desenvolvimento do ser humano, de bebês a adultos, incluindo gravidez e lactação.<ref>{{citar periódico|autor =Messina, V. & Mangels, A.R.|título=Considerations in planning vegan diets: Children.|url=https://www.scienzavegetariana.it/download/ADAchildren.pdf|periódico=J Am Diet Assoc.|ano=2001|volume=101|número=6|página=661-669|doi=10.1016/S0002-8223(01)00167-5|pmid=11424545}}</ref><ref name=Hebbelinck&Clarys2001>{{citar livro|autor =Hebbelinck, M. & Clarys, P.|capítulo=Physical growth and development of vegetarian children and adolescents.|editor=Sabate, J. (ed)|título=Vegetarian Nutrition|local=Boca Raton, Fl|publicado=CRC Press|ano=2001|página=173-193}}</ref> As dietas vegetarianas também podem atender às necessidades de atletas, no entanto algumas modificações podem ser necessárias para atender às suas necessidades específicas, com atenção especial às necessidades dos atletas adolescentes em relação a proteína, energia, ferro e cálcio.<ref>{{citar periódico|autor =American Dietetic Association; Dietitians of Canada; American College of Sports Medicine; Rodriguez, N.R.; Di Marco, N.M.; Langley, S.|título=American College of Sports Medicine position stand. Nutrition and athletic performance.|url=https://journals.lww.com/acsm-msse/fulltext/2009/03000/Nutrition_and_Athletic_Performance.27.aspx|periódico=Medicine & Science in Sports & Exercise|ano=2009|volume=41|número=3|página=709-731|doi=10.1249/MSS.0b013e31890eb86|pmid=19225360}}</ref> Vegetarianos parecem ter uma taxa de câncer menor que a população em geral, mas não está claro, se isto é devido ao tipo de dieta. Quando fatores de risco não-dietéticos são considerados, esta diferença diminui consideravelmente, permanecendo significativa apenas para tipos específicos de câncer.<ref>{{citar periódico|autor =Fraser, G.E.|título=Associations between diet and cancer, ischemic heart disease, and all-cause mortality in non-Hispanic white California Seventh-day Adventists.|url=https://watermark.silverchair.com/532s.pdf?token=AQECAHi208BE49Ooan9kkhW_Ercy7Dm3ZL_9Cf3qfKAc485ysgAAAj8wggI7BgkqhkiG9w0BBwagggIsMIICKAIBADCCAiEGCSqGSIb3DQEHATAeBglghkgBZQMEAS4wEQQMaju-4xVHw74SroLUAgEQgIIB8rB_p-RPgIltMFnvWtHulbcaEQ85m2Dok6cBF8ORDSn3rLQWQVaSgkfl_LAyV5ZAFNvoFKCTVOzrWXJL0d_mj7KJRFO14BVkp8kucA6mtb50n4VapAi7pQazNjU-E6EGKSb0VO0kClBMl0lQk0Ou-5Sl95XWJGux0r53XVLx24ePf8fxC0Mfj5UnkFA-F2yOc7tdinlkGI31_DWHRH565rQEn6vpXFNy7ur-p-At_ymC2j_dKPuhSe5RTaAWmfgy4YzosEPsMO3tRxaeiDesbrsQnQ8Ua_uQL0ZB90pIzglF_E-RkoQT8C0tLI8oalS9tTh68COoAuQu_Uc6tIGKUD5f4WSGAsxlm97f9DChWMa9fuahk4V9SXOFJ0zm_sqI0XkUjRs79zAwc1uzjuZNT8IdPlrSoP2BFvKbNGsCQMZsue_i9vp5okI09mJ7qlzYro8piA0-xXywL68-fQb3lo4TivX_7FpWd3oYtD4CCQIwlGk1Rn42605sxIi49GvEWkzzCQ1duwpb6duTz886OY3b3verH_iXrHWo_Vs_V4aGMt70XUmWUUGVxUxZKr5tGuDmyR0HmLNQQvu9tsJcTnGH8moGAPYZ3Z_vnn0UKhSgIr5EUQn1ZuNMhTqJp-SSFgdgl9-SnI_TgQp6XebvU1i9gA|periódico=The American Journal of Clinical Nutrition|ano=1999|volume=70|número=3 Suppl.|página=532S-538S|doi=10.1093/ajcn/70.3.532s|pmid=10479227}}</ref> Bebês vegetarianos que recebem quantidades adequadas de leite materno ou, na impossibilidade deste, de fórmulas comerciais, e suas dietas contém boas fontes de energia e nutrientes como ferro, vitamina B12 e vitamina D, têm crescimento normal durante a infância.<ref>{{citar periódico|autor =Mangels, R. & Driggers, J.|título=The Youngest Vegetarians: Vegetarian Infants and Toddlers|url=https://journals.sagepub.com/doi/pdf/10.1177/1941406411428962|periódico= ICAN: Infant, Child, & Adolescent Nutrition|volume=4|número=1|página=8-20|ano=2011|doi=10.1177/1941406411428962}}</ref> Dietas extremamente restritivas, como dietas crudívoras, têm sido associadas a um crescimento deficiente e, portanto, não são recomendadas para bebês e crianças.<ref name=Messina&Messina1996/> Poucas informações sobre o crescimento de crianças veganas estão disponíveis, no entanto alguns trabalhos sugerem que as crianças tendem a ser um pouco menores, mas dentro dos limites normais de peso e altura. Um fraco desenvolvimento tem sido observado principalmente nas dietas muito restritas.<ref name=Hebbelinck&Clarys2001/><ref>{{citar periódico|autor =O’Connell, J.M.; Dibley, M.J.; Sierra, J.; Wallace, B.; Marks, J.S. & Yip, R.|título=Growth of vegetarian children: The Farm study.|periódico=Pediatrics|ano=1989|volume=84|número=3|página=475-481|pmid=2771551}}</ref>


