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João Calvino: diferenças entre revisões

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{{citar web |url=http://www.mackenzie.br/fileadmin/Mantenedora/CPAJ/revista/VOLUME_V__2000__2/Franklin.pdf|título=Uma Introdução a Max Weber e à obra “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”|acessodata= |autor=Ferreira, Franklin|coautores= |data=27/08/2014|ano=2000|mes= |formato= |obra= |publicado=Universidade Mackenzir|páginas= |língua= |língua2= |língua3= |lang= |citação= }}</ref> e o cientista da religião Antônio Máspoli de Araújo Gomes<ref>{{citar web |url=http://www.mackenzie.br/fileadmin/Mantenedora/CPAJ/revista/VOLUME_V__2000__2/Franklin.pdf |título=O Pensamento de João Calvino e a Ética Protestante de Max Weber, Aproximações e Contrastes|acessodata=27/08/2014|autor=Gomes, Antônio Máspoli de Araújo|coautores= |data= |ano=2002|mes= |formato= |obra= |publicado=Universidade Mackenzie|páginas= |língua= |língua2= |língua3= |lang= |citação= }}</ref>.
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Uma leitura atenta do próprio livro de Max Weber esclarece essa confusão. Na página 81 da edição de 2004, da Editora Companhia das Letras, diz o autor: "Se portanto, para a análise das relações entre a ética do antigo protestantismo e o desenvolvimento do espírito capitalista partimos das criações de Calvino, do calvinismo e das demais seitas 'puritanas', isso entretanto não deve ser compreendido como se esperássemos que algum dos fundadores ou representantes dessas comunidades religiosas tivesse como objetivo de seu trabalho na vida, seja em que sentido for, o despertar daquilo que aqui chamamos de 'espírito capitalista'. Impossível acreditar que a ambição por bens terrenos, pensada como um fim em si, possa ter tido para algum deles um valor ético. E fique registrado de urna vez por todas e antes de mais nada: programas de reforma ética não foram jamais o ponto de vista central para nenhum dos reformadores — entre os quais devemos incluir em nossa consideração homens como Menno, George Fox, Wesley. Eles não foram fundadores de sociedades de 'cultura ética' nem representantes de anseios humanitários por reformas sociais ou de ideais culturais. A salvação da alma, e somente ela, foi o eixo de sua vida e ação. Seus objetivos éticos e os efeitos práticos de sua doutrina estavam ancorados aqui e eram, tão só, consequências de motivos puramente religiosos. Por isso temos que admitir que os efeitos culturais da Reforma foram em boa parte — talvez até principalmente, para nossos específicos pontos de vista — consequências imprevistas e mesmo indesejadas do trabalho dos reformadores, o mais das vezes bem longe, ou mesmo ao contrário, de tudo o que eles próprios tinham em mente".
Uma leitura atenta do próprio livro de Max Weber esclarece essa confusão. Na página 81 da edição de 2004 de "A ética protestante e o 'espírito' do capitalismo" (Editora Companhia das Letras), afirma Weber: "Se portanto, para a análise das relações entre a ética do antigo protestantismo e o desenvolvimento do espírito capitalista partimos das criações de Calvino, do calvinismo e das demais seitas 'puritanas', isso entretanto não deve ser compreendido como se esperássemos que algum dos fundadores ou representantes dessas comunidades religiosas tivesse como objetivo de seu trabalho na vida, seja em que sentido for, o despertar daquilo que aqui chamamos de 'espírito capitalista'. Impossível acreditar que a ambição por bens terrenos, pensada como um fim em si, possa ter tido para algum deles um valor ético. E fique registrado de urna vez por todas e antes de mais nada: programas de reforma ética não foram jamais o ponto de vista central para nenhum dos reformadores — entre os quais devemos incluir em nossa consideração homens como Menno, George Fox, Wesley. Eles não foram fundadores de sociedades de 'cultura ética' nem representantes de anseios humanitários por reformas sociais ou de ideais culturais. A salvação da alma, e somente ela, foi o eixo de sua vida e ação. Seus objetivos éticos e os efeitos práticos de sua doutrina estavam ancorados aqui e eram, tão só, consequências de motivos puramente religiosos. Por isso temos que admitir que os efeitos culturais da Reforma foram em boa parte — talvez até principalmente, para nossos específicos pontos de vista — consequências imprevistas e mesmo indesejadas do trabalho dos reformadores, o mais das vezes bem longe, ou mesmo ao contrário, de tudo o que eles próprios tinham em mente".


== Ver também ==
== Ver também ==

Revisão das 02h55min de 13 de outubro de 2016

João Calvino
Jehan Cauvin
João Calvino
João Calvino
Nascimento 10 de julho de 1509
Noyon, Picardia
 França
Morte 27 de maio de 1564 (54 anos)
Genebra, Cantão de Genebra
Suíça
Nacionalidade Suíça
Cônjuge Idelette de Bure
Principais trabalhos Institutas da Religião Cristã
Escola/tradição Calvinista
Principais interesses Calvinismo
Ideias notáveis Predestinação, Cinco pontos do calvinismo

João Calvino (Noyon, 10 de julho de 1509Genebra, 27 de maio de 1564) foi um teólogo cristão francês. Calvino teve uma influência muito grande durante a Reforma Protestante, que continua até hoje. Portanto, a forma de protestantismo que ele ensinou e viveu é conhecida por alguns pelo nome calvinismo, embora o próprio Calvino tivesse repudiado contundentemente este apelido. Esta variante do protestantismo viria a ser bem sucedida em países como a Suíça (país de origem), Países Baixos, África do Sul (entre os africânderes), Inglaterra, Escócia e Estados Unidos.

Nascido na Picardia, ao norte da França, foi batizado com o nome de Jehan Cauvin. A tradução do apelido de família "Cauvin" para o latim Calvinus deu a origem ao nome "Calvin", pelo qual se tornou conhecido.

Calvino foi inicialmente um humanista. Nunca foi ordenado sacerdote. Depois do seu afastamento da Igreja católica, este intelectual começou a ser visto, gradualmente, como a voz do movimento protestante, pregando em igrejas e acabando por ser reconhecido por muitos como "padre". Vítima das perseguições aos huguenotes na França, fugiu para Genebra em 1536, onde faleceu em 1564. Genebra tornou-se definitivamente num centro do protestantismo europeu e João Calvino permanece até hoje uma figura central da história da cidade e da Suíça[1].

Martinho Lutero escreveu as suas 95 teses em 1517, quando Calvino tinha oito anos de idade. Para muitos[quem?], Calvino terá sido para o povo de língua francesa aquilo que Lutero foi para o povo de língua alemã - uma figura quase paternal. Lutero era dotado de uma retórica mais direta, por vezes grosseira, enquanto que Calvino tinha um estilo de pensamento mais refinado e geométrico, quase de filigrana.

Segundo Bernard Cottret, biógrafo francês de Calvino: "Quando se observa estes dois homens podia-se dizer que cada um deles se insere já num imaginário nacional: Lutero o defensor das liberdades germânicas, o qual se dirige com palavras arrojadas aos senhores feudais da nação alemã; Calvino, o filósofo pré-cartesiano, precursor da língua francesa, de uma severidade clássica, que se identifica pela clareza do estilo".[2]

Biografia

Família

O avô de João Calvino morava nas proximidades de Noyon. Teve três filhos: Richard, que foi serralheiro e se instalou em Paris, Jacques, igualmente serralheiro e, finalmente, Gérard Cauvin, pai de João Calvino, que foi aquele que talvez mais se destacou dos três, tendo feito carreira em Noyon como funcionário administrativo.

