Intervenções militares de Cuba

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Tanque PT-76 pilotado por cubanos nas ruas de Luanda (Angola), 1976

Intervenções militares de Cuba é a denominação dada para as ações militares realizadas por Cuba em várias partes do mundo após 1959 e o triunfo da Revolução Cubana. O período no qual ocorreram essas intervenções por vezes tem sido chamado pelos críticos de era do «imperialismo cubano» o «imperialismo militar cubano»[1], enquanto que na terminologia oficial cubana também pode-se encontrar o termo «internacionalismo militar cubano»,[2] e incluiria tanto as intervenções militares diretas (guerras, envio de forças militares) como indiretas (apoio logístico de governos ou de movimentos guerrilheiros, atividade do serviço de inteligência, incitação de golpes de Estado, formação ideológica, financiamento econômico[3]).

Contexto[editar | editar código-fonte]

Após o triunfo da revolução cubana, Fidel Castro promoveu uma série de intervenções em outros países latino-americanos a fim de “criar um mundo seguro para a revolução”[4], porém, Caldera comenta que “Fidel Castro soube, desde o início, que seu projeto político dependia dos recursos naturais e da riqueza de outros países para sobreviver”[3].

Com a deterioração das relações entre Cuba e Estados Unidos — que teve sua expressão máxima na invasão da Baía dos Porcos, na expulsão de Cuba da Organização dos Estados Americanos (OEA) e na Operação Mongoose — o governo cubano demonstraria seu alinhamento com a União Soviética (URSS)[1][5], embora as relações soviético-cubanas se deteriorassem com o tempo, especialmente após a decisão da Organização Latino-Americana de Solidariedade, organizada em Cuba em 1967, que proclamava a coordenação da luta armada e da guerra de guerrilha na América Latina contra o imperialismo norte-americano rompendo-se com a linha de Coexistência Pacífica da União Soviética.[6] No entanto, as intervenções cubanas foram funcionais aos interesses geopolíticos da União Soviética e em oposição à política externa dos Estados Unidos sendo realizado com o apoio técnico da República Democrática da Alemanha.[1] Todas essas intervenções tinham como elementos comuns o fato de serem dirigidas aos países do Terceiro Mundo, ajudando na implementação ou no apoio dos governos relacionados ao marxismo-leninismo, justificadas pelo governo cubano pelo internacionalismo proletário em solidariedade com os povos que desejavam ter um Estado socialista ou simplesmente se libertar do colonialismo. De acordo com Brown, as primeiras intervenções realizadas na Nicarágua, República Dominicana e Haiti em 1959 (que eram governados por ditadores na época) visavam eliminar adversários perigosos do regime, além das seguintes intervenções teriam outra função[7]:

Cuba então se vingou de todos os governos latino-americanos que não o reconheceram, bem como daqueles que aderiram ao boicote norte-americano. Fidel Castro trouxe para a ilha jovens de esquerda desses países, deu-lhes treinamento de guerrilha e depois os mandou de volta. É assim que continuou a intervir na região

Primeira Conferência da Organização Latino-Americana de Solidariedade, celebrada en Cuba, 1967

O regime comunista cubano preferiu patrocinar organizações de esquerda através da logística e financiamento na América Latina além de fazer da ilha um importante centro de formação ideológica que promoveria a formação de organizações guerrilheiras e terroristas da ideologia comunista na região[3], enquanto na África a presença militar cubana se destacou de maneira especial[8] com mais de 36.000 efetivos em 1985, especialmente em Angola (23.000) e Etiópia (12.000); dentro de Cuba, o regime justificava o envio de cubanos para as distantes guerras africanas sob o discurso de que Cuba era uma nação «latinoafricana».[1][5] Fidel Castro assim definiu as ações cubanas no encerramento do Primeiro Congresso do Partido Comunista de Cuba em 1975[9]:

"E essa é a razão pela qual os imperialistas estão irritados, entre outras, conosco. Alguns imperialistas se perguntam por que ajudamos os angolanos, que interesses nós temos ali. Eles estão acostumados a pensar que quando um país faz algo é porque você está buscando petróleo, ou cobre, ou diamantes, ou algum recurso natural. Não! Nós não procuramos nenhum interesse material, e é lógico que os imperialistas não entendem, porque são guiados por critérios exclusivamente chauvinistas, nacionalistas, egoístas.

