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*Grupo VI: [[Vírus ssRNA-RT]]
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*Grupo VII: [[Vírus dsDNA-RT]]
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| sinónimos = {{plainlist|
*Akamara <small>(Hurst 2000)</small>
*Aphanobionta <small>(Novak 1930)</small>
*Aphanobiontidea <small>(Walton 1930)</small>
*Archaeophyta <small>(Barkley 1939)</small>
*Archetista <small>(Jahn & Jahn 1949)</small>
*Monera (''in part.'')
*Nucleacuea <small>(Biolib 2008)</small>
*Protobiota <small>(Hsen-Hsu 1965)</small>
*Vira <small>(Holmes 1939)</small>
*Viriphyta <small>(McKinney 1944)</small>
*Virales <small>(Holmes 1948)</small>
*Vireae <small>(Barkley 1949)</small>
}}
| domínio = '''Vírus'''
| domínio_autoridade = [[Martinus Beijerinck|Beijerinck]] 1898
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'''Vírus''' (do [[latim]] ''virus'', "veneno" ou "toxina") são pequenos agentes infecciosos, a maioria com 20-300 [[Nanômetro|nm]] de diâmetro, apesar de existirem vírus ɡiɡantes de (0.6–1.5 µm), que apresentam [[genoma]] constituído de uma ou várias [[molécula]]s de [[ácido nucleico]] ([[Vírus DNA|DNA]] ou [[Vírus ARN|RNA]]), as quais possuem a forma de fita simples ou dupla. Os ácidos nucleicos dos vírus geralmente apresentam-se revestidos por um [[Capsídeo|envoltório proteico]] formado por uma ou várias [[proteína]]s, que pode ainda ser revestido por um complexo [[Envelope viral|envelope]] formado por uma [[bicamada lipídica]].<ref name="Conrat" /><ref name="Micromed">ADELBERG, E.; JAWETZ, E.; MELNICK, J. L. Microbiologia medica. 20. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998. 524 p.</ref>
'''Vírus''' (do [[latim]] ''virus'', "veneno" ou "toxina") são pequenos agentes infecciosos, a maioria com 20-300 [[Nanômetro|nm]] de diâmetro, apesar de existirem vírus ɡiɡantes de (0.6–1.5 µm), que apresentam [[genoma]] constituído de uma ou várias [[molécula]]s de [[ácido nucleico]] ([[Vírus DNA|DNA]] ou [[Vírus ARN|RNA]]), as quais possuem a forma de fita simples ou dupla. Os ácidos nucleicos dos vírus geralmente apresentam-se revestidos por um [[Capsídeo|envoltório proteico]] formado por uma ou várias [[proteína]]s, que pode ainda ser revestido por um complexo [[Envelope viral|envelope]] formado por uma [[bicamada lipídica]].<ref name="Conrat">{{citar periódico |autor=FRAENKEL-CONRAT, H.; WILLIAMS, R.C. |ano=1955 |título=Reconstitution of active tobacco mosaic virus from its inactive protein and nucleic acid components |periódico=Proc Natl Acad Sci U S A |volume=41 |páginas=690–698}}</ref><ref name="Micromed">{{Citar livro|título=Microbiologia medica|ultimo=MELNICK|primeiro=J. L.|ultimo2=JAWETZ|primeiro2=E.|ultimo3=ADELBERG|primeiro3=E.|editora=|ano=1998|local=Rio de Janeiro: Guanabara Koogan|página=524|páginas=}}</ref>


As [[Partícula viral|partículas virais]] são estruturas extremamente pequenas, submicroscópicas. A maioria dos vírus apresenta tamanhos diminutos, que estão além dos [[Resolução de imagem|limites de resolução]] dos [[microscópio óptico|microscópios ópticos]], sendo comum para a sua visualização o uso de [[Microscópio eletrônico|microscópios eletrônicos]]. Vírus são estruturas simples, se comparados a [[célula]]s, e não são considerados [[organismos]], pois não possuem [[organelas]] ou [[ribossomos]], e não apresentam todo o potencial bioquímico ([[enzimas]]) necessário à produção de sua própria energia metabólica. Eles são considerados [[parasita]]s intracelulares obrigatórios (característica que os impede de serem considerados seres vivos), pois dependem de células para se multiplicarem. Além disso, diferentemente dos organismos vivos, os vírus são incapazes de crescer em tamanho e de se [[Divisão celular|dividir]]. A partir das células hospedeiras, os vírus obtêm: aminoácidos e nucleotídeos; maquinaria de [[síntese de proteínas]] (ribossomos) e energia metabólica ([[Trifosfato de adenosina|ATP]]).<ref name="DV2001">MAHY, B. W. J.. Dictionary of Virology. 3. ed. London: Academic Press, 2001. 432 p. ISBN 0-12-465327-8</ref><ref name="PMV2005">CANN, A. J.. Principles of Molecular Virology. 4. ed. Massachusetts: Elsevier Academic Press, 2005. 352 p. ISBN 0-12-088787-8</ref><ref name="VPA2007" />
As [[Partícula viral|partículas virais]] são estruturas extremamente pequenas, submicroscópicas. A maioria dos vírus apresenta tamanhos diminutos, que estão além dos [[Resolução de imagem|limites de resolução]] dos [[microscópio óptico|microscópios ópticos]], sendo comum para a sua visualização o uso de [[Microscópio eletrônico|microscópios eletrônicos]]. Vírus são estruturas simples, se comparados a [[célula]]s, e não são considerados [[organismos]], pois não possuem [[organelas]] ou [[ribossomos]], e não apresentam todo o potencial bioquímico ([[enzimas]]) necessário à produção de sua própria energia metabólica. Eles são considerados [[parasita]]s intracelulares obrigatórios (característica que os impede de serem considerados seres vivos), pois dependem de células para se multiplicarem. Além disso, diferentemente dos organismos vivos, os vírus são incapazes de crescer em tamanho e de se [[Divisão celular|dividir]]. A partir das células hospedeiras, os vírus obtêm: aminoácidos e nucleotídeos; maquinaria de [[síntese de proteínas]] (ribossomos) e energia metabólica ([[Trifosfato de adenosina|ATP]]).<ref name="DV2001">MAHY, B. W. J.. Dictionary of Virology. 3. ed. London: Academic Press, 2001. 432 p. ISBN 0-12-465327-8</ref><ref name="PMV2005">CANN, A. J.. Principles of Molecular Virology. 4. ed. Massachusetts: Elsevier Academic Press, 2005. 352 p. ISBN 0-12-088787-8</ref><ref name="VPA2007" />
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==Histórico==
==Histórico==
[[Imagem:Mwb in lab.JPG|200px|direita|thumb|[[Martinus Beijerinck]] em seu laboratório em 1921.]]
[[Imagem:Mwb in lab.JPG|272x272px|direita|thumb|[[Martinus Beijerinck]] em seu laboratório em 1921.]]
Em meados do século XIX, [[Louis Pasteur]] propôs a [[teoria microbiana das doenças]], na qual explicava que todas as doenças eram causadas e propagadas por algum “tipo de vida diminuta”, que multiplicava-se no organismo doente, transmitia-se para outro e o contaminava. Pasteur, no entanto, ao trabalhar com a [[raiva (doença)|raiva]], constatou que, embora a doença fosse contagiosa e transmitida pela mordida de um animal raivoso, o [[micro-organismo]] não podia ser observado. Pasteur concluiu que o [[agente infeccioso]] estava presente mas era muito pequeno para ser observado através do microscópio.<ref name=Bordenave/>
Em meados do século XIX, [[Louis Pasteur]] propôs a [[teoria microbiana das doenças]], na qual explicava que todas as doenças eram causadas e propagadas por algum “tipo de vida diminuta”, que multiplicava-se no organismo doente, transmitia-se para outro e o contaminava. Pasteur, no entanto, ao trabalhar com a [[raiva (doença)|raiva]], constatou que, embora a doença fosse contagiosa e transmitida pela mordida de um animal raivoso, o [[micro-organismo]] não podia ser observado. Pasteur concluiu que o [[agente infeccioso]] estava presente mas era muito pequeno para ser observado através do microscópio.<ref name="Bordenave">{{citar periódico |autor=BORDENAVE, G. |título=Louis Pasteur (1822–1895) |periódico=Microbes and Infection / Institut Pasteur |volume=5 |número=6 |páginas=553–60 |ano=2003 |doi=10.1016/S1286-4579(03)00075-3}}</ref>


Em 1884, o [[microbiologista]] [[Charles Chamberland]] desenvolveu um filtro (conhecido como [[filtro Chamberland]] ou Chamberland-Pasteur), com poros mais pequenos do que uma bactéria. Fazendo passar uma solução que continha bactérias através desse filtro, as bactérias ficavam nele retidas e a solução filtrada obtida tornava-se estéril.{{harvref|Shors|2008|p=76-77}} Em 1886, [[Adolf Mayer]] demonstrou que a doença do [[tabaco]] podia ser transmitida a plantas saudáveis pela inoculação com extratos de plantas doentes.<ref name=Mayer/>{{harvref|Hull|2008|p=450-451}} Em 1892, o biólogo [[Dmitry Ivanovsky]] fez uso do filtro Chamberland para demonstrar que folhas de tabaco infectadas trituradas continuavam infectadas mesmo após a filtragem.<ref name=Ivanovsky/>{{harvref|Hull|2008|p=451}} Ivanovsky sugeriu que a infecção poderia ser causada por uma [[toxina]] produzida pelas bactérias, mas ele não persistiu nesta hipótese.{{harvref|Collier|1998|p=3}} Em 1898, o microbiologista [[Martinus Beijerinck]] repetiu a experiência independentemente e ficou convencido que a solução filtrada continha um novo agente infeccioso, denominado de ''contagium vivum fluidum'' (fluido vivo contagioso).<ref name=Beijerinck/>{{harvref|Collier|1998|p=3}} Ele também observou que este agente apenas se reproduzia em células que se dividiam, mas não conseguiu determinar se este seria constituído de partículas, assumindo que os vírus estariam presentes no estado líquido.{{harvref|Collier|1998|p=3}} Beijerinck introduziu o termo 'vírus' para indicar que o agente causal da doença do mosaico do tabaco não tinha uma natureza bacteriana, e sua descoberta é considerada como o marco inicial da virologia.{{harvref|Hull|2008|p=451}} A teoria do estado líquido do agente foi questionada nos 25 anos seguintes, sendo descartada com o desenvolvimento de [[teste da placa]] por d'Herelle em 1917,{{harvref|Levine|2001|p=5}}<ref name=Herelle/> pela cristalização desenvolvida por [[Wendell Meredith Stanley]] em 1935{{harvref|Collier|1998|p=3}}<ref name=Stanley/> e pela primeira [[microfotografia eletrônica]] realizada em 1939 do vírus do mosaico do tabaco.{{harvref|Levine|2007|p=5}}<ref name=Kausche/>
Em 1884, o [[microbiologista]] [[Charles Chamberland]] desenvolveu um filtro (conhecido como [[filtro Chamberland]] ou Chamberland-Pasteur), com poros mais pequenos do que uma bactéria. Fazendo passar uma solução que continha bactérias através desse filtro, as bactérias ficavam nele retidas e a solução filtrada obtida tornava-se estéril.{{harvref|Shors|2008|p=76-77}} Em 1886, [[Adolf Mayer]] demonstrou que a doença do [[tabaco]] podia ser transmitida a plantas saudáveis pela inoculação com extratos de plantas doentes.<ref name="Mayer">{{citar periódico |autor=MAYER, A. |ano=1886 |título=Über die Mosaikkrankheit des Tabaks |periódico=Die Landwirtschaftliche Versuchs-stationen |volume=32 |páginas=451–467}}</ref>{{harvref|Hull|2008|p=450-451}} Em 1892, o biólogo [[Dmitry Ivanovsky]] fez uso do filtro [[Chamberland]] para demonstrar que folhas de tabaco infectadas trituradas continuavam infectadas mesmo após a filtragem.<ref name="Ivanovsky">{{citar periódico |autor=IWANOWSKI, D. |ano=1892 |título=Über die Mosaikkrankheit der Tabakspflanze |periódico=Bulletin Scientifique publié par l'Académie Impériale des Sciences de Saint-Pétersbourg / Nouvelle Serie III |volume=35 |páginas=67–70}}</ref>{{harvref|Hull|2008|p=451}} Ivanovsky sugeriu que a infecção poderia ser causada por uma [[toxina]] produzida pelas bactérias, mas ele não persistiu nesta hipótese.{{harvref|Collier|1998|p=3}} Em 1898, o microbiologista [[Martinus Beijerinck]] repetiu a experiência independentemente e ficou convencido que a solução filtrada continha um novo agente infeccioso, denominado de ''contagium vivum fluidum'' (fluido vivo contagioso).<ref name="Beijerinck">{{citar periódico |autor=BEIJERINCK, M.W. |ano=1898 |título=Über ein Contagium vivum fluidum als Ursache der Fleckenkrankheit der Tabaksblätter |periódico=Verhandelingen der Koninklyke akademie van Wettenschappen te Amsterdam |volume=65 |páginas=1–22}}</ref>{{harvref|Collier|1998|p=3}} Ele também observou que este agente apenas se reproduzia em células que se dividiam, mas não conseguiu determinar se este seria constituído de partículas, assumindo que os vírus estariam presentes no estado líquido.{{harvref|Collier|1998|p=3}} Beijerinck introduziu o termo 'vírus' para indicar que o agente causal da doença do mosaico do tabaco não tinha uma natureza bacteriana, e sua descoberta é considerada como o marco inicial da virologia.{{harvref|Hull|2008|p=451}} A teoria do estado líquido do agente foi questionada nos 25 anos seguintes, sendo descartada com o desenvolvimento de teste da placa por d'Herelle em 1917,{{harvref|Levine|2001|p=5}}<ref name="Herelle">{{citar periódico |autor=d'HERELLE, F. |ano=1917 |título=Sur un microbe invisible antagonistic des bacilles dysenterique |periódico=C. R. Acad. Sci. Paris |volume=165 |páginas=373-375}}</ref> pela cristalização desenvolvida por [[Wendell Meredith Stanley]] em 1935{{harvref|Collier|1998|p=3}}<ref name="Stanley">{{citar periódico |autor=STANLEY, W.M. |ano=1935 |título=Isolation of a crystalline protein possessing the properties of tobacco mosaic virus |periódico=Science |volume=81 |páginas=644-645}}</ref> e pela primeira microfotografia eletrônica realizada em 1939 do vírus do mosaico do tabaco.{{harvref|Levine|2007|p=5}}<ref name="Kausche">{{citar periódico |autor=KAUSCHE, G.A.; ANKUCH, P.F.; RUSKA, H. |ano=1939 |título=Die Sichtbarmachung von PF lanzlichem Virus in Ubermikroskop |periódico=Naturwissenschaften |volume=27 |páginas=292–299}}</ref>


Em 1898, [[Friedrich Loeffler]] e [[Paul Frosch]] identificaram o primeiro agente filtrável de animais, o vírus da [[febre aftosa]] (''[[Aphtovirus]]'').<ref name=Loeffler/> E em 1901, [[Walter Reed]] identificou o primeiro vírus humano, o vírus da [[febre amarela]] (''[[Flavivirus]]'').<ref name=Reed/> Em 1908, [[Vilhelm Ellerman]] e [[Olaf Bang]] demonstraram o potencial oncogênico de um agente filtrável, descobrindo o [[vírus da leucose aviária]].<ref name=Ellerman/> E em 1911, [[Peyton Rous]] transmitiu um tumor maligno de uma galinha para outra, descobrindo o [[vírus do sarcoma de Rous]], e demonstrando que o câncer poderia ser transmitido por um vírus.<ref name=Rous/>
Em 1898, [[Friedrich Loeffler]] e [[Paul Frosch]] identificaram o primeiro agente filtrável de animais, o vírus da [[febre aftosa]] (''[[Aphtovirus]]'').<ref name="Loeffler">{{citar periódico |autor=LOEFFLER, F.; FROSCH, P. |ano=1898 |periódico=Zentralbl Bakteriol 1 Orig 1 |volume=28 |páginas=371}}</ref> E em 1901, [[Walter Reed]] identificou o primeiro vírus humano, o vírus da [[febre amarela]] (''[[Flavivirus]]'').<ref name="Reed">{{citar periódico |autor=REED, W.; CARROLL, J.; AGRAMONTE, A.; LAZEAR, J.; |ano=1901 |periódico=Senate Documents 1901 |volume=66 |número=822 |páginas=156}}</ref> Em 1908, Vilhelm Ellerman e Olaf Bang demonstraram o potencial oncogênico de um agente filtrável, descobrindo o vírus da leucose aviária.<ref name="Ellerman">{{citar periódico |autor=ELLERMANN, V.; BANG, O. |ano=1908 |título=Experimentelle leukamie bei huhnern |periódico=Zentralbl Bakteriol Parasitenkd Infektionskr Hyg |volume=46 |páginas=595–597}}</ref> E em 1911, [[Peyton Rous]] transmitiu um [[tumor maligno]] de uma galinha para outra, descobrindo o vírus do sarcoma de Rous, e demonstrando que o câncer poderia ser transmitido por um vírus.<ref name="Rous">{{citar periódico |autor=ROUS, P. |ano=1911 |título=A sarcoma of the fowl transmissible by an agent separable from the tumor cells |periódico=J Exp Med |volume=13 |páginas=397–399}}</ref>


Em 1915, o bacteriologista [[Frederick William Twort]] ao tentar propagar o [[vírus da vaccínia]] num meio de cultura bacteriana observou que as colônias morriam e que o agente dessa transformação era infeccioso. Twort propôs várias explicações para o ocorrido, como uma ameba, um protoplasma, um vírus ultramicroscópico ou uma enzima que afetava o crescimento.{{harvref|Ackermann|2008|p=443}}<ref name=Twort/> Independentemente, em 1917, o microbiologista [[Félix Hubert d'Herelle]] descobriu que colônias bacterianas eram atacadas por um agente e imediatamente o reconheceu como sendo um vírus, cunhando o termo [[bacteriófago]]. Ele utilizou os [[Fago|fagos]] para o tratamento de doenças bacterianas e fundou diversos institutos de fagos em vários países.{{harvref|Ackermann|2008|p=443}}<ref name=Herelle/>
Em 1915, o bacteriologista [[Frederick William Twort]] ao tentar propagar o [[Vaccinia|vírus da vaccínia]] num meio de cultura bacteriana observou que as colônias morriam e que o agente dessa transformação era infeccioso. Twort propôs várias explicações para o ocorrido, como uma ameba, um protoplasma, um vírus ultramicroscópico ou uma enzima que afetava o crescimento.{{harvref|Ackermann|2008|p=443}}<ref name="Twort">{{citar periódico |autor=TWORT, F.W. |ano=1915 |título=An investigation on the nature of ultra-microscopic viruses |periódico=Lancet |volume=2 |páginas=1241-1243}}</ref> Independentemente, em 1917, o microbiologista [[Félix Hubert d'Herelle]] descobriu que colônias bacterianas eram atacadas por um agente e imediatamente o reconheceu como sendo um vírus, cunhando o termo [[bacteriófago]]. Ele utilizou os [[Fago|fagos]] para o tratamento de doenças bacterianas e fundou diversos institutos de fagos em vários países.{{harvref|Ackermann|2008|p=443}}<ref name=Herelle/>


Inicialmente, o único meio para recuperar quantidades significativas de vírus era por meio de infecção em animais suscetíveis.{{harvref|Quinn|2005|p=274}} Em 1913, [[Edna Steinhardt]] e colaboradores conseguiram fazer crescer o vírus da vaccínia em fragmentos de córneas de cobaias.<ref name=Steinhardt/> Em 1928, H.B. Maitland e M.C. Maitland cultivaram o vírus de vaccínia em suspensão de rins de galinhas moídos.<ref name=Maitland/> Em 1931, o patologista [[Ernest William Goodpasture]] cultivou o [[vírus da varíola aviária]] na [[membrana corioalantóide]] de ovos de galinhas embrionados.<ref name=Goodpasture/> Em 1937, [[Max Theiler]] cultivou o vírus da febre amarela em ovos de galinha e desenvolveu uma vacina a partir de uma [[estirpe]] do vírus atenuado.<ref name=Frierson/> Em 1949, [[John Franklin Enders]], [[Thomas Weller]] e [[Frederick Robbins]] cultivaram o [[vírus da poliomielite]] em culturas de células embrionárias humanas, o primeiro vírus a ser cultivado sem a utilização de tecido animal sólido ou ovos.<ref name=Enders/> Este método permitiu a [[Jonas Salk]] desenvolver uma vacina eficaz contra a [[poliomielite]].{{harvref|Collier|1998|p=4}}
Inicialmente, o único meio para recuperar quantidades significativas de vírus era por meio de infecção em animais suscetíveis.{{harvref|Quinn|2005|p=274}} Em 1913, [[Edna Steinhardt]] e colaboradores conseguiram fazer crescer o vírus da vaccínia em fragmentos de córneas de cobaias.<ref name="Steinhardt">{{citar periódico |autor=Steinhardt E, Israeli C, Lambert R.A. |ano=1913 |título=Studies on the cultivation of the virus of vaccinia |periódico=J. Inf Dis. |volume=13 |número=2 |páginas=294–300 |doi=10.1093/infdis/13.2.294}}</ref> Em 1928, H.B. Maitland e M.C. Maitland cultivaram o vírus de vaccínia em suspensão de rins de galinhas moídos.<ref name="Maitland">{{citar periódico |autor=MAITLAND, H.B.; MAITLAND, M.C. |ano=1928 |título=Cultivation of vaccinia virus without tissue culture |periódico=Lancet |volume=512 |número=5482 |páginas=596-597 |doi=10.1016/S0140-6736(00)84169-0}}</ref> Em 1931, o patologista [[Ernest William Goodpasture]] cultivou o [[Bouba aviária|vírus da varíola aviária]] na membrana corioalantóide de ovos de galinhas embrionados.<ref name="Goodpasture">{{citar periódico |autor=GOODPASTURE, W.E.; WOODRUFF, A.M. |ano=1931 |título=The susceptibility of the chorio-allantoic membrane of chick embryos to infection with the fowl-pox virus |periódico=Am J Pathol |volume=7 |número=3 |páginas=209-222}}</ref> Em 1937, [[Max Theiler]] cultivou o vírus da febre amarela em ovos de galinha e desenvolveu uma vacina a partir de uma [[estirpe]] do vírus atenuado.<ref name="Frierson">{{citar periódico |autor=FRIERSON, J.G. |ano=2010 |título=The Yellow Fever Vaccine: A History |periódico=Yale Journal of Biology and Medicine |volume=83 |número=2 |páginas=77–85 |doi=}}</ref> Em 1949, [[John Franklin Enders]], [[Thomas Weller]] e [[Frederick Robbins]] cultivaram o [[vírus da poliomielite]] em culturas de células embrionárias humanas, o primeiro vírus a ser cultivado sem a utilização de tecido animal sólido ou ovos.<ref name="Enders">{{citar periódico |autor=ENDERS, J.F.; WELLER, T.H.; ROBBINS, F.C. |ano=1949 |título=Cultivation of the Lansing strain of poliomyelitis virus in cultures of various human embryonic tissues |periódico=Science |volume=1098|páginas=85–87}}</ref> Este método permitiu a [[Jonas Salk]] desenvolver uma vacina eficaz contra a [[poliomielite]].{{harvref|Collier|1998|p=4}}


