Baixada Maranhense
Baixada Maranhense | |
Baixada Maranhense no período chuvoso. | |
Bioma | Campos alagados, Amazônico |
---|---|
Área | 18 mil km² |
Países | ![]() |
Rios | Rio Mearim, rio Grajaú, rio Pericumã, rio Pindaré, rio Maracu |
Notas | Principais lagos: Açu, Cajari, Formoso e Viana |
Chama-se Baixada Maranhense a região a oeste e sudeste da ilha de Upaon-Açu (São Luís), formada por grandes planícies baixas que alagam na estação das chuvas, criando enormes lagoas entre os meses de janeiro e junho.
A Baixada Maranhense pode ser acessada por meio de um sistema de ferry-boats que liga a cidade de São Luís ao porto de Cujupe, em Alcântara, além de ligações rodoviárias (BR-222, MA-014, e outras) e ferroviárias (Ferrovia Carajás).
Foi designada como Sítio Ramsar em 2000. Representa o maior conjunto de bacias lacustres do Nordeste.
Geografia[editar | editar código-fonte]
A Baixada Maranhense se localiza na região do entorno do Golfão Maranhense, e é formada por um relevo plano a suavemente ondulado com extensas áreas rebaixadas que são alagadas durante o período chuvoso, originando extensos lagos interligados, associados aos baixos cursos dos rios Mearim, Grajaú, Pindaré e Pericumã.[1]
Relevo[editar | editar código-fonte]
É um ambiente rebaixado, com formação sedimentar recente, com alguns relevos residuais, originando outeiros e superfícies tabulares cujas bordas decaem em colinas de variadas declividades.[1]
A convergência dos cursos dos rios Mearim, Pindaré e Grajaú, associada aos movimentos transgressivos e regressivos do mar, modelou o ambiente deposicional que é preenchido pelo excedente de águas dos rios no período chuvoso, dando origem a extensas superfícies de lagos que influenciam a vida das comunidades residentes na região.
Hidrografia[editar | editar código-fonte]

A Baixada Maranhense é marcada pelo destaque dos lagos: Açu, Cajari, Formoso e Viana. Outros lagos são Capivari, Lontra, Apuí, Maracassumé, Maracu, Aquiri, Jacaré, Gitiba, Itans, Belém, Coqueiro, Genipapo, Uba, dentre outros.[1]
Os lagos transbordam na época das chuvas, interligando-se por um sistema de canais divagantes que servem como vias de comunicação entre as cidades e os povoados, substituindo parcialmente as estradas. Durante o período seco, o cenário se modifica em grandes extensões de campos ressequidos.[1]
Os lagos recebem água quando os diversos rios e outros lagos sobem anualmente em virtude das cheias periódicas, a armazenam durante o período de inundação e a devolvem em parte para os rios quando seus níveis baixam, em um complexo sistema de "pulsos de inundação".[2]
Na época das chuvas, de dezembro a julho, os campos baixos ficam alagados, restando ilhas de terras firmes e áreas de campos em terreno um pouco elevado, chamadas regionalmente de “teso”.[3]
Além dos campos alagados, há outras vegetações importantes para a caracterização da Baixada: manguezais, babaçuais, matas de galeria e Floresta Amazônica.
Lagos[editar | editar código-fonte]
Os lagos da Baixada Maranhense funcionam como coletores das águas pluviais e dos rios. No período das chuvas se distribuem em quatro grupos:[4]
- Lagos de Viana - Lago de Viana, Maracaçumé, São José, Cajari, Aquiri, Capivari, Fugidos, Itans, Lontras e Formoso. No período chuvoso esses lagos transbordam inundando os campos que os dividem transformando-se em um imenso lençol líquido - os “mares de Viana” -, após as chuvas, eles dão vazão para o canal de Gibiri e, posteriormente, ao rio Maracu (ou canal do Maracu) que por sua vez deságua no Rio Pindaré.[4]
- Lagos de Pinheiro - Cafundoca, Laguinho, Faveira, Grande, Tarira, Roque e Vitória que também, no período chuvoso, inundam os campos, unindo-se e formando os “mares de Pinheiro”. Esses lagos ao escoarem o fazem direto no Rio Pericumã.[4]
- Lagos de Arari e Anajatuba - da Morte, Laguinho, Muquila, Jaburiú, Açutinga, Égua, Palmeiral e Barriguda. Tal como os lagos já mencionados, eles se unem, também, no período chuvoso e deságuam o excedente hídrico no Igarapé Boqueado que, por sua vez, deságua no Rio Mearim.[4]
- Lagos de Conceição do Lago-Açu - Lago Açu, Itãs, Novo, Carnaúba e Verde, próximo à foz do Rio Grajaú, para o qual deságuam após as cheias.[4]
Além desses, há outros lagos que não fazem parte dos conjuntos citados, como lago do Coqueiro em São João Batista e outros.[4]
Municípios[editar | editar código-fonte]
Essa região se estende por mais de vinte mil quilômetros quadrados e abrange 21 municípios: Anajatuba, Arari, Bela Vista do Maranhão, Cajari, Conceição do Lago Açu, Igarapé do Meio, Matinha, Monção, Olinda Nova do Maranhão, Palmeirândia, Pedro do Rosário, Penalva, Peri-mirim, Pinheiro (o mais populoso), Presidente Sarney, Santa Helena, São Bento, São João Batista, São Vicente Férrer, Viana e Vitória do Mearim; além Ilha do Caranguejo, na Baía de São Marcos, e, para alguns, o Campo de Perizes, ao sul da Ilha de São Luís, e outras regiões.