=== Leites e derivados vegetais ===
== Vegetarianismo no Brasil ==
Leites vegetais – como [[leite de soja]], [[Leite-de-amêndoa|leite de amêndoa]], leite de caju, leites de grãos (leite de aveia, leite de linhaça e leite de arroz) e [[leite de coco]] – são usados no lugar do [[leite de vaca]] ou cabra<ref>{{citar web|url=https://ser.vitao.com.br/leite-vegetal-o-que-e/|titulo=O que é leite vegetal? Confira e saiba mais {{!}} Blog Ser Vitao}}</ref>. O leite de soja fornece cerca de 7g de [[proteína]] por [[Chávena|xícara]] (240 ml), em comparação com 8g de proteína por xícara de leite de vaca. O leite de amêndoa é mais baixo em energia dietética, carboidratos e proteínas. O leite de soja não deve ser usado como substituto do leite materno para bebês. Bebês que não são amamentados podem ser alimentados com [[fórmula infantil]] comercial, normalmente à base de leite de vaca ou soja.
Em 2018, cerca de 14% dos brasileiros (29,2 milhões de pessoas) se declaram vegetarianos.<ref>{{Citar web|titulo=Busca {{!}} IBOPE Inteligência|url=https://www.ibopeinteligencia.com/noticias-e-pesquisas/14-da-populacao-se-declara-vegetariana/}}</ref> Já com relação a população vegana, embora ainda não seja possível afirmar com exatidão, estima-se que cerca de 7 milhões de brasileiros sejam adeptos a dieta vegana. <ref>{{Citar web|ultimo=Equipe|primeiro=Diário Vegano-|url=https://diariovegano.com/vegano-vegetariano-qual-a-diferenca/|titulo=Vegano x vegetariano: afinal, qual é a diferença?|data=2023-02-07|acessodata=2023-02-09|website=Diário Vegano|lingua=pt-PT}}</ref>
[[Ficheiro:Home-made almond milk, November 2012.jpg|miniaturadaimagem|Entre as alternativas de leite vegetal está o leite de amêndoa.]]
[[Manteiga]] e [[margarina]] podem ser substituídas por produtos veganos alternativos. Os queijos veganos são feitos de sementes, como [[gergelim]] e [[Semente de girassol|girassol]]; nozes, como [[Castanha-de-caju|caju]], [[pinhão]] e [[amêndoa]]; e soja, [[óleo de coco]], [[levedura nutricional]], [[tapioca]], e [[arroz]], entre outros ingredientes<ref>{{citar web|url=https://vidaveg.com.br/produtos/queijoveg-mucarela-2kg/|titulo=QueijoVeg Muçarela 2kg – Vida Veg}}</ref>; e pode replicar a capacidade de fusão do [[Queijo|queijo lácteo]]. A levedura nutricional é um substituto comum para o sabor do queijo em receitas veganas<ref>{{citar web|url=https://www.realsimple.com/food-recipes/recipe-collections-favorites/popular-ingredients/what-is-nutritional-yeast|titulo=Nutritional Yeast Uses, Health Effects, and Taste}}</ref>. Substitutos do queijo podem ser feitos em casa. Produtos de iogurte e creme podem ser substituídos por produtos à base de plantas, como iogurte de coco<ref>{{citar web|url=https://vidaveg.com.br/produtos/iogurte-vegano-de-morango-sem-acucar-500g/|titulo=Iogurte Vegano de morango sem açúcar 500g – Vida Veg}}</ref>.


=== Posição de associações ===
A ''[[:en:Academy_of_Nutrition_and_Dietetics|Academy of Nutrition and Dietetics]]'' e o ''[[:en:Dietitians_of_Canada|Dietitians of Canada]]'' afirma que dietas à base de plantas adequadamente planejadas são apropriadas para todas as fases da vida, incluindo gravidez e [[amamentação]]<ref name=":6" />. O ''[[:en:National_Health_and_Medical_Research_Council|National Health and Medical Research Council]]'', da [[Austrália]], também reconhece uma dieta à base de plantas bem planejada como viável para qualquer idade, assim como a ''[[:en:British_Dietetic_Association|British Dietetic Association]]'', ''[[:en:National_Health_Service|British National Health Service]]'' e a ''[[:en:Canadian_Paediatric_Society|Canadian Pediatric Society]]''<ref name=":6" />.


A [[:de:Deutsche_Gesellschaft_für_Ernährung|Sociedade Alemã de Nutrição]] não recomenda uma dieta à base de plantas para bebês, crianças e adolescentes, ou para gravidez ou amamentação<ref>{{citar web|url=https://www.ernaehrungs-umschau.de/fileadmin/Ernaehrungs-Umschau/pdfs/pdf_2021/03_21/64_72_Sonderheft_2020_DGE_Vegane_Position_eng.pdf|titulo=64_72_Sonderheft_2020_DGE_Vegane_Position_eng.pdf}}</ref>.


=== Nutrientes e possíveis deficiências ===
{{notas}}
As dietas à base de plantas tendem a ser ricas em fibras dietéticas, ácido fólico, vitaminas C e E, potássio, magnésio e gorduras insaturadas. No entanto, não consumir produtos de origem animal aumenta o risco de [[Desnutrição|deficiências]] de [[Vitamina B12|vitaminas B<sub>12</sub>]] e [[Vitamina D|D]], cálcio, ferro e ômega-3<ref name=":7" />.

A ''[[:en:Academy_of_Nutrition_and_Dietetics|Academy of Nutrition and Dietetics]]'' afirma que pode ser necessária atenção especial para garantir que uma dieta à base de plantas forneça quantidades adequadas de vitamina B<sub>12</sub>, ômega-3, vitamina D, cálcio, iodo, ferro e zinco. Ela também afirma que a preocupação de que veganos e atletas veganos possam não consumir uma quantidade e qualidade adequadas de [[proteína]] é infundada<ref name="ADA2009">{{citar periódico |url=https://jandonline.org/article/S0002-8223(09)00700-7/pdf |título=Position of the American Dietetic Association: vegetarian diets. |periódico=J Am Diet Assoc. |número=7 |autor=Craig W.J., Mangels A.R.; American Dietetic Association |ano=2009 |página=1266–1282 |doi=10.1016/j.jada.2009.05.027 |pmid=19562864 |volume=109}}</ref>.

Esses nutrientes estão disponíveis em alimentos vegetais, com exceção da vitamina B<sub>12</sub>, que pode ser obtida apenas de alimentos ou suplementos veganos enriquecidos com B<sub>12</sub>. O iodo também pode exigir suplementação, como o uso de sal iodado<ref name="ADA2009" />. A deficiência de vitamina B<sub>12</sub> ocorre em até 80% de todos os veganos em alguns [[países asiáticos]]<ref>{{citar web|url=https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4145307/|titulo=Vegan Diet, Subnormal Vitamin B-12 Status and Cardiovascular Health - PMC}}</ref>.

== Política e Ativismo ==
[[Ficheiro:Marsz Wyzwolenia Zwierzat - Go Vegan.jpg|miniaturadaimagem|Protesto vegano. O cartaz diz: "Nós paramos de comprar, eles param de morrer — junte-se ao veganismo".]]
Em 2021, a [[Ativismo|ativista]] climática vegana [[Greta Thunberg]] pediu mais produção e consumo de alimentos veganos em todo o mundo<ref>{{citar web|url=https://www.dw.com/en/climate-activist-greta-thunberg-takes-on-food-industry/a-57633673|titulo=Greta Thunberg takes on food industry – DW – 05/23/2021}}</ref>. Partidos como o ''Tierschutzpartei'', na [[Alemanha]] e o PACMA na [[Espanha]] têm agendas pró-veganas. Eles cooperam através da ''Animal Politics EU''. Na [[União Europeia]], produtores de carne e veganos discutem se os produtos alimentícios veganos devem ser autorizados a usar títulos como "salsichas" ou "hambúrgueres" para alimentos veganos<ref>{{citar web|url=https://www.nytimes.com/2020/10/23/world/europe/eu-plant-based-labeling.html|titulo=E.U. Says Veggie Burgers Can Keep Their Name - The New York Times}}</ref>. Atualmente, a UE proíbe a rotulagem com palavras relacionadas a laticínios, como "leite de amêndoa", uma regra estabelecida em 2017<ref>{{citar web|url=https://www.theguardian.com/world/2020/oct/23/european-farmers-lose-attempt-to-ban-terms-such-veggie-burger|titulo=European farmers lose attempt to ban terms such as veggie burger {{!}} World news {{!}} The Guardian}}</ref>. A partir de 2019, seis países na [[Europa]] aplicaram taxas de [[Imposto sobre o valor acrescentado|imposto sobre valor agregado]] (IVA) mais altas ao leite vegetal vegano do que ao leite de vaca, o que os ativistas pró-veganos chamaram de discriminação<ref>{{citar web|url=https://www.foodnavigator.com/Article/2019/10/30/ProVeg-urges-Member-States-to-amend-milk-VAT-discrimination|titulo=ProVeg urges Member States to amend milk VAT ‘discrimination’}}</ref>.