As primeiras imagens de vírus foram obtidas após a invenção do [[microscópio eletrônico]] em 1931 pelos engenheiros [[Ernst Ruska]] e [[Max Knoll]]. Em 1935, o bioquímico e virologista Wendell Meredith Stanley examinou o vírus do mosaico do tabaco e descobriu que o mesmo era constituído principalmente por proteínas.<ref name=Stanley2/> Em 1937, [[Frederick Bawden]] e [[Norman Pirie]] separaram o vírus do mosaico em porções proteicas e de RNA.<ref name=Bawden/> O vírus do mosaico do tabaco foi o primeiro a ser cristalizado e, por conseguinte, a sua estrutura pode ser analisada em detalhes. As primeiras imagens de raios-X de difração do vírus cristalizado foram obtidas por Bernal e Fankuchen em 1941.<ref name=Bernal/> Com base nos seus quadros, [[Rosalind Franklin]] descobriu a estrutura completa do vírus em 1955.<ref name=Creagen/> No mesmo ano, [[Heinz Fraenkel-Conrat]] e [[Robley Williams]] demonstraram que o RNA do vírus do mosaico do tabaco e o seu revestimento de proteína purificada (capsídeo) podiam montar-se por si para formar vírus funcionais, sugerindo que este mecanismo simples foi, provavelmente, o meio pelo qual os vírus foram replicados dentro das células hospedeiras.<ref name="Conrat" />
As primeiras imagens de vírus foram obtidas após a invenção do [[microscópio eletrônico]] em 1931 pelos engenheiros [[Ernst Ruska]] e [[Max Knoll]]. Em 1935, o bioquímico e virologista Wendell Meredith Stanley examinou o vírus do mosaico do tabaco e descobriu que o mesmo era constituído principalmente por proteínas.<ref name="Stanley2">{{citar periódico |autor=STANLEY, W.M.; LORING, H.S. |ano=1936 |título=The isolation of crystalline tobacco mosaic virus protein from diseased tomato plants |periódico=Science |volume=83 |número=2143 |páginas=85 |doi=10.1126/science.83.2143.85}}</ref> Em 1937, Frederick Bawden e [[Norman Pirie]] separaram o vírus do mosaico em porções proteicas e de RNA.<ref name="Bawden">{{citar periódico|autor=BAWDEN, F.C.; PIRIE, N.W.|ano=1937|título=The isolation and some properties of liquid crystalline substances from solanaceous plants infected with threestrains of tobacco mosaic virus|periódico=Proc R Soc Med |volume=123
|páginas=274–320}}</ref> O vírus do mosaico do tabaco foi o primeiro a ser cristalizado e, por conseguinte, a sua estrutura pode ser analisada em detalhes. As primeiras imagens de raios-X de difração do vírus cristalizado foram obtidas por Bernal e Fankuchen em 1941.<ref name="Bernal">{{citar periódico |autor=BERNAL, J.D.; FANKUCHEN, I. |ano=1941 |título=X-ray and crstallographic studies of plant virus preparations |periódico=J Gen Physiol |volume=25 |número=1 |páginas=111-146}}</ref> Com base nos seus quadros, [[Rosalind Franklin]] descobriu a estrutura completa do vírus em 1955.<ref name="Creagen">{{citar periódico |autor=CREAGEN, A.N.; MORGAN, G.J. |ano=2008 |título=After the double helix: Rosalind Franklin's research on Tobacco mosaic virus |periódico=Isis |volume=99 |número=2 |páginas=239–72 |doi=10.1086/588626}}</ref> No mesmo ano, Heinz Fraenkel-Conrat e Robley Williams demonstraram que o RNA do vírus do mosaico do tabaco e o seu revestimento de proteína purificada (capsídeo) podiam montar-se por si só para formar vírus funcionais, sugerindo que este mecanismo simples foi, provavelmente, o meio pelo qual os vírus foram replicados dentro das células hospedeiras.<ref name="Conrat" />


A segunda metade do século XX foi a idade de ouro da descoberta do vírus e foram reconhecidas mais de 2000 novas espécies de vírus de animais, plantas e bactérias.<ref name="pmid18446425">{{Citar periódico
A segunda metade do século XX foi a idade de ouro da descoberta do vírus e foram reconhecidas mais de 2000 novas espécies de vírus de animais, plantas e bactérias.<ref name="pmid18446425">{{Citar periódico
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* Grupo VI: Vírus RNA com [[transcrição reversa]] (ssRNA-RT)
* Grupo VI: Vírus RNA com [[transcrição reversa]] (ssRNA-RT)
* Grupo VII: Vírus DNA com transcrição reversa (dsDNA-RT)
* Grupo VII: Vírus DNA com transcrição reversa (dsDNA-RT)

==== Vírus de DNA ====
No vírus de DNA, a replicação do genoma da maioria dos vírus de DNA ocorre no núcleo da célula. Se a célula possui o receptor apropriado na superfície, esses vírus entram por fusão com a membrana celular ou por endocitose.<ref>{{Citar livro|url=https://www.worldcat.org/oclc/65207057|título=Introduction to modern virology|ultimo=Dimmock, N. J.|primeiro=|ultimo2=Leppard, K. N. (Keith N.)|data=2007|editora=Blackwell Pub|ano=|edicao=6th ed|local=Malden, MA|página=|páginas=|isbn=9781405136457|oclc=65207057}}</ref> A maioria dos vírus de DNA é completamente dependente das máquinas de síntese de [[Ácido desoxirribonucleico|DNA]] e [[Ácido ribonucleico|RNA]] da célula hospedeira e de suas máquinas de processamento de RNA. O genoma viral deve passar pelo envelope nuclear da célula para acessar esse mecanismo.<ref>{{Citar livro|url=https://www.worldcat.org/oclc/191167139|título=Segmented double-stranded RNA viruses : structure and molecular biology|ultimo=Patton, John T., Ph.D.|primeiro=|data=2008|editora=Caister Academic Press|ano=|local=Norfolk, UK|página=|páginas=|isbn=9781904455219|oclc=191167139}}</ref><ref>{{Citar periódico|ultimo=Robertson|primeiro=Michael P.|ultimo2=Igel|primeiro2=Haller|ultimo3=Baertsch|primeiro3=Robert|ultimo4=Haussler|primeiro4=David|ultimo5=Jr|primeiro5=Manuel Ares|ultimo6=Scott|primeiro6=William G.|data=2004-12-28|titulo=The Structure of a Rigorously Conserved RNA Element within the SARS Virus Genome|url=https://journals.plos.org/plosbiology/article?id=10.1371/journal.pbio.0030005|jornal=PLOS Biology|lingua=en|volume=3|numero=1|paginas=e5|doi=10.1371/journal.pbio.0030005|issn=1545-7885|pmc=539059|pmid=15630477|acessodata=}}</ref>

==== Vírus de RNA ====
Os vírus de RNA são únicos porque suas informações genéticas são codificadas em RNA; Isso significa que eles usam [[ácido ribonucleico]] (RNA) como [[material genético]] ou que, no processo de replicação, precisam de [[Ácido ribonucleico|RNA]]. A replicação geralmente ocorre no [[citoplasma]].<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=OFDWCwAAQBAJ&printsec=frontcover&hl=pt-BR#v=onepage&q&f=false|título=Review of medical microbiology and immunology|ultimo=Levinson, Warren,|primeiro=|editora=|ano=|edicao=Thirteenth edition|local=New York|página=230|páginas=|isbn=9780071818117|oclc=871305336}}</ref> Os vírus de RNA podem ser classificados em cerca de quatro grupos de acordo com seu modo de replicação. A polaridade do RNA (se pode ou não ser usado diretamente para produzir [[Proteína|proteínas]]) determina em grande parte o mecanismo de replicação e se o material genético é de fita simples ou dupla. Os vírus de RNA usam suas próprias replicasses de RNA para criar cópias de seu genoma.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Collier|primeiro=Reed|ultimo2=Normandy|primeiro2=Georges|data=1934|titulo=Le Charnier|url=http://dx.doi.org/10.2307/40074967|jornal=Books Abroad|volume=8|numero=1|paginas=79|doi=10.2307/40074967|issn=0006-7431}}</ref><ref>{{Citar livro|url=http://worldcat.org/oclc/15388245|título=An ecclesiastical history of Great Britain, chiefly of England : from the first planting of Christianity, to the end of the reign of Charles the Second : with a brief account of the affairs of religion in Ireland : collected from the best ancient historians, councils, and records : in two volumes|ultimo=Collier, Jeremy, 1650-1726.|data=1708-1714|editora=Printed for Samuel Keble ... and Benjamin Tooke|oclc=15388245}}</ref>


== Genoma ==
== Genoma ==
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* Ambisenso (+/−)
* Ambisenso (+/−)
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Ao contrário das células, que apresentam genoma constituído por '''DNA e RNA''', os vírus possuem '''DNA ou RNA''' como material genético, e todos os vírus possuem apenas um ou outro no vírion. No entanto, existem vírus que possuem ambos, porém, em estágio diferentes do ciclo reprodutivo.<ref name="brock">MADIGAN, M. T.; MARTINKO, J. M.; PARKER, J.. Brock Biología de los Microorganismos. 10. ed. Madrid: Prentice-Hall, 2003. 1011 p. ISBN 84-205-3679-2</ref>
Ao contrário das células, que apresentam genoma constituído por DNA e RNA, os vírus possuem DNA ou RNA como material genético, e todos os vírus possuem apenas um ou outro no [[vírion]]. No entanto, existem vírus que possuem ambos, porém, em estágio diferentes do ciclo reprodutivo.<ref name="brock">MADIGAN, M. T.; MARTINKO, J. M.; PARKER, J.. Brock Biología de los Microorganismos. 10. ed. Madrid: Prentice-Hall, 2003. 1011 p. ISBN 84-205-3679-2</ref>
As moléculas de ácido nucleico dos vírus podem ser fita simples ou dupla, linear ou [[DNA circular|circular]], e segmentada ou não. O genoma dos vírus de RNA tem ainda a característica de possuir senso positivo (atua como [[mRNA]] funcional no interior das células infectadas) ou senso negativo (serve de molde para uma [[RNA-polimerase]] transcrevê-lo dando origem a um mRNA funcional).<ref name="Micromed" /> A quantidade de material genético viral é menor que a da maioria das células.<ref name="brock" /> O [[peso molecular]] do genoma dos vírus de DNA varia de 1,5 × 10<sup>6</sup> a 200 × 10<sup>6</sup> [[Unidade de massa atômica|Da]]. Já o dos de RNA varia de 2 × 10<sup>6</sup> a 15 × 10<sup>6</sup> Da. No genoma dos vírus estão contidas todas as informações genéticas necessárias para programar as células hospedeiras, induzindo-as a sintetizar todas as [[macromolécula]]s essenciais à replicação do vírus.<ref name="Micromed" />
As moléculas de ácido nucleico dos vírus podem ser fita simples ou dupla, linear ou [[DNA circular|circular]], e segmentada ou não. O genoma dos vírus de [[Rna|RNA]] tem ainda a característica de possuir senso positivo (atua como [[mRNA]] funcional no interior das células infectadas) ou senso negativo (serve de molde para uma [[RNA-polimerase]] transcrevê-lo dando origem a um mRNA funcional).<ref name="Micromed" /> A quantidade de material genético viral é menor que a da maioria das células.<ref name="brock" /> O [[peso molecular]] do genoma dos vírus de DNA varia de 1,5 × 10<sup>6</sup> a 200 × 10<sup>6</sup> [[Unidade de massa atômica|Da]]. Já o dos de [[Rna|RNA]] varia de 2 × 10<sup>6</sup> a 15 × 10<sup>6</sup> Da. No genoma dos vírus estão contidas todas as informações genéticas necessárias para programar as células hospedeiras, induzindo-as a sintetizar todas as [[macromolécula]]s essenciais à replicação do vírus.<ref name="Micromed" />

Um genoma viral, independentemente do tipo de ácido nucleico, é quase sempre de fita simples ou dupla. Os genomas de fita simples consistem em um ácido nucleico não emparelhado, análogo à metade de uma escada dividida no meio. Os genomas de fita dupla consistem em dois ácidos nucleicos emparelhados complementares, análogos a uma escada. As partículas virais de algumas famílias de vírus, como as pertencentes aos [[Hepadnaviridae]], contêm um genoma que é parcialmente de fita dupla e parcialmente de fita simples.<ref>{{Citar periódico|ultimo=COLLIER|primeiro=K. G.|data=abril de 1944|titulo=THE ROLE OF PROJECTION IN THE GENESIS OF THE SUPER-EGO|url=http://dx.doi.org/10.1111/j.2044-8341.1944.tb00743.x|jornal=British Journal of Medical Psychology|volume=20|numero=1|paginas=96–99|doi=10.1111/j.2044-8341.1944.tb00743.x|issn=0007-1129|acessodata=2020-06-08}}</ref>

== Mutação genética ==
[[Ficheiro:Influenza geneticshift.svg|miniaturadaimagem|216x216px|A mudança antigênica, ou rearranjo, pode resultar em cepas novas e altamente patogênicas da [[gripe humana]]]]
Os vírus sofrem alterações genéticas por vários mecanismos. Isso inclui um processo chamado desvio antigênico, em que bases individuais no [[DNA]] ou [[Rna|RNA]] se transformam em outras bases. A maioria dessas mutações pontuais é "silenciosa" - elas não alteram a proteína que o gene codifica - mas outras podem conferir vantagens evolutivas, como resistência a medicamentos antivirais.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Sandbulte|primeiro=Matthew R.|ultimo2=Westgeest|primeiro2=Kim B.|ultimo3=Gao|primeiro3=Jin|ultimo4=Xu|primeiro4=Xiyan|ultimo5=Klimov|primeiro5=Alexander I.|ultimo6=Russell|primeiro6=Colin A.|ultimo7=Burke|primeiro7=David F.|ultimo8=Smith|primeiro8=Derek J.|ultimo9=Fouchier|primeiro9=Ron A. M.|data=2011-12-20|titulo=Discordant antigenic drift of neuraminidase and hemagglutinin in H1N1 and H3N2 influenza viruses|url=https://www.pnas.org/content/108/51/20748|jornal=Proceedings of the National Academy of Sciences|lingua=en|volume=108|numero=51|paginas=20748–20753|doi=10.1073/pnas.1113801108|issn=0027-8424|pmc=3251064|pmid=22143798|acessodata=}}</ref><ref>{{Citar periódico|ultimo=Moss|primeiro=Ronald B.|ultimo2=Davey|primeiro2=Richard T.|ultimo3=Steigbigel|primeiro3=Roy T.|ultimo4=Fang|primeiro4=Fang|data=2010-06-01|titulo=Targeting pandemic influenza: a primer on influenza antivirals and drug resistance|url=https://academic.oup.com/jac/article/65/6/1086/707817|jornal=Journal of Antimicrobial Chemotherapy|lingua=en|volume=65|numero=6|paginas=1086–1093|doi=10.1093/jac/dkq100|issn=0305-7453}}</ref>

A mudança antigênica ocorre quando há uma grande mudança no genoma do vírus. Isso pode ser resultado de recombinação ou rearranjo. Quando isso acontece com os [[vírus influenza]], podem ocorrer pandemias.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Hampson|primeiro=Alan W.|ultimo2=Mackenzie|primeiro2=John S.|data=2006|titulo=The influenza viruses|url=https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.5694/j.1326-5377.2006.tb00705.x|jornal=Medical Journal of Australia|lingua=en|volume=185|numero=S10|paginas=S39–S43|doi=10.5694/j.1326-5377.2006.tb00705.x|issn=1326-5377}}</ref> Os vírus de [[Rna|RNA]] geralmente existem como quasispecies ou enxames de vírus da mesma espécie, mas com sequências de nucleosídeos genoma ligeiramente diferentes. Tais quasispecies são um alvo principal para a seleção natural.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Metzner|primeiro=Karin J.|data=dezembro de 2006|titulo=Detection and significance of minority quasispecies of drug-resistant HIV-1|url=https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/17578210/|jornal=Journal of HIV therapy|volume=11|numero=4|paginas=74–81|issn=1462-0308|pmid=17578210|acessodata=}}</ref>


== Estrutura ==
== Estrutura ==


Dentre os vários grupos de vírus existentes, não existe um padrão único de estrutura viral. A estrutura mais simples apresentada por um vírus consiste de uma molécula de ácido nucleico coberta por muitas moléculas de proteínas idênticas. Os vírus mais complexos podem conter várias moléculas de ácido nucleico assim como diversas proteínas associadas, envoltório proteico com formato definido, além de complexo envelope externo com espículas. A maioria dos vírus apresentam conformação [[helicoidal]] ou isométrica. Dentre os vírus isométricos, o formato mais comum é o de simetria [[Icosaedro|icosaédrica]].<ref name="Conrat" />
Dentre os vários grupos de vírus existentes, não existe um padrão único de estrutura viral. A estrutura mais simples apresentada por um vírus consiste de uma molécula de [[ácido nucleico]] coberta por muitas moléculas de [[Proteína|proteínas]] idênticas. Os vírus mais complexos podem conter várias moléculas de ácido nucleico assim como diversas proteínas associadas, envoltório proteico com formato definido, além de complexo envelope externo com espículas. A maioria dos vírus apresentam conformação [[helicoidal]] ou isométrica. Dentre os vírus isométricos, o formato mais comum é o de simetria [[Icosaedro|icosaédrica]].<ref name="Conrat" />


=== Partícula ===
=== Partícula ===
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Os vírus são formados por um agregado de moléculas mantidas unidas por forças secundárias, formando uma estrutura denominada partícula viral. Uma partícula viral completa é denominada [[vírion]]. Este é constituído por diversos componentes estruturais (ver tabela abaixo para mais detalhes):<ref name="Conrat" /><ref name="Micromed" />
Os vírus são formados por um agregado de moléculas mantidas unidas por forças secundárias, formando uma estrutura denominada partícula viral. Uma partícula viral completa é denominada [[vírion]]. Este é constituído por diversos componentes estruturais (ver tabela abaixo para mais detalhes):<ref name="Conrat" /><ref name="Micromed" />


# '''[[Ácido nucleico]]''': molécula de DNA ou RNA que constitui o genoma viral.
#[[Ácido nucleico]]: molécula de DNA ou RNA que constitui o genoma viral.
# '''[[Capsídeo]]''': envoltório proteico que envolve o material genético dos vírus.
#[[Capsídeo]]: envoltório proteico que envolve o material genético dos vírus.
# '''[[Nucleocapsídeo]]''': estrutura formada pelo capsídeo associado ao ácido nucleico que ele engloba (Os capsídeos formados pelos ácidos nucleicos são englobados a partir de enzimas).
#[[Nucleocapsídeo]]: estrutura formada pelo capsídeo associado ao ácido nucleico que ele engloba (Os capsídeos formados pelos ácidos nucleicos são englobados a partir de enzimas).
# '''[[Capsômero]]s''': subunidades proteicas ([[monômero]]s) que agregadas constituem o capsídeo.
#[[Capsômero]]s: subunidades proteicas ([[monômero]]s) que agregadas constituem o capsídeo.
# '''[[Envelope viral|Envelope]]''': membrana rica em lipídios que envolve a partícula viral externamente. Deriva de estruturas celulares, como membrana plasmática e organelas.
#[[Envelope viral|Envelope]]: membrana rica em lipídios que envolve a partícula viral externamente. Deriva de estruturas celulares, como membrana plasmática e organelas.
# '''[[Peplômero]]s (espículas)''': estruturas proeminentes, geralmente constituídas de [[glicoproteína]]s e lipídios, que são encontradas ancoradas ao envelope, expostas na superfície.
#[[Peplômero]]s (espículas): estruturas proeminentes, geralmente constituídas de [[glicoproteína]]s e lipídios, que são encontradas ancoradas ao envelope, expostas na superfície.


=== Morfologia ===
=== Morfologia ===


Abaixo estão listadas as estruturas de vírions mais comuns:
Abaixo estão listadas as estruturas de [[Vírion|vírions]] mais comuns:


*Legenda dos esquemas: <font color="#b02923">█</font> Molécula de DNA — <font color="#005197">█</font> Molécula de RNA — <font color="#009549">█</font> Capsômeros do capsídeo — <font color="#a4a3a3">█</font> Envelope viral — <font color="#e77817">█</font> Peplômeros (espículas) — <font color="#6d465f">█</font> Fibras
*Legenda dos esquemas: <font color="#b02923">█</font> Molécula de DNA — <font color="#005197">█</font> Molécula de RNA — <font color="#009549">█</font> Capsômeros do capsídeo — <font color="#a4a3a3">█</font> Envelope viral — <font color="#e77817">█</font> Peplômeros (espículas) — <font color="#6d465f">█</font> Fibras
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=== Adsorção do vírus à célula===
=== Adsorção do vírus à célula===


Uma etapa essencial à reprodução viral é a adsorção (ligação) do vírion a uma célula suscetível.<ref name="FV2001">KNIPE, D. M.; HOWLEY, P. M.; GRIFFIN, D. E.; LAMB, R. A.; MARTIN, M. A.; ROIZMAN, B.; STRAUS, S. E.. Fields - Virology. 4. ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins, 2001. 3280 p. ISBN 978-0-7817-1832-5</ref> A adsorção viral se dá por meio da interação entre proteínas virais, presentes no envelope ou no capsídeo, e [[Receptor (bioquímica)|receptores]] celulares que se encontram ancorados a membrana plasmática, expostos ao [[Meio extracelular|ambiente extracelular]]. A ligação entre alguns vírus e células também pode envolver a participação de correceptores (receptores secundários). A especificidade destas interações é alta, como em um modelo chave-fechadura, e determina o [[tropismo viral]] para infectar determinadas células e [[Tecido (histologia)|tecidos]] específicos. [[Ligações químicas]] não covalentes, tais como [[pontes de hidrogênio]], atrações iônicas e [[Força de van der Waals|forças de van der Waals]], são responsáveis pela adesão entre as proteínas virais e os receptores celulares.
Uma etapa essencial à reprodução viral é a adsorção (ligação) do [[vírion]] a uma célula suscetível.<ref name="FV2001">KNIPE, D. M.; HOWLEY, P. M.; GRIFFIN, D. E.; LAMB, R. A.; MARTIN, M. A.; ROIZMAN, B.; STRAUS, S. E.. Fields - Virology. 4. ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins, 2001. 3280 p. ISBN 978-0-7817-1832-5</ref> A adsorção viral se dá por meio da interação entre proteínas virais, presentes no envelope ou no capsídeo, e [[Receptor (bioquímica)|receptores]] celulares que se encontram ancorados a membrana plasmática, expostos ao [[Meio extracelular|ambiente extracelular]]. A ligação entre alguns vírus e células também pode envolver a participação de correceptores (receptores secundários). A especificidade destas interações é alta, como em um modelo chave-fechadura, e determina o [[tropismo viral]] para infectar determinadas células e [[Tecido (histologia)|tecidos]] específicos. [[Ligações químicas]] não covalentes, tais como [[pontes de hidrogênio]], atrações iônicas e [[Força de van der Waals|forças de van der Waals]], são responsáveis pela adesão entre as proteínas virais e os receptores celulares.


