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Música sertaneja: diferenças entre revisões

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'''Música sertaneja''' é um [[gênero musical]] do [[Brasil]] produzido a partir da [[década de 1910]] por compositores [[Cidade|urbanos]] e, [[rural|rurais]] e, outras chamada genericamente de [[Moda (música)|modas]], [[embolada]]s, e [[fado]] português cujo som da [[viola caipira|viola]] é predominante.<ref name="Música-Sertaneja-CRAVO-ALBIN">[http://www.dicionariompb.com.br/musica-sertaneja/dados-artisticos Música Sertaneja] - Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira</ref>
'''Música sertaneja''' é um [[gênero musical]] do [[Brasil]] produzido a partir da [[década de 1910]] por compositores [[Cidade|urbanos]] e, [[rural|rurais]] e, outras chamada genericamente de [[Moda (música)|modas]], [[embolada]]s, e [[fado]] português cujo som da [[viola caipira|viola]] é predominante.
Inicialmente tal estilo de música foi propagado por uma série de duplas, com a utilização de violas e dueto vocal. Esta tradição segue até os dias atuais, tendo a dupla geralmente caracterizada por cantores com [[voz]] [[tenor]] (mais aguda), nasal e uso acentuado de um [[falsete]] típico. Enquanto o estilo vocal manteve-se relativamente estável ao longo das [[década]]s, o ritmo, a instrumentação e o contorno melódico incorporaram aos poucos elementos de gêneros disseminados pela [[indústria cultural]].<ref name="Música-Sertaneja-CRAVO-ALBIN"/><ref name="Música-Sertaneja-CRAVO-ALBIN" />
Inicialmente tal estilo de música foi propagado por uma série de duplas, com a utilização de violas e dueto vocal. Esta tradição segue até os dias atuais, tendo a dupla geralmente caracterizada por cantores com [[voz]] [[tenor]] (mais aguda), nasal e uso acentuado de um [[falsete]] típico. Enquanto o estilo vocal manteve-se relativamente estável ao longo das [[década]]s, o ritmo, a instrumentação e o contorno melódico incorporaram aos poucos elementos de gêneros disseminados pela [[indústria cultural]].