Estamos cumprindo um dever internacionalista elementar quando ajudamos o povo de Angola! (APLAUSOS) Não buscamos petróleo, nem buscamos cobre, nem buscamos ferro, não buscamos absolutamente nada. Simplesmente aplicamos uma política de princípios. Nós não cruzamos os braços quando vemos um povo africano, nosso irmão, que de repente pode ser devorado pelos imperialistas e é brutalmente atacado pela África do Sul. Nós não cruzamos os braços e nós não cruzaremos os braços!

Assim quando os imperialistas se perguntam qual o interesse que temos, temos que dizer-lhes: olha, leiam um manual do internacionalismo proletário para que possam entender por que nós estamos ajudando em Angola."
— Fidel Castro, encerramento do Primeiro Congresso do Partido Comunista de Cuba em 1975

Durante a Guerra Fria, o governo comunista cubano chefiado por Fidel Castro deu prioridade à atuação militar como o principal papel do Estado cubano em todo o mundo, tornando as Forças Armadas Revolucionárias Cubanas (FAR) — de um país de um pequeno — na segunda maior força militar da América, depois das Forças Armadas dos Estados Unidos e, provavelmente, similares às Forças Armadas do Brasil na época.[1][5] Neste momento, Cuba era o nono dos dez maiores exércitos do mundo.[1]

A América Latina tenha superado a Europa Ocidental, em 1985, como a região com a maioria dos atos de terrorismo contra alvos dos Estados Unidos, grande parte dessa violência na década de 1980 foi causada por grupos marxista-leninistas patrocinados por Cuba.[6] Conforme o bloco socialista desmoronava ao final da década de 1980, as tropas e operações cubanas no estrangeiro seriam reduzidas, e com o colapso da União Soviética, cessariam as intervenções militares cubanas no exterior. Em 1990, Fidel Castro e Lula da Silva promoveriam a fundação do Fórum de São Paulo, reunindo políticos latino-americanos e grupos de esquerda,[10] incluindo organizações declaradas de conhecimento público como terroristas ou guerrilheiros.[11]

No final da década de 1990, iniciou-se um período denominado "Maré Rosa" que duraria até meados da década de 2010, termo utilizado por analistas políticos para descrever governos de esquerda na esfera ibero-americana que se iniciaram com a ascensão ao governo da Venezuela por Hugo Chávez.[12][13][14]

Intervenções[editar | editar código-fonte]

As Forças Armadas Revolucionárias Cubanas reconhecem oficialmente cinco intervenções militares de Cuba: na Argélia, na Síria, em Congo-Léopoldville, em Angola e na Etiópia[15] ; no entanto outras fontes ampliam a lista incluindo a Nicarágua. A seguir, uma lista das intervenções (direta ou indiretamente) promovidas pelo regime cubano:

  • 1959: Expedição fracassada ao Panamá com uma força de 97 homens, incluindo três panamenhos, com o propósito de iniciar um movimento revolucionário no país.[16] Foram presos em Nombre de Dios depois de uma escaramuça com a Guarda Nacional do Panamá, onde três pessoas morreram.[17] Depois do escândalo causado, Ernesto "Che" Guevara asseguraria que Cuba exportasse ideias revolucionárias, mas não a própria revolução. Jonathan Brown explicaria que “o erro dessa operação foi que a maioria dos guerrilheiros eram cubanos, portanto, eles não tiveram apoio local depois de chegar lá. Eles eram invasores estrangeiros. A partir daí, Cuba mudou sua estratégia e passou a usar mais lutadores locais”[7]
  • 1959: Expedição fracassada na Nicarágua para derrubar o governo do ditador Luis Somoza Debayle[3]
  • 1959: Expedição fracassada a República Dominicana para derrubar o governo do ditador Rafael Leónidas Trujillo em aliança com os exilados dominicanos.[18] Para Fidel Castro, o regime de Trujillo preocupava porque dava apoio e refúgio aos ex-funcionários de Batista.
  • 1959: Expedição fracassada na Haiti para derrubar o governo do ditador François Duvalier[4] contando com um levante de uma coluna do exército haitiano que nunca aconteceu. Quase todos os invasores foram exterminados.
  • 1959 - 1964: Em 1959 foi constituída a Diretório Revolucionário Ibérico de Libertação (DRIL) sob a acção de José Abderramán Muley Moré, com a aprovação de Ernesto "Che" Guevara, esta organização seria composta por exilados espanhóis e portugueses que se opunham aos ditaduras de Franco e Salazar. Em 1960, com apoio logístico e financeiro cubano, Muley voltou à Espanha com o nome de Manuel Rojas, tornando-se coordenador geral da DRIL. Essa organização seria responsável pelo primeiro ataque terrorista na Espanha, matando um bebê de 20 meses em uma explosão.[19][20][21]
  • 1960: Uma embarcação cubana com armas é capturada na Guatemala que seria usada para apoiar o retorno ao poder de Jacobo Árbenz[4]
  • 1963: Sob o comando do jornalista argentino Jorge Ricardo Masetti e com o planejamento de Ernesto “Che” Guevara, começaria uma operação para estabelecer uma guerrilha rural na província argentina de Salta. Em 1964, a operação seria desmontada e Masetti desapareceria na selva.[7]
  • 1963: Cuba interviria pela primeira vez na África durante a Guerra das Areias.
  • 1963 - 1967: Expedições falhadas dos militares cubanos para tomar o poder na Venezuela através da instalação de um governo amigável e garantir o fornecimento de petróleo para a ilha.[22] Em 1967, após frustrar o desembarque de Machurucuto, o governo venezuelano romperia as relações com Cuba.
  • 1973-1974: Durante a Guerra do Yom Kippur, a República Árabe da Síria solicita ajuda militar a Cuba e esta envia uma brigada de tanques, que se envolve nos combates contra o exército de Israel.[36]

Foquismo[editar | editar código-fonte]

O foquismo foi uma teoria revolucionária inspirada em Ernesto “Che” Guevara e desenvolvida pelo filósofo francês Régis Debray.[42] Essa teoria foi adotada pelos grupos armados de esquerda durante a década de 1960 e consistia na criação de centros de revolução no mundo como forma de luta contra o imperialismo.[43] A premissa se resumiu na criação de múltiplos focos de guerrilha rural para dificultar a ação das forças armadas do governo. "Che" Guevara mencionaria:[42]

Primeiro: as forças populares podem vencer uma guerra contra o exército. Segundo: nem sempre é preciso esperar que todas as condições para a revolução sejam satisfeitas: o foco insurrecional pode criá-las. Terceiro: na América subdesenvolvida, o terreno da luta armada deve ser fundamentalmente o campo