Nos momentos iniciais da adsorção, a partícula viral interage com um ou poucos receptores, caracterizando uma ligação reversível. Porém, à medida que mais receptores se associam ao vírion, esta ligação passa a ser irreversível, possibilitando a posterior entrada do vírus na célula. Os receptores em geral são proteínas ou [[carboidratos]] presentes em [[glicoproteínas]] e [[glicolipídio]]s. Muitas das proteínas receptoras são [[imunoglobulinas]], [[Proteína transportadora|transportadores transmembrana]] e canais, ou seja, são estruturas produzidas pelas células para executar funções comuns e essenciais ao bom funcionamento celular. Muitas funcionam como receptores de [[Quimiocina|quimiocinas]] e [[Fator de crescimento|fatores de crescimento]], ou são responsáveis pelo contato e adesão célula a célula. Os vírus subvertem o papel primordial destas moléculas, utilizando-as como meio para adentrar nas células hospedeiras.<ref name="PMV2005" /><ref name="VPA2007" />
Nos momentos iniciais da adsorção, a partícula viral interage com um ou poucos receptores, caracterizando uma ligação reversível. Porém, à medida que mais receptores se associam ao vírion, esta ligação passa a ser irreversível, possibilitando a posterior entrada do vírus na célula. Os receptores em geral são proteínas ou [[carboidratos]] presentes em [[glicoproteínas]] e [[glicolipídio]]s. Muitas das proteínas receptoras são [[imunoglobulinas]], [[Proteína transportadora|transportadores transmembrana]] e canais, ou seja, são estruturas produzidas pelas células para executar funções comuns e essenciais ao bom funcionamento celular. Muitas funcionam como receptores de [[Quimiocina|quimiocinas]] e [[Fator de crescimento|fatores de crescimento]], ou são responsáveis pelo contato e adesão célula a célula. Os vírus subvertem o papel primordial destas moléculas, utilizando-as como meio para adentrar nas células hospedeiras.<ref name="PMV2005" /><ref name="VPA2007" />
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{{imagem múltipla
{{imagem múltipla
| header = Mecanismos de entrada de vírus em células
| header = Mecanismos de entrada de vírus em células
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| caption1 = <center>Endocitose e lise da membrana endossomal</center>
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| caption2 = <center>Endocitose com injeção do genoma no citosol</center>

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}}


=== Desnudamento do ácido nucleico ===
=== Desnudamento do ácido nucleico ===


Após o processo de penetração, assim que os nucleocapsídeos alcançam o citosol, estes são transportados pelo [[citoesqueleto]] (dentro de vesículas ou na forma de nucleocapsídeos livres) em direção ao local específico de processamento do genoma viral, que pode ser no próprio citosol ou no [[núcleo celular]]. Para que o genoma possa ser transcrito, traduzido, e replicado, o material genético do vírus deve ser previamente liberado e exposto no ambiente intracelular. A este processo dá-se o nome de desnudamento (ou decapsidação), um procedimento no qual o capsídeo é desmontado completamente ou parcialmente (veja imagem acima). O desnudamento pode ocorrer simultaneamente à entrada do vírus, ou pode acontecer em instantes posteriores. O [[sítio]] celular de desnudamento é bastante variável entre as diversas famílias de vírus, podendo ocorrer no citosol (e.g. [[Togavírus]]), no interior do endossomo (e.g. [[Picornavírus]]), nos [[Poro nuclear|poros nucleares]] (e.g. Adenovírus, [[Herpesvírus]]), no interior do núcleo (e.g. [[Parvovírus]], [[Polyomavírus]]), ou simplesmente pode não ocorrer (e.g. [[Reovírus]], [[Poxvírus]]).<ref name="PMV2005" /><ref name="FMV2007" />
Após o processo de penetração, assim que os [[Nucleocapsídeo|nucleocapsídeos]] alcançam o [[citosol]], estes são transportados pelo [[citoesqueleto]] (dentro de vesículas ou na forma de nucleocapsídeos livres) em direção ao local específico de processamento do genoma viral, que pode ser no próprio citosol ou no [[núcleo celular]]. Para que o genoma possa ser transcrito, traduzido, e replicado, o material genético do vírus deve ser previamente liberado e exposto no ambiente intracelular.<ref name="PMV2005" /> A este processo dá-se o nome de desnudamento (ou decapsidação), um procedimento no qual o capsídeo é desmontado completamente ou parcialmente (veja imagem acima). O desnudamento pode ocorrer simultaneamente à entrada do vírus, ou pode acontecer em instantes posteriores. O [[sítio]] celular de desnudamento é bastante variável entre as diversas famílias de vírus, podendo ocorrer no citosol (e.g. [[Togavírus]]), no interior do endossomo (e.g. [[Picornavírus]]), nos [[Poro nuclear|poros nucleares]] (e.g. [[Adenovírus]], [[Herpesvírus]]), no interior do núcleo (e.g. [[Parvovírus]], [[Polyomavírus]]), ou simplesmente pode não ocorrer (e.g. [[Reovírus]], [[Poxvírus]]).<ref name="FMV2007" />


=== Transcrição e tradução da informação genética ===
=== Transcrição e tradução da informação genética ===
==== Síntese de mRNA ====
==== Síntese de mRNA ====


Como mencionado anteriormente, o Sistema de Classificação de Baltimore foi criado com base nos diferentes mecanismos de transcrição que os vírus adotam para sintetizar mRNA a partir dos seus variados tipos de material genético. Os vírus podem ter genoma constituído por dsDNA, ssDNA, dsRNA, ssRNA, além de alguns serem capazes de realizar a transcrição reversa (ssRNA-RT e dsDNA-RT). Outra propriedade notável dos ácidos nucleicos virais é a polaridade (sentido, ou senso) das fitas de DNA e RNA. Fitas senso positivo (+) apresentam sequência idêntica à do mRNA, enquanto as senso negativo (-) apresentam sequência nucleotídica complementar. Diante desta complexidade de características, as estratégias de transcrição do genoma viral são tão variadas quanto os mecanismos de entrada, e podem envolver mais de uma etapa, as quais levam à conversão da informação genética viral em mRNA.<ref name="VPA2007" />
Como mencionado anteriormente, o Sistema de Classificação de Baltimore foi criado com base nos diferentes mecanismos de transcrição que os vírus adotam para sintetizar mRNA a partir dos seus variados tipos de material genético. Os vírus podem ter genoma constituído por [[DsDNA virus|dsDNA]], [[SsDNA virus|ssDNA]], [[DsRNA virus|dsRNA]], ssRNA, além de alguns serem capazes de realizar a transcrição reversa ([[Ssrna-rt virus|ssRNA-RT]] e [[DsDNA-RT virus|dsDNA-RT]]).<ref name=":1" /> Outra propriedade notável dos ácidos nucleicos virais é a polaridade (sentido, ou senso) das fitas de [[DNA]] e [[Rna|RNA]]. Fitas senso positivo (+) apresentam sequência idêntica à do mRNA, enquanto as senso negativo (-) apresentam sequência nucleotídica complementar. Diante desta complexidade de características, as estratégias de transcrição do genoma viral são tão variadas quanto os mecanismos de entrada, e podem envolver mais de uma etapa, as quais levam à conversão da informação genética viral em mRNA.<ref name="VPA2007" />


* Grupo I (dsDNA): Vírus de DNA dupla fita apresentam [[Open reading frame|ORFs]] em ambas as fitas de DNA, as quais servem diretamente como moldes para a síntese de mRNA. Vírus do grupo I que transcrevem o DNA no interior do núcleo utilizam [[RNA polimerase II]] celular para a síntese de mRNA, já aqueles que executam este processo no citosol devem possuir sua própria [[RNA polimerase DNA-dependente]] (RpDd) para produzir os [[ARN mensageiro|transcritos]].
* Grupo I (dsDNA): Vírus de DNA dupla fita apresentam [[Open reading frame|ORFs]] em ambas as fitas de DNA, as quais servem diretamente como moldes para a síntese de mRNA. Vírus do grupo I que transcrevem o DNA no interior do núcleo utilizam [[RNA polimerase II]] celular para a síntese de mRNA, já aqueles que executam este processo no citosol devem possuir sua própria [[RNA polimerase DNA-dependente]] (RpDd) para produzir os [[ARN mensageiro|transcritos]].<ref name=":1" /><ref name=":2" />
[[Ficheiro:Class I virus (dsDNA) RNA synthesis.svg|700px|centre]]
[[Ficheiro:Class I virus (dsDNA) RNA synthesis.svg|700px|centre]]
* Grupo II (ssDNA): Vírus de DNA fita simples apresentam fita positiva ou negativa. Para a síntese de mRNA, estes vírus produzem uma respectiva fita complementar ao seu genoma, gerando uma dupla fita que serve como molde para a transcrição. Estes procedimentos ocorrem no núcleo, com o auxílio de enzimas celulares (RpDd e DpDd ([[DNA polimerase DNA-dependente]])).
* Grupo II (ssDNA): Vírus de DNA fita simples apresentam fita positiva ou negativa. Para a síntese de mRNA, estes vírus produzem uma respectiva fita complementar ao seu genoma, gerando uma dupla fita que serve como molde para a transcrição. Estes procedimentos ocorrem no núcleo, com o auxílio de enzimas celulares (RpDd e DpDd ([[DNA polimerase DNA-dependente]])).<ref name=":1" />
[[Ficheiro:Class II virus (ssDNA) RNA synthesis.svg|700px|centre]]
[[Ficheiro:Class II virus (ssDNA) RNA synthesis.svg|700px|centre]]


* Grupo III (dsRNA): Vírus de RNA dupla fita apresentam uma fita positiva e outra negativa. A fita negativa é utilizada como molde para a síntese de mRNA, em processo que ocorre no citosol, com auxílio de uma [[RNA polimerase RNA-dependente]] (RpRd).
* Grupo III (dsRNA): Vírus de RNA dupla fita apresentam uma fita positiva e outra negativa. A fita negativa é utilizada como molde para a síntese de mRNA, em processo que ocorre no citosol, com auxílio de uma [[RNA polimerase RNA-dependente]] (RpRd).<ref name=":1" /><ref name=":4">{{Citar web|titulo=Transcrição, tradução e replicação do Ácido Nucleico Viral|url=https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/biologia/transcricao-traducao-e-replicacao-do-acido-nucleico-viral/33891|obra=siteantigo.portaleducacao.com.br|acessodata=2020-06-13|lingua=pt-br|primeiro=Portal|ultimo=Educacao|data=|publicado=}}</ref>
[[Ficheiro:Class III virus (dsRNA) RNA synthesis.svg|700px|centre]]
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* Grupo IV ((+)ssRNA): Vírus de RNA fita simples senso positivo apresentam genoma com sequência idêntica à do mRNA, e podem ser utilizados prontamente para a síntese de proteínas. No entanto, é usual a síntese de novas cópias positivas do genoma, mediante a ação de uma RpRd, que produz uma fita negativa que serve como molde para a síntese de novas fitas positivas (mRNAs).<ref name="VPA2007" />
* Grupo IV ((+)ssRNA): Vírus de RNA fita simples senso positivo apresentam genoma com sequência idêntica à do mRNA, e podem ser utilizados prontamente para a síntese de proteínas. No entanto, é usual a síntese de novas cópias positivas do genoma, mediante a ação de uma RpRd, que produz uma fita negativa que serve como molde para a síntese de novas fitas positivas (mRNAs).<ref name="VPA2007" /><ref name=":1" />
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* Grupo V ((-)ssRNA): Vírus de RNA fita simples senso negativo, por possuírem genoma com sequência complementar ao mRNA, servem diretamente como molde para a produção de fitas senso positivo. A maioria dos vírus (-)ssRNA (e.g. [[Rhabdovírus]], [[Filovírus]], [[Bunyavírus]], [[Arenavírus]]) normalmente procede a transcrição no citosol. Algumas exceções, como os [[Orthomixovírus]], transcrevem seu material genético no núcleo.
* Grupo V ((-)ssRNA): Vírus de RNA fita simples senso negativo, por possuírem genoma com sequência complementar ao mRNA, servem diretamente como molde para a produção de fitas senso positivo. A maioria dos vírus (-)ssRNA (e.g. [[Rhabdovírus]], [[Filovírus]], [[Bunyavírus]], [[Arenavírus]]) normalmente procede a transcrição no citosol. Algumas exceções, como os [[Orthomixovírus]], transcrevem seu material genético no núcleo.<ref name=":1" /><ref name=":4" />
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==== Síntese de proteínas ====
==== Síntese de proteínas ====
[[Ficheiro:Late events (viral infection).svg|thumb|285px|right|Eventos finais da replicação viral:<br />1. Transporte do genoma (DNA ou RNA) para o sítio de processamento (núcleo ou citosol)<br />2. Transcrição (síntese de mRNA)<br />3. Síntese de proteínas não estruturais<br />4. Replicação do material genético<br />5. Síntese de proteínas estruturais<br />6. Montagem dos nucleocapsídeos<br />7. Vesícula com glicoproteínas direcionadas ao complexo de Golgi<br />8. Transporte das proteínas de envelope à membrana plasmática<br />9. Liberação de partículas virais por lise (vírus não envelopados), ou por brotamento (vírus envelopados)]]
[[Ficheiro:Late events (viral infection).svg|thumb|285px|right|Eventos finais da replicação viral:<br />1. Transporte do genoma (DNA ou RNA) para o sítio de processamento (núcleo ou [[citosol]])<br />2. Transcrição (síntese de [[mRNA]])<br />3. Síntese de proteínas não estruturais<br />4. Replicação do material genético<br />5. Síntese de proteínas estruturais<br />6. Montagem dos nucleocapsídeos<br />7. Vesícula com glicoproteínas direcionadas ao complexo de Golgi<br />8. Transporte das proteínas de envelope à membrana plasmática<br />9. Liberação de partículas virais por lise (vírus não envelopados), ou por [[brotamento]] (vírus envelopados)]]
As proteínas virais são sintetizadas pela maquinaria celular (ribossomos e [[ARN transportador|tRNAs]]). O processo de tradução ocorre no citosol, em ribossomos livres ou associados ao [[retículo endoplasmático]]. Algumas das proteínas sintetizadas em ribossomos livres são transportadas para o núcleo. Proteínas produzidas em ribossomos associados ao retículo são transportadas desta organela para o [[complexo de Golgi]], onde podem sofrer [[Modificação pós-traducional|modificações pós-traducionais]] ([[glicosilação]] e [[fosforilação]]). O destino final de muitas destas proteínas é a membrana celular, onde estas se concentram em regiões específicas. Em estágios finais da infecção, estas farão parte do envelope de partículas virais que sairão por brotamento nessas regiões.<ref name="VPA2007" /><ref name="FMV2007" /> Dentro do ciclo de replicação, os primeiros [[Produto génico|produtos gênicos]] sintetizados são proteínas não estruturais, como proteínas de ligação ao DNA e enzimas. Entre estas enzimas estão as polimerases e outras moléculas [[Catálise|catalíticas]], as quais são componentes essenciais à replicação do genoma viral. Já as proteínas estruturais, que formarão as novas partículas virais, normalmente são sintetizadas tardiamente no ciclo de infecção. As novas cópias de material genético sintetizadas são utilizadas para a síntese de mRNAs, os quais codificarão proteínas estruturais que a partir de então serão produzidas em grandes quantidades para compor os vírus em formação. Os diferentes vírus de DNA e RNA possuem mecanismos próprios de [[Regulação genética|regulação da expressão gênica]], os quais controlam a produção de proteínas em momentos e quantidades apropriadas às necessidades virais.<ref name="MM2006" />
As proteínas virais são sintetizadas pela maquinaria celular ([[Ribossoma|ribossomos]] e [[ARN transportador|tRNAs]]). O processo de tradução ocorre no citosol, em ribossomos livres ou associados ao [[retículo endoplasmático]]. Algumas das proteínas sintetizadas em ribossomos livres são transportadas para o núcleo. Proteínas produzidas em ribossomos associados ao retículo são transportadas desta organela para o [[complexo de Golgi]], onde podem sofrer [[Modificação pós-traducional|modificações pós-traducionais]] ([[glicosilação]] e [[fosforilação]]). O destino final de muitas destas proteínas é a membrana celular, onde estas se concentram em regiões específicas. Em estágios finais da infecção, estas farão parte do envelope de partículas virais que sairão por brotamento nessas regiões.<ref name="VPA2007" /><ref name="FMV2007" /> Dentro do ciclo de replicação, os primeiros [[Produto génico|produtos gênicos]] sintetizados são proteínas não estruturais, como proteínas de ligação ao [[DNA]] e [[Enzima|enzimas]]. Entre estas enzimas estão as polimerases e outras moléculas [[Catálise|catalíticas]], as quais são componentes essenciais à replicação do genoma viral.<ref name=":0">{{Citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=6F1-DwAAQBAJ&printsec=frontcover&hl=pt-BR|título=Virologia Humana e Veterinária|ultimo=Simões|primeiro=Rachel Siqueira de Queiroz|data=2018-12-10|editora=Thieme Revinter Publicações LTDA|ano=|local=|página=314|páginas=|lingua=pt-BR|isbn=9788554650346}}</ref> Já as proteínas estruturais, que formarão as novas partículas virais, normalmente são sintetizadas tardiamente no ciclo de infecção. As novas cópias de material genético sintetizadas são utilizadas para a síntese de [[MRNA|mRNAs]], os quais codificarão proteínas estruturais que a partir de então serão produzidas em grandes quantidades para compor os vírus em formação.<ref>{{Citar web|titulo=Síntese proteica|url=https://mundoeducacao.uol.com.br/biologia/sintese-proteica.htm|obra=Mundo Educação|acessodata=2020-06-12|lingua=pt-br|data=|publicado=|ultimo=Sardinha dos Santos|primeiro=Vanessa}}</ref> Os diferentes vírus de DNA e RNA possuem mecanismos próprios de [[Regulação genética|regulação da expressão gênica]], os quais controlam a produção de proteínas em momentos e quantidades apropriadas às necessidades virais.<ref name="MM2006" />


=== Replicação do genoma viral ===
=== Replicação do genoma viral ===


Na maioria dos casos, o genoma é replicado no mesmo local onde ocorre a transcrição do material genético do vírus, isto é, no citoplasma ou no núcleo.<ref name="PMV2005" /> Assim como ocorre na transcrição, o processo de replicação de genomas virais envolve a participação de [[polimerase]]s. Vírus de fita simples, dos grupos II, IV e V, precisam produzir uma fita complementar ao genoma, que posteriormente servirá de molde para a síntese do material genético. Vírus de fita dupla, dos grupos I e III, utilizam cada uma das duas fitas para gerar suas respectivas cópias complementares. Em geral, moléculas de DNA são sintetizadas a partir de outras moléculas de DNA (DNA → DNA), e o mesmo acontece com moléculas de RNA (RNA → RNA). A exceção a esta regra fica por conta dos vírus que realizam transcrição reversa. Membros do grupo VI (ssRNA-RT) replicam o seu genoma a partir de um intermediário de DNA (RNA → DNA → RNA). Já os membros do I (dsDNA-RT) replicam o seu genoma a partir de um intermediário de RNA (DNA → RNA → DNA).<ref name="VPA2007" />
Na maioria dos casos, o genoma é replicado no mesmo local onde ocorre a transcrição do material genético do vírus, isto é, no citoplasma ou no núcleo.<ref name="PMV2005" /> Assim como ocorre na transcrição, o processo de replicação de genomas virais envolve a participação de [[polimerase]]s. Vírus de fita simples, dos grupos II, IV e V, precisam produzir uma fita complementar ao genoma, que posteriormente servirá de molde para a síntese do material genético.<ref>{{citar web|url=https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4881191/mod_resource/content/1/Aula%202%20Replicacao%20dos%20Virus%20%282%29.pdf|titulo=BMM 160 – Microbiologia Básica para Farmácia|data=|acessodata=2020-06-12|publicado=edisciplinas.usp.br|ultimo=Ventura|primeiro=Armando|formato=[[PDF]]}}</ref> Vírus de fita dupla, dos grupos I e III, utilizam cada uma das duas fitas para gerar suas respectivas cópias complementares. Em geral, moléculas de DNA são sintetizadas a partir de outras moléculas de DNA (DNA → DNA), e o mesmo acontece com moléculas de RNA (RNA → RNA). A exceção a esta regra fica por conta dos vírus que realizam transcrição reversa.<ref>{{Citar web|titulo=Molécula de RNA|url=https://mundoeducacao.uol.com.br/biologia/molecula-rna.htm|obra=Mundo Educação|acessodata=2020-06-12|lingua=pt-br|data=|publicado=|ultimo=Kirk da Fonseca Ribeiro|primeiro=Krukemberghe Divino}}</ref> Membros do grupo VI (ssRNA-RT) replicam o seu genoma a partir de um intermediário de DNA (RNA → DNA → RNA). Já os membros do I (dsDNA-RT) replicam o seu genoma a partir de um intermediário de RNA (DNA → RNA → DNA).<ref name="VPA2007" />