Gérard Cauvin estabeleceu-se em Noyon em 1481. Foi inicialmente notário da catedral. Seria, depois, representante do bispado de Nyon; mais tarde, funcionário relacionado com a cobrança de impostos e, finalmente, o promotor (representante) do bispado, antes de entrar em conflito com este. Faleceu em 1531 após uma disputa com o bispado, pela qual foi excomungado.

A mãe de Calvino, Jeanne Le Franc, de seu nome de solteira, era filha de um dono de uma hospedaria em Cambrai, que tinha enriquecido. Jeanne faleceu em 1515, quando João Calvino tinha apenas 6 anos de idade.[3]

Gérard e Jeanne tiveram cinco filhos:

  • Patricia [carece de fontes?]
  • Charles (Carlos) - o mais velho, foi padre. Morreu em 1536.
  • João Calvino.
  • Antoine (Antônio) - iria mais tarde viver em Genebra, junto do irmão.
  • François (Francisco) - morreu ainda em tenra idade.

Haveria ainda duas irmãs, que nasceram do segundo casamento de Gérard. Uma chamou-se Marie (Maria) e iria também viver em Genebra. Da outra irmã sabe-se pouco.

João Calvino nasceu em 10 de julho de 1509, nos últimos anos do reinado de Luís XII. Frequentou inicialmente o "Collège des Capettes" em Nyon, onde adquiriu conhecimentos básicos de latim.

Em 1 de janeiro de 1515 o rei Francisco I de França (François, roi des français), sucedeu a Luís XII. Inicialmente moderado em matéria de religião, a postura deste rei foi endurecendo ao longo do seu reinado, terminando na perseguição declarada aos protestantes.

Pela Concordata de Bolonha, assinada no início do seu reinado, o papa Leão X concedia ao rei da França o direito a nomear os titulares dos rendimentos da igreja. Em contrapartida, o papa via reforçados os seus direitos sobre a Igreja em França.

Transferência a Paris

Em 1521, com doze anos, João Calvino ganhou o direito a uma "benefice", ou seja, um rendimento anual que era concedido a elementos e familiares da hierarquia da igreja. No seu caso, consistia numa determinada quantia anual de cereais pagos por uma comunidade de La Gésine.[4].

Em 1521 ou 1523 (data incerta) o pai enviou-o a Paris. Terá provavelmente vivido inicialmente com o tio Richard, na zona de Sain-Germain-l'Auxerrois. Calvino começou por frequentar o Collège de la Marche, onde foi aluno de Maturin Cordier, um grande pedagogo do tempo. Estabeleceu, aí, amizade com as crianças da família d'Hangest, do bispo de Noyon, que se assumia, de certa forma, como protector da família Cauvin. Os seus amigos eram Joachin (Joaquim), Yves (Ivo) e Claude (Cláudio), a quem mais tarde dedicaria o seu comentário a "De Clementia" de Séneca, um autor conhecido pelo seu estoicismo.

Foi, de seguida, admitido no Collège Montaigu, uma escola de má reputação, conhecida pela sua rigidez, pelas sovas e má comida. A lista de professores em Montaigu, nesta época, incluía o espanhol Antonio Coronel e o escocês John Mair (que foi professor de Inácio de Loyola), mas não há provas definitivas de que eles tenham sido professores de Calvino.

Em fevereiro de 1525, o rei francês Francisco I foi encarcerado temporariamente em Pavia, na Itália pelas tropas do imperador Carlos V. Com a intervenção do papa Clemente VII a favor de Francisco, a influência papal junto do rei de França aumenta consideravelmente. Numa bula de 17 de maio de 1525 dirige-se a Francisco para que tome providências contra o crescente número de "blasfemos" em França e contra os ataques a imagens religiosas.

Em 1 de junho de 1528, teve lugar em Paris o caso da Rue des Roisiers. Uma figura de madeira situada nessa rua (uma madona) foi decapitada por desconhecidos. O rei reagiu de forma veemente, organizando procissões, que passaram a ser repetidas anualmente. O incidente ainda era lembrado no século XIX.

Vida em Orleães

Em 1529, pouco antes de atingir os vinte anos de idade, a vida de Calvino sofreu uma súbita viragem. Vindo inicialmente para Paris com uma renda anual concedida pela Igreja, com o fim de estudar Teologia, soube que o pai havia mudado de planos em relação ao seu futuro e queria então que ele seguisse com estudos de Direito. A "ciência das leis torna normalmente ricos aqueles que se debatem com ela", referia o seu pai (ele próprio um advogado do bispado), segundo as próprias palavras de Calvino.

Cumpriu a vontade do pai e foi estudar Direito em Orleães, mas nunca deixou de preferir a teologia. Como disse mais tarde: "Se Deus me deu forças para que eu cumprisse a vontade de meu pai, determinou ele pela providência oculta que eu tomasse finalmente um outro caminho" (o da Teologia).

Inicialmente Calvino preparava-se para ser padre, enveredaria pelo estudo do Direito, mas acreditava que Deus o havia trazido de novo ao caminho da Teologia.

O biógrafo francês de Calvino, Bernard Cottret, escreveu: "Direito e leis: Calvino, o teólogo, é no fim, também, Calvino, o jurista. O seu pensamento fica marcado pela austeridade, a adstringência e a geometria da lei, pelo seu fascínio ou aspiração a ela. No início do século XVI assiste-se no Direito a uma verdadeira revolução. A retórica de Cícero tomou a primazia sobre a filosofia medieval, que se sustentava nos seus silogismos. Com a interpretação de textos jurídicos, Calvino tomou contacto pela primeira vez com a Filologia humanista". O humanismo e o renascimento são, pois, os movimentos culturais que o influenciaram em primeiro lugar.[2]

Em Orleães, Calvino foi influenciado pelo seu professor Pierre de l'Estoile.

Em 1529, dirigiu-se também a Bourges, para assistir a aulas do famoso professor de direito italiano Andrea Alciati, onde também assistiu a aulas do alemão Gräzist Wolmar, que o entusiasmou pela literatura grega da antiguidade.

Em 1529, Louis de Berquin foi queimado vivo em Paris, numa altura em que o rei, Francisco, estava fora da cidade.

Em 1531, Calvino, num prefácio ao livro de um amigo, tomou partido pelo seu professor Pierre de l'Estoile num texto que explorava a disputa entre este e Andrea Alciati, talvez por lealdade e nacionalismo. O que prova que o Calvino de 1531 ainda não é um reformador mas, acima de tudo, um humanista. Neste mesmo ano morre o pai, Gerard Cauvin. Calvino vai a Bourges, a Orleães e regressa de novo a Paris, onde se instala em Chaillot.

O humanista Erasmo de Roterdão também se interessou pela obra de Séneca.

Em 1532, foi doutorado em Direito em Orleães. O seu primeiro trabalho publicado foi um comentário sobre o texto do filósofo romano Séneca "De Clementia"[4]. Calvino cobriu os custos da publicação do livro com dinheiro do seu próprio bolso. Aos 23 anos era já um famoso humanista, seguindo os passos de Erasmo de Roterdão, que também escreveu sobre Séneca nestes anos. Em "De Clementia" não há da parte de Calvino uma alusão explicitamente religiosa. É antes uma obra que reflecte o estoicismo de Séneca e a predestinação no sentido estoico. Séneca escrevera o texto como forma de apelar Nero à moderação e à razão.

