Forte do Pinhão
Forte do Pinhão | |
---|---|
Tipo | forte, bataria de artilharia de costa, património cultural |
Estilo dominante | Forte abaluartado |
Construção | Século XVI |
Aberto ao público | Não |
Estado de conservação | Desaparecido |
Património de Portugal | |
SIPA | 2884 |
Geografia | |
País | Portugal |
Localização | São Gonçalo de Lagos |
Coordenadas | 37° 05′ 45″ N, 8° 39′ 59″ O |
Localização em mapa dinâmico |
O Forte do Pinhão, posteriormente conhecido como Bateria do Pinhão, foi uma fortaleza situada perto da cidade de Lagos, no Algarve, em Portugal.
Descrição
[editar | editar código-fonte]O Forte do Pinhão estava situado junto ao oceano, perto das praias Dona Ana e dos Estudantes, sensivelmente a Sul da cidade de Lagos.[1] O seu nome foi provavelmente uma adaptação da palavra penha, que significa um bloco de rocha, normalmente de forma alongada.[2]
Consistia num forte abaluartado, tendo sido um dos primeiros exemplos de uma fortificação deste tipo em território nacional, em conjunto com o Forte de São João Baptista, na Vila do Conde, e a Fortaleza de São Julião da Barra, em Oeiras.[3] Segundo a História do Reino do Algarve, escrita por Henrique Fernandes Sarrão nos princípios do século XVII, esta fortaleza era «edificada de fortíssimas muralhas e torres de cantaria que dos inimigos defende a baía e entrada do rio e a armação da Torralta. Tem uma porta com sua cava na entrada e uma ponte levadiça com suas cadeias. [...] Nesta fortaleza há condestável e bombardeiros e de noite se vigia.».[4] Outro autor do século XVII que fez referência à fortaleza foi o engenheiro militar italiano Alexandre Massai, embora de forma muito mais depreciativa, principalmente por existirem rochedos do lado terrestre que tinha altura superior à da fortificação.[2]
Fazia parte do sistema de defesa costeira de Lagos, em conjunto com as fortificações de Vera Cruz, da Meia Praia, São Luis de Almádena, Zavial, e do Ponte da Bandeira, e as baterias da Nossa Senhora da Piedade e Porto de Mós.[5] Nas proximidades desta fortificação existia uma outra mais antiga, conhecida como Forte da Solária, da qual não sobreviveram quaisquer vestígios físicos, embora Carlos Pereira Calixto tenha avançado a hipótese que seria sensivelmente no mesmo local onde foi depois construído o Forte da Ponta da Bandeira.[2]
História
[editar | editar código-fonte]De acordo com a Corografia do Reino do Algarve, escrita por Frei João de São José, a fortaleza original foi construída durante o reinado de D. João III, no século XVI.[2] O forte do Pinhão terá participado nas operações de defesa da cidade de Lagos, contra os ataques do corsário britânico Francis Drake.[2] Foi completamente destruída pelo Sismo de 1755, tendo um relato da época testemunhado que «A metade caiu ao mar por ser esta fortaleza dividida em dois corpos, um em terra e o outro se comunicava, por uma ponte natural, a um ilhéu que ficava no mar.».[4] Em 1762 foi substituída por um novo forte, a Bateria do Pinhão,[4] construída provavelmente devido à necessidade iminente de defender a cidade de Lagos durante a Guerra dos Sete Anos, na qual o país se envolveu,[2] além que durante aquele período acentuaram-se os ataques de piratas e corsários na costa algarvia.[2] A existência de uma fortaleza na zona do Pinhão era vital para assegurar a defesa da barra de Lagos.[2] Em 1763, o Marquês do Louriçal relatou numa carta que tinha ordenado a construção de um novo forte «em um sítio que fica mais interior», com a função de defender a barra de Lagos, pelo que provavelmente ter-se-á referido ao Pinhão.[2] Devido às circunstâncias urgentes em que foi construído, este forte terá provavelmente sido construida em várias fases, sendo primeiro composto apenas por uma bateria virada para o oceano, com algumas bocas de fogo, e só depois suprido com um parapeito para terra e um fosso.[2]
O Forte do Pinhão ainda esteve artilhado durante a Guerra Civil Portuguesa, na década de 1830, mas a partir de meados do século terá perdido a sua função defensiva, devido às alterações na marinha militar e ao desaparecimento da pirataria nas costas do Algarve.[2] Assim, na primeira metade do século XX foi posta à venda em hasta pública, sendo transferida para a posse particular em 21 de Fevereiro de 1921.[2] Durante alguns anos ainda se verificaram algumas obras de conservação dos poucos vestígios da bateria,[2] mas na década de 1950 foi construída uma moradia no local.[4]
Posteriormente, este edifício desapareceu quase totalmente, restando apenas alguns prováveis vestígios da bateria em cima de um rochedo.[1] Em Novembro de 2018, a Câmara Municipal de Lagos anunciou que estava a preparar a elaboração de um plano de pormenor para a zona do Rossio da Trindade, que iria incluir o desenvolvimento dos acessos rodoviários ao Convento da Trindade e à zona do antigo Forte do Pinhão.[6]
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Lista de património edificado em Lagos
- Bateria de Porto de Mós
- Bateria do Zavial
- Castelo de Alvor
- Fortaleza de Sagres
- Forte da Meia Praia
- Forte da Ponta da Bandeira
- Forte de São Luís de Almádena
- Armazém do Espingardeiro
- Armazém Regimental
- Forte da Ponta da Bandeira
- Messe Militar de Lagos
- Trem de Cavalaria de Lagos
Referências
- ↑ a b COSTA, Anouk; CELADA, Marta (1998). «Forte do Pinhão / Bateria do Pinhão». Sistema de Informação para o Património Arquitectónico. Direcção-Geral do Património Cultural. Consultado em 25 de Outubro de 2020
- ↑ a b c d e f g h i j k l m COUTINHO, 2008:60-63
- ↑ «Obras de consolidação do Forte de S. João Baptista». Câmara Municipal de Vila do Conde. Consultado em 25 de Outubro de 2020
- ↑ a b c d PAULA, 1992:335
- ↑ GORDALINA, Rosário (2011). «Forte de Vera Cruz / Forte de Vera Cruz da Figueira / Forte da Figueira». Sistema de Informação para o Património Arquitectónico. Direcção-Geral do Património Cultural. Consultado em 25 de Outubro de 2020
- ↑ «Câmara de Lagos vai avançar com Plano de Pormenor do Rossio da Trindade». TSF Rádio Notícias. 29 de Novembro de 2018. Consultado em 25 de Outubro de 2020
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- COUTINHO, Valdemar (2008). Lagos e o Mar Através dos Tempos. Lagos: Câmara Municipal de Lagos. 95 páginas
- PAULA, Rui Mendes (1992). Lagos: Evolução Urbana e Património. Lagos: Câmara Municipal de Lagos. 392 páginas. ISBN 9789729567629
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Forte do Pinhão na base de dados SIPA da Direção-Geral do Património Cultural
- Forte do Pinhão na base de dados Portal do Arqueólogo da Direção-Geral do Património Cultural