=== Montagem do vírion ===
=== Montagem do vírion ===


A montagem corresponde ao processo de formação das partículas virais infectivas (vírions). Neste estágio do ciclo de infecção, as proteínas estruturais sintetizadas em etapas anteriores se associam para constituir o capsídeo. Capsídeos com formato helicoidal são formados em torno da superfície da molécula de ácido nucléico. Já os capsídeos de simetria icosaédrica são montados previamente e depois preenchidos com o genoma viral, através de um poro na estrutura pré-formada denominada pró-capsídeo. O pró-capsídeo de alguns vírus pode sofrer modificações que levam a formação do capsídeo maduro.<ref name="VPA2007" /> O sítio de montagem dos capsídeos depende do local de replicação viral na célula, e varia entre as diversas famílias de vírus.<ref name="PMV2005" /> O procedimento de montagem de vírus não envelopados se resume a formação dos nucleocapsídeos, enquanto que para vírus envelopados a montagem só se finaliza depois da aquisição do envelope viral. A membrana lipídica do envelope se origina a partir de estruturas celulares, como: membrana plasmática (e.g. [[Paramyxovírus]], Orthomixovírus, Rhabdovírus) e compartimentos membranosos intracelulares (complexo de Golgi, retículo endoplasmático, núcleo).<ref name="EV1999" /> Outro mecanismo de aquisição de envelope é a denominada “síntese ''de novo''” de membranas, no qual o envelope é gradualmente construído em volta do nucleocapsídeo. Este processo pode ocorrer no núcleo (e.g. [[Baculovírus]]) ou no citoplasma (e.g. Poxvírus).<ref name="VPA2007" />
A montagem corresponde ao processo de formação das partículas virais infectivas (vírions). Neste estágio do ciclo de infecção, as proteínas estruturais sintetizadas em etapas anteriores se associam para constituir o capsídeo. Capsídeos com formato helicoidal são formados em torno da superfície da molécula de ácido nucléico.<ref name=":0" /> Já os capsídeos de simetria icosaédrica são montados previamente e depois preenchidos com o genoma viral, através de um poro na estrutura pré-formada denominada pró-capsídeo. O pró-capsídeo de alguns vírus pode sofrer modificações que levam a formação do capsídeo maduro.<ref name="VPA2007" /> O sítio de montagem dos capsídeos depende do local de replicação viral na célula, e varia entre as diversas famílias de vírus.<ref name="PMV2005" /> O procedimento de montagem de vírus não envelopados se resume a formação dos nucleocapsídeos, enquanto que para vírus envelopados a montagem só se finaliza depois da aquisição do envelope viral. A membrana lipídica do envelope se origina a partir de estruturas celulares, como: membrana plasmática (e.g. [[Paramyxovírus]], Orthomixovírus, Rhabdovírus) e compartimentos membranosos intracelulares (complexo de Golgi, retículo endoplasmático, núcleo).<ref name="EV1999" /> Outro mecanismo de aquisição de envelope é a denominada “síntese ''de novo''” de membranas, no qual o envelope é gradualmente construído em volta do nucleocapsídeo. Este processo pode ocorrer no núcleo (e.g. [[Baculovírus]]) ou no citoplasma (e.g. Poxvírus).<ref name="VPA2007" />


=== Liberação de novas partículas virais ===
=== Liberação de novas partículas virais ===


A liberação dos vírions do citosol pode se dar por [[lise celular]] ou brotamento. A liberação por lise celular é mais comum aos vírus não envelopados, e ocorre quando a membrana plasmática da célula infectada se rompe, levando-a morte celular.<ref name="PMV2005" /> Porém, nem todo processo de liberação viral causa danos a célula hospedeira. O brotamento é um mecanismo de liberação que pode provocar pouco ou nenhum prejuízo à célula.<ref name="FMV2007" /> Vírus que obtém envelope a partir da [[membrana plasmática]] saem da célula por meio de brotamento direto do [[nucleocapsídeo]] em contato com a face interna da membrana, em regiões específicas, onde se localizam as [[glicoproteínas]] virais sintetizadas em momentos prévios da infecção. Vírus com envelope originado de compartimentos intracelulares ([[Organelas citoplasmáticas|organelas]]) são liberados da célula por meio de vesículas que se fundem com a membrana plasmática. Após a liberação, quando os vírions se encontram no meio extracelular, a maioria deles permanece inerte até que outra célula hospedeira seja infectada, reiniciando o ciclo de replicação viral.<ref name="VPA2007" />
A liberação dos [[Vírion|vírions]] do citosol pode se dar por [[lise celular]] ou [[brotamento]]. A liberação por lise celular é mais comum aos vírus não envelopados, e ocorre quando a [[membrana plasmática]] da célula infectada se rompe, levando-a morte celular.<ref name="PMV2005" /> Porém, nem todo processo de liberação viral causa danos a célula hospedeira. O brotamento é um mecanismo de liberação que pode provocar pouco ou nenhum prejuízo à célula.<ref name="FMV2007" /> Vírus que obtém envelope a partir da [[membrana plasmática]] saem da célula por meio de [[brotamento]] direto do [[nucleocapsídeo]] em contato com a face interna da membrana, em regiões específicas, onde se localizam as [[glicoproteínas]] virais sintetizadas em momentos prévios da infecção. Vírus com envelope originado de compartimentos intracelulares ([[Organelas citoplasmáticas|organelas]]) são liberados da célula por meio de vesículas que se fundem com a [[membrana plasmática]]. Após a liberação, quando os [[Vírion|vírions]] se encontram no meio extracelular, a maioria deles permanece inerte até que outra célula hospedeira seja infectada, reiniciando o ciclo de replicação viral.<ref name="VPA2007" />


== Doenças humanas virais ==
== Vírus: seres vivos ou seres não vivos? ==
Assim como muitos parasitas, os vírus são patogênicos aos seres vivos. Ao invadirem as células de um indivíduo, eles prejudicam o funcionamento normal dessas células e, consequentemente, provocam [[doença]]s.<ref name="BV2007">WAGNER, E. K.; HEWLETT, M. J.; BLOOM, D. C.; CAMERINI, D.. Basic Virology. 3. ed. Massachusetts: Wiley-Blackwell, 2007. 584 p. ISBN 978-1405147156</ref> Entre as principais viroses humanas estão: [[gripe]], [[hepatite]] (A, B e C), [[caxumba]], [[sarampo]], [[varicela|varicela (catapora)]], [[SIDA|SIDA (AIDS)]], [[raiva (doença)|raiva]], [[dengue]], [[febre amarela]], [[poliomielite|poliomielite (paralisia infantil)]], [[rubéola]], [[meningite]], [[encefalite]], [[herpes]], [[pneumonia]], entre outras doenças.<ref name="ID2003">GORBACH, S. L.; BARTLETT, J. G.; BLACKLOW, N. R.. Infectious Diseases. 3. ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins, 2003. 2700 p. ISBN 978-0781733717</ref>
Recentemente foi mostrado que o [[câncer]] cervical é causado ao menos em partes pelo [[Vírus do papiloma humano|papilomavírus]] (que causa papilomas, ou verrugas), representando a primeira evidência significante em humanos para uma ligação entre [[câncer]] e agentes virais.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Komaroff|primeiro=Anthony L.|data=2006-12-01|titulo=Is human herpesvirus-6 a trigger for chronic fatigue syndrome?|url=http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1386653206700105|jornal=Journal of Clinical Virology|series=HHV-6: an underestimated virus|lingua=en|volume=37|paginas=S39–S46|doi=10.1016/S1386-6532(06)70010-5|issn=1386-6532|acessodata=2020-06-08}}</ref>


=== Epidemiologia ===
A [[vida]], em sua definição biológica, é considerada um complexo e dinâmico estado de interações [[bioquímica]]s e [[biofísica]]s. Sob esta perspectiva, são citadas duas propriedades básicas de sistemas vivos:
A epidemiologia viral é o ramo da ciência médica que lida com a transmissão e o controle de infecções por vírus em humanos. A transmissão de vírus pode ser vertical, o que significa de mãe para filho, ou horizontal, o que significa de pessoa para pessoa.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Fowler|primeiro=Mary Glenn|ultimo2=Lampe|primeiro2=Margaret A.|ultimo3=Jamieson|primeiro3=Denise J.|ultimo4=Kourtis|primeiro4=Athena P.|ultimo5=Rogers|primeiro5=Martha F.|data=setembro de 2007|titulo=Reducing the risk of mother-to-child human immunodeficiency virus transmission: past successes, current progress and challenges, and future directions|url=https://doi.org/10.1016/j.ajog.2007.06.048|jornal=American Journal of Obstetrics and Gynecology|volume=197|numero=3|paginas=S3–S9|doi=10.1016/j.ajog.2007.06.048|issn=0002-9378|acessodata=}}</ref> Exemplos de transmissão vertical incluem o [[vírus da hepatite B]] e o [[HIV]], onde o bebê já nasceu infectado pelo vírus. Outro exemplo, mais raro, é o [[Varicela-zóster|vírus da varicela zoster]], que, apesar de causar infecções relativamente leves em [[Criança|crianças]] e [[Adulto|adultos]], pode ser fatal para o [[feto]] e o bebê recém-nascido.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Sauerbrei|primeiro=Andreas|ultimo2=Wutzler|primeiro2=Peter|data=dezembro de 2000|titulo=The Congenital Varicella Syndrome|url=https://www.nature.com/articles/7200457|jornal=Journal of Perinatology|lingua=en|volume=20|numero=8|paginas=548–554|doi=10.1038/sj.jp.7200457|issn=1476-5543|acessodata=}}</ref>
* (a) são capazes de produzir e utilizar energia química para a síntese de [[macromoléculas]] por meio de uma variedade de proteínas, sendo a maior parte delas [[enzima]]s, as quais de maneira coordenada atuam nestes processos biossintéticos;
* (b) possuem [[ácido nucleico]] que carrega em sua estrutura os mecanismos essenciais à [[Código genético|codificação]] e [[decodificação]] das informações necessárias para a produção das macromoléculas citadas anteriormente.<ref name="Conrat" />
Há grande debate na comunidade científica sobre se os vírus devem ser considerados seres vivos ou não, e esse debate é primariamente um resultado de diferentes percepções sobre o que vem a ser vida, em outras palavras, a definição de vida.


A transmissão horizontal é o mecanismo mais comum de disseminação de vírus nas populações. A transmissão pode ocorrer quando: os fluidos corporais são trocados durante a [[atividade sexual]], por exemplo, [[HIV]]; o sangue é trocado por transfusão contaminada ou compartilhamento de agulhas, por exemplo, hepatite C; troca de saliva pela boca, por exemplo, [[vírus Epstein-Barr]]; comida ou água contaminada é ingerida, por exemplo, norovírus; aerossóis contendo virions são inalados, por exemplo, vírus influenza; e vetores de insetos, como mosquitos, penetram na pele de um hospedeiro, por exemplo, dengue.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Garnett|primeiro=Geoffrey P.|data=2005-02-01|titulo=Role of Herd Immunity in Determining the Effect of Vaccines against Sexually Transmitted Disease|url=https://academic.oup.com/jid/article/191/Supplement_1/S97/936405|jornal=The Journal of Infectious Diseases|lingua=en|volume=191|numero=Supplement_1|paginas=S97–S106|doi=10.1086/425271|issn=0022-1899|acessodata=2020-06-08}}</ref> A taxa ou velocidade de transmissão de infecções virais depende de fatores que incluem a densidade populacional, o número de indivíduos suscetíveis (ou seja, aqueles que não são imunes), a qualidade dos cuidados com a saúde e o clima.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Platonov|primeiro=A. E.|data=2006|titulo=The influence of weather conditions on the epidemiology of vector-borne diseases by the example of West Nile fever in Russia|url=https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16544901|jornal=Vestnik Rossiiskoi Akademii Meditsinskikh Nauk|numero=2|paginas=25–29|issn=0869-6047|pmid=16544901|acessodata=2020-06-08}}</ref>
Aqueles que defendem a ideia que os vírus não são vivos argumentam que organismos vivos devem possuir características como a habilidade de importar nutrientes e energia do ambiente, devem ter metabolismo (um conjunto de reações químicas altamente inter-relacionadas através das quais os seres vivos constroem e mantêm seus corpos, crescem e exercem inúmeras outras tarefas, como locomoção, reprodução); organismos vivos também fazem parte de uma linhagem contínua, sendo necessariamente originados de seres semelhantes e, através da reprodução, gerar outros seres semelhantes (descendência ou prole), etc. Os vírus preenchem alguns desses critérios: são parte de linhagens contínuas, reproduzem-se e evoluem em resposta ao ambiente, através de variabilidade e seleção, como qualquer ser vivo.<ref name="AFM">POMMERVILLE, J. C.. Alcamo's Fundamentals of Microbiology. 9. ed. Ontario: Jones & Bartlett Publishers, 2010. 860 p. ISBN 978-0763762582</ref> Vírus não são cultiváveis ''[[in vitro]]'', ou seja, não se desenvolvem em [[meio de cultura]] contendo os nutrientes fundamentais à vida. Estes se multiplicam somente em [[tecido]]s ou células vivas, logo, os vírus não têm qualquer atividade metabólica quando fora da célula hospedeira.<ref name="Conrat" /> Portanto, sem as células nas quais se replicam, os vírus não existiriam.<ref name="brock" /> Outro aspecto que distingue vírus e organismos vivos baseia-se no fato dos vírus possuírem consideráveis quantidades de apenas um tipo de ácido nucleico, DNA ou RNA, enquanto todos os organismos vivos necessitam de quantidades substanciais de ambos. Por estes motivos, os vírus são considerados "agentes infecciosos", ao invés de seres vivos propriamente ditos.<ref name="Conrat" />


=== Epidemias e pandemias ===
Muitos, porém, não concordam com esta perspectiva, e argumentam que, uma vez que os vírus são capazes de reproduzir-se, são organismos vivos; eles dependem do maquinário metabólico da célula hospedeira, mas até aí todos os seres vivos dependem de interações com outros seres vivos.<ref name="AFM" /> Assim como [[Plasmídeo|plasmídeos]] e outros elementos genéticos, os vírus se aproveitam da maquinaria celular para se multiplicar. No entanto, diferentemente destes elementos genéticos, os vírus possuem uma forma extracelular por meio da qual o material genético viral é transmitido de um hospedeiro a outro. Em função da existência deste estágio independente das células no ciclo biológico viral, algumas pessoas consideram os vírus como "organismos vivos" ou "formas de vida".<ref name="brock" /> Outros ainda levam em consideração a presença maciça de vírus em todos os reinos do mundo natural, sua origem — aparentemente tão antiga como a própria vida —, sua importância na história natural de todos os outros organismos, etc.<ref name="PMV2005" /> Conforme já mencionado, diferentes conceitos a respeito do que vem a ser vida formam o cerne dessa discussão.<ref name="AL">LANGTON, C. G.. Artificial Life: An Overview (Complex Adaptive Systems). Massachusetts: The MIT Press, 1997. 336 p. ISBN 978-0262621120</ref>
[[Ficheiro:Reconstructed Spanish Flu Virus.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|245x245px|Reconstrução do vírus sombrio da [[Gripe espanhola]] que matou cerca de 5% da população humana entre 1918 e 1919. É considerada a pandemia mais grave em toda a história da humanidade.]]
Uma pandemia é uma epidemia mundial. A [[Gripe espanhola]], que durou até 1919, foi uma pandemia de gripe da categoria 5 causada por um vírus da gripe A incomumente grave e mortal. As vítimas eram frequentemente jovens adultos saudáveis, em contraste com a maioria dos surtos de gripe, que afetam predominantemente pacientes jovens, idosos ou enfraquecidos.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Collier|primeiro=J.|data=1882-05-27|titulo=Meinardus Schotanus|url=http://dx.doi.org/10.1093/nq/s6-v.126.409a|jornal=Notes and Queries|volume=s6-V|numero=126|paginas=409–409|doi=10.1093/nq/s6-v.126.409a|issn=1471-6941}}</ref> Estimativas mais antigas dizem que matou de 40 a 50 milhões de pessoas,<ref>{{Citar periódico|ultimo=Patterson|primeiro=K. D.|ultimo2=Pyle|primeiro2=G. F.|data=1991|titulo=The geography and mortality of the 1918 influenza pandemic|url=https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/2021692|jornal=Bulletin of the History of Medicine|volume=65|numero=1|paginas=4–21|issn=0007-5140|pmid=2021692}}</ref> enquanto pesquisas mais recentes sugerem que pode ter matado até 100 milhões de pessoas, ou 5% da população mundial em 1918.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Johnson|primeiro=Niall P. A. S.|ultimo2=Mueller|primeiro2=Juergen|data=2002-03-01|titulo=Updating the Accounts: Global Mortality of the 1918-1920 "Spanish" Influenza Pandemic|url=https://muse.jhu.edu/article/4826|jornal=Bulletin of the History of Medicine|lingua=en|volume=76|numero=1|paginas=105–115|doi=10.1353/bhm.2002.0022|issn=1086-3176}}</ref><ref>{{Citar periódico|ultimo=Gabriel|primeiro=W. B.|data=1952-09-20|titulo=Cancer of the Rectum|url=https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2021692/|jornal=British Medical Journal|volume=2|numero=4785|paginas=653–654|issn=0007-1447|pmc=2021692}}</ref>


Embora as pandemias virais sejam eventos raros, o HIV - que evoluiu a partir de vírus encontrados em macacos e chimpanzés - tem sido uma pandemia desde pelo menos a década de 1980.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Eisinger|primeiro=Robert Walter|ultimo2=Fauci|primeiro2=Anthony S.|data=|titulo=Ending the HIV/AIDS Pandemic - Volume 24, Number 3—March 2018 - Emerging Infectious Diseases journal - CDC|url=https://wwwnc.cdc.gov/eid/article/24/3/17-1797_article|jornal=|lingua=en-us|doi=10.3201/eid2403.171797|pmc=5823353|pmid=29460740|acessodata=2020-06-08}}</ref> Durante o século 20, houve quatro pandemias causadas pelo vírus influenza e as que ocorreram em 1918, 1957 e 1968 foram graves.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Qin|primeiro=Y.|ultimo2=Zhao|primeiro2=M. J.|ultimo3=Tan|primeiro3=Y. Y.|ultimo4=Li|primeiro4=X. Q.|ultimo5=Zheng|primeiro5=J. D.|ultimo6=Peng|primeiro6=Z. B.|ultimo7=Feng|primeiro7=L. Z.|data=2018-08-10|titulo=History of influenza pandemics in China during the past century|url=https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30180422|jornal=Zhonghua Liu Xing Bing Xue Za Zhi = Zhonghua Liuxingbingxue Zazhi|volume=39|numero=8|paginas=1028–1031|doi=10.3760/cma.j.issn.0254-6450.2018.08.003|issn=0254-6450|pmid=30180422|acessodata=}}</ref> A maioria dos pesquisadores acredita que o [[HIV]] se originou na [[África subsariana|África Subsariana]] durante o século XX;<ref>{{Citar periódico|ultimo=Gao|primeiro=Feng|ultimo2=Bailes|primeiro2=Elizabeth|ultimo3=Robertson|primeiro3=David L.|ultimo4=Chen|primeiro4=Yalu|ultimo5=Rodenburg|primeiro5=Cynthia M.|ultimo6=Michael|primeiro6=Scott F.|ultimo7=Cummins|primeiro7=Larry B.|ultimo8=Arthur|primeiro8=Larry O.|ultimo9=Peeters|primeiro9=Martine|data=fevereiro de 1999|titulo=Origin of HIV-1 in the chimpanzee Pan troglodytes troglodytes|url=https://www.nature.com/articles/17130|jornal=Nature|lingua=en|volume=397|numero=6718|paginas=436–441|doi=10.1038/17130|issn=1476-4687|acessodata=}}</ref> agora é uma pandemia, com cerca de 37,9 milhões de pessoas vivendo com a doença no mundo todo. Houve cerca de 770.000 mortes por [[Aids|AIDS]] em 2018. O [[Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS]] (UNAIDS) e a [[Organização Mundial da Saúde]] (OMS) estimam que a AIDS matou mais de 25 milhões de pessoas desde que foi reconhecida pela primeira vez em 5 Junho de 1981, tornando-a uma das epidemias mais destrutivas da história registrada.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Mawar|primeiro=Nita|ultimo2=Saha|primeiro2=Seema|ultimo3=Pandit|primeiro3=Apoorvaa|ultimo4=Mahajan|primeiro4=Uma|data=dezembro de 2005|titulo=The third phase of HIV pandemic: social consequences of HIV/AIDS stigma & discrimination & future needs|url=https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16517997|jornal=The Indian Journal of Medical Research|volume=122|numero=6|paginas=471–484|issn=0971-5916|pmid=16517997|acessodata=2020-06-08}}</ref> Em 2007, houve 2,7 milhões de novas infecções por [[HIV]] e 2 milhões de mortes relacionadas ao HIV.<ref>{{citar web|url=http://data.unaids.org/pub/GlobalReport/2008/jc1510_2008_global_report_pp29_62_en.pdf|titulo=Status of the global HIV epidemic|data=2008|acessodata=2020-06-08|publicado=data.unaids.org|ultimo=|primeiro=|wayb=20151122231422|urlmorta=yes|formato=[[PDF]]}}</ref>
== A origem dos vírus ==
=== Câncer ===
{{Artigo principal|Oncovírus}}
[[Ficheiro:Hepatitis-B virions.jpg|miniaturadaimagem|241x241px|O [[Vírus da hepatite B|vírus da Hepatite B]], vista no microscópio]]
Os vírus são uma causa estabelecida de câncer em humanos e outras espécies. O câncer viral ocorre apenas em uma minoria de pessoas infectadas (ou animais). Os vírus do câncer provêm de uma variedade de famílias de vírus, incluindo vírus de [[Rna|RNA]] e [[DNA]], e, portanto, não existe um tipo único de "[[oncovírus]]" (um termo obsoleto originalmente usado para retrovírus de transformação aguda). O desenvolvimento do câncer é determinado por uma variedade de fatores, como imunidade ao hospedeiro<ref>{{Citar periódico|ultimo=Einstein|primeiro=Mark H|ultimo2=Schiller|primeiro2=John T|ultimo3=Viscidi|primeiro3=Raphael P|ultimo4=Strickler|primeiro4=Howard D|ultimo5=Coursaget|primeiro5=Pierre|ultimo6=Tan|primeiro6=Tina|ultimo7=Halsey|primeiro7=Neal|ultimo8=Jenkins|primeiro8=David|data=junho de 2009|titulo=Clinician's guide to human papillomavirus immunology: knowns and unknowns|url=https://doi.org/10.1016/S1473-3099(09)70108-2|jornal=The Lancet Infectious Diseases|volume=9|numero=6|paginas=347–356|doi=10.1016/s1473-3099(09)70108-2|issn=1473-3099|acessodata=2020-06-08}}</ref> e mutações no hospedeiro.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Shuda|primeiro=M.|ultimo2=Feng|primeiro2=H.|ultimo3=Kwun|primeiro3=H. J.|ultimo4=Rosen|primeiro4=S. T.|ultimo5=Gjoerup|primeiro5=O.|ultimo6=Moore|primeiro6=P. S.|ultimo7=Chang|primeiro7=Y.|data=2008-09-23|titulo=T antigen mutations are a human tumor-specific signature for Merkel cell polyomavirus|url=https://doi.org/10.1073/pnas.0806526105|jornal=Proceedings of the National Academy of Sciences|lingua=en|volume=105|numero=42|paginas=16272–16277|doi=10.1073/pnas.0806526105|issn=0027-8424|pmc=2551627|pmid=18812503|acessodata=2020-06-08}}</ref>


