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O '''Talibã''' (também [[transliteração|transliterado]] '''Taleban''', '''Talibã''' ou '''Talebã''', do [[Língua pachto|pachto]]: طالبان, [[Transliteração|transl.]] ''ṭālibān'', "estudantes") é um movimento [[fundamentalismo islâmico|fundamentalista islâmico]] [[nacionalismo|nacionalista]] que se difundiu no [[Paquistão]] e, sobretudo, no [[Afeganistão]], a partir de [[1994]] e que, efetivamente, governou o Afeganistão entre [[1996]] e [[2001]], apesar de seu governo ter sido reconhecido por apenas três países: [[Emirados Árabes Unidos]], [[Arábia Saudita]] e [[Paquistão]]. Seus membros mais influentes, incluindo seu líder, [[Mohammed Omar]], eram simplesmente ''ulema'' (isto é, alunos e universitários) em suas vilas natais. O movimento desenvolveu-se entre membros da [[etnia]] [[pachtun]], porém também incluía muitos voluntários não afegãos do mundo árabe, assim como de países da [[Eurásia]] e do [[Sul da Ásia|Sul]] e [[Sudeste Asiático|Sudeste]] da [[Ásia]]. |
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Revisão das 13h43min de 7 de novembro de 2013
O Talibã (também transliterado Taleban, Talibã ou Talebã, do pachto: طالبان, transl. ṭālibān, "estudantes") é um movimento fundamentalista islâmico nacionalista que se difundiu no Paquistão e, sobretudo, no Afeganistão, a partir de 1994 e que, efetivamente, governou o Afeganistão entre 1996 e 2001, apesar de seu governo ter sido reconhecido por apenas três países: Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Paquistão. Seus membros mais influentes, incluindo seu líder, Mohammed Omar, eram simplesmente ulema (isto é, alunos e universitários) em suas vilas natais. O movimento desenvolveu-se entre membros da etnia pachtun, porém também incluía muitos voluntários não afegãos do mundo árabe, assim como de países da Eurásia e do Sul e Sudeste da Ásia.
É, oficialmente, considerado como organização terrorista pela Rússia [1], pela União Europeia e pelos Estados Unidos.
O movimento
Como um movimento político e militar contra a invasão soviética do Afeganistão, os talibãs são conhecidos por terem-se feitos portadores do ideal político-religioso de recuperar todos os principais aspectos do Islã(cultural, social, jurídico e económico), com a criação de um Estado teocrático.
Durante a invasão soviética do Afeganistão (1979-1989), o governo dos Estados Unidos, através da chamada Operação Ciclone, nome em código do programa da CIA, armou os mujahidins do Afeganistão.[carece de fontes] Foi uma das mais longas e dispendiosas operações da CIA jamais realizadas. [2] Entre 1987 e 1989, os serviços secretos do Paquistão (ISI) e a CIA operavam juntas, armando as milícias talibãs que combatiam as tropas soviéticas.[3]
Depois que os vários grupos de resistência contra a ocupação soviética tomaram Cabul e estabelecem um governo marcado por lutas internas e guerras civis, o Talibã surgiu como uma alternativa caracterizada pela predominância pachtun e pelo rigor religioso extremo, criando na população expectativas de que acabaria com o constante estado de guerra interno e com os abusos dos senhores da guerra. Controlando noventa por cento do Afeganistão por cinco anos, o regime talibã, que se chamava o "Emirado Islâmico do Afeganistão", ganhou o reconhecimento diplomático de apenas três países: Paquistão, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. Tinha, como objetivo declarado, impor a lei islâmica e alcançar um estado de paz.
Muitos membros do grupo Talibã cresceram em campos de refugiados no Paquistão e foram educados em madraças, onde também aprenderam táticas de guerrilha e prepararam a tomada de Cabul.
Subiram ao poder depois de derrotar o presidente Burhanuddin Rabbani e seu chefe militar, Ahmad Shah Massoud, tendo a capital, Cabul, em 1996. Depois de ocupar a capital, assassinaram o ex-presidente comunista Mohammad Najibullah e seu irmão.