Tais modificações dentro do gênero musical têm provocado muitas confusões e discussões no país a cerca do que seria música caipira/sertaneja. Críticos literários, críticos musicais, jornalistas, produtores de discos, cantores de duplas sertanejas, compositores e admiradores debatem sobre as quais seriam as formas artísticas de expressão do gênero, que levam em conta as mudanças ocorridas ao longo de sua história. Muitos estudiosos seguem a tendência tradicional de integrar as músicas caipira e sertaneja como subgêneros dentro um só conjunto musical, estabelecendo fases e divisões: de [[1929]] até [[1944]], como "música caipira" (ou "música sertaneja raiz"); do [[Segunda Guerra Mundial|pós-guerra]] até a [[década de 1960]], como uma fase de transição da velha música caipira rumo à constituição do atual gênero sertanejo; e do final dos [[década de 1960|anos sessenta]] até a atualidade, como música "sertaneja romântica".<ref name="Música-Sertaneja-Uberlândia(Relato)-TUPINAMBA-ULHOA">[http://www.anppom.com.br/anais/anaiscongresso_anppom_1995/muscompairel6.htm Música Sertaneja em Uberlândia na Década de 1990 (Relato)] - Por Marta Tupinamba de Ulhôa</ref> Outros no meio acadêmico, no entanto, consideram "música caipira" e "música sertaneja" gêneros completamente independentes, baseado na ideia de que a primeira seria a música rural autêntica e/ou do homem rural autêntico, enquanto a segunda seria aquela feita, como "produto de consumo", nos grandes centros urbanos brasileiros por não-[[caipira]]s.<ref>MARTINS, José de Souza. “Música sertaneja: a dissimulação na linguagem dos humilhados” in Capitalismo e tradicionalismo: estudos sobre as contradições da sociedade agrária no Brasil. São Paulo, Pioneira, 1975.</ref><ref>CALDAS, Waldenyr. Acorde na aurora: música sertaneja e indústria cultural. 2ª ed. São Paulo, Ed. Nacional, 1979.</ref> Outros autores estendem o conceito de música caipira/sertaneja ao [[Baião (música)|baião]], ao [[xaxado]] e outros ritmos do interior do [[Norte do Brasil|Norte]] e [[Nordeste do Brasil|Nordeste]].<ref name="Música-Sertaneja-CRAVO-ALBIN" />
Tais modificações dentro do gênero musical têm provocado muitas confusões e discussões no país a cerca do que seria música caipira/sertaneja. Críticos literários, críticos musicais, jornalistas, produtores de discos, cantores de duplas sertanejas, compositores e admiradores debatem sobre as quais seriam as formas artísticas de expressão do gênero, que levam em conta as mudanças ocorridas ao longo de sua história. Muitos estudiosos seguem a tendência tradicional de integrar as músicas caipira e sertaneja como subgêneros dentro um só conjunto musical, estabelecendo fases e divisões: de [[1929]] até [[1944]], como "música caipira" (ou "música sertaneja raiz"); do [[Segunda Guerra Mundial|pós-guerra]] até a [[década de 1960]], como uma fase de transição da velha música caipira rumo à constituição do atual gênero sertanejo; e do final dos [[década de 1960|anos sessenta]] até a atualidade, como música "sertaneja romântica". Outros no meio acadêmico, no entanto, consideram "música caipira" e "música sertaneja" gêneros completamente independentes, baseado na ideia de que a primeira seria a música rural autêntica e/ou do homem rural autêntico, enquanto a segunda seria aquela feita, como "produto de consumo", nos grandes centros urbanos brasileiros por não-[[caipira]]s.Outros autores estendem o conceito de música caipira/sertaneja ao [[Baião (música)|baião]], ao [[xaxado]] e outros ritmos do interior do [[Norte do Brasil|Norte]] e [[Nordeste do Brasil|Nordeste]].