== Demografia ==

=== Por país ===
*'''{{flag|Alemanha}}''': Uma pesquisa encomendada pelo governo indica que, a partir de 2021, 2% dos residentes alemães seguem uma dieta vegana, com taxas de incidência mais altas entre os mais jovens, menos escolarizados (pessoas que concluíram sua educação formal com graduação na [[Hauptschule]]) e residentes de ex- Alemanha Ocidental<ref>{{citar web|url=https://www.bmel.de/DE/themen/ernaehrung/ernaehrungsreport2021.html|titulo=BMEL - Ernährung - Deutschland, wie es isst - der BMEL-Ernährungsreport 2021}}</ref>.
*'''{{flag|Austrália}}''': Os australianos lideraram as pesquisas mundiais do Google pela palavra "vegan" entre meados de 2015 e meados de 2016. Um estudo da ''Euromonitor International'' concluiu que o mercado de alimentos veganos embalados na Austrália aumentaria 9,6% ao ano entre 2015 e 2020, tornando a Austrália o terceiro mercado vegano de crescimento mais rápido, atrás da China e dos Emirados Árabes Unidos<ref>{{citar web|url=https://www.smh.com.au/business/consumer-affairs/australia-is-the-thirdfastest-growing-vegan-market-in-the-world-20160601-gp972u.html|titulo=Australia is the third-fastest growing vegan market in the world}}</ref>.
*'''{{flag|Áustria}}''': Em 2013, ''Kurier'' estimou que 0,5% dos austríacos praticavam o veganismo e, na capital, Viena, 0,7%<ref>{{citar web|url=https://kurier.at/genuss/total-vegan/13.893.351|titulo=Total Vegan}}</ref>.
*'''{{flag|Bélgica}}''': Um estudo online ''iVOX'' de 2016 descobriu que de 1.000 residentes de língua holandesa de [[Flandres (Bélgica)|Flandres]] e [[Bruxelas]] de 18 anos ou mais, 0,3% eram veganos<ref>{{citar web|url=https://www.agroberichtenbuitenland.nl/landeninformatie/belgie/achtergrond/foodtrends|titulo=Vier foodtrends in België}}</ref>.
*'''{{flag|Brasil}}''': Segundo pesquisa do [[IBOPE]] publicada em abril de 2018, 14% dos brasileiros<ref>{{Citar web|titulo=Busca {{!}} IBOPE Inteligência|url=https://www.ibopeinteligencia.com/noticias-e-pesquisas/14-da-populacao-se-declara-vegetariana/}}</ref>, ou cerca de 30 milhões de pessoas, se consideravam vegetarianos, sendo 7 milhões deles veganos<ref>{{Citar web|ultimo=Equipe|primeiro=Diário Vegano-|url=https://diariovegano.com/vegano-vegetariano-qual-a-diferenca/|titulo=Vegano x vegetariano: afinal, qual é a diferença?|data=2023-02-07|acessodata=2023-02-09|website=Diário Vegano|lingua=pt-PT}}</ref>.
*'''{{flag|Canadá}}''': Em 2018, uma pesquisa estimou que 2,1% dos canadenses adultos se consideravam veganos<ref>{{citar web|url=https://www.theglobeandmail.com/canada/article-most-vegans-vegetarians-in-canada-are-under-35-survey/|titulo=Most vegans, vegetarians in Canada are under 35: survey}}</ref>.
*'''{{flag|Estados Unidos}}''': Um relatório da ''GlobalData'', estimou que "6% dos consumidores dos EUA agora afirmam ser veganos, contra apenas 1% em 2014". Quase 59% dos entrevistados veganos eram mulheres. De acordo com a ''Gallup'', os americanos negros têm três vezes mais chances de serem veganos e vegetarianos do que os brancos em julho de 2018 (9% em comparação com 3%)<ref>{{citar web|url=https://news.gallup.com/poll/267074/percentage-americans-vegetarian.aspx|titulo=What Percentage of Americans Are Vegetarian?}}</ref>.
*'''{{flag|Índia}}''': Na Pesquisa Nacional de Saúde de 2005–06, 1,6% da população pesquisada relatou nunca ter consumido produtos de origem animal. O veganismo foi mais comum nos estados de Gujarat (4,9%) e Maharashtra (4,0%)<ref>{{citar web|url=https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4168165/|titulo=Type of vegetarian diet, obesity and diabetes in adult Indian population}}</ref>.
*'''{{flag|Israel}}''': Cinco por cento (aproximadamente 300.000) em Israel disseram que eram veganos em 2014, tornando-se a maior população vegana per capita do mundo<ref>{{citar web|url=https://www.jewishvirtuallibrary.org/veganism-in-israel|titulo=Veganism in Israel}}</ref>. O exército israelense fez provisões especiais para soldados veganos em 2015, o que incluiu o fornecimento de botas sem couro e boinas sem lã<ref>{{citar web|url=https://www.theatlantic.com/magazine/archive/2015/12/big-in-israel-vegan-warriors/413149/|titulo=Big in Israel: Vegan Soldiers}}</ref>. O veganismo também simplifica a adesão à proibição judaica de combinar carne e leite nas refeições.
*'''{{flag|Itália}}''': Entre 0,6 e 3 por cento dos italianos foram relatados como veganos em 2015<ref>{{citar web|url=https://www.repubblica.it/salute/2015/10/02/news/e_tu_quanto_sei_vegano_-124177488/|titulo=Addio carne e pesce: in aumento il popolo dei vegetariani e vegani in Italia}}</ref>.
*'''{{flag|Países Baixos}}''': Em 2018, a Sociedade Holandesa de Veganismo (''Nederlandse Vereniging voor Veganisme'', NVV) estimou que havia mais de 100.000 veganos holandeses (0,59 por cento), com base no crescimento de seus membros. Em julho de 2020, o NVV estimou o número de veganos na Holanda em 150.000. Isso é aproximadamente 0,9% da população holandesa<ref>{{citar web|url=https://www.veganisme.org/faq-items/hoeveel-veganisten-zijn-er-op-de-wereld|titulo=Hoeveel veganisten zijn er?}}</ref>.
*'''{{flag|Reino Unido}}''': A ''The Vegan Society'', com sede no Reino Unido, que realiza sua própria pesquisa regular, descobriu em 2018 que havia 600.000 veganos na Grã-Bretanha (1,16%), o que foi visto como um dramático aumento em números anteriores<ref>{{citar web|url=https://yougov.co.uk/topics/food/trackers/dietery-choices-of-brits-eg-vegeterian-flexitarian-meat-eater-etc|titulo=Dietary choices of Brits (e.g. vegeterian, flexitarian, meat-eater etc)?}}</ref><ref>{{citar web|url=https://www.vegansociety.com/news/media/statistics|titulo=Statistics}}</ref>.
*'''{{flag|Romênia}}''': Os seguidores da Igreja Ortodoxa Romena mantêm jejum durante vários períodos ao longo do calendário eclesiástico, totalizando a maior parte do ano. Na tradição ortodoxa romena, os devotos se abstêm de comer qualquer produto animal durante esses tempos. Como resultado, os alimentos veganos são abundantes nas lojas e restaurantes; no entanto, os romenos podem não estar familiarizados com uma dieta vegana como uma opção de estilo de vida em tempo integral<ref>{{citar web|url=https://www.huffpost.com/entry/what-vegan-travelers-need-to-know-about-dining-in-romania_b_58a368c2e4b0e172783aa180?guccounter=1|titulo=What Vegan Travelers Need to Know about Dining in Romania}}</ref>.
*'''{{flag|Suécia}}''': Quatro por cento disseram que eram veganos em uma pesquisa Demoskop de 2014<ref>{{citar web|url=https://www.independent.co.uk/news/world/europe/one-in-ten-swedes-is-vegetarian-or-vegan-according-to-study-9212176.html|titulo=One in ten Swedes is vegetarian or vegan, according to study}}</ref>.
*'''{{flag|Suíça}}''': A empresa de pesquisa de mercado ''DemoSCOPE'' estimou em 2017 que três por cento da população era vegana<ref>{{citar web|url=https://www.swissveg.ch/veg-umfrage?language=de|titulo=UMFRAGE ZU DEN VEGETARIERN UND VEGANERN IN DER SCHWEIZ}}</ref>.
== Notas ==
<references group="nota"/>