Os vírus aceitos para causar câncer em humanos incluem alguns genótipos de [[papilomavírus humano]], [[vírus da hepatite B]], [[vírus da hepatite C]], [[vírus Epstein-Barr]], [[herpesvírus]] associado ao [[sarcoma de Kaposi]] e [[Vírus linfotrópico da célula T humana|vírus linfotrópico T humano]].<ref>{{Citar periódico|ultimo=Leão|primeiro=J. C.|ultimo2=Hinrichsen|primeiro2=S. L.|ultimo3=Freitas|primeiro3=B. L. de|ultimo4=Porter|primeiro4=S. R.|data=março de 1999|titulo=Herpes vírus humano-8 e Sarcoma de Kaposi|url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0104-42301999000100011&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt|jornal=Revista da Associação Médica Brasileira|lingua=pt|volume=45|numero=1|paginas=55–62|doi=10.1590/S0104-42301999000100011|issn=0104-4230|acessodata=}}</ref> O vírus do câncer humano descoberto mais recentemente é um poliomavírus (poliomavírus de células Merkel) que causa a maioria dos casos de uma forma rara de [[câncer de pele]] chamada carcinoma de células Merkel.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Pulitzer|primeiro=Melissa P.|ultimo2=Amin|primeiro2=Bijal D.|ultimo3=Busam|primeiro3=Klaus J.|data=maio de 2009|titulo=Merkel Cell Carcinoma: Review|url=https://journals.lww.com/anatomicpathology/Abstract/2009/05000/Merkel_Cell_Carcinoma__Review.1.aspx|jornal=Advances in Anatomic Pathology|lingua=en-US|volume=16|numero=3|paginas=135–144|doi=10.1097/PAP.0b013e3181a12f5a|issn=1072-4109|acessodata=}}</ref>
A origem dos vírus não é totalmente clara, e provavelmente, esta seja tão complexa quanto a [[origem da vida]].<ref name="Conrat" /> Porém, foram propostas algumas hipóteses:


=== Prevenção e tratamento de doenças virais ===
* '''Evolução química:''' Os vírus podem representar [[micróbio]]s extremamente reduzidos, formas primordiais de vida que apareceram separadamente na [[sopa primordial]] que deu origem às primeiras células. Com base nisto as diferentes variedades de vírus teriam tido origens diversas e independentes. No entanto, esta hipótese tem pouca aceitação.
Devido ao uso das células do hospedeiro, os vírus tornam-se difíceis de se combater. Como os [[Quimioterapia|tratamentos quimioterápicos]] para a infecções virais são limitados, os tratamentos sintomáticos, como descanso, [[hidratação]] e [[analgésicos]], são as alternativas mais comuns para reduzir os incômodos causados pela maioria das doenças virais, principalmente infecções respiratórias. [[Pesquisas científicas|Pesquisas]] realizadas com camundongos infectados com o vírus [[coxsackie]] B demonstraram que esforços físicos severos, repetitivos e exaustivos prolongaram a infecção e provocaram o retardo do início da resposta imune via [[interferon]]s e [[anticorpos]].<ref name="ID2003" />
* '''[[Evolução]] retrógrada:''' Os vírus teriam se originado a partir de microrganismos parasitas intracelulares que ao longo do tempo perderam partes do genoma responsáveis pela codificação de proteínas envolvidas em processos metabólicos essenciais, mantendo-se apenas os [[gene]]s que garantiriam aos vírus sua identidade e capacidade de replicação.
* '''DNA [[Autorreplicação|autorreplicante]]:''' Os vírus originaram-se a partir de sequências de DNA autorreplicantes ([[plasmídeo]]s e [[transposon]]s) que assumiram uma função parasita para sobreviverem na natureza.
* '''Origem celular:''' Os vírus podem ser derivados de componentes de células de seus próprios hospedeiros que se tornaram autônomos, comportando-se como genes que passaram a existir independentemente da célula. Algumas regiões do genoma de certos vírus assemelham-se a sequências de genes celulares que codificam proteínas funcionais. Esta hipótese é apontada como a mais provável para explicar a origem dos vírus.<ref name="Conrat" /><ref name="Micromed" />


Quando as células são atacadas por vírus, o [[sistema imune|sistema de defesa]] do organismo parasitado passa a produzir anticorpos específicos que combatem o vírus invasor. Isso ocorre porque os vírus são formados por proteínas diferentes das do organismo parasitado. Estas proteínas são reconhecidas como não próprias do organismo e são neutralizadas pelos anticorpos. Assim, caso o mesmo vírus invada o organismo novamente, a memória imunológica desencadeará rapidamente uma resposta imune específica contra o vírus, e a doença não se instalará.<ref name="ICM2008">ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H.; PILLAI, S.. Imunologia Celular e Molecular. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. 564 p. ISBN 978-1-4160-3122-2</ref>
== Origem da diversidade genética viral ==


==== Vacina virais ====
Diversos são os processos responsáveis por gerar variabilidade genética dentro de uma população viral. Entre tais processos, estão: mutações, recombinações, rearranjos genéticos em coinfeções, entre outros. A fidelidade e a frequência dos processos de replicação, as taxas de ocorrência de coinfecções, o modo de transmissão, o tamanho e a estrutura das populações (virais e de hospedeiros) são fatores que influenciam a geração da variabilidade genética viral. Quando os vírus se reproduzem no interior de uma célula, o material genético viral pode sofrer mutações, originando uma grande diversidade genética a partir de um único tipo de vírus. Vírus de RNA, que dependem das enzimas RNA [[polimerase]] ou [[transcriptase reversa]] para se replicar, apresentam taxas de mutação mais elevadas, se comparados a vírus de DNA. Isto ocorre porque tais enzimas não são capazes de corrigir os erros provocados no decorrer da replicação. Vírus de DNA, que usam a maquinaria enzimática celular, apresentam taxas reduzidas de mutações genéticas, pois utilizam enzimas celulares que possuem a habilidade de reparar os erros gerados durante a síntese de DNA.<ref name="FV2001" />
{{Artigo principal|Vacina}}
[[Ficheiro:Defense.gov News Photo 041028-N-9864S-021.jpg|miniaturadaimagem|200x200px|Aplicação de vacina contra o [[vírus da gripe]].]]
As [[vacinas]] são soluções médicas eficazes para prevenir algumas infecções virais. Elas podem ser produzidas a partir de vírus inativados ou [[vírus atenuado|atenuados]], ou a partir de subunidades de proteínas virais.
Uma vez introduzidos num indivíduo, os componentes das vacinas são capazes de estimular o organismo a produzir uma resposta imunológica humoral e/ou celular.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Schatzmayr|primeiro=Hermann G.|data=2003|titulo=Novas perspectivas em vacinas virais|url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0104-59702003000500010&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt|jornal=História, Ciências, Saúde-Manguinhos|lingua=pt|volume=10|paginas=655–669|doi=10.1590/S0104-59702003000500010|issn=0104-5970|acessodata=2020-06-12}}</ref> O indivíduo desenvolve memória imunológica quando é exposto uma ou algumas vezes aos antígenos presentes na vacina. A vacinação é empregada com o objetivo de prevenir a manifestação de doenças virais futuras. Portanto, vacinas não são aplicadas com o intuito de curar viroses já instaladas, mas sim para evitar o desenvolvimento da doença.<ref name="BV2007" />


A [[vacina Sabin]], usada para prevenir a poliomielite (ou [[paralisia infantil]]), é uma das vacinas virais atenuadas mais amplamente utilizadas no mundo. Testes com [[macacos]] demonstraram que o vírus atenuado, diferentemente da cepa viral patogênica, não possui virulência contra os [[tecido nervoso|tecidos nervosos]] do [[cérebro]] e da [[medula espinhal]]. Porém, como o organismo não diferencia um vírus do outro, ele passa a produzir os anticorpos necessários, imunizando o indivíduo vacinado contra o vírus da poliomielite.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Campos|primeiro=André Luiz Vieira de|ultimo2=Nascimento|primeiro2=Dilene Raimundo do|ultimo3=Maranhão|primeiro3=Eduardo|data=2003|titulo=A história da poliomielite no Brasil e seu controle por imunização|url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0104-59702003000500007&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt|jornal=História, Ciências, Saúde-Manguinhos|lingua=pt|volume=10|paginas=573–600|doi=10.1590/S0104-59702003000500007|issn=0104-5970|acessodata=}}</ref><ref name="FV2001" />
== Doenças humanas virais ==


==== Drogas antivirais ====
Assim como muitos parasitas, os vírus são patogênicos aos seres vivos. Ao invadirem as células de um indivíduo, eles prejudicam o funcionamento normal dessas células e, consequentemente, provocam [[doença]]s.<ref name="BV2007">WAGNER, E. K.; HEWLETT, M. J.; BLOOM, D. C.; CAMERINI, D.. Basic Virology. 3. ed. Massachusetts: Wiley-Blackwell, 2007. 584 p. ISBN 978-1405147156</ref> Entre as principais viroses humanas estão: [[gripe]], [[hepatite]] (A, B e C), [[caxumba]], [[sarampo]], [[varicela|varicela (catapora)]], [[SIDA|SIDA (AIDS)]], [[raiva (doença)|raiva]], [[dengue]], [[febre amarela]], [[poliomielite|poliomielite (paralisia infantil)]], [[rubéola]], [[meningite]], [[encefalite]], [[herpes]], [[pneumonia]], entre outras doenças.<ref name="ID2003">GORBACH, S. L.; BARTLETT, J. G.; BLACKLOW, N. R.. Infectious Diseases. 3. ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins, 2003. 2700 p. ISBN 978-0781733717</ref>
[[Ficheiro:Oseltamivir-2D-skeletal.png|miniaturadaimagem|200x200px|[[Oseltamivir]], um antiviral com ação seletiva contra ''[[Influenzavirus A]]'' e ''[[Influenzavirus B|B]]''.]]
Recentemente foi mostrado que o [[câncer]] cervical é causado ao menos em partes pelo [[Vírus do papiloma humano|papilomavírus]] (que causa papilomas, ou verrugas), representando a primeira evidência significante em humanos para uma ligação entre [[câncer]] e agentes virais.<ref>SCHIFFMAN, M. H.; BAUER, H. M.; HOOVER, R. N.; GLASS, A. G.; CADELL, D. M.; RUSH, B. B.; SCOTT, D. R. SHERMAN, M. E.; KURMAN, R. J.; WACHOLDER, S.; STANTON, C. K.; MANOS, M. M. (1993). Epidemiologic Evidence Showing That Human Papillomavirus Infection Causes Most Cervical Intraepithelial Neoplasia. J Natl Cancer Inst 85: 958-964.</ref>
As drogas antivirais são substâncias utilizadas no tratamento específico contra determinados vírus. Entre as principais substâncias antivirais, estão: o [[aciclovir]] (contra o herpesvírus), a ribavirina (contra o vírus da hepatite C), o [[oseltamivir]] (contra o vírus da gripe), o [[ritonavir]], o [[indinavir]], a [[zidovudina]], entre outras, contra o vírus da AIDS (SIDA).<ref name="FV2001" /> Diferentemente do que ocorre nos casos de infecções bacterianas, os [[antibiótico]]s não são úteis contra infecções virais. O uso abusivo e inadequado de antibióticos, como contra infecções virais, tem se tornado um grave problema de saúde pública por ser uma das causas do recorrente surgimento de bactérias [[Resistência antibiótica|resistentes]] a múltiplos antibióticos.<ref name="TCC2006">HICKS, T. A.. The Common Cold (Health Alert). New York: Benchmark Books, 2006. 64 p. ISBN 978-0761419136</ref>


== Infecção em outras espécies ==
=== Prevenção e tratamento de doenças virais ===
Os vírus infectam toda a vida celular e, embora os vírus ocorram universalmente, cada espécie celular tem seu próprio intervalo específico que geralmente infecta apenas essas espécies.<ref>{{Citar livro|url=http://dx.doi.org/10.5962/bhl.title.9556|título=Coleoptera / by George Dimmock.|ultimo=Dimmock|primeiro=George|data=1884|editora=S.E. Cassino,|local=Boston, Mass. :}}</ref> Alguns vírus, chamados satélites, podem se replicar apenas dentro de células que já foram infectadas por outro vírus.<ref>{{Citar periódico|ultimo=La Scola|primeiro=Bernard|ultimo2=Desnues|primeiro2=Christelle|ultimo3=Pagnier|primeiro3=Isabelle|ultimo4=Robert|primeiro4=Catherine|ultimo5=Barrassi|primeiro5=Lina|ultimo6=Fournous|primeiro6=Ghislain|ultimo7=Merchat|primeiro7=Michèle|ultimo8=Suzan-Monti|primeiro8=Marie|ultimo9=Forterre|primeiro9=Patrick|data=setembro de 2008|titulo=The virophage as a unique parasite of the giant mimivirus|url=https://www.nature.com/articles/nature07218|jornal=Nature|lingua=en|volume=455|numero=7209|paginas=100–104|doi=10.1038/nature07218|issn=1476-4687|acessodata=}}</ref>
Devido ao uso das células do hospedeiro, os vírus tornam-se difíceis de se combater. Como os [[Quimioterapia|tratamentos quimioterápicos]] para a infecções virais são limitados, os tratamentos sintomáticos, como descanso, [[hidratação]] e [[analgésicos]], são as alternativas mais comuns para reduzir os incômodos causados pela maioria das doenças virais, principalmente infecções respiratórias. [[Pesquisas científicas|Pesquisas]] realizadas com camundongos infectados com o vírus [[coxsackie]] B demonstraram que esforços físicos severos, repetitivos e exaustivos prolongaram a infecção e provocaram o retardo do início da resposta imune via [[interferon]]s e [[anticorpos]].<ref name="ID2003"/>


=== Vírus de planta ===
Quando as células são atacadas por vírus, o [[sistema imune|sistema de defesa]] do organismo parasitado passa a produzir anticorpos específicos que combatem o vírus invasor. Isso ocorre porque os vírus são formados por proteínas diferentes das do organismo parasitado. Estas proteínas são reconhecidas como não próprias do organismo e são neutralizadas pelos anticorpos. Assim, caso o mesmo vírus invada o organismo novamente, a memória imunológica desencadeará rapidamente uma resposta imune específica contra o vírus, e a doença não se instalará.<ref name="ICM2008">ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H.; PILLAI, S.. Imunologia Celular e Molecular. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. 564 p. ISBN 978-1-4160-3122-2</ref>
{{Artigo principal|Fitovírus}}
Existem muitos tipos de vírus de plantas, mas geralmente causam apenas uma perda de rendimento, e não é economicamente viável tentar controlá-los. Os vírus das plantas são frequentemente transmitidos de planta para planta por organismos, conhecidos como vetores. Geralmente são insetos, mas alguns fungos, [[Nematóides|vermes de nematóides]] e organismos unicelulares têm se mostrado vetores.<ref>{{citar web|url=https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/195251/1/Doc110.pdf|titulo=Transmissão de vírus e controle de viroses em plantas|data=março de 2019|acessodata=2020-06-13|publicado=ainfo.cnptia.embrapa.br|ultimo=Nickel|primeiro=Osmar|issn=18084648|primeiro2=Thor Vinícius|ultimo2=Martins Fajardo|formato=[[PDF]]}}</ref><ref>{{Citar web|titulo=Vírus de planta|url=https://brasilescola.uol.com.br/biologia/virus-planta.htm|obra=Brasil Escola|acessodata=2020-06-13|lingua=pt-br|data=|publicado=|ultimo=Araguaia|primeiro=Mariana}}</ref>


Quando o controle de infecções por vírus de plantas é considerado econômico, para frutos perenes, por exemplo, os esforços estão concentrados na morte dos vetores e na remoção de hospedeiros alternativos, como as ervas daninhas. Os vírus vegetais não podem infectar [[Seres Humanos|seres humanos]] e outros animais porque eles podem se reproduzir apenas nas células vegetais vivas.<ref>{{Citar web|titulo=A Stress-Induced Facilitation of Associative Learning|url=http://dx.doi.org/10.1037/e537272012-409|obra=PsycEXTRA Dataset|data=1994|acessodata=2020-06-13|primeiro=Tracey J.|ultimo=Shors}}</ref><ref>{{Citar periódico|data=1967|titulo=BIBLIOGRAPHY|url=http://dx.doi.org/10.1016/b978-1-4831-9761-6.50018-3|publicado=Elsevier|paginas=799–807|isbn=978-1-4831-9761-6}}</ref>
==== Vacinas virais ====
[[Ficheiro:Defense.gov News Photo 041028-N-9864S-021.jpg|thumb|right|200px|Aplicação de vacina contra o [[vírus da gripe]].]]
As [[vacinas]] são soluções médicas eficazes para prevenir algumas infecções virais. Elas podem ser produzidas a partir de vírus inativados ou [[vírus atenuado|atenuados]], ou a partir de subunidades de proteínas virais.
Uma vez introduzidos num indivíduo, os componentes das vacinas são capazes de estimular o organismo a produzir uma resposta imunológica humoral e/ou celular. O indivíduo desenvolve memória imunológica quando é exposto uma ou algumas vezes aos antígenos presentes na vacina. A vacinação é empregada com o objetivo de prevenir a manifestação de doenças virais futuras. Portanto, vacinas não são aplicadas com o intuito de curar viroses já instaladas, mas sim para evitar o desenvolvimento da doença.<ref name="BV2007"/>


=== Vírus de bactéria ===
A [[vacina Sabin]], usada para prevenir a poliomielite (ou [[paralisia infantil]]), é uma das vacinas virais atenuadas mais amplamente utilizadas no mundo. Testes com [[macacos]] demonstraram que o vírus atenuado, diferentemente da cepa viral patogênica, não possui virulência contra os [[tecido nervoso|tecidos nervosos]] do [[cérebro]] e da [[medula espinhal]]. Porém, como o organismo não diferencia um vírus do outro, ele passa a produzir os anticorpos necessários, imunizando o indivíduo vacinado contra o vírus da poliomielite.<ref name="FV2001"/>
{{Artigo principal|Bacteriófago}}
[[Ficheiro:Phage.jpg|miniaturadaimagem|208x208px|Nesta [[micrografia eletrônica]] de bacteriófagos ligados a uma célula bacteriana, os vírus têm o tamanho e a forma do colifago T1]]
Os bacteriófagos são um grupo comum e diversificado de vírus e são a entidade biológica mais abundante em ambientes aquáticos - há até dez vezes mais desses vírus nos oceanos do que as bactérias,<ref name=":5">{{Citar periódico|ultimo=Wommack|primeiro=K. Eric|ultimo2=Colwell|primeiro2=Rita R.|data=2000-03-01|titulo=Virioplankton: Viruses in Aquatic Ecosystems|url=https://mmbr.asm.org/content/64/1/69|jornal=Microbiology and Molecular Biology Reviews|lingua=en|volume=64|numero=1|paginas=69–114|doi=10.1128/MMBR.64.1.69-114.2000|issn=1092-2172|pmc=98987|pmid=10704475|acessodata=2020-06-13}}</ref> atingindo níveis de 250 000 000 bacteriófagos por mililitro de água do mar. Esses vírus infectam bactérias específicas ligando-se às moléculas receptoras da superfície e entrando na célula.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Bergh|primeiro=Øivind|ultimo2=BØrsheim|primeiro2=Knut Yngve|ultimo3=Bratbak|primeiro3=Gunnar|ultimo4=Heldal|primeiro4=Mikal|data=agosto de 1989|titulo=High abundance of viruses found in aquatic environments|url=https://www.nature.com/articles/340467a0|jornal=Nature|lingua=en|volume=340|numero=6233|paginas=467–468|doi=10.1038/340467a0|issn=1476-4687|acessodata=}}</ref>


Dentro de um curto período de tempo, em alguns casos, apenas alguns minutos, a polimerase bacteriana começa a traduzir o [[mRNA]] viral em proteína. Essas proteínas tornam-se novos virions dentro da célula,<ref name=":5" /> proteínas auxiliares, que ajudam na montagem de novos [[Vírion|virions]], ou proteínas envolvidas na lise celular. As enzimas virais auxiliam na quebra da membrana celular e, no caso do fago T4, em pouco mais de vinte minutos após a injeção, mais de trezentos fagos podem ser liberados.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Shors|primeiro=Stephanie|ultimo2=Miller|primeiro2=Frank H.|data=2010|titulo=Case 393|url=http://dx.doi.org/10.1016/b978-1-4160-5944-8.00393-6|jornal=|publicado=Elsevier|paginas=834–835|isbn=978-1-4160-5944-8|acessodata=2020-06-13}}</ref>
==== Drogas antivirais ====
[[Ficheiro:Oseltamivir-2D-skeletal.png|thumb|right|200px|[[Oseltamivir]], um antiviral com ação seletiva contra ''[[Influenzavirus A]]'' e ''[[Influenzavirus B|B]]''.]]
As drogas antivirais são substâncias utilizadas no tratamento específico contra determinados vírus. Entre as principais substâncias antivirais, estão: o [[aciclovir]] (contra o herpesvírus), a ribavirina (contra o vírus da hepatite C), o [[oseltamivir]] (contra o vírus da gripe), o [[ritonavir]], o [[indinavir]], a [[zidovudina]], entre outras, contra o vírus da AIDS (SIDA).<ref name="FV2001"/> Diferentemente do que ocorre nos casos de infecções bacterianas, os [[antibiótico]]s não são úteis contra infecções virais. O uso abusivo e inadequado de antibióticos, como contra infecções virais, tem se tornado um grave problema de saúde pública por ser uma das causas do recorrente surgimento de bactérias [[Resistência antibiótica|resistentes]] a múltiplos antibióticos.<ref name="TCC2006">HICKS, T. A.. The Common Cold (Health Alert). New York: Benchmark Books, 2006. 64 p. ISBN 978-0761419136</ref>