Se for adotado o critério de que música caipira e sertaneja são sinônimos, pode-se dividir este gênero musical em alguns subgêneros principais: "Caipira" (ou "Sertanejo de Raiz"), "Sertanejo Romântico" e "Sertanejo Universitário".
Se for adotado o critério de que música caipira e sertaneja são sinônimos, pode-se dividir este gênero musical em alguns subgêneros principais: "Caipira" (ou "Sertanejo de Raiz"), "Sertanejo Romântico" e "Sertanejo Universitário".
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Foi em [[1929]] que surgiu a primeira música sertaneja como se conhece hoje. Ela nasceu a partir de gravações feitas pelo [[jornalista]] e [[escritor]] [[Cornélio Pires]] de ''"[[Caipira#Contos ou causos do caipira|causos]]"'' e fragmentos de cantos tradicionais rurais do [[Interior de São Paulo|interior paulista]], sul e triângulo [[Minas Gerais|mineiros]], sudeste [[Goiás|goiano]] e [[Mato Grosso|matogrossense]].<ref name="Música-Sertaneja-CRAVO-ALBIN"/> Na época destas gravações pioneiras, o gênero era conhecido como música caipira, cujas letras evocavam o modo de vida do homem do interior (muitas vezes em oposição à vida do homem da cidade), assim como a beleza bucólica e romântica da paisagem interiorana (atualmente, este tipo de composição é classificada como "música sertaneja de raiz", com as letras enfatizadas no cotidiano e na maneira de cantar).<ref group=nota>Nesta período, segundo a professora e pesquisadora Marta de Ulhôa Carvalho, ''"os cantadores interpretavam modas de viola e toadas, canções estróficas que após uma introdução da [[viola]] (repique) falavam do universo sertanejo numa linguagem essencialmente épica, muitas vezes satírico-moralista e menos frequentemente amorosa. Os duetos em vozes paralelas eram acompanhadas pela viola caipira, instrumento de cordas duplas e vários sistemas de afinação (como cebolinha, cebolão, rio abaixo) e mais tarde também pelo violão."'' - CARVALHO, Marta de Ulhôa. Musica sertaneja em Uberlândia. Uberlândia: UFU, 1993</ref>
Foi em [[1929]] que surgiu a primeira música sertaneja como se conhece hoje. Ela nasceu a partir de gravações feitas pelo [[jornalista]] e [[escritor]] [[Cornélio Pires]] de ''"[[Caipira#Contos ou causos do caipira|causos]]"'' e fragmentos de cantos tradicionais rurais do [[Interior de São Paulo|interior paulista]], sul e triângulo [[Minas Gerais|mineiros]], sudeste [[Goiás|goiano]] e [[Mato Grosso|matogrossense]].<ref name="Música-Sertaneja-CRAVO-ALBIN">[http://www.dicionariompb.com.br/musica-sertaneja/dados-artisticos Música Sertaneja] - Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira</ref> Na época destas gravações pioneiras, o gênero era conhecido como música caipira, cujas letras evocavam o modo de vida do homem do interior (muitas vezes em oposição à vida do homem da cidade), assim como a beleza bucólica e romântica da paisagem interiorana (atualmente, este tipo de composição é classificada como "música sertaneja de raiz", com as letras enfatizadas no cotidiano e na maneira de cantar).<ref group=nota>Nesta período, segundo a professora e pesquisadora Marta de Ulhôa Carvalho, ''"os cantadores interpretavam modas de viola e toadas, canções estróficas que após uma introdução da [[viola]] (repique) falavam do universo sertanejo numa linguagem essencialmente épica, muitas vezes satírico-moralista e menos frequentemente amorosa. Os duetos em vozes paralelas eram acompanhadas pela viola caipira, instrumento de cordas duplas e vários sistemas de afinação (como cebolinha, cebolão, rio abaixo) e mais tarde também pelo violão."'' - CARVALHO, Marta de Ulhôa. Musica sertaneja em Uberlândia. Uberlândia: UFU, 1993</ref>


Além de Cornélio Pires e sua "Turma Caipira", destacaram-se nessa tendência, mesmo que gravando em época posterior, as duplas [[Alvarenga e Ranchinho]], [[Torres e Florêncio]], [[Tonico e Tinoco]], [[Vieira e Vieirinha]], entre outros, e canções populares como ''"Sergio Forero"'', de Cornélio Pires, ''"O Bonde Camarão"'' de Cornélio Pires e Mariano, ''"Sertão do Laranjinha"'', de [[Ariovaldo Pires]] e ''"Cabocla Tereza"'', de Ariovaldo Pires e João Pacífico.<ref name="Música-Sertaneja-CRAVO-ALBIN"/>
Além de Cornélio Pires e sua "Turma Caipira", destacaram-se nessa tendência, mesmo que gravando em época posterior, as duplas [[Alvarenga e Ranchinho]], [[Torres e Florêncio]], [[Tonico e Tinoco]], [[Vieira e Vieirinha]], entre outros, e canções populares como ''"Sergio Forero"'', de Cornélio Pires, ''"O Bonde Camarão"'' de Cornélio Pires e Mariano, ''"Sertão do Laranjinha"'', de [[Ariovaldo Pires]] e ''"Cabocla Tereza"'', de Ariovaldo Pires e João Pacífico.<ref name="Música-Sertaneja-CRAVO-ALBIN"/>

Revisão das 12h22min de 18 de maio de 2016

Música sertaneja
Origens estilísticas Fado, Música caipira, Embolada, Fandango, Toada
Contexto cultural Interior paulista, sul e triângulo mineiro, sudeste goiano , mato-grossense e sul mato-grossense
Instrumentos típicos Voz ,Violão, guitarra, viola, contrabaixo, sanfona, teclado, piano, violino, bateria, flauta e percussão.
Popularidade Em todo o Brasil
Formas derivadas Moda de viola
Pagode de viola
Subgêneros
Caipira (ou Sertanejo de Raiz)
Sertanejo romântico
Sertanejo dançante
Sertanejo universitário

Música sertaneja é um gênero musical do Brasil produzido a partir da década de 1910 por compositores urbanos e, rurais e, outras chamada genericamente de modas, emboladas, e fado português cujo som da viola é predominante.