==Ver também==
==Ver também==
{{Wikcionário|veganismo}}
{{Wikcionário|veganismo}}
*[[Direitos animais]]
*[[Direitos animais]]
*[[Crueldade com animais]]
*[[Vegetarianismo]]
*[[Lista de veganos|Lista de veganos famosos]]
*[[Lista de veganos|Lista de veganos famosos]]
*[[Não matar]]
*[[Não matar]]
*[[Freeganismo]]
*[[Especismo]]


{{Referências}}
{{Referências}}


==Ligações externas==
==Ligações externas==
*[https://svb.org.br/ Sociedade Vegetariana Brasileira]
*[https://veganismo.org.br/ Associação Brasileira de Veganismo]
*[https://www.vegansociety.com/ The Vegan Society]
*[https://www.vegansociety.com/ The Vegan Society]
*[https://www.youtube.com/watch?v=LQRAfJyEsko Dominion (2018)]

{{Direitos animais}}
{{Direitos animais}}



Revisão das 00h20min de 16 de abril de 2023

Veganismo
Veganismo
Símbolo comumente usado para
representar o veganismo
Descrição Abstenção do uso de produtos animais
Primeiros adeptos
Famosos veganos Lista de veganos

Veganismo é a prática de abster-se do uso de produtos animais — particularmente, mas não somente, na alimentação — e também uma filosofia que condena a exploração animal[1]. Um adepto deste modo de viver e dessa filosofia é conhecido como vegano ou vegana.

Como resultado de seus princípios éticos, veganos adotam uma dieta à base de plantas: excluem-se carne, leite e derivados, ovos, mel, ou qualquer outro produto proveniente de um animal[2]. Como resultado, ela tende a conter um maior teor de fibra dietética, magnésio, ácido fólico, vitamina C, vitamina E, ferro, e fitonutrientes, mas um menor teor de gordura saturada, colesterol, ômega-3, vitamina D, cálcio, zinco, e vitamina B12[3] — sendo muitas vezes necessária suplementação ou ingestão de alimentos fortificados. Assim, uma dieta à base de plantas bem planejada é tida como apropriada para todas as fases da vida, incluindo infância e gravidez, como constatado por diversos grupos de pesquisa[nota 1].

O veganismo, porém, não se restringe à alimentação: veganos não adquirem vestimentas e produtos derivados de peles de animais, como couro ou [5], e não frequentam lugares que utilizam animais para entretenimento, tais como rodeios ou zoológicos. Além disso, boicotam produtos cosméticos testados em animais, como determinados shampoos e maquiagens. No Brasil e em Portugal já é possível encontrar facilmente vários cosméticos veganos à venda[6][7][8]. No entanto, o veganismo é flexível no caso do consumo de itens essenciais à saúde que foram testados em animais, tais como medicamentos e vacinas[9]. Assim, grande parte da população vegana toma vacinas e medicamentos (mesmo quando estes são testados em animais) visto que não tomar vacinas e medicamentos constitui uma latente ameaça à saúde própria e à saúde alheia. O movimento vegano, portanto, não apenas aceita, como também frequentemente incentiva, o uso de vacinas[10][11] e medicamentos essenciais à saúde.

A palavra "vegano" foi cunhada por Donald Watson e, sua então futura esposa, Dorothy Morgan em 1944[12]. O interesse pelo veganismo aumentou significativamente na década de 2010.

História

O poeta árabe Al-Ma'arri, um dos primeiros veganos conhecidos.

Origem

O vegetarianismo pode ser rastreado até a civilização do Vale do Indo, entre 3300–1300 a.C., no subcontinente indiano, particularmente no norte e oeste da Índia antiga[13]. Os primeiros vegetarianos incluíam filósofos e imperadores indianos, e, mais tarde, alguns filósofos gregos. Pitágoras pode ter defendido uma forma primitiva de vegetarianismo estrito[14].

Um dos primeiros veganos conhecidos foi o poeta árabe al-Maʿarri (c. 973 – c. 1057), famoso por seu poema "Não Mais Roubo Da Natureza"[nota 2][15].

O Vegetarianismo no Século XIX

O vegetarianismo se estabeleceu como um movimento significativo na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos no século XIX. Uma minoria de vegetarianos evitou totalmente a alimentação animal.

Em 1813, o poeta Percy Bysshe Shelley publicou A Vindication of Natural Diet, defendendo a "abstinência de alimentos de origem animal", e em 1815, William Lambe, um médico londrino, afirmou que sua "dieta de água e vegetais" poderia curar qualquer coisa desde tuberculose a acne[16]. Lambe chamou a alimentação animal de "irritação habitual" e argumentou que "beber leite e comer carne são apenas ramos de um sistema comum e devem permanecer ou cair juntos"[nota 3].

A dieta sem carne de Sylvester Graham — consistente principalmente de frutas, legumes, água e pão feito em casa com farinha moída — tornou-se popular como remédio de saúde na década de 1830 nos Estados Unidos.

Interior da Northwood Villa, onde a Vegetarian Society foi fundada

A Vegetarian Society

Em 1843, membros da Alcott House criaram a Sociedade Britânica e Estrangeira para a Promoção da Humanidade e Abstinência de Alimentos de Origem Animal[17], liderada por Sophia Chichester, uma rica benfeitora da Alcott House. Alcott House também ajudou a estabelecer a Vegetarian Society do Reino Unido, que realizou sua primeira reunião em 1847 em Ramsgate, Kent. O Medical Times and Gazette em Londres relatou em 1884:

"Existem dois tipos de vegetarianos — um é uma forma extrema, cujos membros não comem nenhum produto de origem animal; e uma seita menos radical, que não se opõe a ovos, leite ou peixe. A Vegetarian Society [...] pertence à última divisão, mais moderada[18][nota 4]."