Município | Área
(km²) [5] |
População
(2021)[6] |
IDH (2010)[7] | Densidade
(hab/km²) [8] |
PIB (2019)[9] | PIB per capita
(2018)[8] |
---|---|---|---|---|---|---|
![]() |
942,568 | 27.170 | 0,581 | 25,01 | 171.295,33 | 6.692,90 |
1.100,275 | 30.014 | 0,626 | 25,89 | 252.650,30 | 8.528,04 | |
![]() |
147,954 | 7.448 | 0,554 | 13,06 | 82.484,25 | 6.276,00 |
![]() |
662,066 | 19.521 | 0,523 | 27,7 | 109.598,85 | 5.351,20 |
![]() |
733,228 | 16.559 | 0,512 | 19,69 | 123.274,08 | 6.809,69 |
![]() |
368,685 | 14.470 | 0,569 | 34,04 | 198.011,63 | 13.283,34 |
![]() |
410,632 | 23.591 | 0,619 | 53,54 | 165.707,91 | 6.951,88 |
![]() |
1.245,548 | 33.888 | 0,546 | 24,38 | 234.780,39 | 6.545,79 |
![]() |
199,879 | 14.968 | 0,575 | 66,69 | 89.151,93 | 6.201,32 |
![]() |
532,161 | 19.840 | 0,556 | 35,7 | 125.226,52 | 6.301,12 |
Pedro do Rosário | 1.753,867 | 25.560 | 0,516 | 12,99 | 146.944,73 | 5.628,78 |
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800,916 | 38.987 | 0,554 | 46,42 | 217.378,95 | 5.606,64 |
![]() |
1.512,968 | 84.160 | 0,637 | 51,67 | 896.948,04 | 9.970,68 |
![]() |
726,172 | 19.217 | 0,557 | 23,7 | 129.161,47 | 6.833,78 |
![]() |
2.191,169 | 42.829 | 0,571 | 16,94 | 269.185,07 | 6.862,82 |
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458,052 | 45.989 | 0,602 | 88,74 | 271.177,21 | 6.118,81 |
![]() |
649,956 | 20.736 | 0,598 | 28,84 | 123.148,65 | 5.962,07 |
![]() |
392,874 | 22.452 | 0,592 | 53,38 | 132.458,45 | 6.201,44 |
![]() |
1.166,745 | 52.852 | 0,618 | 42,36 | 406.698,79 | 7.895,21 |
![]() |
716,719 | 32.956 | 0,596 | 43,56 | 244.006,21 | 7.892,92 |
Histórico e Atividades Econômicas[editar | editar código-fonte]

O descobrimento da região teria sido no final do século XVIII, e sua colonização começou no início do século XIX por João Alves Pinheiro, que depois de ter partido de Alcântara, sede da capitania de Cumã, fixou residência, e ao redor desse local, foi fundada a vila de São Bento de Bacurituba, em 1833, depois tendo sido fundada a cidade de São Bento e outros municípios.
No século XIX, a Baixada Maranhense era um grande polo produtor de algodão, exportado para a França, Inglaterra e Holanda, produto que depois da independência do Brasil, deixou de ser plantado em grande escala, contribuindo para a decadência do Maranhão.