Até 1532 não há, como se viu, qualquer indício de que Calvino tenha aderido à nova fé - nos seus diferentes focos e graus que surgem pela Europa - onde o luteranismo surge como um movimento mais moderado e os anabaptistas como uma força mais radical.

A conversão de Calvino ao protestantismo permanece envolta em mistério. Sabe-se apenas que ela se deu entre 1532 e 1533 (Calvino tem 23 ou 24 anos). Um texto escrito por Calvino em 1557 como prefácio ao seu comentário sobre os salmos oferece-nos alguns parcos pormenores:

"Após tomar conhecimento da verdadeira fé e de lhe ter tomado o gosto, apossou-se de mim um tal zelo e vontade de avançar mais profundamente, de tal modo que apesar de eu não ter prescindido dos outros estudos, passei a ocupar-me menos com eles. Fiquei estupefacto, quando antes mesmo do fim do ano, todos aqueles que desejavam conhecer a verdadeira fé me procuravam e queriam aprender comigo - eu, que ainda estava apenas no início! Pela minha parte, por natureza algo tímido, sempre preferi o sossego e permanecer discreto, de modo que comecei a procurar um pequeno refúgio que me permitisse recolher dos Homens. Mas, pelo contrário, todos os meus refúgios se tornavam em escolas públicas. Em resumo, apesar de eu sempre ter pretendido viver incógnito, Deus guiou-me por tais caminhos, onde não encontrei sossego, até que ele me puxou para a luz forte, contrariando o meu carácter, e como se costuma dizer, me colocou em jogo. E, na verdade, deixei a França e dirigi-me para a Alemanha para que ali pudesse viver em local desconhecido, incógnito, como sempre tinha desejado."

Note-se que a França e Alemanha não existiam no sentido de hoje, como estados, mas sim em termos de zonas de língua francesa ou alemã.

Entretanto, o papa Clemente VII pressionava o rei de França a reprimir os protestantes franceses. Em bulas de 30 de agosto de 1533 e de 10 de novembro do mesmo ano, o papa exortava à "aniquilação da heresia luterana e de outras seitas que ganham influência neste reino". Os dois encontraram-se, então, nesse mesmo ano, em Marselha, onde discutiram entre outras coisas a "guerra contra os turcos, lá fora, e a repressão das heresias cá dentro".

O discurso de Nicolas Cop

Retrato de Calvino jovem (da coleção da Biblioteca de Genebra).

Em 1 de novembro de 1533, o novo reitor da Universidade de Paris, o humanista Nicolas Cop, proferiu um discurso de abertura do ano lectivo na Igreja dos Franciscanos, em Paris, frente aos mais altos representantes das quatro faculdades: Teologia, Direito, Medicina e Artes. O seu discurso fazia eco de temas facilmente associados à nova teologia da reforma. Nesse discurso, Nicolas fez, particularmente, o paralelismo entre a perseguição aos primeiros cristãos e a que ocorria agora, século XVI, na França, e que visava os cristãos protestantes. Argumentava: Não eram também chamados de heréticos os primeiros seguidores do cristianismo? O resultado foi a perseguição do próprio Nicolas Cop, que teve de se refugiar em Basileia.

Simultaneamente, João Calvino fugia também de Paris. O seu quarto no Collège de Fortet foi revistado, e seus papéis e correspondência foram confiscados. Calvino encontrou refúgio em Angoulême, em casa do seu amigo Du Tillet.

Não foi até hoje esclarecido completamente o que se passou. Encontrou-se, contudo, em Genebra, um fragmento do discurso de Nicolas Cop, escrito pela mão de Calvino. O documento original completo encontra-se em Estrasburgo. Foi levantada a tese de que Calvino poderia, pelo menos, ter participado na elaboração do discurso.

Calvino permaneceu em Angoulême até abril de 1534, altura em que se dirige a Nérac, onde se encontra com Lefèvre d'Étaples. Regressa depois a Noyon, onde em maio de 1534 renunciou às suas "benefices". Voltou, então, a Paris e a Orleães.

A Psychopannychia

Em 1534, Calvino escreveu o seu segundo livro, que foi também o primeiro sobre religião. Chamaou-se "Psychopannychia", palavra que deriva do grego e que significa: "A vigília da alma"[5]. A tradução francesa "Psychopannychia, un traité sur le sommeil de l'âme" ("A vigília da alma - contra o sono da alma") introduziu a frase "sono da alma" como uma descrição crítica da crença na mortalidade da alma, ou "mortalismo cristão", que foi ensinada por Martinho Lutero, entre outros.[4]. É um livro relativamente pouco conhecido, em comparação com as outras obras de Calvino. Calvino fez uma crítica severa aos anabaptistas, que acusou de serem uma seita tresmalhada. O livro colocou questões teológicas, mais do que oferecer respostas. Calvino, nos seus 24 anos de idade, estava em processo de busca. Defendeu nessa obra a imortalidade da alma. O título completo era: "Psychopannychia - tratado pelo qual se prova que as almas permanecem vigilantes e vivas uma vez que tenham deixado os corpos, o que contraria o erro de alguns ignorantes que sustentam que elas dormem até ao último momento" - o que é, também, um ataque aos anabaptistas. Apesar de escrito em 1534, o livro foi apenas publicado em 1542.

O caso dos cartazes de 1534 ou o caso dos Placards

Em 18 de outubro de 1534, a história do protestantismo francês viveu um dos seus momentos mais tensos: a disputa dos placards (paineis ou cartazes). Os placards, de 37cm por 25cm, afixados em vários locais, criticavam a celebração da missa tal como ela era realizada oficialmente pela igreja católica. O ano de 1534 foi o da criação da Companhia de Jesus e da organização do papa Paulo III, que viria a excomungar o rei Henrique VIII, o criador da Igreja Anglicana.

Calvino ajudou seus conterrâneos picardos Antonie Marcout e Fefevre d´Etaples a espalhar os cartazes em algumas cidades próximas a Paris condenando a missa como blafematória. Os placards foram vistos em Paris, em Orleans e até em Amboise, onde residia o rei Francisco I. Estava decretada a perseguição aos reformados. Os protestantes pregaram proclamações contra a missa até na própria porta do rei, no Castelo de Amboise.

Até então, o rei francês Francisco I tinha mostrado muita abertura de espirito, sem hesitar aliar-se aos protestantes da Alemanha ou ao sultão. Em represaria ao que ficou chamada affaire des placards, ordenou a caça aos heréticos. Depois de anos de trégua, a intolerância religiosa recomeçaria.

Etapa em Basileia

Emblema da cidade de Basileia.

Em janeiro de 1535, Calvino dirigiu-se (alguns sustentam que teria fugido) para Basileia, cidade onde viveu até março de 1536. Basileia era uma cidade conhecida por ter sido o lar de Erasmo de Roterdão e do reformador Johannes Oekolampad, falecido em 1531, sendo o seu seguidor Oswald Mykonius.