Um artigo na revista da Sociedade, o Vegetarian Messenger, em 1851 discutiu alternativas ao couro de sapato, o que sugere a presença de veganos entre os membros, não apenas na dieta[19]. Na publicação de 1886 de A Plea for Vegetarianism and Other Essays, de Henry S. Salt, ele afirma que: "É bem verdade que a maioria — não todos — os reformadores de alimentos admitem em sua dieta alimentos de origem animal como leite, manteiga, queijo e ovos."[20][nota 5]. O consumo de leite e ovos tornou-se um campo de batalha nas décadas seguintes. Houve discussões regulares sobre isso no Vegetarian Messenger; parece pelas páginas de correspondência que muita da oposição ao veganismo veio de vegetarianos[21].

Mahatma Gandhi, Vegetarian Society, Londres, 20 de novembro de 1931.

Durante uma visita a Londres em 1931, Mahatma Gandhi — que se juntou ao comitê executivo da Vegetarian Society quando morou em Londres de 1888 a 1891 — fez um discurso à Sociedade argumentando que ela deveria promover uma dieta sem carne como uma questão de moralidade, não de saúde[22]. Os lacto-vegetarianos reconheceram a consistência ética da posição vegana, mas consideraram uma dieta vegana impraticável e temeram que ela pudesse ser um impedimento para a disseminação do vegetarianismo se os veganos se encontrassem incapazes de participar de círculos sociais onde não houvesse comida não animal disponível[21].

The Vegan Society

Em agosto de 1944, vários membros da Vegetarian Society pediram que uma seção de seu boletim fosse dedicada ao vegetarianismo não lácteo. Quando o pedido foi recusado, Donald Watson, secretário da filial de Leicester, criou um novo boletim trimestral em novembro de 1944, ao preço de dois pence[23]. Ele o chamou de The Vegan News.

A palavra "vegan" foi inventada por Watson e Dorothy Morgan, uma professora com quem ele se casaria mais tarde. A palavra é formadas pelas “três primeiras e as duas últimas letras de 'Vegetarian'"[23]. O Vegan News perguntou a seus leitores se eles poderiam pensar em algo melhor do que vegan para representar "vegetariano não lácteo". Eles sugeriram allvega, neovegetarian, milkban, vitan, benevore, sanivores e beaumangeur[24].

A primeira edição atraiu mais de 100 cartas, incluindo de George Bernard Shaw, que resolveu se abster de ovos e laticínios[25]. A The Vegan Society realizou sua primeira reunião no início de novembro no Attic Club, 144 High Holborn, Londres. Os presentes eram Donald Watson, Elsie B. Shrigley, Fay K. Henderson, Alfred Hy Haffenden, Paul Spencer e Bernard Drake, com Mme Pataleewa (Barbara Moore, uma engenheira russo-britânica) observando[26]. O Dia Mundial do Veganismo é todo 1º de novembro para marcar a fundação da Sociedade e o mês de novembro é considerado pela Sociedade como o Mês Mundial do Veganismo[27].

The Vegan News mudou seu nome para The Vegan em novembro de 1945, quando já tinha 500 assinantes[28]. Publicou receitas e uma lista de produtos sem origem animal, como cremes dentais, graxas para sapatos, artigos de papelaria e cola.

A The Vegan Society logo deixou claro que rejeitava o uso de animais para qualquer finalidade, não apenas na alimentação. Em 1947, Watson escreveu: "O vegano renuncia a ideia de que a vida humana dependa da exploração dessas criaturas cujos sentimentos são muito parecidos com os nossos"[nota 6][29]. A partir de 1948, a primeira página do The Vegan dizia: "Defendendo a vida sem exploração[nota 7]", e em 1951, a Sociedade publicou sua definição de veganismo como "a doutrina de que o homem deve viver sem explorar os animais[nota 8]"[29]. Em 1956, seu vice-presidente, Leslie Cross, fundou a Plantmilk Society; e em 1965, como Plantmilk Ltd e mais tarde Plamil Foods, iniciou a produção de um dos primeiros leites de soja amplamente distribuídos no mundo ocidental[30].

Definição

Desde 1988, a The Vegan Society apresenta a seguinte definição[1]:

"Veganismo é uma filosofia e um estilo de vida que busca excluir — tanto quanto possível — todas as formas de crueldade e exploração animais: para alimentação, vestuário ou qualquer outro propósito; e, portanto, promove o desenvolvimento e uso de alternativas que beneficiem animais, humanos e o meio-ambiente. Em termos de dieta, denota a prática de dispensar todos os produtos derivados total ou parcialmente de animais.[nota 9][1]"

Interesse Crescente

Movimentos para alimentação alternativa

Linda McCartney, ativista dos Direitos dos Animais.

Nas décadas de 1960 e 1970, um movimento de comida vegetariana emergiu como parte da contracultura nos Estados Unidos que se concentrava nas preocupações com a dieta, o meio ambiente e a desconfiança dos produtores de alimentos, levando a um crescente interesse no cultivo orgânico[31]. Na década de 1980, Linda McCartney, que se tornou vegetariana junto com Paul McCartney em 1975, publicou seu primeiro livro de receitas vegetarianas[32], contribuindo significantemente para a popularização do vegetarianismo; além de contribuir com comerciais da PETA[33], a criação de uma empresa de comidas vegetarianas[32], e a música “Cow[34], com essa temática. Os dois também apareceram em um episódio de The Simpsons, "Lisa the Vegetarian"[35], no qual ajudam Lisa a se tornar vegetariana.

Crescimento do veganismo

O veganismo, porém, tornou-se mais popular na década de 2010, especialmente na segunda metade[36]. The Economist declarou 2019 "o ano do vegano"[37]. Cadeias de restaurantes começaram a marcar itens veganos em seus cardápios e os supermercados melhoraram sua seleção de alimentos veganos processados.

O alemão Patrik Baboumian, que estrelou o documentário de 2018 The Game Changers para demonstrar que os atletas podem prosperar com uma dieta vegana.

O mercado global de carne vegetal aumentou 18% entre 2005 e 2010, e nos Estados Unidos 8% entre 2012 e 2015[38]. De Vegetarische Slager, o primeiro açougue vegetariano conhecido, vendendo carnes simuladas, foi inaugurado na Holanda em 2010[38]. Desde 2017, mais de 12.500 redes de restaurantes começaram a oferecer produtos Beyond Meat e Impossible Foods, bem como da Fazenda Futuro[39] e outras marcas no Brasil. As vendas de carne à base de plantas nos EUA cresceram 37% entre 2017 e 2019[40].

A partir dos anos 2000, vários documentários focados na alimentação à base de plantas e nos Direitos dos Animais foram produzidos, como Earthlings (2005)[41], A Carne É Fraca (2005)[42], Cowspiracy (2014)[43], What The Health (2017)[44], The Game Changers (2018)[45] e Dominion (2018)[46].

Em 2018, o livro The End of Animal Farming de Jacy Reese Anthis argumentou que o veganismo substituirá completamente os alimentos de origem animal até 2100[47]. O livro foi destaque no The Guardian, The New Republic, e Forbes, entre outros jornais e revistas.