== Agentes infecciosos subvirais ==
=== Vírus de animais ===
Os vírus são patógenos importantes do gado. Doenças como [[febre aftosa]] e febre catarral ovina são causadas por vírus.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Goris|primeiro=Nesya|ultimo2=Vandenbussche|primeiro2=Frank|ultimo3=De Clercq|primeiro3=Kris|data=2008-04-01|titulo=Potential of antiviral therapy and prophylaxis for controlling RNA viral infections of livestock|url=http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0166354207004354|jornal=Antiviral Research|series=Special Issue: Treatment of highly pathogenic RNA viral infections|lingua=en|volume=78|numero=1|paginas=170–178|doi=10.1016/j.antiviral.2007.10.003|issn=0166-3542}}</ref> Animais de companhia, como [[Gato|gatos]], [[cães]] e [[Cavalo|cavalos]], se não forem vacinados, são suscetíveis a infecções virais graves. O parvovírus canino é causado por um pequeno vírus de DNA e as infecções geralmente são fatais em filhotes.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Carmichael|primeiro=L. E.|data=2005|titulo=An Annotated Historical Account of Canine Parvovirus|url=https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/j.1439-0450.2005.00868.x|jornal=Journal of Veterinary Medicine, Series B|lingua=en|volume=52|numero=7-8|paginas=303–311|doi=10.1111/j.1439-0450.2005.00868.x|issn=1439-0450}}</ref> Como todos os [[invertebrados]], a [[abelha]] é suscetível a muitas [[infecções virais]]. A maioria dos vírus coexiste inofensivamente no hospedeiro e não causa sinais ou sintomas de doença.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Chen|primeiro=Yanping|ultimo2=Zhao|primeiro2=Yan|ultimo3=Hammond|primeiro3=John|ultimo4=Hsu|primeiro4=Hei-ti|ultimo5=Evans|primeiro5=Jay|ultimo6=Feldlaufer|primeiro6=Mark|data=2004-10-01|titulo=Multiple virus infections in the honey bee and genome divergence of honey bee viruses|url=http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0022201104001156|jornal=Journal of Invertebrate Pathology|lingua=en|volume=87|numero=2|paginas=84–93|doi=10.1016/j.jip.2004.07.005|issn=0022-2011}}</ref>


=== Vírus de arqueias ===
Agentes subvirais são partículas infecciosas subcelulares bastante simples estruturalmente que não são enquadradas como vírus no sentido estrito do termo.<ref name="VHD2007">STRAUSS, J. H.; STRAUSS, E. G.. Viruses and Human Disease. 2. ed. Massachusetts: Academic Press, 2007. 480 p. ISBN 978-0123737410</ref> Entres tais agentes, destacam-se os vírus satélite, os virusóides, os viróides, os RNAs satélite, os RNAs interferentes defectivos (DI-RNAs) e os príons.<ref name="MB2005">CLARK, D. P.. Molecular Biology. Massachusetts: Academic Press, 2005. 816 p. ISBN 978-0121755515</ref>
Alguns vírus se replicam dentro das arqueias: são vírus de DNA de fita dupla com formas incomuns e às vezes únicas.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Prangishvili|primeiro=David|ultimo2=Forterre|primeiro2=Patrick|ultimo3=Garrett|primeiro3=Roger A.|data=novembro de 2006|titulo=Viruses of the Archaea: a unifying view|url=https://www.nature.com/articles/nrmicro1527|jornal=Nature Reviews Microbiology|lingua=en|volume=4|numero=11|paginas=837–848|doi=10.1038/nrmicro1527|issn=1740-1534|acessodata=2020-06-13}}</ref> Esses vírus foram estudados com mais detalhes nas arqueias termofílicas, particularmente as ordens Sulfolobales e Termoproteales.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Prangishvili|primeiro=D.|ultimo2=Garrett|primeiro2=R. A.|data=2004-04-01|titulo=Exceptionally diverse morphotypes and genomes of crenarchaeal hyperthermophilic viruses|url=https://portlandpress.com/biochemsoctrans/article/32/2/204/63961/Exceptionally-diverse-morphotypes-and-genomes-of|jornal=Biochemical Society Transactions|lingua=en|volume=32|numero=2|paginas=204–208|doi=10.1042/bst0320204|issn=0300-5127}}</ref>


As defesas contra esses vírus envolvem [[interferência de RNA]] de sequências repetitivas de [[DNA]] em genomas arcaicos que estão relacionados aos genes dos vírus.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Mojica|primeiro=Francisco J.M.|ultimo2=Díez-Villaseñor|primeiro2=Chc)sar|ultimo3=García-Martínez|primeiro3=Jesús|ultimo4=Soria|primeiro4=Elena|data=2005-02-01|titulo=Intervening Sequences of Regularly Spaced Prokaryotic Repeats Derive from Foreign Genetic Elements|url=https://doi.org/10.1007/s00239-004-0046-3|jornal=Journal of Molecular Evolution|lingua=en|volume=60|numero=2|paginas=174–182|doi=10.1007/s00239-004-0046-3|issn=1432-1432}}</ref><ref>{{Citar periódico|ultimo=Makarova|primeiro=Kira S.|ultimo2=Grishin|primeiro2=Nick V.|ultimo3=Shabalina|primeiro3=Svetlana A.|ultimo4=Wolf|primeiro4=Yuri I.|ultimo5=Koonin|primeiro5=Eugene V.|data=2006-03-16|titulo=A putative RNA-interference-based immune system in prokaryotes: computational analysis of the predicted enzymatic machinery, functional analogies with eukaryotic RNAi, and hypothetical mechanisms of action|url=https://doi.org/10.1186/1745-6150-1-7|jornal=Biology Direct|volume=1|numero=1|paginas=7|doi=10.1186/1745-6150-1-7|issn=1745-6150|pmc=PMC1462988|pmid=16545108}}</ref> A maioria das [[Archaea|arqueias]] possui sistemas CRISPR-Cas como defesa adaptativa contra vírus. Isso permite que a arqueia retenha seções do DNA viral, que são usadas para direcionar e eliminar infecções subsequentes pelo vírus, usando um processo semelhante à [[Interferência de RNA|interferência do RNA]].<ref>{{Citar periódico|ultimo=van der Oost|primeiro=John|ultimo2=Westra|primeiro2=Edze R.|ultimo3=Jackson|primeiro3=Ryan N.|ultimo4=Wiedenheft|primeiro4=Blake|data=julho de 2014|titulo=Unravelling the structural and mechanistic basis of CRISPR–Cas systems|url=https://www.nature.com/articles/nrmicro3279|jornal=Nature Reviews Microbiology|lingua=en|volume=12|numero=7|paginas=479–492|doi=10.1038/nrmicro3279|issn=1740-1534|pmc=4225775|pmid=24909109|acessodata=2020-06-13}}</ref>
* [[Vírus satélite]]s: são moléculas de DNA ou RNA viral que carecem de [[Gene|informações genéticas]] essenciais para garantir sua independência replicativa. Vírus satélites dependem de outros vírus ([[vírus helper]]) para obter os fatores biológicos (proteínas) necessários para a infecção de uma célula.
<br />
* [[Virusóide]]s: são moléculas de ssRNA circular que não codificam proteínas. Dependem de vírus ''helpers'' para se replicar e formar capsídeos.
* [[Viróide]]s: são patógenos de [[plantas]] constituídos apenas por moléculas de ssRNA circular, altamente estáveis, as quais não são capazes de codificar nenhuma proteína.


== Vírus no ecossistema aquático ==
[[Ficheiro:PSTviroid.png|thumb|center|700px|Estrutura secundária de um viróide da [[batata]]]]
{{Artigo principal|Bacteriófago marinho}}
[[Ficheiro:Cyanophages.png|miniaturadaimagem|227x227px|[[Microfotografia]] de ''[[prochlorococcus]]'', um dos vírus aquáticos.]]
Os vírus são a entidade biológica mais abundante em ambientes aquáticos. Existem cerca de dez milhões deles em uma colher de chá de água do mar.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Dávila-Ramos|primeiro=Sonia|ultimo2=Castelán-Sánchez|primeiro2=Hugo G.|ultimo3=Martínez-Ávila|primeiro3=Liliana|ultimo4=Sánchez-Carbente|primeiro4=María del Rayo|ultimo5=Peralta|primeiro5=Raúl|ultimo6=Hernández-Mendoza|primeiro6=Armando|ultimo7=Dobson|primeiro7=Alan D. W.|ultimo8=Gonzalez|primeiro8=Ramón A.|ultimo9=Pastor|primeiro9=Nina|data=2019|titulo=A Review on Viral Metagenomics in Extreme Environments|url=https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fmicb.2019.02403/full|jornal=Frontiers in Microbiology|lingua=en-US|volume=10|doi=10.3389/fmicb.2019.02403|issn=1664-302X|pmc=6842933|pmid=31749771|acessodata=2020-06-13}}</ref> A maioria desses vírus são [[bacteriófagos]] que infectam [[Bactéria|bactérias]] [[Heterotrófica|heterotróficas]] e cianófagos que infectam cianobactérias e são essenciais para a regulação dos ecossistemas de [[água salgada]] e de [[água doce]]. Os [[bacteriófagos]] são inofensivos para plantas e animais e são essenciais para a regulação dos ecossistemas marinhos e de água doce são importantes agentes de mortalidade do fitoplâncton, a base da cadeia alimentar em ambientes aquáticos.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Zhang|primeiro=Qi-Ya|ultimo2=Gui|primeiro2=Jian-Fang|data=2018-12-01|titulo=Diversity, evolutionary contribution and ecological roles of aquatic viruses|url=https://doi.org/10.1007/s11427-018-9414-7|jornal=Science China Life Sciences|lingua=en|volume=61|numero=12|paginas=1486–1502|doi=10.1007/s11427-018-9414-7|issn=1869-1889|acessodata=2020-06-13}}</ref><ref>{{Citar periódico|ultimo=Suttle|primeiro=Curtis A.|data=setembro de 2005|titulo=Viruses in the sea|url=https://www.nature.com/articles/nature04160|jornal=Nature|lingua=en|volume=437|numero=7057|paginas=356–361|doi=10.1038/nature04160|issn=1476-4687|acessodata=2020-06-13}}</ref>


Eles infectam e destroem bactérias em comunidades microbianas aquáticas e são um dos mecanismos mais importantes de reciclagem do [[Ciclo do carbono|ciclo de carbono]] e nutrientes em ambientes marinhos. As moléculas orgânicas liberadas pelas células bacterianas mortas estimulam o crescimento bacteriano e algal fresco, em um processo conhecido como desvio viral.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Wilhelm|primeiro=Steven W.|ultimo2=Suttle|primeiro2=Curtis A.|data=1999-10-01|titulo=Viruses and Nutrient Cycles in the SeaViruses play critical roles in the structure and function of aquatic food webs|url=https://academic.oup.com/bioscience/article/49/10/781/222807|jornal=BioScience|lingua=en|volume=49|numero=10|paginas=781–788|doi=10.2307/1313569|issn=0006-3568|acessodata=2020-06-13}}</ref> Em particular, a lise de bactérias por vírus demonstrou melhorar o [[ciclo do nitrogênio]] e estimular o crescimento do [[fitoplâncton]]. A atividade viral também pode afetar a [[bomba biológica]], o processo pelo qual o [[carbono]] é sequestrado no [[oceano profundo]].<ref>{{Citar periódico|ultimo=Shelford|primeiro=Emma J.|ultimo2=Suttle|primeiro2=Curtis A.|data=2018-02-09|titulo=Virus-mediated transfer of nitrogen from heterotrophic bacteria to phytoplankton|url=https://www.biogeosciences.net/15/809/2018/|jornal=Biogeosciences|lingua=en-US|volume=15|numero=3|paginas=809–819|doi=10.5194/bg-15-809-2018|issn=1726-4170|acessodata=2020-06-13}}</ref>
* [[RNA satélite|RNAs satélite]]: considerados subtipos de virusóides, são constituídos por pequenas moléculas de RNA, que variam de 200 a 1700 nucleotídeos, sendo que os maiores são capazes de codificar algumas proteínas.
* [[RNA interferente defectivo|RNAs interferentes defectivos]] (DI-RNAs): são pequenas moléculas de RNA viral provenientes de genomas virais que perderam função essenciais em decorrência de seguidas [[Deleção|deleções]]. Um DI-RNA depende essencialmente do vírus parental (que o originou) para se replicar.
* [[Príon]]s (ou priões): são agentes infecciosos que não possuem nenhum ácido nucleico, sendo constituídos exclusivamente por um único tipo de proteína estruturalmente modificada que tem a capacidade de converter proteínas semelhantes e normais em proteínas alteradas quanto a conformação tridimensional. Tais proteínas alteradas se agregam e causam danos em [[células nervosas]].<ref name="MB2005" />


Os microrganismos constituem mais de 90% da biomassa no mar. Estima-se que os vírus matem aproximadamente 20% dessa [[biomassa]] por dia e que haja 10 a 15 vezes mais vírus nos oceanos do que [[Bactéria|bactérias]] e [[archaea]].<ref>{{Citar periódico|ultimo=Wigington|primeiro=Charles H.|ultimo2=Sonderegger|primeiro2=Derek|ultimo3=Brussaard|primeiro3=Corina P. D.|ultimo4=Buchan|primeiro4=Alison|ultimo5=Finke|primeiro5=Jan F.|ultimo6=Fuhrman|primeiro6=Jed A.|ultimo7=Lennon|primeiro7=Jay T.|ultimo8=Middelboe|primeiro8=Mathias|ultimo9=Suttle|primeiro9=Curtis A.|data=2016-01-25|titulo=Re-examination of the relationship between marine virus and microbial cell abundances|url=https://www.nature.com/articles/nmicrobiol201524|jornal=Nature Microbiology|lingua=en|volume=1|numero=3|paginas=1–9|doi=10.1038/nmicrobiol.2015.24|issn=2058-5276|acessodata=2020-06-13}}</ref> Os vírus também são os principais agentes responsáveis pela destruição do fitoplâncton, incluindo a proliferação de algas prejudiciais, o número de vírus nos oceanos diminui ainda mais no mar e mais fundo na água, onde há menos organismos hospedeiros.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Brussaard|primeiro=Corina P. D.|data=2004|titulo=Viral Control of Phytoplankton Populations—a Review1|url=https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/j.1550-7408.2004.tb00537.x|jornal=Journal of Eukaryotic Microbiology|lingua=en|volume=51|numero=2|paginas=125–138|doi=10.1111/j.1550-7408.2004.tb00537.x|issn=1550-7408|acessodata=2020-06-13}}</ref><ref>{{Citar periódico|ultimo=Suttle|primeiro=Curtis A.|data=outubro de 2007|titulo=Marine viruses — major players in the global ecosystem|url=https://www.nature.com/articles/nrmicro1750|jornal=Nature Reviews Microbiology|lingua=en|volume=5|numero=10|paginas=801–812|doi=10.1038/nrmicro1750|issn=1740-1534|acessodata=2020-06-13}}</ref>
{{Referências|colwidth=30em|refs=


== Vírus: seres vivos ou seres não vivos? ==
<ref name=Bordenave>{{citar periódico |autor=BORDENAVE, G. |título=Louis Pasteur (1822–1895) |periódico=Microbes and Infection / Institut Pasteur |volume=5 |número=6 |páginas=553–60 |ano=2003 |doi=10.1016/S1286-4579(03)00075-3}}</ref>


A [[vida]], em sua definição biológica, é considerada um complexo e dinâmico estado de interações [[bioquímica]]s e [[biofísica]]s. Sob esta perspectiva, são citadas duas propriedades básicas de sistemas vivos:<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=KudCAAAAYAAJ|título=Populações da Pan-Amazônia|ultimo=Aragón|primeiro=Luis Eduardo|editora=Universidade Federal do Pará, Núcleo de Altos Estudos Amazônicos|ano=2005|local=|página=|páginas=204|lingua=pt-BR|isbn=9788571430440}}</ref>
<ref name=Mayer>{{citar periódico |autor=MAYER, A. |ano=1886 |título=Über die Mosaikkrankheit des Tabaks |periódico=Die Landwirtschaftliche Versuchs-stationen |volume=32 |páginas=451–467}}</ref>
* (a) são capazes de produzir e utilizar energia química para a síntese de [[macromoléculas]] por meio de uma variedade de proteínas, sendo a maior parte delas [[enzima]]s, as quais de maneira coordenada atuam nestes processos biossintéticos;<ref>{{Citar periódico|ultimo=Oliveira|primeiro=Luciana Gonzaga de|ultimo2=Mantovani|primeiro2=Simone Moraes|data=2009|titulo=Transformações biológicas: contribuições e perspectivas|url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0100-40422009000300018&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt|jornal=Química Nova|volume=32|numero=3|paginas=742–756|doi=10.1590/S0100-40422009000300018|issn=0100-4042|acessodata=2020-06-12}}</ref>
* (b) possuem [[ácido nucleico]] que carrega em sua estrutura os mecanismos essenciais à [[Código genético|codificação]] e [[decodificação]] das informações necessárias para a produção das macromoléculas citadas anteriormente.<ref name="Conrat" />
Há grande debate na comunidade científica sobre se os vírus devem ser considerados seres vivos ou não, e esse debate é primariamente um resultado de diferentes percepções sobre o que vem a ser vida, em outras palavras, a definição de vida.<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=Bx5yDwAAQBAJ&printsec=frontcover&hl=pt-BR|título=Vírus E Bactérias|ultimo=Perrone|primeiro=Edson|editora=Clube de Autores (managed)|ano=2017|local=|página=7|páginas=|lingua=pt}}</ref>


Aqueles que defendem a ideia que os vírus não são vivos argumentam que organismos vivos devem possuir características como a habilidade de importar nutrientes e energia do ambiente, devem ter metabolismo (um conjunto de reações químicas altamente inter-relacionadas através das quais os seres vivos constroem e mantêm seus corpos, crescem e exercem inúmeras outras tarefas, como locomoção, reprodução);<ref>{{citar web|url=https://www.guara.sp.gov.br/kcfinder_pmg/upload/files/Atividades_Escolares/EMEB_URBANO/CIENCIAS_VIRUS-_BACTERIAS-_FUNGOS_E_PROTOZOARIOS.pdf|titulo=Os vírus|data=|acessodata=2020-06-12|publicado=www.guara.sp.gov.br|ultimo=|primeiro=|formato=[[PDF]]}}</ref> organismos vivos também fazem parte de uma linhagem contínua, sendo necessariamente originados de seres semelhantes e, através da reprodução, gerar outros seres semelhantes (descendência ou prole), etc. Os vírus preenchem alguns desses critérios: são parte de linhagens contínuas, reproduzem-se e evoluem em resposta ao ambiente, através de variabilidade e seleção, como qualquer ser vivo.<ref name="AFM">POMMERVILLE, J. C.. Alcamo's Fundamentals of Microbiology. 9. ed. Ontario: Jones & Bartlett Publishers, 2010. 860 p. ISBN 978-0763762582</ref> Vírus não são cultiváveis ''[[in vitro]]'', ou seja, não se desenvolvem em [[meio de cultura]] contendo os nutrientes fundamentais à vida. Estes se multiplicam somente em [[tecido]]s ou células vivas, logo, os vírus não têm qualquer atividade metabólica quando fora da célula hospedeira.<ref name="Conrat" /> Portanto, sem as células nas quais se replicam, os vírus não existiriam.<ref name="brock" /> Outro aspecto que distingue vírus e organismos vivos baseia-se no fato dos vírus possuírem consideráveis quantidades de apenas um tipo de ácido nucleico, DNA ou RNA, enquanto todos os organismos vivos necessitam de quantidades substanciais de ambos. Por estes motivos, os vírus são considerados "agentes infecciosos", ao invés de seres vivos propriamente ditos.<ref name="Conrat" />
<ref name=Ivanovsky>{{citar periódico |autor=IWANOWSKI, D. |ano=1892 |título=Über die Mosaikkrankheit der Tabakspflanze |periódico=Bulletin Scientifique publié par l'Académie Impériale des Sciences de Saint-Pétersbourg / Nouvelle Serie III |volume=35 |páginas=67–70}}</ref>


Muitos, porém, não concordam com esta perspectiva, e argumentam que, uma vez que os vírus são capazes de reproduzir-se, são organismos vivos; eles dependem do maquinário metabólico da célula hospedeira, mas até aí todos os seres vivos dependem de interações com outros seres vivos.<ref name="AFM" /> Assim como [[Plasmídeo|plasmídeos]] e outros elementos genéticos, os vírus se aproveitam da maquinaria celular para se multiplicar. No entanto, diferentemente destes elementos genéticos, os vírus possuem uma forma extracelular por meio da qual o material genético viral é transmitido de um hospedeiro a outro. Em função da existência deste estágio independente das células no ciclo biológico viral, algumas pessoas consideram os vírus como "organismos vivos" ou "formas de vida".<ref name="brock" /> Outros ainda levam em consideração a presença maciça de vírus em todos os reinos do mundo natural, sua origem — aparentemente tão antiga como a própria vida —, sua importância na história natural de todos os outros organismos, etc.<ref name="PMV2005" /> Conforme já mencionado, diferentes conceitos a respeito do que vem a ser vida formam o cerne dessa discussão.<ref name="AL">LANGTON, C. G.. Artificial Life: An Overview (Complex Adaptive Systems). Massachusetts: The MIT Press, 1997. 336 p. ISBN 978-0262621120</ref>
<ref name="Conrat">{{citar periódico |autor=FRAENKEL-CONRAT, H.; WILLIAMS, R.C. |ano=1955 |título=Reconstitution of active tobacco mosaic virus from its inactive protein and nucleic acid components |periódico=Proc Natl Acad Sci U S A |volume=41 |páginas=690–698}}</ref>