A tradução da bíblia de Olivétahn

Em 1535 é publicada a primeira bíblia traduzida por um protestante, em francês. Tratava-se de uma tradução directa do hebraico (o antigo testamento) e do Grego (o novo testamento) - línguas originais das escrituras - e não das versões então em uso, em latim. Algo totalmente natural no século do humanismo e de Erasmo de Roterdão. O autor é Olivétan, aliás Pierre Robert (1506-1538), primo de João Calvino e proveniente também de Noyon. Foi publicada em Neuchâtel por Pierre de Vingle.

Apesar de Pierre Robert ter demonstrado um bom conhecimento de hebraico e grego, o seu estilo de escrita foi considerado de difícil compreensão, além de uma certa falta de fluidez discursiva. O texto foi revisto (com a colaboração de Calvino) e publicado novamente em 1546.

O Édito de Coucy

Em 16 de julho de 1535, o rei Francisco I de França fez publicar o Édito de Coucy, uma medida de contemporização para com os protestantes e que corresponde também a uma nova guerra de Francisco I contra o imperador Carlos V (Guerra de 1535-1538).

Francisco I precisava do apoio dos protestantes alemães para o esforço de guerra e não convinha, necessariamente, perseguir os luteranos na França. Foi prometido que se deixariam os protestantes em paz desde que vivessem como "bons cristãos" e renunciassem à sua fé. Mas, em dezembro de 1538, o Édito de Coucy foi suspenso e as perseguições aos protestantes retomaram a intensidade anterior.

Institutio religionis Christianae

Em março de 1536, foi publicada em Basileia a primeira edição de "Institutio religionis Christianae". No prefácio, mencionava a sua estadia em Basileia, "enquanto na França são queimados na fogueira crentes e pessoas santas". Falava de santos mártires. Dirigiu-se no livro ao rei Francisco I de França, que procurava convencer das boas intenções da Reforma Protestante . Ao mesmo tempo, a sua teologia começava a adquirir contornos mais marcados e mais autónomos em relação ao luteranismo. Uma tendência que se fortaleceria no futuro. Criticava a vida dos mosteiros, que comparava a bordéis. Calvino pretendia não só a reforma da Igreja mas de todos os indivíduos. A institutio é "a organização da sociedade daqueles que acreditam em Jesus Cristo".

Em março de 1536, Calvino viajou até Ferrara na companhia de Louis Du Tillet. Calvino esperava um acolhimento aberto às ideias protestantes na sua estadia em Ferrara. Enganava-se. Teria de interromper a visita logo em abril. Foi então até Paris. Mas Calvino não teria futuro em França. Numa carta ao amigo Nicolas Duchemin, comparou a sua situação com a dos judeus no Egipto. A França era o seu Egipto. Queixou-se na mesma carta dos rituais da missa, considerando-os idólatras. Calvino saiu definitivamente da França em 1536, procurando terras politicamente independentes da França e de espíritos mais abertos para a reforma. Dirigiu-se, então, para cidades dos territórios que hoje constituem a Suíça.

A reforma em Genebra

Genebra era nesta altura já uma cidade de espíritos progressivos e abertos para a Reforma Protestante. Politicamente, a cidade estava desde 1285 sob vassalagem aos condes de Saboia ou à casa episcopal (ao bispo de Genebra), quase sempre ocupada por um bispo também da casa de Saboia desde que o papa Félix V (Amadeu VIII de Saboia) se auto-nomeou bispo da cidade. Na prática, no entanto, Genebra era quase uma cidade-estado, uma república que desde cedo se emancipou na conquista da sua liberdade municipal.

Em 1522 iniciou-se um conflito entre os pejorativamente chamados "mamelucos", que eram conservadores e partidários da casa de Saboia e os "confederados" (alemão: Eidgenossen; francês: Eidguenot) de onde possivelmente se formará a palavra huguenotes (francês: huguenot). Estes últimos opunham-se a Saboia. Em 1524, Carlos III, Duque de Saboia, tinha ocupado militarmente Genebra. Porém, em 1526, Genebra decidiu-se pela união com os cantões suíços de Berna e Friburgo, iniciando-se no caminho helvético. A reforma protestante não teve um papel determinante neste processo, segundo Bernard Cottret.[2] Mas a partir daqui começaramm a reunir-se em Genebra elementos da Reforma. Em 1533, houve o primeiro culto protestante de que há conhecimento nesta cidade. São então cunhadas moedas com a inscrição: "Post tenebras lux" ("após as trevas, a luz").

O ano de 1536 marcou uma viragem na cidade de Genebra. Neste ano, a reforma foi adaptada oficialmente pela cidade. Os clérigos da igreja católica foram intimados a deixar de celebrar a missa como o faziam, com o cerimonial papista e seus abusos (idolatria, aos olhos dos protestantes) e a juntarem-se aos protestantes. Num novo fôlego de zelo religioso, as raparigas foram obrigadas a usar o véu, cobrindo os seus cabelos. Já desde 1532 que se registavam ataques e destruições de imagens religiosas, estátuas, figuras, etc. A adoração destas figuras era vista pelos protestantes como idolatria. Houve um episódio carismático deste fenómeno: num destes ataques à "idolatria papista", uma multidão apoderou-se de cerca de 50 hóstias de um padre, dando-as a comer a cão. "Se as hóstias pertencem mesmo ao corpo de Deus, não se irão deixar comer por um cão!" - é argumentado. Em junho de 1536, são abolidos em Genebra, por decisão de um conselho, todos os feriados, excepto os domingos. Todas estas transformações deram-se sem a influência de Calvino. Aliás, ainda nem sequer aí tinha chegado.

Chegada de Calvino a Genebra

Genebra nos dias de hoje, uma das cidades mais ricas do mundo.

1536 é também o ano da chegada de Calvino a Genebra. Calvino tinha nessa altura 26 anos.

Após a estadia em Ferrara, na primavera de 1536, Calvino tinha estado em Paris, aproveitando-se de um período de relativa calma na perseguição aos protestantes. Tratou de assuntos pessoais e da família. Em junho, faz em Paris uma procuração em nome do seu irmão. Em julho de 1536, João Calvino, pretendendo dirigir-se a Estrasburgo, iniciou a viagem, juntamente com o irmão Antoine e a irmã Marie. Em vez de tomar o caminho mais curto, Calvino fez um desvio pelo sul, evitando a área onde a guerra entre as forças de Francisco I e Carlos V são uma ameaça. Por coincidência, Calvino chegou a Genebra, onde permaneceu, apesar de ter inicialmente pretendido continuar viagem, o que foi vivamente desaconselhado pelo reformador Guillaume Farel (na altura de 47 anos de idade)[3]. O caminho para Estrasburgo encontrava-se inseguro por causa da guerra. A Genebra que Calvino encontrou vivia ainda a agitação dos conflitos entre mamelucos e confederados.

João Calvino já tinha viajado até Estrasburgo durante as guerras otomanas, e passado através dos cantões da Suíça. Aquando da sua estadia em Genebra, Guillaume Farel pediu ajuda a Calvino na sua causa pela igreja. Calvino escreveu sobre este pedido: "senti como se Deus no céu tivesse colocado a sua poderosa mão sobre mim para barrar-me o caminho"". Após 18 meses, as mudanças de Calvino e Farel levariam à expulsão de ambos.

A disputa teológica de Lausana

Entre 1 e 8 de outubro de 1536, teeve lugar na Catedral de Notre-Dame em Lausana uma disputa teológica entre protestantes e católicos, na qual Calvino e Farel participaram. Este tipo de conferências de disputa teve por modelo os debates que Ulrico Zuínglio tinha organizado em Zurique (1523) e Berna (1528). Do lado católico encontrava-se Pierre Caroli, que iria acusar, em Berna, Calvino e Farel de heresia. Calvino foi também acusado por Caroli de arianismo.