Em janeiro de 2021, 582.538 pessoas de 209 países e territórios se inscreveram no Veganuary, quebrando o recorde do ano anterior de 400.000[48]. Nesse mesmo mês, o ONA na França se tornou o primeiro restaurante vegano do país a receber uma estrela Michelin[49]. Ao longo do ano, outros 79 restaurantes à base de plantas em todo o mundo receberam estrelas Michelin. No final do ano, uma pesquisa realizada pelo The Guardian mostrou que um novo recorde de 36% do público britânico estava interessado no veganismo[50].

Filosofia

Ideologia

Ao contrário do que muitos acreditam, o veganismo não é uma dieta. É um conjunto de práticas focadas nos Direitos dos Animais que visa acabar com todas as formas de exploração e mercadorização desses[2]. Entre essas práticas está, consequentemente:

Alimentação forçada para produção de foie gras.

Veganos também se referem às outras espécies como "animais não humanos" ou "seres sencientes", uma vez que eles têm uma consciência semelhante à consciência humana, declaração dada como verificada e reconhecida na "Declaração de Cambridge sobre a Consciência em Humanos e não Humanos"[55], assim, para eles, é incorreto distingui-los dos seres humanos como "animais irracionais".

Exploração animal

Os métodos de processamento animal em massa levam a sofrimento animal, resultados de tratamentos cruéis como confinamento[56], alimentação forçada[57] ou inadequada, separação de famílias[58][59], estupro por inseminação[59], aglomeração excessiva e abate. Ao contrário do que muitas pessoas creem, a produção de ovos e a produção de leite também envolvem a morte intencional (ou abate) de animais[59].

Os métodos de criação animal são considerados altamente antiéticos pela maioria dos veganos.

Por exemplo, uma prática muito comum na indústria de ovos consiste em separar os pintinhos recém-nascidos de acordo com seu sexo, e, uma vez que pintinhos machos são inúteis para a indústria (pois não põem ovos e são de uma 'raça' de porte muito pequeno para ter sua carne utilizada), tais pintinhos são mortos — muitas vezes sendo triturados por uma lâmina industrial[60] ou sendo colocados aos montes em uma sacola de lixo para que sufoquem com seu peso. Na indústria do leite, por sua vez, é extremamente comum que as vacas leiteiras sejam levadas ao matadouro quando passam a ser consideradas "improdutivas"[59], isto é, quando sua produção de leite diminui a ponto de o animal não ser mais considerado lucrativo ou quando as vacas não conseguem engravidar com facilidade[59].

Saúde e Alimentação

Carnes vegetais

Carnes à base de plantas se tornaram cada vez mais populares.

Alternativas de carne vegana são comumente vendidas em formas como salsichas vegetais[61], carne moída[62] ou hambúrgueres vegetais[63]. Geralmente são feitos de soja, seitan (glúten de trigo), feijão, lentilha, arroz, cogumelos ou vegetais[63]. Substitutos de carne foram feitos na China desde pelo menos a dinastia Tang (618 a 907 da era comum), incluindo pato simulado feito de seitan. Eles são muito mais recentes nos países ocidentais. Alguns produtores ocidentais famosos de alternativas veganas à carne incluem a Impossible Foods, a Beyond Meat[64] e, no Brasil, a Fazenda Futuro. No entanto, no final de 2010, muitos produtores de carne e supermercados também começaram a fazer suas próprias marcas de substitutos de carne vegana.

Substitutos de peixes, como atum, também já são comercializados no Brasil[65].

Leites e derivados vegetais

Leites vegetais – como leite de soja, leite de amêndoa, leite de caju, leites de grãos (leite de aveia, leite de linhaça e leite de arroz) e leite de coco – são usados no lugar do leite de vaca ou cabra[66]. O leite de soja fornece cerca de 7g de proteína por xícara (240 ml), em comparação com 8g de proteína por xícara de leite de vaca. O leite de amêndoa é mais baixo em energia dietética, carboidratos e proteínas. O leite de soja não deve ser usado como substituto do leite materno para bebês. Bebês que não são amamentados podem ser alimentados com fórmula infantil comercial, normalmente à base de leite de vaca ou soja.

Entre as alternativas de leite vegetal está o leite de amêndoa.

Manteiga e margarina podem ser substituídas por produtos veganos alternativos. Os queijos veganos são feitos de sementes, como gergelim e girassol; nozes, como caju, pinhão e amêndoa; e soja, óleo de coco, levedura nutricional, tapioca, e arroz, entre outros ingredientes[67]; e pode replicar a capacidade de fusão do queijo lácteo. A levedura nutricional é um substituto comum para o sabor do queijo em receitas veganas[68]. Substitutos do queijo podem ser feitos em casa. Produtos de iogurte e creme podem ser substituídos por produtos à base de plantas, como iogurte de coco[69].

Posição de associações

A Academy of Nutrition and Dietetics e o Dietitians of Canada afirma que dietas à base de plantas adequadamente planejadas são apropriadas para todas as fases da vida, incluindo gravidez e amamentação[2]. O National Health and Medical Research Council, da Austrália, também reconhece uma dieta à base de plantas bem planejada como viável para qualquer idade, assim como a British Dietetic Association, British National Health Service e a Canadian Pediatric Society[2].

A Sociedade Alemã de Nutrição não recomenda uma dieta à base de plantas para bebês, crianças e adolescentes, ou para gravidez ou amamentação[70].

Nutrientes e possíveis deficiências

As dietas à base de plantas tendem a ser ricas em fibras dietéticas, ácido fólico, vitaminas C e E, potássio, magnésio e gorduras insaturadas. No entanto, não consumir produtos de origem animal aumenta o risco de deficiências de vitaminas B12 e D, cálcio, ferro e ômega-3[3].

A Academy of Nutrition and Dietetics afirma que pode ser necessária atenção especial para garantir que uma dieta à base de plantas forneça quantidades adequadas de vitamina B12, ômega-3, vitamina D, cálcio, iodo, ferro e zinco. Ela também afirma que a preocupação de que veganos e atletas veganos possam não consumir uma quantidade e qualidade adequadas de proteína é infundada[71].

Esses nutrientes estão disponíveis em alimentos vegetais, com exceção da vitamina B12, que pode ser obtida apenas de alimentos ou suplementos veganos enriquecidos com B12. O iodo também pode exigir suplementação, como o uso de sal iodado[71]. A deficiência de vitamina B12 ocorre em até 80% de todos os veganos em alguns países asiáticos[72].

Política e Ativismo

Protesto vegano. O cartaz diz: "Nós paramos de comprar, eles param de morrer — junte-se ao veganismo".

Em 2021, a ativista climática vegana Greta Thunberg pediu mais produção e consumo de alimentos veganos em todo o mundo[73]. Partidos como o Tierschutzpartei, na Alemanha e o PACMA na Espanha têm agendas pró-veganas. Eles cooperam através da Animal Politics EU. Na União Europeia, produtores de carne e veganos discutem se os produtos alimentícios veganos devem ser autorizados a usar títulos como "salsichas" ou "hambúrgueres" para alimentos veganos[74]. Atualmente, a UE proíbe a rotulagem com palavras relacionadas a laticínios, como "leite de amêndoa", uma regra estabelecida em 2017[75]. A partir de 2019, seis países na Europa aplicaram taxas de imposto sobre valor agregado (IVA) mais altas ao leite vegetal vegano do que ao leite de vaca, o que os ativistas pró-veganos chamaram de discriminação[76].