== A origem dos vírus ==
<ref name=Beijerinck>{{citar periódico |autor=BEIJERINCK, M.W. |ano=1898 |título=Über ein Contagium vivum fluidum als Ursache der Fleckenkrankheit der Tabaksblätter |periódico=Verhandelingen der Koninklyke akademie van Wettenschappen te Amsterdam |volume=65 |páginas=1–22}}</ref>


A origem dos vírus não é totalmente clara, e provavelmente, esta seja tão complexa quanto a [[origem da vida]].<ref name="Conrat" /> Porém, foram propostas algumas hipóteses:
<ref name=Herelle>{{citar periódico |autor=d'HERELLE, F. |ano=1917 |título=Sur un microbe invisible antagonistic des bacilles dysenterique |periódico=C. R. Acad. Sci. Paris |volume=165 |páginas=373-375}}</ref>


* Evolução química: Os vírus podem representar [[micróbio]]s extremamente reduzidos, formas primordiais de vida que apareceram separadamente na [[sopa primordial]] que deu origem às primeiras células. Com base nisto as diferentes variedades de vírus teriam tido origens diversas e independentes. No entanto, esta hipótese tem pouca aceitação.<ref name=":1">{{Citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=JtFxDwAAQBAJ|título=O Quebra Cabeça Da Criação|ultimo=Roberto|primeiro=|editora=Clube de Autores (managed)|ano=|local=|página=192|páginas=|lingua=pt}}</ref>
<ref name=Stanley>{{citar periódico |autor=STANLEY, W.M. |ano=1935 |título=Isolation of a crystalline protein possessing the properties of tobacco mosaic virus |periódico=Science |volume=81 |páginas=644-645}}</ref>
*[[Evolução]] retrógrada: Os vírus teriam se originado a partir de microrganismos parasitas intracelulares que ao longo do tempo perderam partes do genoma responsáveis pela codificação de proteínas envolvidas em processos metabólicos essenciais, mantendo-se apenas os [[gene]]s que garantiriam aos vírus sua identidade e capacidade de replicação.<ref name=":1" />
* DNA [[Autorreplicação|autorreplicante]]: Os vírus originaram-se a partir de sequências de DNA autorreplicantes ([[plasmídeo]]s e [[transposon]]s) que assumiram uma função parasita para sobreviverem na natureza.<ref>{{Citar web|titulo=Plasmídeos|url=https://mundoeducacao.uol.com.br/biologia/plasmideos.htm|obra=Mundo Educação|acessodata=2020-06-12|lingua=pt-br|data=|publicado=|ultimo=Sardinha dos Santos|primeiro=Vanessa}}</ref>
* Origem celular: Os vírus podem ser derivados de componentes de células de seus próprios hospedeiros que se tornaram autônomos, comportando-se como genes que passaram a existir independentemente da célula. Algumas regiões do genoma de certos vírus assemelham-se a sequências de genes celulares que codificam proteínas funcionais. Esta hipótese é apontada como a mais provável para explicar a origem dos vírus.<ref name="Conrat" /><ref name="Micromed" />


== Origem da diversidade genética viral ==
<ref name=Kausche>{{citar periódico |autor=KAUSCHE, G.A.; ANKUCH, P.F.; RUSKA, H. |ano=1939 |título=Die Sichtbarmachung von PF lanzlichem Virus in Ubermikroskop |periódico=Naturwissenschaften |volume=27 |páginas=292–299}}</ref>


Diversos são os processos responsáveis por gerar variabilidade genética dentro de uma população viral. Entre tais processos, estão: mutações, recombinações, rearranjos genéticos em coinfeções, entre outros. A fidelidade e a frequência dos processos de replicação, as taxas de ocorrência de coinfecções, o modo de transmissão, o tamanho e a estrutura das populações (virais e de hospedeiros) são fatores que influenciam a geração da variabilidade genética viral.<ref name=":1" /> Quando os vírus se reproduzem no interior de uma célula, o material genético viral pode sofrer mutações, originando uma grande diversidade genética a partir de um único tipo de vírus. Vírus de RNA, que dependem das enzimas RNA [[polimerase]] ou [[transcriptase reversa]] para se replicar, apresentam taxas de mutação mais elevadas, se comparados a vírus de DNA.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Cunico|primeiro=Wilson|ultimo2=Gomes|primeiro2=Claudia R. B.|ultimo3=Vellasco Junior|primeiro3=Walcimar T.|data=2008|titulo=HIV - recentes avanços na pesquisa de fármacos|url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0100-40422008000800035&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt|jornal=Química Nova|volume=31|numero=8|paginas=2111–2117|doi=10.1590/S0100-40422008000800035|issn=0100-4042|acessodata=2020-06-12}}</ref> Isto ocorre porque tais enzimas não são capazes de corrigir os erros provocados no decorrer da replicação. Vírus de DNA, que usam a maquinaria enzimática celular, apresentam taxas reduzidas de mutações genéticas, pois utilizam enzimas celulares que possuem a habilidade de reparar os erros gerados durante a síntese de DNA.<ref name="FV2001" />
<ref name=Loeffler>{{citar periódico |autor=LOEFFLER, F.; FROSCH, P. |ano=1898 |periódico=Zentralbl Bakteriol 1 Orig 1 |volume=28 |páginas=371}}</ref>


== Agentes infecciosos subvirais ==
<ref name=Reed>{{citar periódico |autor=REED, W.; CARROLL, J.; AGRAMONTE, A.; LAZEAR, J.; |ano=1901 |periódico=Senate Documents 1901 |volume=66 |número=822 |páginas=156}}</ref>


Agentes subvirais são partículas infecciosas subcelulares bastante simples estruturalmente que não são enquadradas como vírus no sentido estrito do termo.<ref name="VHD2007">STRAUSS, J. H.; STRAUSS, E. G.. Viruses and Human Disease. 2. ed. Massachusetts: Academic Press, 2007. 480 p. ISBN 978-0123737410</ref> Entres tais agentes, destacam-se os vírus satélite, os [[Virusoide|virusóides]], os [[Viroide|viróides]], os RNAs satélite, os RNAs interferentes defectivos (DI-RNAs) e os [[Príon|príons]].<ref name="MB2005">CLARK, D. P.. Molecular Biology. Massachusetts: Academic Press, 2005. 816 p. ISBN 978-0121755515</ref>
<ref name=Ellerman>{{citar periódico |autor=ELLERMANN, V.; BANG, O. |ano=1908 |título=Experimentelle leukamie bei huhnern |periódico=Zentralbl Bakteriol Parasitenkd Infektionskr Hyg |volume=46 |páginas=595–597}}</ref>


* [[Vírus satélite]]s: são moléculas de DNA ou RNA viral que carecem de [[Gene|informações genéticas]] essenciais para garantir sua independência replicativa. Vírus satélites dependem de outros vírus ([[vírus helper]]) para obter os fatores biológicos (proteínas) necessários para a infecção de uma célula.<ref name=":2" /><ref name=":3" />
<ref name=Rous>{{citar periódico |autor=ROUS, P. |ano=1911 |título=A sarcoma of the fowl transmissible by an agent separable from the tumor cells |periódico=J Exp Med |volume=13 |páginas=397–399}}</ref>
* [[Virusóide]]s: são moléculas de ssRNA circular que não codificam proteínas. Dependem de vírus ''helpers'' para se replicar e formar capsídeos.<ref name=":3" />
* [[Viróide]]s: são patógenos de [[plantas]] constituídos apenas por moléculas de ssRNA circular, altamente estáveis, as quais não são capazes de codificar nenhuma proteína.<ref name=":3" />


[[Ficheiro:PSTviroid.png|thumb|center|700px|Estrutura secundária de um [[Viroide|viróide]] da [[batata]]]]
<ref name=Twort>{{citar periódico |autor=TWORT, F.W. |ano=1915 |título=An investigation on the nature of ultra-microscopic viruses |periódico=Lancet |volume=2 |páginas=1241-1243}}</ref>


* [[RNA satélite|RNAs satélite]]: considerados subtipos de virusóides, são constituídos por pequenas moléculas de RNA, que variam de 200 a 1700 nucleotídeos, sendo que os maiores são capazes de codificar algumas proteínas.<ref name=":3">{{Citar periódico|ultimo=Eiras|primeiro=Marcelo|ultimo2=Daròs|primeiro2=Jose Antonio|ultimo3=Flores|primeiro3=Ricardo|ultimo4=Kitajima|primeiro4=Elliot W.|data=junho de 2006|titulo=Viróides e virusóides: relíquias do mundo de RNA|url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0100-41582006000300001&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt|jornal=Fitopatologia Brasileira|volume=31|numero=3|paginas=229–246|doi=10.1590/S0100-41582006000300001|issn=0100-4158|acessodata=}}</ref>
<ref name=Steinhardt>{{citar periódico |autor=Steinhardt E, Israeli C, Lambert R.A. |ano=1913 |título=Studies on the cultivation of the virus of vaccinia |periódico=J. Inf Dis. |volume=13 |número=2 |páginas=294–300 |doi=10.1093/infdis/13.2.294}}</ref>
* [[RNA interferente defectivo|RNAs interferentes defectivos]] (DI-RNAs): são pequenas moléculas de RNA viral provenientes de genomas virais que perderam função essenciais em decorrência de seguidas [[Deleção|deleções]]. Um DI-RNA depende essencialmente do vírus parental (que o originou) para se replicar.<ref name=":2">{{Citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=pp3qBQAAQBAJ|título=Virologia|ultimo=Korsman|primeiro=Stephen N. J.|ultimo2=Zyl|primeiro2=Gert Van|ultimo3=Nutt|primeiro3=Louise|ultimo4=Andersson|primeiro4=Monique I.|ultimo5=Preiser|primeiro5=Wolfgang|data=2014-12-10|editora=Elsevier Brasil|ano=|local=|página=|páginas=|lingua=pt-BR|isbn=9788535279771}}</ref>
* [[Príon]]s (ou priões): são agentes infecciosos que não possuem nenhum ácido nucleico, sendo constituídos exclusivamente por um único tipo de proteína estruturalmente modificada que tem a capacidade de converter proteínas semelhantes e normais em proteínas alteradas quanto a conformação tridimensional. Tais proteínas alteradas se agregam e causam danos em [[células nervosas]].<ref name="MB2005" />


== Aplicações ==
<ref name=Maitland>{{citar periódico |autor=MAITLAND, H.B.; MAITLAND, M.C. |ano=1928 |título=Cultivation of vaccinia virus without tissue culture |periódico=Lancet |volume=512 |número=5482 |páginas=596-597 |doi=10.1016/S0140-6736(00)84169-0}}</ref>


=== Ciências da vida e medicina ===
<ref name=Goodpasture>{{citar periódico |autor=GOODPASTURE, W.E.; WOODRUFF, A.M. |ano=1931 |título=The susceptibility of the chorio-allantoic membrane of chick embryos to infection with the fowl-pox virus |periódico=Am J Pathol |volume=7 |número=3 |páginas=209-222}}</ref>
[[Ficheiro:Influenza virus research.jpg|miniaturadaimagem|281x281px|Cientista estudando o vírus influenza [[H5N1]]]]
Os vírus são importantes para o estudo da biologia molecular e celular, pois fornecem sistemas simples que podem ser usados para manipular e investigar as funções das células.<ref name=":9">{{Citar periódico|ultimo=|primeiro=|data=2012-01-07|editor-sobrenome=Collier|editor-nome=R. J.|editor-sobrenome2=Collier|editor-nome2=J. L.|titulo=Environmental Physiology of Livestock|url=http://dx.doi.org/10.1002/9781119949091|jornal=|doi=10.1002/9781119949091|acessodata=2020-06-13}}</ref> O estudo e o uso de vírus forneceram informações valiosas sobre aspectos da [[biologia celular]]. Por exemplo, os vírus têm sido úteis no estudo da genética e ajudaram a entender os mecanismos básicos da [[genética molecular]], como [[replicação de DNA]], [[Transcrição (genética)|transcrição]], [[Modificação pós-transcricional]], [[Tradução (genética)|tradução]], transporte de [[Proteína|proteínas]] e [[imunologia]].<ref>{{Citar periódico|ultimo=Lodish|primeiro=Harvey|ultimo2=Berk|primeiro2=Arnold|ultimo3=Zipursky|primeiro3=S. Lawrence|ultimo4=Matsudaira|primeiro4=Paul|ultimo5=Baltimore|primeiro5=David|ultimo6=Darnell|primeiro6=James|data=2000|titulo=Viruses: Structure, Function, and Uses|url=https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK21523/|jornal=Molecular Cell Biology. 4th edition|lingua=en|acessodata=2020-06-13}}</ref>


A genética usa vírus como vetores para inserir genes nas células que estudam. Isso é útil para fazer com que as células produzam matérias estranhas ou para estudar o efeito da inserção de novos genes no [[genoma]]. Da mesma forma, a terapia de vírus usa vírus como vetores para tratar várias doenças, porque pode atingir especificamente células e [[DNA]].<ref name=":9" /> Usos promissores são mostrados no [[câncer]] e na [[terapia genética]]. Os cientistas da [[Europa Oriental]] têm usado a [[fagoterapia]] como uma alternativa aos [[Antibiótico|antibióticos]] há algum tempo, e o interesse nessa abordagem está aumentando devido ao alto nível de resistência a antibióticos em algumas bactérias [[patogênicas]].<ref>{{Citar periódico|ultimo=Matsuzaki|primeiro=Shigenobu|ultimo2=Rashel|primeiro2=Mohammad|ultimo3=Uchiyama|primeiro3=Jumpei|ultimo4=Sakurai|primeiro4=Shingo|ultimo5=Ujihara|primeiro5=Takako|ultimo6=Kuroda|primeiro6=Masayuki|ultimo7=Imai|primeiro7=Shosuke|ultimo8=Ikeuchi|primeiro8=Masahiko|ultimo9=Tani|primeiro9=Toshikazu|data=2005|titulo=Bacteriophage therapy: a revitalized therapy against bacterial infectious diseases|url=https://doi.org/10.1007/s10156-005-0408-9|jornal=Journal of Infection and Chemotherapy|volume=11|numero=5|paginas=211–219|doi=10.1007/s10156-005-0408-9|issn=1341-321X|acessodata=2020-06-13}}</ref>
<ref name=Frierson>{{citar periódico |autor=FRIERSON, J.G. |ano=2010 |título=The Yellow Fever Vaccine: A History |periódico=Yale Journal of Biology and Medicine |volume=83 |número=2 |páginas=77–85 |doi=}}</ref>


=== Armas ===
<ref name=Enders>{{citar periódico |autor=ENDERS, J.F.; WELLER, T.H.; ROBBINS, F.C. |ano=1949 |título=Cultivation of the Lansing strain of poliomyelitis virus in cultures of various human embryonic tissues |periódico=Science |volume=1098|páginas=85–87}}</ref>
{{Artigo principal|Guerra biológica}}
A capacidade dos vírus de causar epidemias devastadoras nas sociedades humanas levou à preocupação de que os vírus pudessem ser armados para a [[guerra biológica]]. Outra preocupação foi levantada pela recreação bem-sucedida do infame [[Gripe espanhola|vírus da influenza de 1918]] em um laboratório.<ref name=":7">{{Citar periódico|ultimo=ZILINSKAS|primeiro=R.A.|data=2017-08-01|titulo=A brief history of biological weapons programmes and the use of animal pathogens as biological warfare agents|url=https://doi.org/10.20506/rst.36.2.2662|jornal=Revue Scientifique et Technique de l'OIE|volume=36|numero=2|paginas=415–422|doi=10.20506/rst.36.2.2662|issn=0253-1933|acessodata=2020-06-13}}</ref>


O [[Varíola|vírus da varíola]] devastou inúmeras sociedades ao longo da história antes de sua erradicação. Existem apenas dois centros no mundo autorizados pela [[OMS]] a manter estoques de [[Varíola|vírus da varíola]]: o VECTOR do Centro Estadual de Pesquisa em Virologia e Biotecnologia na [[Rússia]] e os Centros de Controle e Prevenção de Doenças nos [[Estados Unidos]].<ref name=":8">{{Citar periódico|ultimo=Artenstein|primeiro=Andrew W.|ultimo2=Grabenstein|primeiro2=John D.|data=2008-10-01|titulo=Smallpox vaccines for biodefense: need and feasibility|url=https://doi.org/10.1586/14760584.7.8.1225|jornal=Expert Review of Vaccines|volume=7|numero=8|paginas=1225–1237|doi=10.1586/14760584.7.8.1225|issn=1476-0584|acessodata=2020-06-13}}</ref> Pode ser usada como arma, pois a [[vacina contra a varíola]] às vezes teve efeitos colaterais graves, não sendo mais usada rotineiramente em nenhum país. Assim, grande parte da população humana moderna quase não tem resistência estabelecida à [[varíola]] e seria vulnerável ao vírus.<ref name=":7" /><ref name=":8" />
<ref name=Stanley2>{{citar periódico |autor=STANLEY, W.M.; LORING, H.S. |ano=1936 |título=The isolation of crystalline tobacco mosaic virus protein from diseased tomato plants |periódico=Science |volume=83 |número=2143 |páginas=85 |doi=10.1126/science.83.2143.85}}</ref>


=== Ciência dos materiais e nanotecnologia ===
<ref name=Bawden>{{citar periódico|autor=BAWDEN, F.C.; PIRIE, N.W.|ano=1937|título=The isolation and some properties of liquid crystalline substances from solanaceous plants infected with threestrains of tobacco mosaic virus|periódico=Proc R Soc Med |volume=123
As tendências atuais em nanotecnologia prometem fazer um uso muito mais versátil de vírus. Do ponto de vista de um cientista de materiais, os vírus podem ser considerados nanopartículas orgânicas. Sua superfície carrega ferramentas específicas que lhes permitem atravessar as barreiras de suas células hospedeiras.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Ngo-Duc|primeiro=Tam-Triet|ultimo2=Plank|primeiro2=Joshua M.|ultimo3=Chen|primeiro3=Gongde|ultimo4=Harrison|primeiro4=Reed E. S.|ultimo5=Morikis|primeiro5=Dimitrios|ultimo6=Liu|primeiro6=Haizhou|ultimo7=Haberer|primeiro7=Elaine D.|data=2018|titulo=M13 bacteriophage spheroids as scaffolds for directed synthesis of spiky gold nanostructures|url=http://xlink.rsc.org/?DOI=C8NR03229G|jornal=Nanoscale|lingua=en|volume=10|numero=27|paginas=13055–13063|doi=10.1039/C8NR03229G|issn=2040-3364|acessodata=2020-06-13}}</ref><ref name=":6">{{Citar periódico|ultimo=Fischlechner|primeiro=Martin|ultimo2=Donath|primeiro2=Edwin|data=2007|titulo=Viruses as Building Blocks for Materials and Devices|url=https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/anie.200603445|jornal=Angewandte Chemie International Edition|lingua=en|volume=46|numero=18|paginas=3184–3193|doi=10.1002/anie.200603445|issn=1521-3773|acessodata=2020-06-13}}</ref>
|páginas=274–320}}</ref>


O tamanho e a forma dos vírus, o número e a natureza dos grupos funcionais em sua superfície são definidos com precisão. Como tal, os vírus são comumente usados na ciência dos materiais como andaimes para modificações de superfície ligadas covalente mente. Uma qualidade específica dos vírus é que eles podem ser adaptados pela evolução direcionada. As poderosas técnicas desenvolvidas pelas ciências da vida estão se tornando a base das abordagens de engenharia para os nanomateriais, abrindo uma ampla gama de aplicações muito além da biologia e da medicina.<ref name=":6" />
<ref name=Bernal>{{citar periódico |autor=BERNAL, J.D.; FANKUCHEN, I. |ano=1941 |título=X-ray and crstallographic studies of plant virus preparations |periódico=J Gen Physiol |volume=25 |número=1 |páginas=111-146}}</ref>


Devido ao seu tamanho, forma e estruturas químicas bem definidas, os vírus têm sido usados como modelos para organizar os materiais em nanoescala. Exemplos recentes incluem trabalhos no Naval Research Laboratory em Washington, DC, usando partículas do vírus do mosaico do caupi (CPMV) para amplificar sinais em sensores baseados em [[microarrays]] de [[DNA]].<ref>{{Citar periódico|ultimo=Soto|primeiro=Carissa M.|ultimo2=Blum|primeiro2=Amy Szuchmacher|ultimo3=Vora|primeiro3=Gary J.|ultimo4=Lebedev|primeiro4=Nikolai|ultimo5=Meador|primeiro5=Carolyn E.|ultimo6=Won|primeiro6=Angela P.|ultimo7=Chatterji|primeiro7=Anju|ultimo8=Johnson|primeiro8=John E.|ultimo9=Ratna|primeiro9=Banahalli R.|data=2006-04-01|titulo=Fluorescent Signal Amplification of Carbocyanine Dyes Using Engineered Viral Nanoparticles|url=https://doi.org/10.1021/ja058574x|jornal=Journal of the American Chemical Society|volume=128|numero=15|paginas=5184–5189|doi=10.1021/ja058574x|issn=0002-7863|acessodata=2020-06-13}}</ref> Nesta aplicação, as partículas do vírus separam os corantes fluorescentes usados para sinalizar para impedir a formação de dímeros não fluorescentes que atuam como inibidores. Outro exemplo é o uso do CPMV como uma placa de ensaio em nanoescala para eletrônica molecular.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Blum|primeiro=Amy Szuchmacher|ultimo2=Soto|primeiro2=Carissa M.|ultimo3=Wilson|primeiro3=Charmaine D.|ultimo4=Brower|primeiro4=Tina L.|ultimo5=Pollack|primeiro5=Steven K.|ultimo6=Schull|primeiro6=Terence L.|ultimo7=Chatterji|primeiro7=Anju|ultimo8=Lin|primeiro8=Tianwei|ultimo9=Johnson|primeiro9=John E.|data=julho de 2005|titulo=An Engineered Virus as a Scaffold for Three-Dimensional Self-Assembly on the Nanoscale|url=http://doi.wiley.com/10.1002/smll.200500021|jornal=Small|lingua=en|volume=1|numero=7|paginas=702–706|doi=10.1002/smll.200500021|issn=1613-6810|acessodata=2020-06-13}}</ref>
<ref name=Creagen>{{citar periódico |autor=CREAGEN, A.N.; MORGAN, G.J. |ano=2008 |título=After the double helix: Rosalind Franklin's research on Tobacco mosaic virus |periódico=Isis |volume=99 |número=2 |páginas=239–72 |doi=10.1086/588626}}</ref>