Inicialmente tal estilo de música foi propagado por uma série de duplas, com a utilização de violas e dueto vocal. Esta tradição segue até os dias atuais, tendo a dupla geralmente caracterizada por cantores com voz tenor (mais aguda), nasal e uso acentuado de um falsete típico. Enquanto o estilo vocal manteve-se relativamente estável ao longo das décadas, o ritmo, a instrumentação e o contorno melódico incorporaram aos poucos elementos de gêneros disseminados pela indústria cultural.

Tais modificações dentro do gênero musical têm provocado muitas confusões e discussões no país a cerca do que seria música caipira/sertaneja. Críticos literários, críticos musicais, jornalistas, produtores de discos, cantores de duplas sertanejas, compositores e admiradores debatem sobre as quais seriam as formas artísticas de expressão do gênero, que levam em conta as mudanças ocorridas ao longo de sua história. Muitos estudiosos seguem a tendência tradicional de integrar as músicas caipira e sertaneja como subgêneros dentro um só conjunto musical, estabelecendo fases e divisões: de 1929 até 1944, como "música caipira" (ou "música sertaneja raiz"); do pós-guerra até a década de 1960, como uma fase de transição da velha música caipira rumo à constituição do atual gênero sertanejo; e do final dos anos sessenta até a atualidade, como música "sertaneja romântica". Outros no meio acadêmico, no entanto, consideram "música caipira" e "música sertaneja" gêneros completamente independentes, baseado na ideia de que a primeira seria a música rural autêntica e/ou do homem rural autêntico, enquanto a segunda seria aquela feita, como "produto de consumo", nos grandes centros urbanos brasileiros por não-caipiras.Outros autores estendem o conceito de música caipira/sertaneja ao baião, ao xaxado e outros ritmos do interior do Norte e Nordeste.

Se for adotado o critério de que música caipira e sertaneja são sinônimos, pode-se dividir este gênero musical em alguns subgêneros principais: "Caipira" (ou "Sertanejo de Raiz"), "Sertanejo Romântico" e "Sertanejo Universitário".

História

Sertanejo musical "Certos locais afastados, longe das cidades, ainda que seja mais presente sua relação com o nordeste, do interior, que encontrou vegetação e clima hostis, além da dominação política dos "coronéis", obrigando a desenvolver uma cultura de resistência, do matuto, legitimamente sertanejo, conhecedor da caatinga. Difere-se da cultura caipira, especificamente originária na área que abrange os estados de Goiás, São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Tocantins. Ali se desenvolveu uma cultura do colono que encontrou abundância de águas, terra produtiva e um clima mais ameno, típico do cerrado. É conhecida como "caipira" ou "sertaneja" a execução composta e executada das zonas rurais, do campo, a antiga moda de viola. Os caipiras, duplas ou solo, utilizavam instrumentos típicos do Brasil, como viola caipira.

Primeira era

Tonico & Tinoco.
Inezita Barroso.

