Atirador especial
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Atiradores franceses e britânicos (centro) equipados com fuzis FR F2, Accuracy International AWM e PGM Hécate II (da esquerda para a direita, 2012) e traje Ghillie de camuflagem. | |
Nomes | Atirador especial Atirador de elite Franco-atirador |
Tipo | Militar Policial |
Competências | Tiro de precisão camuflagem reconhecimento |
Um atirador especial (português europeu) ou atirador de elite (português brasileiro), comumente chamado pelo termo em inglês sniper, é um soldado de infantaria militar ou paramilitar, ou mesmo da polícia, especializado em armas e tiro de precisão.[1] Persegue e elimina inimigos selecionados com um único tiro de arma de precisão (fuzil, espingarda ou carabina). Outras denominações pelas quais são conhecidos os atiradores especiais são: atirador furtivo, franco-atirador, caçador, atirador de escol, atirador de tocaia ou simplesmente atirador.
Os atiradores especiais geralmente têm treinamento especializado e estão equipados com rifles de alta precisão e óptica de alta ampliação, e muitas vezes também servem como batedores/observadores, fornecendo informações táticas às suas unidades ou quartéis-generais de comando.
Além da pontaria de longo alcance e de alto nível, os atiradores militares são treinados em uma variedade de técnicas de operação especial: detecção, perseguição, métodos de estimativa de alcance de alvo, camuflagem, rastreamento, sobrevivência no mato, embarcação de campo, infiltração, reconhecimento, vigilância e aquisição de alvos.
Etimologia
[editar | editar código-fonte]O nome sniper vem do verbo to snipe, que se originou na década de 1770 entre os soldados da Índia britânica em referência a atirar em narcejas ("snipe", em inglês),[2][3] uma pernalta considerada uma ave de caça extremamente desafiadora para os caçadores devido ao seu estado de alerta, cor de camuflagem e comportamento de voo errático. Os caçadores de snipes, portanto, precisavam ser furtivos, além de serem bons rastreadores e atiradores.[2][3] No século XVIII, cartas enviadas para casa por oficiais ingleses na Índia referiam-se ao tiro de caça silvestre diário como "sniping", já que um habilidoso esportista com uma arma de pederneira precisava de muita paciência e resistência para atirar em uma narceja em vôo.[2] Conseguir tal tiro era considerado excepcional. Durante o final do século XVIII, o termo "snipe shooting" foi simplificado para sniping. Isso evoluiu para o substantivo agente sniper, aparecendo pela primeira vez na década de 1820.[3] O termo sniper foi atestado militarmente pela primeira vez em 1824, tornando-se lugar-comum na Primeira Guerra Mundial.[2]
O termo mais antigo sharpshooter vem do calque da palavra alemã Scharfschütze, usado pelos jornais britânicos já em 1801.[3][4] A palavra alude à boa pontaria, ela própria descendente das competições de tiro (Schützenfeste) que aconteciam ao longo do ano em Munique no século XV.[5] Pequenas companhias de atiradores (Schützenfähnlein) dos Estados alemães e cantões suíços formariam equipes de Scharfschützen para essas competições populares; carregando orgulhosamente bandeiras representando uma besta de um lado e um mosquete de tiro ao alvo do outro.[6] A data mais antiga conhecida para a criação de um clube de tiro formado especificamente para o uso de armas de fogo vem de Lucerna, na Suíça, onde um clube tem uma carta constitutiva que data de 1466.[5]
Os atiradores de elite também são chamados de "caçadores" em muitas línguas, devido à natureza do ofício (sendo a trompa de caça também um símbolo de pontaria), sendo chamados de cazadores, chasseurs e Jäger. Outras palavras para o atirador furtivo incluem franc-tiréur, tiréur d'élite e atirador de escol.
Atiradores militares
[editar | editar código-fonte]Um oficial do exército dos Estados Confederados da América teve a ideia de criar um grupo de atiradores de elite para, durante as batalhas, atingirem os oficiais do Norte à distância, desestabilizando seu comando. Esses atiradores foram recrutados entre colonos da fronteira, em geral caçadores, que eram muito hábeis com seus rifles ao caçar vários animais, entre eles pássaros pequenos e muito rápidos: snipe, ("narceja") que para serem atingidos, tinham que ser alvos de tiros de muita precisão. Por essa característica, passaram a ser conhecidos como snipers. O país que primeiro utilizou de forma sistemática snipers em suas tropas foi o Império alemão, durante a Primeira Guerra. Depois foi imitado por outros e na Segunda Guerra, todos os exércitos tinham escolas exclusivas para sua formação. Atiradores especiais dos países da OTAN são, normalmente, empregues em equipes de dois elementos, em que um é o atirador e o outro o observador. Apesar da separação de funções entre os dois elementos da equipe, é normal que ambos sejam qualificados como atiradores especiais, alternando nas funções de atirador e observador para evitar a fadiga que a atividade gera.
As missões típicas dos atiradores especiais incluem o reconhecimento, a vigilância, a eliminação de comandantes e atiradores furtivos inimigos e a seleção de alvos de oportunidade. Inclusive, as missões podem incluir a eliminação de veículos militares, para as quais são usadas armas ligeiras de grande calibre como as 12,7x99mm NATO ou a .338 Lapua Magnum. Os atiradores especiais têm-se mostrado bastante úteis às Forças dos Estados Unidos e aliadas na Guerra do Iraque, como apoio de fogo de cobertura às movimentações de tropas amigas, sobretudo em áreas urbanizadas.