Essa estratégia seria posta à prova por Ernesto “Che” Guevara na África e na América Latina, esta última na Bolívia onde seria capturado e executado em 1967. Após a morte de “Che” Guevara, na Argentina o Exército Revolucionário Popular (ERP) tentaria criar um foco na província argentina de Tucumán, falhando na tentativa devido ao Decreto de aniquilação assinado por Isabel Perón em 1975.[44] Por sua vez, os Tupamaros do Uruguai também poriam em prática esta teoria.[45]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d e f La intervención militar cubana: Manifestación del poder militar soviético en los países del Tercer Mundo (1960-1993). Sitio web de Universidad de las Américas, Puebla.
  2. Internacionalismo cubano en África. Rebelión
  3. a b c d e f de 2019, Por Sebastiana Barráez10 de Septiembre. «La historia de las injerencias e intervencionismos de Cuba sobre varios países hasta llegar a Venezuela». infobae (em espanhol). Consultado em 8 de outubro de 2020 
  4. a b c «Así fueron las intervenciones armadas del régimen castrista en América Latina». Cubanet (em espanhol). 29 de março de 2019. Consultado em 8 de outubro de 2020 
  5. a b c La política exterior de Cuba (1962-2009). Jorge I. Domínguez. Sitio web de Universidad de Harvard
  6. a b c «Castro's America Department». www.latinamericanstudies.org. Consultado em 19 de outubro de 2020 
  7. a b c d e f «Cómo fueron las intervenciones armadas impulsadas por Cuba en América Latina». BBC News Mundo (em espanhol). Consultado em 9 de outubro de 2020 
  8. La otra cara de la intervención en África. Orlando Freire
  9. DISCURSO PRONUNCIADO POR EL COMANDANTE EN JEFE FIDEL CASTRO RUZ, PRIMER SECRETARIO DEL COMITE CENTRAL DEL PARTIDO COMUNISTA DE CUBA Y PRIMER MINISTRO DEL GOBIERNO REVOLUCIONARIO, EN LA CLAUSURA DEL PRIMER CONGRESO DEL PARTIDO COMUNISTA DE CUBA, CELEBRADO EN EL TEATRO "CARLOS MARX", EL 22 DE DICIEMBRE DE 1975, "AÑO DEL PRIMER CONGRESO".
  10. Cubahora, Redacción (28 de julho de 2020). «El Foro de São Paulo: 30 años de historia y un Encuentro Virtual». Cubahora (em espanhol). Consultado em 9 de outubro de 2020 
  11. «La Revista >> Foro de Sao Paulo: la internacional terrorista». www.libertaddigital.com. Consultado em 17 de outubro de 2020 
  12. «Is Latin America's 'pink tide' turning?». Christian Science Monitor. 9 de fevereiro de 2017. ISSN 0882-7729. Consultado em 22 de outubro de 2020 
  13. «South America's leftward sweep» (em inglês). 2 de março de 2005. Consultado em 22 de outubro de 2020 
  14. «The many stripes of anti-Americanism - The Boston Globe». archive.boston.com (em inglês). Consultado em 22 de outubro de 2020 
  15. Misiones militares internacionalistas cumplidas por las Fuerzas Armadas Revolucionarias de la República de Cuba
  16. «Cuba y su intervencionismo militar en Venezuela y el resto de América Latina». Runrun (em espanhol). 2 de abril de 2019. Consultado em 9 de outubro de 2020 
  17. Rubén Miró y la invasión de cubanos a Panamá. La Estrella de Panamá. 22 de abril de 2010.
  18. Gesta histórica del 14 de Junio de 1959 - Educando
  19. «El jefe del comando que mató a la niña Begoña Urroz acabó de 'lugarteniente' del Che Guevara». ELMUNDO (em espanhol). 30 de junho de 2019. Consultado em 9 de outubro de 2020 
  20. «Un grupo impulsado por el Che fue el culpable de la primera víctima por terrorismo en España, según informe». CiberCuba (em espanhol). 30 de junho de 2019. Consultado em 9 de outubro de 2020 
  21. a b c Orella, José Luis (2020). El terrorismo en la Europa del bienestar. [S.l.: s.n.] 
  22. “Los cubanos son los artífices del fraude electoral en Venezuela” - El País
  23. «El Che en el Congo: 'La historia de un fracaso'». El Nuevo Herald 
  24. Pedro Schwarze. «La aventura del Che en el Congo cumple 50 años». La Tercera 
  25. «Cuba, armas y Farc | Fedegan». www.fedegan.org.co. Consultado em 9 de outubro de 2020 
  26. «Cuba y las FARC. | Actualidad 1040AM» (em espanhol). Consultado em 9 de outubro de 2020 
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  28. Welle (www.dw.com), Deutsche. «Cuba dice que sigue como garante del proceso de paz colombiano | DW | 09.07.2020». DW.COM (em espanhol). Consultado em 9 de outubro de 2020 
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  32. Pérez, Cristián (2000). Salvador Allende: notas sobre su equipo de seguridad. [S.l.: s.n.] 
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  42. a b c Martínez-Rebollar, Lino; Hurtado-Heras, Saúl; Ramírez-Membrillo, Alfredo; Melchor-Díaz, Guadalupe. «El modelo cubano en la guerrilla guatemalteca». La Colmena (em espanhol) (91): 9–30. Consultado em 9 de outubro de 2020 
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