Demografia

Por país

  •  Alemanha: Uma pesquisa encomendada pelo governo indica que, a partir de 2021, 2% dos residentes alemães seguem uma dieta vegana, com taxas de incidência mais altas entre os mais jovens, menos escolarizados (pessoas que concluíram sua educação formal com graduação na Hauptschule) e residentes de ex- Alemanha Ocidental[77].
  •  Austrália: Os australianos lideraram as pesquisas mundiais do Google pela palavra "vegan" entre meados de 2015 e meados de 2016. Um estudo da Euromonitor International concluiu que o mercado de alimentos veganos embalados na Austrália aumentaria 9,6% ao ano entre 2015 e 2020, tornando a Austrália o terceiro mercado vegano de crescimento mais rápido, atrás da China e dos Emirados Árabes Unidos[78].
  •  Áustria: Em 2013, Kurier estimou que 0,5% dos austríacos praticavam o veganismo e, na capital, Viena, 0,7%[79].
  •  Bélgica: Um estudo online iVOX de 2016 descobriu que de 1.000 residentes de língua holandesa de Flandres e Bruxelas de 18 anos ou mais, 0,3% eram veganos[80].
  •  Brasil: Segundo pesquisa do IBOPE publicada em abril de 2018, 14% dos brasileiros[81], ou cerca de 30 milhões de pessoas, se consideravam vegetarianos, sendo 7 milhões deles veganos[82].
  •  Canadá: Em 2018, uma pesquisa estimou que 2,1% dos canadenses adultos se consideravam veganos[83].
  •  Estados Unidos: Um relatório da GlobalData, estimou que "6% dos consumidores dos EUA agora afirmam ser veganos, contra apenas 1% em 2014". Quase 59% dos entrevistados veganos eram mulheres. De acordo com a Gallup, os americanos negros têm três vezes mais chances de serem veganos e vegetarianos do que os brancos em julho de 2018 (9% em comparação com 3%)[84].
  •  Índia: Na Pesquisa Nacional de Saúde de 2005–06, 1,6% da população pesquisada relatou nunca ter consumido produtos de origem animal. O veganismo foi mais comum nos estados de Gujarat (4,9%) e Maharashtra (4,0%)[85].
  •  Israel: Cinco por cento (aproximadamente 300.000) em Israel disseram que eram veganos em 2014, tornando-se a maior população vegana per capita do mundo[86]. O exército israelense fez provisões especiais para soldados veganos em 2015, o que incluiu o fornecimento de botas sem couro e boinas sem lã[87]. O veganismo também simplifica a adesão à proibição judaica de combinar carne e leite nas refeições.
  •  Itália: Entre 0,6 e 3 por cento dos italianos foram relatados como veganos em 2015[88].
  •  Países Baixos: Em 2018, a Sociedade Holandesa de Veganismo (Nederlandse Vereniging voor Veganisme, NVV) estimou que havia mais de 100.000 veganos holandeses (0,59 por cento), com base no crescimento de seus membros. Em julho de 2020, o NVV estimou o número de veganos na Holanda em 150.000. Isso é aproximadamente 0,9% da população holandesa[89].
  •  Reino Unido: A The Vegan Society, com sede no Reino Unido, que realiza sua própria pesquisa regular, descobriu em 2018 que havia 600.000 veganos na Grã-Bretanha (1,16%), o que foi visto como um dramático aumento em números anteriores[90][91].
  •  Romênia: Os seguidores da Igreja Ortodoxa Romena mantêm jejum durante vários períodos ao longo do calendário eclesiástico, totalizando a maior parte do ano. Na tradição ortodoxa romena, os devotos se abstêm de comer qualquer produto animal durante esses tempos. Como resultado, os alimentos veganos são abundantes nas lojas e restaurantes; no entanto, os romenos podem não estar familiarizados com uma dieta vegana como uma opção de estilo de vida em tempo integral[92].
  •  Suécia: Quatro por cento disseram que eram veganos em uma pesquisa Demoskop de 2014[93].
  •   Suíça: A empresa de pesquisa de mercado DemoSCOPE estimou em 2017 que três por cento da população era vegana[94].

Notas

  1. Entre esses grupos de pesquisa estão o American Academy of Nutrition and Dietetics, o Australian National Health and Medical Research Council, a British Dietetic Association, Dietitians of Canada, o New Zealand Ministry of Health, e a Italian Society of Human Nutrition. A German Society for Nutrition não recomenda uma dieta vegana para crianças, adolescentes, e para mulheres grávidas ou amametando.[4]
  2. Em tradução livre:
    "O seu entendimento e sua religião te confundem.
    Venha a mim, que talvez você ouça alguma verdade.
    Não coma injustamente o peixe que a água sublevou,
    e não tenha por alimento a carne dos animais abatidos,
    ou o branco leite das mães, que o destinam a seus bebês, não a nobres senhoras.
    E não estristeça os inocentes pássaros roubando seus ovos;
    pois injustiça é o pior dos crimes.
    E poupe o mel que as abelhas tão industriosamente produzem das cheirosas flores e plantas;
    Pois elas não o assim guardaram para que pertença a outros,
    nem para que sirva de recompensa ou presente.
    Lavo minhas mãos de tudo isso; e desejo que eu
    Tivesse encontrado meu caminho antes que meu cabelo se tornasse grisalho!"
  3. "habitual irritation" e "milk eating and flesh-eating are but branches of a common system and they must stand or fall together", no original
  4. No original: "There are two kinds of Vegetarians—one an extreme form, the members of which eat no animal food products what-so-ever; and a less extreme sect, who do not object to eggs, milk, or fish. The Vegetarian Society ... belongs to the latter more moderate division".
  5. No original: "It is quite true that most—not all—Food Reformers admit into their diet such animal food as milk, butter, cheese, and eggs".
  6. No original: "The vegan renounces it as superstitious that human life depends upon the exploitation of these creatures whose feelings are much the same as our own".
  7. No original: "Advocating living without exploitation".
  8. No original: "the doctrine that man should live without exploiting animals".
  9. No original: "Veganism is a philosophy and way of living which seeks to exclude—as far as is possible and practicable—all forms of exploitation of, and cruelty to, animals for food, clothing or any other purpose; and by extension, promotes the development and use of animal-free alternatives for the benefit of animals, humans and the environment. In dietary terms it denotes the practice of dispensing with all products derived wholly or partly from animals.".

Ver também

Wikcionário
Wikcionário
O Wikcionário tem o verbete veganismo.