Nas Guerras da ex-Iugoslávia e do Líbano, eram designados como franco-atiradores os soldados que alvejavam civis com o intuito de causar terror. No cerco de Sarajevo, o principal arruamento da cidade foi apelidado de "Avenida dos Franco-Atiradores" em virtude dos atiradores deste tipo que causaram ferimentos a 1030 pessoas e a morte de outras 225.
Atiradores especiais da polícia
[editar | editar código-fonte]As forças de segurança só empregam atiradores especiais em situações táticas com reféns. Estes atiradores estão treinados para atuarem como último recurso quando existe uma ameaça direta e imediata à vida de pessoas. Os atiradores especiais da polícia atuam geralmente a distâncias mais curtas que as dos correspondentes militares, ou seja, a menos de 100 metros, e mesmo a menos de 50 metros. Quando chegam ao ponto de receber ordem para atirar, os atiradores da polícia devem disparar a matar, e não apenas para ferir.
Têm havido algumas exceções à regra de atirar e matar dos atiradores especiais da polícia. Existem casos em que os atiradores dispararam contra uma pessoa para a impedir de se suicidar, atingindo-a, por exemplo, na mão que segura a arma. No entanto, estas utilizações são polêmicas e de êxito duvidoso.
Galeria
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Um sniper alemão durante a Batalha de Stalingrado (1943).
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Simo Häyhä (1905-2002), finlandês reputado como o maior franco-atirador da história, por sua atuação durante a Guerra de Inverno.
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Franco-atiradores da Wehrmacht recebendo instruções em campo de treinamento, em seus uniformes de camuflagem. Alemanha Nazista, 1943.
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Lyudmila Pavlichenko (1916-1974); Selo comemorativo da década de 1970, homenageando a franco-atiradora, heroína da Frente Leste.
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Atiradores de elite do corpo de fuzileiros navais do Reino Unido.
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Atirador russo em camuflagem de inverno
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ Malanga, Eugênio (1947). «Sniper». Dicionário Inglês-Português de Armamento e Tiro. Col: Manuais Técnicos LEP. São Paulo: Edições LEP Ltda. p. 127. OCLC 1025957093.
Atirador de elite; atirador com fuzil de mira telescópica; atirador de tocaia.
- ↑ a b c d Pegler, Martin (2006). Out of Nowhere: A History of the Military Sniper (em inglês). Oxford: Osprey Publishing. p. 16. ISBN 978-1846031403. OCLC 56654780
- ↑ a b c d «Snipe | Etymology of snipe by etymonline». Online Etymology Dictionary (em inglês). Consultado em 24 de novembro de 2023
- ↑ No Edinburgh Advertiser, de 23 de junho de 1801, pode-se encontrar a seguinte citação em um artigo sobre a Milícia do Norte da Grã-Bretanha; “Este Regimento possui diversas Peças de Campanha, e duas companhias de Sharp Shooters [Atiradores Afiados], muito necessários no moderno Estilo de Guerra”.
- ↑ a b Pegler, Martin (2006). Out of Nowhere: A History of the Military Sniper (em inglês). Oxford: Osprey Publishing. p. 30. ISBN 978-1846031403. OCLC 56654780
- ↑ Pegler, Martin (2006). Out of Nowhere: A History of the Military Sniper (em inglês). Oxford: Osprey Publishing. p. 14, 30. ISBN 978-1846031403. OCLC 56654780
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Pegler, Martin (2006). Out of Nowhere: A History of the Military Sniper (em inglês). Oxford: Osprey Publishing. 352 páginas. ISBN 978-1846031403. OCLC 56654780
- Pegler, Martin; Dennis, Peter (2010). Sniper Rifles: From the 19th to the 21st Century. Col: Weapon 6 (em inglês). Oxford: Osprey Publishing. 80 páginas. ISBN 978-1849083980. OCLC 548412885
- Pegler, Martin (2009). Sniper: A History of the US Marksman (em inglês). Oxford: Osprey Publishing. 304 páginas. ISBN 978-1846034954. OCLC 137222076
- Neville, Leigh (2016). Modern Snipers (em inglês). Oxford: Osprey Publishing. 336 páginas. ISBN 978-1472815347. OCLC 955217633
- Plaster, Major John L. (2006) [1993]. The Ultimate Sniper: An Advanced Training Manual for Military & Police Snipers (em inglês) 2ª ed. Boulder, Colorado: Paladin Press. 584 páginas. ISBN 978-1581604948. OCLC 830668286
- Whitcomb, Christopher (2003). Eiskalt am Abzug: ein Scharfschütze des FBI über seine gefährlichsten Einsätze (em alemão). Munique: Goldmann. 474 páginas. ISBN 978-3442151929. OCLC 76462560
- Hogg, Ian (2000). Moderne Scharfschützengewehre (em alemão). Stuttgart: Motorbuch-Verlag. 144 páginas. ISBN 978-3613020146. OCLC 76153166
- Godinho Baptista, João Francisco (agosto de 2012). «Os Snipers no apoio às forças convencionais». Lisboa: Academia.edu. Academia Militar, Exército Português: 1-93. Consultado em 8 de julho de 2024
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- FM 23-10: Sniper Training, treino de atiradores
- Desefa Net, "Sniper atinge alvo a 1 614 m"