A saída atribulada de Genebra

A 16 de janeiro de 1537, as autoridades da cidade de Genebra aprovaram o documento escrito pelo líder protestante Farell, que se destinava a servir de confissão de fé e orientação para todos os habitantes de Genebra. Calvino fez também algumas sugestões, parte das quais foram rejeitadas. Cerca de vinte artigos dispõem, entre outras coisas, que os idólatras, querulantes, assassinos, ladrões, bêbados (entre outros) sejam futuramente excomungados. As lojas deviam fechar ao domingos, assim que soassem os sinos da igreja.

Estas disposições, apesar de aceites pelas autoridades criaram atritos com Farell e Calvino. O estigma da excomunhão é extremamente discriminador e destruidor de relações sociais no século XVI.

Em março, os líderes anabaptistas de origem holandesa Hermann de Gerbihan e Benoît d'Anglen são expulsos de Genebra, juntamente com os seus seguidores.

Em abril de 1537, por sugestão de Calvino, foi constituído um "syndic" (síndico) que teve por objectivo ir de casa em casa e inquirir sobre a confissão dos moradores. A acção foi contestada. Alguns moradores recusaram-se a pronunciar-se sobre a sua fé.

Em junho de 1537, as autoridades de Genebra decidiram que o domingo seria o único dia feriado. Futuramente nenhum outro feriado seria considerado.

O dia 30 de outubro foi definido como o prazo para todos os moradores de Genebra se pronunciarem quanto à sua religião. Aqueles que não reconhecem os decretos de Farell são obrigados a deixar a cidade em 12 de novembro.

Após esta data, a situação complicou-se para Farell e Calvino. Particularmente provocante foi o facto de um estrangeiro (francês), como Calvino, decidir sobre a excomunhão e expulsão de habitantes naturais de Genebra. As autoridades, perante estes protestos, passam a ser mais críticas para com os líderes protestantes.

A 3 de fevereiro de 1538 foram eleitos para as autoridades da cidade de Genebra quatro pessoas que eram inimigos de Calvino e dos protestantes. Em março, estas novas autoridades proibiram Calvino e Farell de se pronunciarem sobre assuntos não religiosos.

Calvino e Farell negaram-se a celebrar a comunhão de acordo com a tradição de Berna. Foram proibidos de celebrar os serviços religiosos. No entanto, no domingo seguinte, 21 de abril de 1538, Farell e Calvino celebraram o culto de Ceia como habitualmente, Farell na Igreja de Saint-Gervais e Calvino na de Saint-Pierre. As autoridades deram-lhes três dias para saírem da cidade.

Estrasburgo

Em 1538, Farell irá refugiar-se em Neuchâtel. Calvino dirige-se a Estrasburgo, após ter inicialmente pretendido ir para Basileia. Estrasburgo era na altura parte da zona de língua alemã, mas a proximidade da fronteira com a França significava que ali se tinha desenvolvido uma comunidade de exilados franceses. Tal como em Genebra Farell reconhecera o potencial de Calvino, em Estrasburgo Martin Bucer foi o protector de Calvino. Durante três anos, Calvino dirigiu em Estrasburgo uma igreja de protestantes franceses, a convite de Bucer.

Segundo o biógrafo Courvoisier, Estrasburgo foi a cidade onde Calvino tornou-se verdadeiramente Calvino. O seu sistema de pensamento foi lá consubstanciado em algo de mais marcadamente original. A sua obra Institutio lá foi re-editada (1539). Era então três vezes maior do que a primeira edição.

Em outubro de 1539, Pierre Caroli chegou a Estrasburgo, onde permaneceu pouco tempo. Caroli e Calvino, inimigos desde há anos, tiveram uma disputa. Caroli estava então algures entre o catolicismo e o protestantismo. Ele acusou Calvino de o ter confundido na sua fé. Calvino sofreu uma crise nervosa.

Neste outono de 1539, Calvino escreveu também um comentário à carta de Paulo aos Romanos. Este tema é particularmente querido do protestantismo, porque ali se encontra a justificação através da fé como a base de sustentação do movimento protestante, pois somente a fé salva e justifica. A igreja é por este prisma mais uma comunidade de crentes do que um enquadramento jurídico. Os sacramentos só recebem o seu sentido através da fé. Sem fé não têm qualquer efeito. Já Lutero tinha destacado a carta de Paulo aos romanos como o cerne do Novo Testamento e o mais alto do evangelho.

Matrimônio

Em Estrasburgo, Calvino casou-se em agosto de 1540 com a viúva Idelette de Bure, que tinha sido previamente adepta do anabaptismo. Traz duas crianças do seu prévio casamento. Calvino tem 31 anos de idade. A cerimónia do casamento foi dirigida por Guillaume Farel.

Em 1541 a peste negra (ou peste bubónica) recrudesceu em Estrasburgo. Idelette e as duas crianças procuram abrigo em casa de um irmão dela, nas redondezas.

Regresso a Genebra

Após a expulsão de Calvino, Genebra tinha adoptado os ritos de Berna. O natal, ascensão de Cristo e outras festividades cristãs voltaram a ser praticadas. Mas os católicos e os anabaptistas continuavam a ser perseguidos e "convidados" a deixar a cidade. A 18 de março de 1539 o jogo tinha sido proibido em Genebra. Pedintes e vagabundos eram expulsos da cidade. A ausência de Calvino não tinha significado qualquer laxismo na moral estrita imposta na cidade.

As relações de Genebra com Berna permanecem tensas. Entretanto, os líderes que se opunham a Calvino (os chamados "artichoques") começaram a perder influência. Foram acusados de simpatia por Berna. Jean Philip (João Filipe), um de seus líderes, foi torturado e decapitado em 1540. Os oponentes, favoráveis a Calvino, chamados de "guillermins" ganham o poder.

Calvino foi convidado em outubro de 1540 a regressar a Genebra, para reaver o seu posto na igreja, tal como o tivera antes da expulsão. A 13 de setembro de 1541, Calvino chegou pela segunda vez a Genebra, mas, desta vez definitivamente. Começou, então, a organizar e estruturar, de acordo com as linhas bíblicas, os ministérios e a acção dos professores e diáconos.

Zelo religioso radical

Estátua de João Calvino no Museu Internacional da Reforma Protestante de Genebra.

São ainda de 1541 as propostas de Calvino, no sentido da reorganização da igreja. As "Ordonnances de 1541" dispuseram a formação de quatro corpos:

  • Pasteurs (pastores, que pregam)
  • Docteurs (ensinam)
  • Anciens (os mais velhos, que chamam à ordem aqueles que prevaricam)
  • Diacres (diáconos, que ocupam-se dos pobres e doentes) - mendigar é estritamente proibido

Foi decidida também a criação de um consistório - composto de elementos da igreja e de laicos - que se reúne regularmente para julgar os comportamentos individuais, como um tribunal, "de acordo com a palavra de Deus", sendo a excomunhão de pessoas a mais grave sentença que pode decidir.

A eucaristia só era praticada quatro vezes por ano.