Foi em 1929 que surgiu a primeira música sertaneja como se conhece hoje. Ela nasceu a partir de gravações feitas pelo jornalista e escritor Cornélio Pires de "causos" e fragmentos de cantos tradicionais rurais do interior paulista, sul e triângulo mineiros, sudeste goiano e matogrossense.[1] Na época destas gravações pioneiras, o gênero era conhecido como música caipira, cujas letras evocavam o modo de vida do homem do interior (muitas vezes em oposição à vida do homem da cidade), assim como a beleza bucólica e romântica da paisagem interiorana (atualmente, este tipo de composição é classificada como "música sertaneja de raiz", com as letras enfatizadas no cotidiano e na maneira de cantar).[nota 1]

Além de Cornélio Pires e sua "Turma Caipira", destacaram-se nessa tendência, mesmo que gravando em época posterior, as duplas Alvarenga e Ranchinho, Torres e Florêncio, Tonico e Tinoco, Vieira e Vieirinha, entre outros, e canções populares como "Sergio Forero", de Cornélio Pires, "O Bonde Camarão" de Cornélio Pires e Mariano, "Sertão do Laranjinha", de Ariovaldo Pires e "Cabocla Tereza", de Ariovaldo Pires e João Pacífico.[1]

Atualmente, a música sertaneja de raiz ainda sobrevive, sendo divulgada, por exemplo, por Mazinho Quevedo, Daniel ou Inezita Barroso, com seu programa Viola Minha Viola.

Segunda era

Milionário & José Rico.

Uma nova fase na história da música sertaneja teve início após a Segunda Guerra Mundial, com a incorporação de novos estilos como polca europeira, os instrumentos (como o acordeom e a harpa).[1] A temática vai tornando-se gradualmente mais amorosa, conservando, todavia, um caráter autobiográfico.[nota 2]

Alguns destaques desta época foram os duos Cascatinha e Inhana, Irmãs Galvão, Irmãs Castro, Sulino e Marrueiro, Palmeira e Biá, o trio Luzinho, Limeira e Zezinha (lançadores da música campeira) e o cantor José Fortuna (adaptador da guarânia no Brasil). Ao florzinha da década de 1970, a dupla que mais se destacou foi Milionário e José Rico que modernizou o sertanejo e sistematizou o uso de elementos da tradição mexicana mariachi com floreios de violino e trompete para preencher espaços entre frases e golpes de glote que produzem uma qualidade soluçante na voz.(Milionário e José Rico também são conhecidos no meio sertanejo como "Os Pais Do Sertanejo Moderno")[1] Outros nomes, como a dupla Pena Branca e Xavantinho, seguiam a antiga tradição caipira, enquanto o cantor Tião Carreiro inovava ao fundir o gênero com samba, coco e calango de sexo.

Terceira era

A introdução da guitarra elétrica e o chamado "ritmo jovem", pela dupla Léo Canhoto e Robertinho, no final da década de 1960, marcam o início da fase moderna da música sertaneja. Um dos integrantes do movimento musical Jovem Guarda, o cantor Sérgio Reis passou a gravar na década de 1970 repertório tradicional sertanejo, de forma a contribuir para a penetração mais ampla ao gênero. Renato Teixeira foi outro artista a se destacar àquela altura. Naquele período, os locais de performance da música sertaneja eram originalmente o circo, alguns rodeios e principalmente as rádios AM. Já a partir da década de 1980, essa penetração estendeu-se às rádios FM e também à televisão - seja em programas semanais matutinos de domingo ou em trilhas sonoras de novela ou programas especiais.[nota 3]

Durante os anos oitenta, houve uma exploração comercial massificada do sertanejo, somado, em certos casos, à uma releitura de sucessos internacionais e mesmo da Jovem Guarda. Dessa nova tendência romântica da música sertaneja surgiram inúmeros artistas, quase sempre em duplas, entre os quais, Milionário e José Rico (que também teve grande destaque e acensão), Trio Parada Dura, Chitãozinho & Xororó, Matogrosso & Mathias, Leandro & Leonardo, Zezé Di Camargo e Luciano, Chrystian & Ralf, João Paulo & Daniel, Chico Rey & Paraná, João Mineiro e Marciano, Gian e Giovani, Rick & Renner, Gilberto e Gilmar, além das cantoras Nalva Aguiar e Roberta Miranda. Alguns dos sucessos desta fase estão "Sonhei Com Você", de José Rico e Vicente Dias, "Fio de Cabelo", de Marciano e Darci Rossi, "Apartamento 37", de Leo Canhoto, "De Igual Pra Igual", de Roberta Miranda e Matogrosso, "Pense em Mim", de Douglas Maio, "Entre Tapas e Beijos", de Nilton Lamas e Antonio Bueno, "É o Amor", de Zezé Di Camargo e "Evidências", de José Augusto e Paulo Sérgio Valle.