Referências

  1. a b c d «Go Vegan | What is Veganism? | Understanding Veganism» 
  2. a b c d «Vegan Nutrition Information by Ethical Vegan Education» 
  3. a b «Health effects of vegan diets - Science Directs» 
  4. «Position of the American Dietetic Association: Vegetarian Diets» 
  5. «O crescimento do mercado de couro vegano». Veganismo e tudo sobre o mercado vegano!. 26 de junho de 2019. Consultado em 12 de julho de 2020 
  6. «Skala cosméticos torna-se 100% vegana». 17 de abril de 2019. Consultado em 29 de maio de 2022 
  7. «Natura cresce portfólio vegano e chega a 90% dos produtos». Exame. 30 de novembro de 2021. Consultado em 29 de maio de 2022 
  8. «22 Marcas Portuguesas de Higiene e Cosmética Vegan e Cruelty-free | AVP - Associação Vegetariana Portuguesa». 30 de novembro de 2020. Consultado em 29 de maio de 2022 
  9. «Medications». The Vegan Society (em inglês). Consultado em 17 de abril de 2022 
  10. Vegano toma remédio e vacina?, consultado em 25 de maio de 2022 
  11. Periférico, Vegano (18 de janeiro de 2021). «Ser antivacina em plena pandemia é um crime. Considere o veganismo e vacine-se». Meusite. Consultado em 4 de julho de 2022 
  12. «vegan - Wiktionary» 
  13. A History of Ancient and Early Medieval India: From the Stone Age to the 12th Century. [S.l.: s.n.] 
  14. In Search of Pythagoreanism: Pythagoreanism as an Historiographical Category. [S.l.: s.n.] 
  15. «Veganism is 1000 years old.» 
  16. A Vindication of Natural Diet. [S.l.: s.n.] 
  17. «International Vegetarian Union - History of Vegetarianism - United Kingdom Societies» 
  18. The Medical Times and Gazette, Volume 1. [S.l.: s.n.] 1884. p. 712 
  19. «International Vegetarian Union - The Origins of Some Words» 
  20. A Plea for Vegetarianism and Other Essays. [S.l.: s.n.] 
  21. a b «The Vegan Autumn 1965» 
  22. «The Moral Basis of Vegetarianism» 
  23. a b «INTERVIEW WITH DONALD WATSON ON SUNDAY 15 DECEMBER 2002» (PDF) 
  24. «The Vegan News No. 2 1945» 
  25. «The Vegan Autumn 1965» 
  26. «The Vegan Autumn 1994» 
  27. «World Vegan Month» 
  28. «The Vegan No. 5 November 1945» 
  29. a b The Rise of Critical Animal Studies: From the Margins to the Centre. [S.l.: s.n.] 
  30. «Company Story - Plamil» 
  31. Eating History: 30 Turning Points in the Making of American Cuisine. [S.l.: s.n.] p. 197 
  32. a b «Paul McCartney | Timeline | 1991» 
  33. «Activists Target Fish Menus». Reading Eagle 
  34. «Cow (song)» 
  35. «Paul McCartney | Timeline | 1995» 
  36. «Vegan Diets Become More Popular, More Mainstream» 
  37. «The World In 2021» 
  38. a b «Is this the end of meat?» 
  39. «Spoleto se une a startup e terá almôndegas e polpetones feitos com plantas» 
  40. «Think fake burgers are just for vegetarians? 95% of Impossible Foods' customers are meat eaters» 
  41. «Terráqueos (2205) - IMDb» 
  42. «A Carne é Fraca (2004) - IMDb» 
  43. «A Conspiração da Vaca: O Segredo da Sustentabilidade (2014) - IMDb» 
  44. «What the Health (2017) - IMDb» 
  45. «Dieta de Gladiadores (2018) - IMDb» 
  46. «Domínio (2018) - IMDb» 
  47. «The End of Animal Farming by Jacy Reese: 9780807039878 | PenguinRandomHouse.com: Books» 
  48. «Veganuary's 2021 Becomes Biggest Year Yet | Veganuary» 
  49. «ONA: Vegan restaurant becomes first in France to get Michelin star» 
  50. «No meat please, we're British: now a third of us approve of vegan diet» 
  51. «Vegan Nutrition Information by Ethical Vegan Education» 
  52. «Vegan Fashion and Clothing Information by Ethical Vegan Education» 
  53. «Animal Experimentation and Testing - Ethical Vegan Education» 
  54. «Animal Entertainment Exploits Animals - Ethical Vegan Education» 
  55. Low, Philip (2 de Julho de 2012). Panksepp, J.; Reiss, D.; Edelman, D.; Van Swinderen, B.; Low, P. and Koch, C., ed. The Cambridge Declaration on Consciousness (PDF). Francis Crick Memorial Conference on Consciousness in Human and non-Human Animal. Churchill College, Cambridge, Reino Unido 
  56. «Farm Animal Confinement: Environmental Impacts & Legislation - GenV» 
  57. «Foie Gras: Cruelty to Ducks and Geese | PETA» 
  58. «Why are calves separated from their mother in the dairy industry? – RSPCA Knowledgebase» 
  59. a b c d e «Is Your Food a Product of Rape? | PETA» 
  60. «Dominion (2018) - full documentary [Official]» 
  61. «Future Sausage | Future Farm» 
  62. «Future Beef | Future Farm» 
  63. a b «Future Burger | Future Farm» 
  64. «Top 10 Plant-based Meat Companies | Report Analysis 2022-2029» 
  65. «Future Tvna | Future Farm» 
  66. «O que é leite vegetal? Confira e saiba mais | Blog Ser Vitao» 
  67. «QueijoVeg Muçarela 2kg – Vida Veg» 
  68. «Nutritional Yeast Uses, Health Effects, and Taste» 
  69. «Iogurte Vegano de morango sem açúcar 500g – Vida Veg» 
  70. «64_72_Sonderheft_2020_DGE_Vegane_Position_eng.pdf» (PDF) 
  71. a b Craig W.J., Mangels A.R.; American Dietetic Association (2009). «Position of the American Dietetic Association: vegetarian diets.». J Am Diet Assoc. 109 (7): 1266–1282. PMID 19562864. doi:10.1016/j.jada.2009.05.027 
  72. «Vegan Diet, Subnormal Vitamin B-12 Status and Cardiovascular Health - PMC» 
  73. «Greta Thunberg takes on food industry – DW – 05/23/2021» 
  74. «E.U. Says Veggie Burgers Can Keep Their Name - The New York Times» 
  75. «European farmers lose attempt to ban terms such as veggie burger | World news | The Guardian» 
  76. «ProVeg urges Member States to amend milk VAT 'discrimination'» 
  77. «BMEL - Ernährung - Deutschland, wie es isst - der BMEL-Ernährungsreport 2021» 
  78. «Australia is the third-fastest growing vegan market in the world» 
  79. «Total Vegan» 
  80. «Vier foodtrends in België» 
  81. «Busca | IBOPE Inteligência» 
  82. Equipe, Diário Vegano- (7 de fevereiro de 2023). «Vegano x vegetariano: afinal, qual é a diferença?». Diário Vegano. Consultado em 9 de fevereiro de 2023 
  83. «Most vegans, vegetarians in Canada are under 35: survey» 
  84. «What Percentage of Americans Are Vegetarian?» 
  85. «Type of vegetarian diet, obesity and diabetes in adult Indian population» 
  86. «Veganism in Israel» 
  87. «Big in Israel: Vegan Soldiers» 
  88. «Addio carne e pesce: in aumento il popolo dei vegetariani e vegani in Italia» 
  89. «Hoeveel veganisten zijn er?» 
  90. «Dietary choices of Brits (e.g. vegeterian, flexitarian, meat-eater etc)?» 
  91. «Statistics» 
  92. «What Vegan Travelers Need to Know about Dining in Romania» 
  93. «One in ten Swedes is vegetarian or vegan, according to study» 
  94. «UMFRAGE ZU DEN VEGETARIERN UND VEGANERN IN DER SCHWEIZ» 

Ligações externas