Em 1542 Calvino publicou em Genebra o seu livro de catecismo: "Catéchisme de l'Église de Genève, c'est-a-dire, le formulaire d'instruire les enfants en la chrétienté". A chave do projecto de Calvino passava pela pedagogia. O seu objectivo era a profunda transformação das mentalidades. Cada resquício de superstição, de práticas de magia, ou de catolicismo era perseguido como idolatria.

O consistório, do qual Calvino fazia parte, ocupava-se desses e de outros casos. Refiram-se alguns:

  • Em 1542, uma mulher chamada Jeanne Petreman foi acusada de se recusar a participar da eucaristia, de dizer o pai-nosso em língua "romana" e de proclamar que a Virgem Maria era a sua defensora. Dizia também que se negava a acreditar noutra fé que não a sua. Foi excomungada.
  • Em 2 de setembro de 1546, apareceu em Genebra um franciscano que pedia na rua um jantar em nome de Deus e da Virgem Maria. Devemos pressupor que ele obteve o seu jantar mas foi também levado ao consistório, que logo constatou que o "papista" mal conhecia a Bíblia, além de ser inofensivo. Foi expulso da cidade, para o lado da fronteira, com os católicos.
  • A 23 de junho de 1547 compareceram perante o consistório várias mulheres que tinham sido apanhadas a dançar - uma delas era a esposa de um dos membros do consistório. O caso ganhou contornos de escândalo. As mulheres foram condenadas a alguns dias de prisão, apesar de vários apelos. Em reacção à decisão, foram colocados na cidade cartazes contra Calvino. O autor dos cartazes, Jacques Gruet, foi torturado. Depois de confessar a sua autoria, foi executado.
  • Em 1548, Louis Le Barbier foi interrogado sobre a sua fé. Declarou que não tinha fé. Entretanto, descobriram livros de bruxaria e de escórnio na sua posse. Foi admoestado perante o consistório mas não foi perseguido.

Os nomes de baptismo são regulamentados. Devem ser nomes que figuram na Bíblia. Um decreto de 22 de novembro de 1546 dispôs que certos nomes eram proibidos, entre os quais:

  • Suaire, Claude, Mama (lembram a idolatria)
  • Baptistes, Juge, Evangéliste
  • Dieu le Fils, Espoir, Emmanuel, Sauveur, Jésus (destinados apenas a nosso senhor)
  • Sépulcre, Croix, Noël, Pâques, Chrétien (nomes estúpidos ou absurdos)

O luxo e a pompa eram desprezados. Em setembro de 1558, Nicolas des Gallars, um amigo de Calvino, iniciou uma grande campanha na cidade em desprezo do supérfluo, as modas entre as mulheres e as más leituras. Foram queimados vários exemplares do livro "Amadis de Gaula", na posse de um comerciante. O zelo religioso tomava a forma de censura moral.

Peste Negra em Genebra

Em 1542, há um surto de peste negra em Genebra. A peste negra permanecia então um fenómeno incompreensível - para lidar com a epidemia, era normal que se multiplicassem os casos de feitiçaria e de rituais contra a peste. Este tipo de práticas já eram conhecidos em Genebra antes da reforma e, tal como antes, os protestantes replicavam com a perseguição, tortura e morte dos suspeitos. Aquelas que são identificadas como bruxas são queimadas vivas, enquanto se propaga a ideia de que estas desgraças são um castigo de Deus.

Em 1542, o filho de Calvino, Jacques, morreu pouco depois de nascer em 28 de julho.

A caça às bruxas foi um fenômeno da Idade Moderna, uma espécie de onda persecutória que atingiu a Europa Central e Ocidental. Era praticada principalmente pelos magistrados das cidades. Por conta das epidemias que surgiram em Genebra, em 1545, foram julgados 43 "fomentadores de peste", dos quais 39 foram executados (90 % dos casos). [6]

Crescimento demográfico

A partir de 1542 e sobretudo na década de 1550, a cidade de Genebra conheceu um grande crescimento demográfico, com a chegada de refugiados franceses, protestantes perseguidos em França. Consequentemente, há uma fase de expansão económica (relojoaria e tecelagem) e a língua francesa começoy a ter preponderância sobre o dialecto franco-provençal da região.

Mas também foi uma época marcada pelo crescimento de sentimentos xenófobos, em parte devidos a ressentimentos contra Calvino:

  • Em janeiro de 1546 foi preso Pierre Ameaux, que tinha injuriado publicamente Calvino, ao referir-se a este como um "picard", pregador de uma falsa fé.
  • Um outro senhor Ameaux foi preso mais tarde por razões semelhantes. Este senhor tinha boas razões para não gostar do extremo zelo religioso imposto por Calvino, já que era fabricante de cartas de jogo. Foi condenado a percorrer a cidade de uma ponta à outra, descalço, em camisa, com uma vela na mão.
  • A 23 de setembro de 1547, François Favre compareceu em tribunal por ter afirmado que Calvino se auto-nomeara bispo de Genebra e que os franceses tinham escravizado a sua cidade natal.
  • Mais tarde, em 1548, um senhor chamado Nicole Bromet declarou que os franceses deveriam ser todos colocados num barco e enviados pelo rio Reno abaixo.

Em 1547, Henrique II de França sucedeu a Francisco I. Henrique foiá um rei menos reconhecido, em comparação com Francisco. Foi caracterizado como menos carismático, menos entusiasta pelas artes e ciências, mais introvertido e frio.

Em 29 de março de 1549 morreu Idellete Calvino, após doença [4]. Calvino não tornou a casar. Dedicou-se ainda mais decididamente ao trabalho.

Em 1550, a repressão dos huguenotes em França cresceu. Foi estabelecida a chambre ardente. A censura foi fortalecida.

Miguel Servet

Estátua de Miguel Servet na praça Aspirant Dunand, em Paris. Miguel Servet foi um cientista e reformador protestante, sentenciado à morte a fogueira por suas ideias teológicas pelo Conselho de Genebra.

Miguel Servet foi um cientista e reformador, primeiro a descrever a circulação pulmonar,[7] condenado à morrer na fogueira por suas idéias teológicas pelo Conselho de Genebra. A relação entre Servet e Calvino inicia-se em 1553, quando Servet publicou uma obra religiosa com exibições anti- trinitárias, intitulada Restituição do Christianismo, um trabalho que rejeitou a ideia de predestinação e que Deus condenava almas para o inferno, independentemente do valor ou mérito. Deus, insistiu Servet, não condenaria ninguém, Calvino, que havia recentemente escrito o resumo de sua doutrina em Institutas da Religião Cristã, considerou o livro de Servet um ataque a suas teorias, e enviou uma cópia de seu próprio livro como resposta. Servet prontamente devolveu, cuidadosamente anotando observações críticas. Servet escreveu a Calvino "eu não te odeio, nem te desprezo, nem quero vos perseguir, mas eu gostaria de ser tão duro como o ferro, quando eis que insultaste a doutrina com som e audácia tão grande."

As resposta de Calvino ficaram cada vez mais violentas, até que ele parou de falar com Servet.[8] Servet enviou diversas outras cartas, mais Calvino se recusou à respondê-las e considerou-as heréticas. [9] Posteriormente Calvino demonstrou suas opinões sobre Servet, quando escreve ao seu amigo Guilherme Farel em 13 de fevereiro de 1546:

Servet acaba de me enviar um volume considerável dos seus delírios. Se ele vir aqui (...), se minha autoridade valer algo, eu nunca lhe permitiria sair vivo ("Si venerit, modo valeat mea autoritas, patiar nunquam vivum exire"). [10]

Em 13 de agosto de 1553, Servet passou em Genebra, e quando ouvia um sermão de Calvino em Genebra e foi imediatamente reconhecido e preso. [11] Calvino insistiu na condenação de Servet usando todos os meios ao seu comando.