Depois de implementar um rigoroso regime islâmico e surpreender o mundo com algumas ações mais extremas, procederam a destruição dos Budas de Bamiyan (Patrimônio da Humanidade), que, depois de sobreviver quase intactos durante 1 500 anos, foram destruídos com dinamite e disparos de tanques. Em março de 2001, os dois maiores Budas foram demolidos em alguns meses de bombardeio pesado. O governo islâmico do Talibã criticou a UNESCO e as ONGs do exterior pela doação recursos para reparar essas estátuas quando haveriam muitos problemas urgentes no Afeganistão, [carece de fontes] e decretou que as estátuas eram ídolos e, portanto, contrárias ao Alcorão.
A mídia informou que o Talibã deu refúgio a Osama bin Laden. Após o ataque terrorista às Torres Gêmeas em Nova York, as forças dos Estados Unidos argumentaram que, como o Afeganistão teria decidido não entregar Bin Laden, o país seria atacado. Assim, derrubou-se o regime talibã e favoreceu-se, com o apoio de outros países, a instalação do governo liderado por Hamid Karzai.
A facilidade da derrubada do Talibã levou à tentação dos Estados Unidos de invadir o Iraque, um país designado como parte do chamado "Eixo do Mal", pelo presidente estadunidense George W. Bush. No entanto, após a invasão do Iraque e a posterior estagnação do sucesso internacional das forças de ocupação no Iraque, o Talebã recuperou a força, obteve um certo nível de controle político e aceitação na região de fronteira com o Paquistão e iniciou uma insurgência contra os Estados Unidos e contra o governo afegão constituído após as eleições gerais. Assim, passou a utilizar os mesmos métodos da resistência no Iraque, incluindo emboscadas e atentados suicidas contra as tropas ali estacionadas dos países europeus e dos Estados Unidos.
O Talibã tem se reagrupado desde 2004 e revivido como um movimento de insurgência forte, regido pelos Pashtuns locais e empreendendo uma guerra de guerrilha contra os governos do Afeganistão, do Paquistão e as tropas da OTAN, lideradas pela Força Internacional de Assistência para Segurança (ISAF).[4] O movimento é composto principalmente por membros pertencentes a tribos da etnia pashtun, [5] juntamente com voluntários de países islâmicos próximos como uzbeques, tadjiques, chechenos, árabes, punjabis e outros. .[6][7][8] Opera no Afeganistão e Paquistão, sobretudo em torno das regiões da Linha Durand. Os Estados Unidos afirmam que a sua sede é em Quetta (ou nas proximidades), no Paquistão e que o Paquistão e o Irã fornecem apoio ao grupo [9][10][11][12], apesar de ambas as nações negarem isso. .[13][14]
O mulá Mohammed Omar, na clandestinidade, lidera o movimento. [15] Os comandantes originais de Omar foram "uma mistura de ex-comandantes de pequenas unidades militares e professores de madraça",[16] enquanto que a sua linha de soldados é composta, principalmente, por refugiados afegãos que estudaram em escolas religiosas islâmicas no Paquistão. Os talibãs receberam um treinamento valioso, suprimentos e armas do governo paquistanês, em especial do Inter-Services Intelligence (ISI), [17] e muitos recrutas das madraças dos refugiados afegãos no Paquistão, principalmente aqueles estabelecidos pelo Jamiat Ulema-e-Islam (JUI).[18]
Cultura
Nas línguas faladas no Afeganistão (o persa moderno e o afegão), talibã significa "estudantes", palavra emprestada da língua árabe. Os talibãs pertencem ao movimento islâmico sunita Deobandi, que enfatiza a piedade, a austeridade e as obrigações familiares. Este movimento emergiu em áreas de etnia pashtun.
Vida sob o governo taliban
Algumas atividades que foram banidas do Afeganistão durante o regime Talibã:
- leitura de alguns livros
- portar câmeras sem licença
- cinema, televisão, uso de videocassetes (considerados decadentes e promotores da pornografia ou de ideias não muçulmanas)
- uso de internet
- música
- artes (pinturas, estátuas e esculturas de outras religiões)
- as mulheres só podiam sair acompanhadas de um homem
- empinar pipas (considerado perda de tempo, além de serem usadas em rituais hindus)
- fotografar mulheres e exibir tais fotografias
- plantio de ópio
- rinha de cães
- previsão do tempo
- barbear-se
Lei islâmica
Ópio
Apesar de o regime talibã ter banido o cultivo de papoulas de ópio em fins de 1997, estima-se que o seu cultivo tenha crescido e que, em 2000, fosse responsável por 72% da produção mundial. A maior parte do ópio afegão é vendida na Europa. O cultivo de papoulas cresceu com a queda do regime talibã.