Houve uma crescente influência da música country norte-americana e da estética cowboy, observada nas suas vestimentas características e também no maior interesse pelas festas de rodeio e feiras agropecuárias, palcos para os novos cantores.[2]

Contra esta tendência mais comercial da música sertaneja, reapareciam nomes como da dupla Pena Branca e Xavantinho, adequando sucessos da MPB à linguagem das violas, e surgiam novos artistas como Almir Sater, violeiro sofisticado, que passeava entre as modas de viola e os blues. Na década seguinte, uma nova geração de artistas surgiu dentro do sertanejo disposta a se reaproximar das tradições caipiras, como Roberto Corrêa, Ivan Vilela, e Miltinho Edilberto.

Quarta era - Sertanejo Universitário

Atenta, a indústria fonográfica lançou na década de 2000 um movimento similar, chamado por alguns de sertanejo universitário, com nomes como Guilherme & Santiago, Maria Cecília & Rodolfo, João Bosco & Vinícius, César Menotti & Fabiano, Jorge & Mateus, Victor & Leo, Fernando & Sorocaba, Gusttavo Lima, Luan Santana, Michel Teló, Marcos & Belutti, Thaeme & Thiago, Cristiano Araújo, Lucas Lucco, Henrique & Juliano, Fred & Gustavo, Matheus e Kauan, Henrique & Diego, Israel Novaes, Munhoz & Mariano, Loubet, Pedro Paulo e Alex,João Neto & Frederico. Como esse movimento não para e ganha cada vez mais adeptos, o mercado que antes tinha como foco de surgimento de duplas e artistas sertanejos no estado de Goiás, hoje tem eleito novos ídolos do estado de Mato Grosso do Sul como a revelação escolar Luan Santana e a dupla Maria Cecília & Rodolfo. Porém, Goiás não deixou de revelar nomes no cenário nacional, surgiram os já citados Jorge & Mateus e João Neto e Frederico sem falar de artistas vinculados ao sertanejo mais massificado da década anterior, como Guilherme & Santiago, Bruno & Marrone, Edson & Hudson, e outros.

Dança sertaneja

A dança sertaneja moderna tem suas origens nas danças sertanejas brasileiras. O termo "Sertanejo" foi inicialmente cunhado pelos portugueses no período das navegações para definir o interior da nova terra, diferindo-o do litoral. Mais tarde, aplicou-se ao interior do país de um modo geral. Assim, sendo o Sertão Brasileiro extremamente vasto, compreendendo as regiões interioranas do país desde o Sul ao Nordeste brasileiro, e tendo em sua história processos de colonização e choques culturais de diversos povos, percebemos inicialmente uma pluralidade ímpar na formação das Danças Sertanejas Tradicionais. Esta mescla de gêneros europeus, indígenas e por vezes africanos originou diversas danças pelo Brasil, levando-se em conta as particularidades históricas e culturais supracitadas de cada região.

Observa-se que o estilo de Dança Sertaneja Moderna (também conhecida como Dança Caipira Sertaneja ou Sertanejo Universitário) tem se propagado e sofrido mutações com maior intensidade em regiões da Grande São Paulo e interior deste estado, como nas cidades de Taboão da Serra, Embu, Cotia, ABC Paulista e Região Metropolitana de Campinas, sendo toda esta região geográfica hoje o polo de vanguarda da Dança Sertaneja.