Em seu julgamento pelo Conselho de Genebra, segundo a maioria dos historiadores, Servet foi condenado pela difusão e pregação do antitrinitarismo e por ser contra o batismo infantil.[12] O procurador (procurador-chefe público), acrescentou algumas acusações como "se ele não sabia que sua doutrina era perniciosa, considerando que ela favorece os judeus e os turcos, por inventar desculpas para eles, e se ele não estudou o Alcorão, a fim de desmentir e rebater as doutrina e a religião das igrejas cristãs(...)".

Calvino acreditava que Servet mereceu ser morto por causa do que ele denominou como "blasfêmias execráveis". Todavia, não concordou que ele fosse morto à fogueira, mas sim à guilhotina. Porém, o Conselho não deu ouvidos à Calvino.[13] Calvino então consultou outros reformadores sobre a questão de Servet, como os sucessores imediatos de Martinho Lutero,[14] bem como reformadores de locais como Zurique, Berna, Basel e Schaffhausen, todos concordaram universalmente com sua execução.[14] Em 24 de outubro Servet foi condenado à morte na fogueira por negar a Trindade e o batismo infantil. Calvino sugeriu que Servet fosse executado por decapitação, em vez de fogo, mais seu pedido não foi atendido.[15] Em 27 de outubro de 1553 a pena foi aplicada nos arredores de Genebra com o que se acreditava ser a última cópia de seu livro acorrentado a perna de Servet.[16] Após o ocorrido Calvino escreveu:

Quem sustenta que é errado punir hereges e blasfemadores, pois nos tornamos cúmplices de seus crimes (…). Não se trata aqui da autoridade do homem, é Deus que fala (…). Portanto se Ele exigir de nós algo de tão extrema gravidade, para que mostremos que lhe pagamos a honra devida, estabelecendo o seu serviço acima de toda consideração humana, que não poupamos parentes, nem de qualquer sangue, e esquecemos toda a humanidade, quando o assunto é o combate pela Sua glória.[17]

Relacionamento com a reforma inglesa

Por volta de 1550, Calvino escreveu ao rei Eduardo VI de Inglaterra, um protestante, encorajando-o nas suas reformas. O rei Eduardo VI fez acolher protestantes franceses, perseguidos no país natal. Após o reinado de Eduardo VI (1547-1553) o catolicismo regressou à Inglaterra sob a liderança de Maria Tudor.

A discordância com Lutero

Martinho Lutero (retrato Lucas Cranach o Velho - 1529).

No movimento reformista, Lutero não concordou com o "estilo" de reforma de João Calvino. Martinho Lutero queria reformar a Igreja Católica,[18] enquanto João Calvino acreditava que a Igreja estava tão degenerada que não havia como reformá-la. Calvino se propunha a organizar uma nova Igreja que, na sua doutrina (e também em alguns costumes), seria idêntica à Igreja Primitiva. Já Lutero decidiu reformá-la, mas afastou-se desse objetivo, fundando, então, o protestantismo, que não seguia tradições, mas apenas a doutrina registrada na Bíblia, e cujos usos e costumes não ficariam presos a convenções ou épocas. A doutrina luterana está explicitada no "Livro de Concórdia", e não muda, embora os costumes e formas variem de acordo com a localidade e a época.

Novas dificuldades

Entre 1553 e 1555, em Genebra, a relação tensa entre a igreja - particularmente o consistório, onde Calvino era uma figura de relevo - e as autoridades seculares da cidade, eleitas entre os habitantes (ricos) da cidade, atingiu o seu auge. Discutia-se, então, a questão de saber se o consistório teria ou não o direito de excomungar pessoas, algo que se vinha a passar com relativa frequência. As amargas trocas de palavras entre estes dois pólos multiplicaram-se. Por um lado, o zelo religioso dos Calvinistas, do outro, a autoridade política da cidade. Em janeiro de 1555, houve uma procissão noturna de pessoas em Genebra, caminhando de vela na mão, com a pretensão de ridicularizar Calvino.

Apesar disso, e em parte por causa do peso relativo da população protestante francesa que se tinha refugiado na cidade, as eleições dos quatro novos "Syndics" de Genebra em Fevereiro de 1555 é favorável aos Calvinistas, que se impõem contra os "Enfants de Genève" sob a liderança de Perrin. Após as eleições, porém, há desacatos na rua entre as duas partes. Perrin e outros líderes da revolta são presos e serão decapitados e esquartejados. Os pedaços dos cadáveres foram, depois, exibidos nas ruas da cidade.

Também a doutrina da Predestinação foi muito atacada nestes anos, principalmente por um monge carmelita chamado Hiérome Bolsec, nascido em Paris, que se tinha estabelecido em Genebra. Argumentava que se Deus fosse o responsável por tudo o que se passa, então, também seria responsável pelos nossos pecados. Calvino responde que nunca disse isso e as autoridades apoiam-no. Em Berna, os críticos de Calvino foram expulsos da cidade em 1555.

Em 1555, são erguidas as primeiras igrejas calvinistas em França, nomeadamente em Paris, Meaux, Angers, Poitiers e Loudun. Nos três anos seguintes surgiram as comunidades de Orleães, Rouen, La Rochelle, Toulouse, Rennes e Lyon.

Em 8 de junho de 1558, Calvino escreve a Antoine de Bourbon, o rei de Navarra e consorte de Jeanne d'Albret, exortando-o a seguir na sua vida privada os mesmos valores ascéticos que os seus súbditos.

Entre 26 e 29 de maio de 1559, realizou-se em Paris um sínodo nacional protestante. Cerca de 30 paróquias aparecem aí representadas. O sínodo foi responsável pela elaboração de um texto de linhas orientadoras (com a participação de Calvino na sua criação), que se chamou Confession de La Rochelle (texto confirmado nesta cidade em 1571).

Em 1559 Calvino, fundou uma escola e um hospital.

Em abril de 1559, foi assinado o pacto de paz entre a França e a Espanha, em Cateau-Cambrésis.

Morte

Nos seus últimos anos de vida, a saúde de Calvino começou a vacilar. Sofrendo de enxaquecas, hemorragia pulmonar, gota e pedras nos rins foi, por vezes, levado carregado para o púlpito. Calvino continuava a ter detratores declarados que lhe dirigiam ameaças constantes.

Entretanto, apreciava passar os seus tempos livres no lago de Genebra, lendo as escrituras e bebendo vinho tinto. No fim de sua vida disse a seus amigos que estavam preocupados com o seu regime diário de trabalho: "Qual quê? Querem que o Senhor me encontre ocioso quando ele chegar?"

João Calvino morreu em Genebra a 27 de maio de 1564. Foi enterrado numa sepultura simples e não marcada, conforme o seu próprio pedido no Cimetière des Rois, Genebra na Suíça.[3][19]

Publicações de Calvino

O livro Institutas da Religião Cristã (edição genebrina de 1559).

