Instrumento da Rendição Alemã
Instrumento da Rendição Alemã | |
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O instrumento de rendição assinado em Reims no dia 7 de maio de 1945. | |
Tipo | Capitulação |
Propósito | Oficializar a rendição da Alemanha |
Local de assinatura | Berlim, Alemanha |
Signatário(a)(s) | |
Criado | 7 de maio de 1945 |
O Instrumento da Rendição Alemã [a] foi o documento que marcou, oficialmente, o fim da Segunda Guerra Mundial na Europa. Foi assinado às 22:43 CET do dia 8 de maio de 1945 [b], e a rendição foi levada a efeito às 23:01 CET do mesmo dia.
No dia anterior, a Alemanha havia assinado um documento semelhante, também de rendição aos Aliados, em Reims, França. Entretanto a União Soviética não reconheceu tal documento, sendo então necessário assinar um outro. Ademais, imediatamente após a assinatura, as forças alemãs receberam ordens de cessar-fogo no oeste e continuar lutando no leste. A Alemanha sob o Governo de Flensburg - liderado pelo chefe de estado, Grande Almirante Karl Dönitz - também acatou a decisão dos Aliados de firmar um novo documento, o que foi feito na sede da Administração Militar Soviética na Alemanha (em Berlim-Karlshorst). O Instrumento de Rendição Alemã foi assinado por representantes do Oberkommando der Wehrmacht (OKW) [c] e da Força Expedicionária Aliada, representada pelos britânicos e pelo Comando Supremo do Exército Vermelho, com os representantes franceses e americanos assinando como testemunhas. Dessa vez, o General-marechal de campo [Wilhelm Keitel]] foi o representante máximo da Alemanha na cerimônia de assinatura. O documento de rendição da Alemanha também levou à "queda de facto da Alemanha nazista". Em consequência, os Aliados ocuparam a Alemanha, o que seria confirmado posteriormente, em 5 de junho de 1945, por meio da Declaração de Berlim, emitida conjuntamente pelos quatro países Aliados (Estados Unidos, Reino Unido, França e União Soviética), agora como representantes da nova Alemanha, .
Houve três versões linguísticas do documento de rendição - inglês, russo e alemão - sendo que as versões em inglês e russo foram proclamadas, no próprio documento, como as únicas autorizadas.
O dia 8 de maio de 1945 ficou conhecido como o Dia da Vitória na Europa, enquanto que, para os soviéticos, o Dia da Vitória é celebrado em 9 de maio, pois o documento foi assinado após a meia-noite, segundo o horário de Moscou. Na Alemanha, a data ficou conhecida como "Dia da Capitulação" (Tag der Kapitulation),[1] porém esse termo raramente é utilizado.
Preparativos
[editar | editar código-fonte]A preparação do texto do instrumento de rendição começou a ser preparado pelos representantes dos Estados Unidos, União Soviética e do Reino Unido na Comissão de Assessoramento Europeia (CAE) durante 1944. Em 3 de janeiro de 1944 o Comitê de Segurança da CAE propôs
a capitulação da Alemanha deveria ser registrada em um único documento de rendição incondicional.[2]
O comitê também sugeriu que o instrumento de rendição seja assinado pelos representantes do Alto Comando Alemão. Essa recomendação tinha como objetivo prevenir a repetição da lenda da punhalada pelas costas, criada pela Alemanha após a derrota na Primeira Guerra Mundial, desde que o ato de rendição de novembro de 1918 foi assinado os representantes do governo e os militares alemães afirmavam que o Alto Comando não era responsável pela derrota.
Nem todos concordaram com as previsões do Comitê de Segurança a respeito do fim da guerra. O embaixador William Strang, representante britânico na CAE, afirmou:
É impossível no momento presente prever em quais circunstâncias as hostilidades com a Alemanha podem ser suspensas. Portanto, não podemos dizer qual o procedimento seria o mais adequado, se, por exemplo, a melhor saída será um armistício completo e detalhado ou um armistício breve conferindo poderes gerais ou quem sabe nenhum armistício, mas uma série de capitulações locais por comandante inimigo.[3]
Os termos de rendição foram primeiramente discutidos no primeiro encontro da CAE em 14 de janeiro de 1944.