As principais atividades econômicas apoiam-se nos recursos pesqueiros abundantes nos lagos e rios da região e na pecuária extensiva. Neste setor, a maior concentração de gado é empregada na bubalinocultura, em razão de os búfalos serem os animais mais bem adaptados às condições da região.[1]
A economia da Baixada Maranhense é também é marcada pela subsistência e do extrativismo vegetal (babaçu). A maior parte da água consumida nas cidades da Baixada Maranhense é proveniente dos campos alagados ou de rios como: Pericumã, Mearim, Pindaré.
Biodiversidade e Conservação[editar | editar código-fonte]
A paisagem da baixada maranhense possui alto de grau de vulnerabilidade, por sua condições naturais e atividades econômicas, necessitando da atenção dos órgãos ambientais do estado.[1]
Área de Proteção Ambiental da Baixada Maranhense, criada pelo Decreto estadual n° 11.900, de 11/06/1991, sendo importante para a preservação do peixe-boi (Trichechus manatus'), no Baixo Mearim, espécie ameaçada de extinção, da jaçanã (Jacana jacana), da japiaçoca (Porphyrula martinica), da muçuã ou jurará (Kinosternon scorpioides)) e como refúgio às aves migratórias.[carece de fontes]
As espécies de maior importância econômica incluem, no estuário: camurim, sardinha e bagre de água salobra, e, nos lagos e rios de água doce: surubim, curimatã, pescada, piaba, traíra, jeju, piranha, mandi, cascudo etc. Há tanto camarões de água salgada/salobra como espécies de água doce.[3]
Há um projeto de construção de diques na Baixada Maranhense, que tem como objetivos: a proteção das áreas mais baixas contra a entrada de água salgada em região de água doce (e a crescente salinização dos lagos e campos); contenção e armazenamento de água doce originária da estação chuvosa nos campos naturais (2000 mm de chuvas entre janeiro e junho); aumento da disponibilidade de água no período de estiagem; projetos de irrigação.
Um dessas barragens seria construída no Canal de Maracu (também chamado de rio Maracu), que liga o lago de Viana ao rio Pindaré, na cidade de Cajari, para impedir a salinização crescente do lago durante a estação seca que se estende de agosto a dezembro. Tais obras necessitam de estudos de impacto ambiental, em razão da complexidade do ecossistema.[10]
Algumas barragens já foram construídas na Baixada, como a Barragem do Lago Cajari, em Penalva, e a do lago Apuí, além de pequenas barragens como as de: Colhereira (lago Aquiri), São Sampari (lago Maracu), Boiciquara (lago de Viana), Gitiba (lago Gitiba), Araçatuba (lago Viana/Laguinho Cajari), Sapo (lago Viana/Maracassumé).[11]
Galeria[editar | editar código-fonte]
Ver também[editar | editar código-fonte]
Referências
- ↑ a b c d e f ««RELEVO DO ESTADO DO MARANHÃO: UMA NOVA PROPOSTA DE. CLASSIFICAÇÃO TOPOMORFOLÓGICA. FEITOSA, A. C»]» (PDF)
- ↑ «FICHA INFORMATIVA DAS ÁREAS ÚMIDAS RAMSAR» (PDF)
- ↑ a b «Conhecendo a Baixada Maranhense -»
- ↑ a b c d e f «Enciclopédia da Microrregião da Baixada Maranhense» (PDF). IMESC. 2013
- ↑ IBGE, Área Territorial Oficial[ligação inativa], Resolução nº 5 de 10 de outubro de 2002. Acessado em 26 de fevereiro de 2008.
- ↑ «estimativa_ibge_2021.xls» (PDF). agenciadenoticias.ibge.gov.br. Consultado em 28 de setembro de 2021
- ↑ «IDHM Municípios 2010 | PNUD Brasil». UNDP. Consultado em 23 de maio de 2021
- ↑ a b «Maranhão | Cidades e Estados | IBGE». www.ibge.gov.br. Consultado em 26 de setembro de 2021
- ↑ «Produto Interno Bruto dos Municípios | IBGE». www.ibge.gov.br. Consultado em 13 de março de 2021
- ↑ «Ambientalista defende projeto Diques na Baixada e construção de barragem»
- ↑ «Diques da Baixada Maranhense: Codevasf contrata estudo de impacto ambiental e levantamento cartográfico — Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba». www.codevasf.gov.br. Consultado em 1 de agosto de 2018
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
- «PJC Portal». Portal de Informações da Baixada Maranhense
- «Baixada Maranhense». Amazônia Maranhense