Calvinismo

Ver artigo principal: Calvinismo

As suas publicações espalharam as suas ideias de uma igreja correctamente reformada, para muitas partes da Europa. O calvinismo tornou-se a religião principal na Escócia (Ver: John Knox), nos Países Baixos e em partes da Alemanha, tendo sido influente na Hungria e na Polónia. A maioria dos colonos de certas zonas do novo mundo, como Nova Inglaterra, eram igualmente calvinistas, incluindo os puritanos e os colonos neerlandeses que se estabeleceram em Nova Amsterdam (Nova Iorque). A África do Sul foi fundada em grande parte por colonos neerlandeses (também com franceses e portugueses) calvinistas do início de século XVII, que ficaram conhecidos como africânderes.

Em França, os calvinistas eram chamados de Huguenotes.

A Serra Leoa foi em grande parte colonizada por colonos calvinistas da Nova Escócia. John Marrant tinha organizado a congregação local sob o auspício da conexão Huntingdon. Os colonos eram na sua maioria loialistas negros, afro-americanos que tinham combatido pelos ingleses na guerra da independência americana.

Calvino, inventor do capitalismo?

O livro A ética protestante e o espírito do capitalismo (edição alemã de 1904).

São muitos os que atribuem a Calvino a invenção do capitalismo baseados na leitura do livro A ética protestante e o espírito do capitalismo, do sociólogo alemão Max Weber. Em um artigo para a revista Portugal Evangélico, em sua edição nº 933, o pastor protestante espanhol Carlos Capó rebate essa afirmação: "Tratar Calvino como fundador do capitalismo é simplesmente cair num anacronismo e num reducionismo. Não se trata de desmerecer a obra de Weber. Pelo contrário, com ela, ele levava a cabo uma meticulosa e acertada análise dos mecanismos que levaram ao desenvolvimento do capitalismo. Mecanismos, certamente relacionados com a ética protestante. Mas o capitalismo é um conceito que não pertence ao tempo de Calvino, tendo sido definido posteriormente a ele. É um conceito económico e é um conceito político sujeito a uma polémica num mundo dividido entre dois modos de entender a sociedade e a economia: o capitalista e o comunista. Querer meter Calvino nessa polémica está fora de questão".[21] Outros pensadores que contestam tal afirmação são o teólogo Franklin Ferreira[22] e o cientista da religião Antônio Máspoli de Araújo Gomes[23].

Uma leitura atenta do próprio livro de Max Weber esclarece essa confusão. Na página 81 da edição de 2004 de "A ética protestante e o 'espírito' do capitalismo" (Editora Companhia das Letras), afirma Weber: "Se portanto, para a análise das relações entre a ética do antigo protestantismo e o desenvolvimento do espírito capitalista partimos das criações de Calvino, do calvinismo e das demais seitas 'puritanas', isso entretanto não deve ser compreendido como se esperássemos que algum dos fundadores ou representantes dessas comunidades religiosas tivesse como objetivo de seu trabalho na vida, seja em que sentido for, o despertar daquilo que aqui chamamos de 'espírito capitalista'. Impossível acreditar que a ambição por bens terrenos, pensada como um fim em si, possa ter tido para algum deles um valor ético. E fique registrado de urna vez por todas e antes de mais nada: programas de reforma ética não foram jamais o ponto de vista central para nenhum dos reformadores — entre os quais devemos incluir em nossa consideração homens como Menno, George Fox, Wesley. Eles não foram fundadores de sociedades de 'cultura ética' nem representantes de anseios humanitários por reformas sociais ou de ideais culturais. A salvação da alma, e somente ela, foi o eixo de sua vida e ação. Seus objetivos éticos e os efeitos práticos de sua doutrina estavam ancorados aqui e eram, tão só, consequências de motivos puramente religiosos. Por isso temos que admitir que os efeitos culturais da Reforma foram em boa parte — talvez até principalmente, para nossos específicos pontos de vista — consequências imprevistas e mesmo indesejadas do trabalho dos reformadores, o mais das vezes bem longe, ou mesmo ao contrário, de tudo o que eles próprios tinham em mente".

Ver também

Referências

  1. Biografia de João Calvino (em português) Página visitada em 26 de maio de 2012.
  2. a b c Cottret, Bernard (2000). Calvin: A Biography. Grand Rapids, Michigan: Wm. B. Eerdmans. 0-8028-3159-1  Traduzido para o inglês do original Calvin: Biographie, Edição de Jean-Claude Lattès, 1995.
  3. a b c Alderi Souza de Matos. «João Calvino - Cronologia». Portal Mackenzie. Consultado em 31 de março de 2010 
  4. a b c d «João Calvino - Vida e Obra». 500 Anos de Calvino-IPI do Brasil. Consultado em 13 de abril de 2010 
  5. da palavra grega "pan-nychis" = "ficar acordado a noite inteira"
  6. História do medo do Ocidente. São Paulo: Companhia das Letras. 2002. p. 366  |nome1= sem |sobrenome1= em Authors list (ajuda)
  7. «Texto de Servet "CHRISTIANISMI RESTITUTIO", em que expôe suas idéias teológicas e sobre a circulação pulmonar, site "God Glorified" (em inglês)» 
  8. Downton, An Examination of the Nature of Authority, Chapter 3.
  9. Will Durant The Story of Civilization: The Reformation Chapter XXI, page 481
  10. Ibid., 2
  11. The Heretics, p. 326.
  12. Hunted Heretic, p. 141.
  13. Owen, Robert Dale (1872). The debatable Land Between this World and the Next. New York: G.W. Carleton & Co. p. 69, notes 
  14. a b Schaff, Philip: History of the Christian Church, Vol. VIII: Modern Christianity: The Swiss Reformation, William B. Eerdmans Pub. Co., Grand Rapids, Michigan, USA, 1910, página 780.
  15. The History & Character of Calvinism, p. 176.
  16. "Out of the Flames" by Lawrence and Nancy Goldstone - Salon.com
  17. John Marshall, John Locke, Toleration and Early Enlightenment Culture (Cambridge Studies in Early Modern British History), Cambridge University Press, p. 325, 2006, ISBN 0-521-65114-X
  18. História e Vida integrada. Nelson Piletti e Claudino Piletti. 2008. Editora ática. Pág.: 81. ISBN 978-85-08-10049-1.
  19. João Calvino (em inglês) no Find a Grave[fonte confiável?]
  20. Hermisten Maia Pereira da Costa. «Breve História das Institutas». Teologia Calvinista. Consultado em 13 de abril de 2010 
  21. João Calvino - desfazendo rumores
  22. Ferreira, Franklin (27 de agosto de 2014). «Uma Introdução a Max Weber e à obra "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo"» (PDF). Universidade Mackenzir  Verifique data em: |ano= / |data= mismatch (ajuda)
  23. Gomes, Antônio Máspoli de Araújo (2002). «O Pensamento de João Calvino e a Ética Protestante de Max Weber, Aproximações e Contrastes» (PDF). Universidade Mackenzie. Consultado em 27 de agosto de 2014 

Bibliografia

  • Hunted Heretic: The Life and Death of Michael Servetus 1511–1553 de Roland H. Bainton. Revised Edition edited by Peter Hughes with an introduction by Ángel Alcalá. Blackstone Editions. ISBN 0-9725017-3-8.
  • The Heretics: Heresy Through the Ages by Walter Nigg. Alfred A. Knopf, Inc., 1962. (Republished by Dorset Press, 1990. ISBN 0-88029-455-8)
  • The History and Character of Calvinism by John T. McNeill, New York: Oxford University Press, 1954. ISBN 0-1119-500743-3.

Ligações externas

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