Em 14 de março de 1945, a CAE teve uma reunião com os representantes da Tchecoslováquia, Países Baixos, Bélgica, Luxemburgo, Noruega, Iugoslávia e Grécia para discutir o instrumento de rendição. O governo tcheco propôs que deveria ser incluído um parágrafo no documento contra a aquisição de territórios através do uso da força e mencionar a responsabilidade do estado alemão para com a guerra. Devido terem desempenhados um papel menor junto as Nações Aliadas, os representantes da Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo recomendaram que o instrumento de rendição deveria deixar claro qual o papel dos países menores no controle da Alemanha. O governo norueguês requisitou que fossem incluídas referências específicas para a rendição das tropas alemãs em seu território. O governo iugoslavo declarou não ter intenção de fazer nenhuma recomendação específica até um acordo da unidade de governo entre Josip Broz Tito e o primeiro-ministro Ivan Šubašić. O governo grego requisitou que fosse incluído no documento uma cláusula de que todo o equipamento militar das tropas alemãs que estivessem em território grego no momento da rendição deveria ser incorporado ao Governo Real Grego.[4]
Cerimônia de Rendição
[editar | editar código-fonte]Rendição em Reims
[editar | editar código-fonte]O primeiro Instrumento de Rendição foi assinado em Reims às 02h41 Horário da Europa Central em 7 de maio de 1945. A assinatura aconteceu em uma escola que serviu como Comando Supremo das Forças Expedicionárias Aliadas [5] e passou a ter efeito a partir de 23h00 de 8 de maio.[6]
A rendição incondicional das forças armadas alemãs foi assinada pelo Generaloberst Alfred Jodl, em nome do Oberkommando der Wehrmacht ("Alto comando das Forças Armadas") e como representante do novo Reichspräsident, o Großadmiral Karl Dönitz. Walter Bedell Smith assinou em nome dos Aliados Ocidentais e Ivan Susloparov pelos Soviéticos.[7] O Major-General francês François Sevez assinou como testemunha oficial.
Rendição em Berlim
[editar | editar código-fonte]Os soviéticos diziam que a rendição era um evento histórico único e singular. Eles também acreditavam que não deveria ocorrer em território libertado, vitimado pelas agressões alemãs, mas sim do local onde as ordens de ataque do governo alemão eram dadas: Berlim.[8] O lado soviético insistia que o ato de rendição deveria ser considerado um "protocolo preliminar de rendição",[9] então os aliados concordaram que outra cerimônia deveria acontecer em Berlim.[9] O segundo ato militar de rendição foi assinado pouco depois da meia noite de 8 de maio[10] e ocorreu na Administração Militar Soviética, em Berlin-Karlshorst, atual Museu Alemão-Russo Berlin-Karlshorst.
Representantes:
- União Soviética: Marechal Gueorgui Júkov
- Reino Unido: Marechal Chefe do Ar Arthur Tedder
- Estados Unidos: General Carl Spaatz, como testemunha
- França: General Jean de Lattre de Tassigny, como testemunha
- Alemanha:
- Marechal de Campo Wilhelm Keitel
- General Almirante Hans-Georg von Friedeburg
- Coronel-General Hans-Jürgen Stumpff
Notas
Referências
- ↑ Grosshistoricher Weltatlas, 1965 edition. "End of World War II" map
- ↑ Memorandum by the Working Security Committee, 3rd January 1944, Foreign Relations of the United States 1944, vol I, p. 101
- ↑ Memorandum by Lord Strang, 15th January 1944, Foreign Relations of the United States 1944, vol. I, p. 113
- ↑ Report of the Allied Consultation Committee to the European Advisory Commission, 14 March 1945 Foreign Relations of the United States 1945, vol. III, pp. 191–198
- ↑ I remember the German surrender, Kathryn Westcott, BBC News, 4 May 2005.
- ↑ Act of Military Surrender Signed at Rheims at 0241 on the 7th day of May 1945, The Avalon Project, Yale Law School, © 1996–2007, The Lillian Goldman Law Library in Memory of Sol Goldman.
- ↑ Video: Beaten Nazis Sign Historic Surrender, 1945/05/14 (1945). Universal Newsreel. 1945. Consultado em 20 de fevereiro de 2012
- ↑ Pinkus, p. 501-3
- ↑ a b Chaney p. 328
- ↑ Earl F. Ziemke References CHAPTER XV:The Victory Sealed Page 258 second last paragraph
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Chaney, Otto Preston. Zhukov. University of Oklahoma Press, 1996, ISBN 0-8061-2807-0, ISBN 978-0-8061-2807-8.
- Pinkus, Oscar . The war aims and strategies of Adolf Hitler, McFarland, 2005, ISBN 0-7864-2054-5, ISBN 978-0-7864-2054-4
- Ziemke, Earl F. "The U.S. Army in the occupation of Germany 1944–1946" Center of Military History, United States Army, Washington, D. C., 1990, Library of Congress Catalog Card Number 75-619027