Mulheres
O regime talibã impedia as mulheres de trabalhar e tinha regras rígidas sobre a educação feminina. Em alguns casos, as mulheres eram impedidas de terem acesso a hospitais públicos para que não fossem tratadas por médicos ou enfermeiros homens. As mulheres não podiam sair de casa sem acompanhantes homens e saíam somente pela porta de trás do ônibus. As mulheres que eram viúvas ou que não possuíam filhos não eram consideradas pessoas pelo estado e muitas vezes enfrentavam a fome.
Outras religiões
Em março de 2001, o Talibã ordenou a destruição de duas gigantescas estátuas de Buda em Bamiyan: uma, com 38 metros de altura e 1 800 anos de idade e outra, com 52 metros de altura e 1 500 anos de idade. O ato foi condenado pela UNESCO e por vários outros países do mundo, incluindo o Irã.
Em face de conflitos com anciões de religião hinduísta, que, frequentemente, eram confundidos com islâmicos que haviam desrespeitado a ordem de não rasparem as barbas, os talibãs decretaram, em maio de 2001, que os hindus e membros de outras religiões usassem um símbolo amarelo como identificação. Esta ordem foi, posteriormente, modificada em junho para obrigar os hindus a usarem uma carteira de identidade especial. O ato de empinar pipas, presente em alguns rituais hindus, foi banido por ser considerado perda de tempo.
As conversões de islâmicos a outras religiões foram banidas (o afegão era punido com a morte e o estrangeiro, expulso).
Relacionamento com Osama Bin Laden
Em 1996, o saudita Osama bin Laden mudou-se para o Afeganistão a convite da Aliança do Norte. Segundo o governo estadunidense, quando os talibãs chegaram ao poder, a organização Al Qaeda de Bin Laden aliou-se a eles.
Em resposta aos atentados de 11 de setembro de 2001, os Estados Unidos e seus aliados invadiram o Afeganistão à caça de Osama Bin Laden, que estaria refugiado no país, sob a proteção do regime talibã. A missão, contudo, não alcançou seu objetivo.
Apenas em 2011, dez anos após o ataque de 11 de setembro, Osama Bin Laden foi assassinado no Paquistão por soldados estadunidenses. A operação já estava sendo planejada desde setembro de 2010 pelo governo estadunidense: o presidente Barack Obama já havia se reunido cinco vezes com a cúpula do serviço de inteligência estadunidense para organizar a operação de resgate e captura do terrorista. Mas, apesar da morte de Bin Laden, a Al Qaeda não teria terminado.
Ver também
- Mulá Omar
- Guerra do Afeganistão (2001–presente)
- Insurgência talibã
- Alegações de assistência da CIA a Osama bin Laden
Referências
- ↑ (em russo)[1]
- ↑ The Oily Americans Time,13 de maio de 2003
- ↑ Pesadelos no Afeganistão. O Globo, 28 de julho de 2010.
- ↑ ISAF has participating forces from 39 countries, including all 26 NATO members. See ISAF Troop Contribution Placement, 2007-12-05.
- ↑ «Pakistan and the Taliban: It's Complicated». ShaveMagazine.com
- ↑ Wiping out Uzbek, Tajik & Foreign terrorists in FATA
- ↑ Terrorist camp may hold clues to Taliban operations
- ↑ Suicide car bomb kills 24 in northwest Pakistan
- ↑ U.S. says Pakistan Iran helping Taliban
- ↑ Iran helping the Taliban, US ambassador claims
- ↑ Iran accused of assisting Afghan Taliban
- ↑ Iran helping the Taliban, US ambassador claims
- ↑ Schmitt, Eric (9 de fevereiro de 2009). «Taliban Haven in Pakistani City Raises Fears». New York Times
- ↑ Schmitt, Eric (24 de setembro de 2009). «Taliban Widen Afghan Attacks From Base in Pakistan». New York Times
- ↑ From the article on the Taliban in Oxford Islamic Studies Online
- ↑ Goodson 2001, p. 114.
- ↑ Rashid 2000, pp. 17–30.
- ↑ Rashid 2000, p. 26, 29.