Podemos classificar hoje a Dança Sertaneja Moderna como pertencente á família das Danças a Dois ou Danças de Salão, que caracterizam-se pelo improviso dado pela comunicação intrínseca que ocorre entre o par durante a dança (comunicação esta chamada por seus praticantes de "condução"), onde temos um "condutor" e um "conduzido". Esta compatibilidade entre o Sertanejo e outras danças em casal acabou por gerar, na Dança Sertaneja, grande influência e incorporação de movimentos de outros gêneros de danças de salão com forte presença no Interior Paulista e Grande São Paulo, sendo em maior grau o Forró, o Samba-Rock, e o Country; e mais recentemente o Zouk e o West Coast Swing.gabriel frizon

O vanerão ou vanera tem se propagado na região sul do país, sob forte influência das culturas locais, embora possua forte ligação com o baião e o vanerão nordestino. Paralelamente é encontrado junto a outros estilos de dança em bares e bailes do gênero, assim como o country.

Na região Centro-Oeste é comum os chamados "bailões", que apresentam as músicas sertanejas de toada mais animada, predominantemente das três últimas décadas do século XX. O estilo de dança é simples, sempre em par, comumente com passos de baião e xote. O chamado "dois pra lá, dois pra cá" é o passo predominante, o que levou o estilo a se popularizar nos bailões pelo fácil acompanhamento.

Notas

  1. Nesta período, segundo a professora e pesquisadora Marta de Ulhôa Carvalho, "os cantadores interpretavam modas de viola e toadas, canções estróficas que após uma introdução da viola (repique) falavam do universo sertanejo numa linguagem essencialmente épica, muitas vezes satírico-moralista e menos frequentemente amorosa. Os duetos em vozes paralelas eram acompanhadas pela viola caipira, instrumento de cordas duplas e vários sistemas de afinação (como cebolinha, cebolão, rio abaixo) e mais tarde também pelo violão." - CARVALHO, Marta de Ulhôa. Musica sertaneja em Uberlândia. Uberlândia: UFU, 1993
  2. Segundo Marta Ulhôa, "A polca paraguaia e a guarânia caracterizam-se pela flutuação rítmica de compassos binário composto e ternário simples, em justaposição ou alternância. A canção ranchera é uma espécie de valseado, e o corrido usa a levada da polca europeia, isto é, um binário simples em andamento rápido, enfatizando os inícios de tempo do compasso e usando notas bastante rápidas na melodia." - CARVALHO, Marta de Ulhôa. Musica sertaneja em Uberlândia. Uberlândia: UFU, 1993
  3. Para Marta Ulhôa, nesta fase da música sertaneja: "os cantores alternam solos e duetos para apresentar canções, muitas vezes em ritmo de balada, que tratam principalmente de amor romântico, de clara inspiração urbana. Algumas canções classificadas como sertanejas nas paradas de sucesso são às vezes interpretadas totalmente por solistas, dispensando o recurso tradicional da dupla. Os arranjos instrumentais dessas músicas adicionam instrumentos de orquestra além da base de rock, já incorporada ao gênero. A unidade estilística da música sertaneja é conseguida pelo uso consistente do estilo vocal tenso e nasal e pela referência temática ao cotidiano, seja rural e épico na música sertaneja raiz, seja urbano e individualista na música sertaneja romântica." - CARVALHO, Marta de Ulhôa. Musica sertaneja em Uberlândia. Uberlândia: UFU, 1993

Referências

Bibliografia

  • ANTUNES, Edvan. De caipira a universitário: a história do sucesso da música sertaneja. São Paulo: Matrix Editora, 2012, [1].
  • DENT, Alexander Sebastian. River of tears: country music, memory, and modernity in Brazil. Durham, NC: Duke University Press, 2009, [2].
  • NEPOMUCENO, Rosa. Música Caipira: da roça ao rodeio. São Paulo: Editora 34, 1999, [3].
  • ALONSO, Gustavo. Cowboys do asfalto: música sertaneja e modernização brasileira. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2015.