=== Vírus sintéticos ===
}}
Muitos vírus podem ser sintetizados de novo ("do zero") e o primeiro vírus sintético foi criado em 2002. Embora seja um equívoco, não é o vírus real que é sintetizado, mas seu [[genoma]] de [[DNA]] (no caso de um vírus de [[DNA]]) ou uma cópia de [[cDNA]] de seu [[genoma]] (no caso de vírus de [[Rna|RNA]]). Para muitas famílias de vírus, o DNA ou RNA sintético nu (uma vez convertido enzimaticamente a partir do [[cDNA]] sintético) é infeccioso quando introduzido na célula.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Cello|primeiro=Jeronimo|ultimo2=Paul|primeiro2=Aniko V.|ultimo3=Wimmer|primeiro3=Eckard|data=2002-08-09|titulo=Chemical Synthesis of Poliovirus cDNA: Generation of Infectious Virus in the Absence of Natural Template|url=https://science.sciencemag.org/content/297/5583/1016|jornal=Science|lingua=en|volume=297|numero=5583|paginas=1016–1018|doi=10.1126/science.1072266|issn=0036-8075|pmid=12114528|acessodata=2020-06-13}}</ref><ref name=":10">{{Citar periódico|ultimo=Coleman|primeiro=J. Robert|ultimo2=Papamichail|primeiro2=Dimitris|ultimo3=Skiena|primeiro3=Steven|ultimo4=Futcher|primeiro4=Bruce|ultimo5=Wimmer|primeiro5=Eckard|ultimo6=Mueller|primeiro6=Steffen|data=2008-06-27|titulo=Virus Attenuation by Genome-Scale Changes in Codon Pair Bias|url=https://science.sciencemag.org/content/320/5884/1784|jornal=Science|lingua=en|volume=320|numero=5884|paginas=1784–1787|doi=10.1126/science.1155761|issn=0036-8075|pmc=2754401|pmid=18583614|acessodata=2020-06-13}}</ref>

Ou seja, eles contêm todas as informações necessárias para produzir novos vírus. Essa tecnologia está sendo usada agora para investigar novas estratégias de [[Vacina|vacinas]]. A capacidade de sintetizar vírus tem conseqüências de longo alcance, uma vez que os vírus não podem mais ser considerados extintos, desde que as informações de sua sequência genômica sejam conhecidas e células permissivas estejam disponíveis.<ref name=":10" />


==Ver também==
==Ver também==
*[[Lista de doenças causadas por seres vivos#Vírus|Lista de doenças causadas por vírus]]
*[[Lista de doenças causadas por seres vivos#Vírus|Lista de doenças causadas por vírus]]
*[[Lista de vírus]]
*[[Lista de vírus]]

{{Referências|col=2}}


==Ligações externas==
==Ligações externas==
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{{Sistema de Classificação de Baltimore}}
{{Sistema de Classificação de Baltimore}}
{{Portal3|Vírus}}
{{Portal3|Ciência|Biologia|Vírus}}


[[Categoria:Vírus]]
[[Categoria:Vírus]]

Revisão das 01h14min de 14 de junho de 2020

 Nota: Para outros significados de Vírus, veja Vírus (desambiguação).
Como ler uma infocaixa de taxonomiaVírus
Classificação científica
Grupo: I – VII
Domínio: Vírus
Beijerinck 1898
Grupos
Sinónimos
  • Akamara (Hurst 2000)
  • Aphanobionta (Novak 1930)
  • Aphanobiontidea (Walton 1930)
  • Archaeophyta (Barkley 1939)
  • Archetista (Jahn & Jahn 1949)
  • Monera (in part.)
  • Nucleacuea (Biolib 2008)
  • Protobiota (Hsen-Hsu 1965)
  • Vira (Holmes 1939)
  • Viriphyta (McKinney 1944)
  • Virales (Holmes 1948)
  • Vireae (Barkley 1949)

Vírus (do latim virus, "veneno" ou "toxina") são pequenos agentes infecciosos, a maioria com 20-300 nm de diâmetro, apesar de existirem vírus ɡiɡantes de (0.6–1.5 µm), que apresentam genoma constituído de uma ou várias moléculas de ácido nucleico (DNA ou RNA), as quais possuem a forma de fita simples ou dupla. Os ácidos nucleicos dos vírus geralmente apresentam-se revestidos por um envoltório proteico formado por uma ou várias proteínas, que pode ainda ser revestido por um complexo envelope formado por uma bicamada lipídica.[1][2]

As partículas virais são estruturas extremamente pequenas, submicroscópicas. A maioria dos vírus apresenta tamanhos diminutos, que estão além dos limites de resolução dos microscópios ópticos, sendo comum para a sua visualização o uso de microscópios eletrônicos. Vírus são estruturas simples, se comparados a células, e não são considerados organismos, pois não possuem organelas ou ribossomos, e não apresentam todo o potencial bioquímico (enzimas) necessário à produção de sua própria energia metabólica. Eles são considerados parasitas intracelulares obrigatórios (característica que os impede de serem considerados seres vivos), pois dependem de células para se multiplicarem. Além disso, diferentemente dos organismos vivos, os vírus são incapazes de crescer em tamanho e de se dividir. A partir das células hospedeiras, os vírus obtêm: aminoácidos e nucleotídeos; maquinaria de síntese de proteínas (ribossomos) e energia metabólica (ATP).[3][4][5]

Fora do ambiente intracelular, os vírus são inertes.[1][2] Porém, uma vez dentro da célula, a capacidade de replicação dos vírus é surpreendente: um único vírus é capaz de multiplicar, em poucas horas, milhares de novos vírus. Os vírus são capazes de infectar seres vivos de todos os domínios (Eukarya, Archaea e Bactéria). Desta maneira, os vírus representam a maior diversidade biológica do planeta, sendo mais diversos que bactérias, plantas, fungos e animais juntos.[4][5] Quase 200 mil tipos diferentes de vírus se espalham nos oceanos do mundo, de acordo com um estudo. A contagem de 2019 é 12 vezes maior do que o censo anterior de vírus marinhos registrado em 2016.[6]

Histórico

Martinus Beijerinck em seu laboratório em 1921.

Em meados do século XIX, Louis Pasteur propôs a teoria microbiana das doenças, na qual explicava que todas as doenças eram causadas e propagadas por algum “tipo de vida diminuta”, que multiplicava-se no organismo doente, transmitia-se para outro e o contaminava. Pasteur, no entanto, ao trabalhar com a raiva, constatou que, embora a doença fosse contagiosa e transmitida pela mordida de um animal raivoso, o micro-organismo não podia ser observado. Pasteur concluiu que o agente infeccioso estava presente mas era muito pequeno para ser observado através do microscópio.[7]

Em 1884, o microbiologista Charles Chamberland desenvolveu um filtro (conhecido como filtro Chamberland ou Chamberland-Pasteur), com poros mais pequenos do que uma bactéria. Fazendo passar uma solução que continha bactérias através desse filtro, as bactérias ficavam nele retidas e a solução filtrada obtida tornava-se estéril.[8] Em 1886, Adolf Mayer demonstrou que a doença do tabaco podia ser transmitida a plantas saudáveis pela inoculação com extratos de plantas doentes.[9][10] Em 1892, o biólogo Dmitry Ivanovsky fez uso do filtro Chamberland para demonstrar que folhas de tabaco infectadas trituradas continuavam infectadas mesmo após a filtragem.[11][12] Ivanovsky sugeriu que a infecção poderia ser causada por uma toxina produzida pelas bactérias, mas ele não persistiu nesta hipótese.[13] Em 1898, o microbiologista Martinus Beijerinck repetiu a experiência independentemente e ficou convencido que a solução filtrada continha um novo agente infeccioso, denominado de contagium vivum fluidum (fluido vivo contagioso).[14][13] Ele também observou que este agente apenas se reproduzia em células que se dividiam, mas não conseguiu determinar se este seria constituído de partículas, assumindo que os vírus estariam presentes no estado líquido.[13] Beijerinck introduziu o termo 'vírus' para indicar que o agente causal da doença do mosaico do tabaco não tinha uma natureza bacteriana, e sua descoberta é considerada como o marco inicial da virologia.[12] A teoria do estado líquido do agente foi questionada nos 25 anos seguintes, sendo descartada com o desenvolvimento de teste da placa por d'Herelle em 1917,[15][16] pela cristalização desenvolvida por Wendell Meredith Stanley em 1935[13][17] e pela primeira microfotografia eletrônica realizada em 1939 do vírus do mosaico do tabaco.[18][19]

Em 1898, Friedrich Loeffler e Paul Frosch identificaram o primeiro agente filtrável de animais, o vírus da febre aftosa (Aphtovirus).[20] E em 1901, Walter Reed identificou o primeiro vírus humano, o vírus da febre amarela (Flavivirus).[21] Em 1908, Vilhelm Ellerman e Olaf Bang demonstraram o potencial oncogênico de um agente filtrável, descobrindo o vírus da leucose aviária.[22] E em 1911, Peyton Rous transmitiu um tumor maligno de uma galinha para outra, descobrindo o vírus do sarcoma de Rous, e demonstrando que o câncer poderia ser transmitido por um vírus.[23]

Em 1915, o bacteriologista Frederick William Twort ao tentar propagar o vírus da vaccínia num meio de cultura bacteriana observou que as colônias morriam e que o agente dessa transformação era infeccioso. Twort propôs várias explicações para o ocorrido, como uma ameba, um protoplasma, um vírus ultramicroscópico ou uma enzima que afetava o crescimento.[24][25] Independentemente, em 1917, o microbiologista Félix Hubert d'Herelle descobriu que colônias bacterianas eram atacadas por um agente e imediatamente o reconheceu como sendo um vírus, cunhando o termo bacteriófago. Ele utilizou os fagos para o tratamento de doenças bacterianas e fundou diversos institutos de fagos em vários países.[24][16]

Inicialmente, o único meio para recuperar quantidades significativas de vírus era por meio de infecção em animais suscetíveis.[26] Em 1913, Edna Steinhardt e colaboradores conseguiram fazer crescer o vírus da vaccínia em fragmentos de córneas de cobaias.[27] Em 1928, H.B. Maitland e M.C. Maitland cultivaram o vírus de vaccínia em suspensão de rins de galinhas moídos.[28] Em 1931, o patologista Ernest William Goodpasture cultivou o vírus da varíola aviária na membrana corioalantóide de ovos de galinhas embrionados.[29] Em 1937, Max Theiler cultivou o vírus da febre amarela em ovos de galinha e desenvolveu uma vacina a partir de uma estirpe do vírus atenuado.[30] Em 1949, John Franklin Enders, Thomas Weller e Frederick Robbins cultivaram o vírus da poliomielite em culturas de células embrionárias humanas, o primeiro vírus a ser cultivado sem a utilização de tecido animal sólido ou ovos.[31] Este método permitiu a Jonas Salk desenvolver uma vacina eficaz contra a poliomielite.[32]

As primeiras imagens de vírus foram obtidas após a invenção do microscópio eletrônico em 1931 pelos engenheiros Ernst Ruska e Max Knoll. Em 1935, o bioquímico e virologista Wendell Meredith Stanley examinou o vírus do mosaico do tabaco e descobriu que o mesmo era constituído principalmente por proteínas.[33] Em 1937, Frederick Bawden e Norman Pirie separaram o vírus do mosaico em porções proteicas e de RNA.[34] O vírus do mosaico do tabaco foi o primeiro a ser cristalizado e, por conseguinte, a sua estrutura pode ser analisada em detalhes. As primeiras imagens de raios-X de difração do vírus cristalizado foram obtidas por Bernal e Fankuchen em 1941.[35] Com base nos seus quadros, Rosalind Franklin descobriu a estrutura completa do vírus em 1955.[36] No mesmo ano, Heinz Fraenkel-Conrat e Robley Williams demonstraram que o RNA do vírus do mosaico do tabaco e o seu revestimento de proteína purificada (capsídeo) podiam montar-se por si só para formar vírus funcionais, sugerindo que este mecanismo simples foi, provavelmente, o meio pelo qual os vírus foram replicados dentro das células hospedeiras.[1]

A segunda metade do século XX foi a idade de ouro da descoberta do vírus e foram reconhecidas mais de 2000 novas espécies de vírus de animais, plantas e bactérias.[37] Em 1957, descobriu-se o arterivírus equino e o vírus da diarreia bovina (um pestivírus). Em 1963, Baruch Blumberg descobriu o vírus da hepatite B, e em 1965, Howard Temin descreveu o primeiro retrovírus. A transcriptase reversa, que é a enzima fundamental dos retrovírus, que utilizam para copiar o seu ARN para ADN, foi descrita em 1970, por Howard Martin Temin e David Baltimore, de forma independente.[38] Em 1983, a equipe de Luc Montagnier do Instituto Pasteur, na França, isolou pela primeira vez o retrovírus que hoje conhecemos por HIV.[39]

Taxonomia

Classificação taxonômica

Ver artigo principal: Classificação dos vírus

Os vírus também são classificados dentro de grupos taxonômicos, assim como os seres vivos, porém, seguindo uma regra particular de classificação. Vírus não são agrupados em domínio, reino, filos ou classes. Desta maneira, a estrutura geral da taxonomia dos vírus é a seguinte:[5]

Ordem (-virales)
Família (-viridae)
Subfamília (-virinae)
Gênero (-virus)
Espécie

A nomenclatura para ordens, famílias, subfamílias e gêneros é sempre precedida pelos sufixos apresentados acima. Já a nomenclatura de espécies não possui um padrão universal. Cada ramo da virologia (vegetal, animal, bacteriana e humana) adota um padrão de nomenclatura específico. Espécies de vírus de plantas normalmente apresentam nomes que fazem referência a planta hospedeira e a característica do sintoma causado pela infecção (e.g. Vírus do mosaico do tabaco). Espécies de vírus de bactérias (bacteriófagos) podem ser denominados como "fago" seguido de uma letra grega (e.g. Fago λ) ou código alfanumérico (e.g. Fago T7). Vírus que infectam vertebrados podem receber nomes em alusão à espécie hospedeira de origem (e.g. Papillomavírus Bovino), ao local de origem do vírus (e.g. Vírus Ebola, do rio Ébola, no Congo), à doença causada pelo vírus (e.g. Vírus da imunodeficiência humana - HIV).[40]

O Comitê Internacional de Taxonomia de Vírus (ICTV, do inglês "International Committee on Taxonomy of Virus") estabelece regras de classificação e nomenclatura de vírus. O ICTV é uma entidade composta por grupos especializados de virologistas de todas as partes do mundo.[5]

Esquema da transcrição do genoma viral dos sete grupos segundo a classificação de Baltimore

Classificação de Baltimore

Ver artigo principal: Classificação de Baltimore

O Sistema de Classificação de Baltimore, criado por David Baltimore, é um modo de classificação que ordena os vírus em sete grupos, com base na característica do genoma viral e na forma como este é transcrito a mRNA. Neste sistema, os vírus são agrupados como apresentado a seguir:[5]

  • Grupo I: Vírus DNA dupla fita (dsDNA)
  • Grupo II: Vírus DNA fita simples (ssDNA)
  • Grupo III: Vírus RNA dupla fita (dsRNA)
  • Grupo IV: Vírus RNA fita simples senso positivo ((+)ssRNA)
  • Grupo V: Vírus RNA fita simples senso negativo ((-)ssRNA)
  • Grupo VI: Vírus RNA com transcrição reversa (ssRNA-RT)
  • Grupo VII: Vírus DNA com transcrição reversa (dsDNA-RT)

Vírus de DNA

No vírus de DNA, a replicação do genoma da maioria dos vírus de DNA ocorre no núcleo da célula. Se a célula possui o receptor apropriado na superfície, esses vírus entram por fusão com a membrana celular ou por endocitose.[41] A maioria dos vírus de DNA é completamente dependente das máquinas de síntese de DNA e RNA da célula hospedeira e de suas máquinas de processamento de RNA. O genoma viral deve passar pelo envelope nuclear da célula para acessar esse mecanismo.[42][43]

Vírus de RNA

Os vírus de RNA são únicos porque suas informações genéticas são codificadas em RNA; Isso significa que eles usam ácido ribonucleico (RNA) como material genético ou que, no processo de replicação, precisam de RNA. A replicação geralmente ocorre no citoplasma.[44] Os vírus de RNA podem ser classificados em cerca de quatro grupos de acordo com seu modo de replicação. A polaridade do RNA (se pode ou não ser usado diretamente para produzir proteínas) determina em grande parte o mecanismo de replicação e se o material genético é de fita simples ou dupla. Os vírus de RNA usam suas próprias replicasses de RNA para criar cópias de seu genoma.[45][46]

Genoma

Diversidade dos genomas virais
Propriedade Parâmetros
Ácido nucleico
  • DNA
  • RNA
  • DNA/RNA (ambos)
Forma
  • Linear
  • Circular
  • Segmentada
Estrutura
  • Fita simples
  • Fita dupla
  • Fita dupla com regiões fita simples
Sentido
  • Senso positivo (+)
  • Senso negativo (−)
  • Ambisenso (+/−)

Ao contrário das células, que apresentam genoma constituído por DNA e RNA, os vírus possuem DNA ou RNA como material genético, e todos os vírus possuem apenas um ou outro no vírion. No entanto, existem vírus que possuem ambos, porém, em estágio diferentes do ciclo reprodutivo.[47] As moléculas de ácido nucleico dos vírus podem ser fita simples ou dupla, linear ou circular, e segmentada ou não. O genoma dos vírus de RNA tem ainda a característica de possuir senso positivo (atua como mRNA funcional no interior das células infectadas) ou senso negativo (serve de molde para uma RNA-polimerase transcrevê-lo dando origem a um mRNA funcional).[2] A quantidade de material genético viral é menor que a da maioria das células.[47] O peso molecular do genoma dos vírus de DNA varia de 1,5 × 106 a 200 × 106 Da. Já o dos de RNA varia de 2 × 106 a 15 × 106 Da. No genoma dos vírus estão contidas todas as informações genéticas necessárias para programar as células hospedeiras, induzindo-as a sintetizar todas as macromoléculas essenciais à replicação do vírus.[2]

Um genoma viral, independentemente do tipo de ácido nucleico, é quase sempre de fita simples ou dupla. Os genomas de fita simples consistem em um ácido nucleico não emparelhado, análogo à metade de uma escada dividida no meio. Os genomas de fita dupla consistem em dois ácidos nucleicos emparelhados complementares, análogos a uma escada. As partículas virais de algumas famílias de vírus, como as pertencentes aos Hepadnaviridae, contêm um genoma que é parcialmente de fita dupla e parcialmente de fita simples.[48]

Mutação genética

A mudança antigênica, ou rearranjo, pode resultar em cepas novas e altamente patogênicas da gripe humana

Os vírus sofrem alterações genéticas por vários mecanismos. Isso inclui um processo chamado desvio antigênico, em que bases individuais no DNA ou RNA se transformam em outras bases. A maioria dessas mutações pontuais é "silenciosa" - elas não alteram a proteína que o gene codifica - mas outras podem conferir vantagens evolutivas, como resistência a medicamentos antivirais.[49][50]

A mudança antigênica ocorre quando há uma grande mudança no genoma do vírus. Isso pode ser resultado de recombinação ou rearranjo. Quando isso acontece com os vírus influenza, podem ocorrer pandemias.[51] Os vírus de RNA geralmente existem como quasispecies ou enxames de vírus da mesma espécie, mas com sequências de nucleosídeos genoma ligeiramente diferentes. Tais quasispecies são um alvo principal para a seleção natural.[52]

Estrutura

Dentre os vários grupos de vírus existentes, não existe um padrão único de estrutura viral. A estrutura mais simples apresentada por um vírus consiste de uma molécula de ácido nucleico coberta por muitas moléculas de proteínas idênticas. Os vírus mais complexos podem conter várias moléculas de ácido nucleico assim como diversas proteínas associadas, envoltório proteico com formato definido, além de complexo envelope externo com espículas. A maioria dos vírus apresentam conformação helicoidal ou isométrica. Dentre os vírus isométricos, o formato mais comum é o de simetria icosaédrica.[1]

Partícula

Os vírus são formados por um agregado de moléculas mantidas unidas por forças secundárias, formando uma estrutura denominada partícula viral. Uma partícula viral completa é denominada vírion. Este é constituído por diversos componentes estruturais (ver tabela abaixo para mais detalhes):[1][2]

  1. Ácido nucleico: molécula de DNA ou RNA que constitui o genoma viral.
  2. Capsídeo: envoltório proteico que envolve o material genético dos vírus.
  3. Nucleocapsídeo: estrutura formada pelo capsídeo associado ao ácido nucleico que ele engloba (Os capsídeos formados pelos ácidos nucleicos são englobados a partir de enzimas).
  4. Capsômeros: subunidades proteicas (monômeros) que agregadas constituem o capsídeo.
  5. Envelope: membrana rica em lipídios que envolve a partícula viral externamente. Deriva de estruturas celulares, como membrana plasmática e organelas.
  6. Peplômeros (espículas): estruturas proeminentes, geralmente constituídas de glicoproteínas e lipídios, que são encontradas ancoradas ao envelope, expostas na superfície.

Morfologia

Abaixo estão listadas as estruturas de vírions mais comuns:

  • Legenda dos esquemas: Molécula de DNA — Molécula de RNA — Capsômeros do capsídeo — Envelope viral — Peplômeros (espículas) — Fibras
Esquema
Vírus icosaédricos não envelopados
Exemplo
Vírus icosaédricos não envelopados estão entre os mais comuns. Eles possuem genomas constituídos por dsDNA, ssDNA, dsRNA ou (+)ssRNA. São capazes de infectar organismos de todos os grupos de seres vivos, com exceção de Archaea. Possuem diâmetro que varia de 18 a 60 ηm, compreendendo os menores vírus conhecidos.[53]
Vírus do papiloma humano (HPV) (família: Papillomaviridae)
Esquema
Vírus icosaédricos envelopados
Exemplo
Vírus icosaédricos envelopados possuem material genético formado por dsDNA, dsRNA, ou (+)ssRNA. As partículas virais destes vírus possuem diâmetro que varia de 42 a 200 ηm.[53] Vírions icosaédricos envelopados são pouco comuns entre os vírus de animais, sendo observados principalmente nas famílias Arteriviridae, Flaviviridae, Herpesviridae ou Togaviridae. Nenhum vírus de plantas conhecido possui esta estrutura de partícula viral.[54]
Pseudorabies virus (PRV)
(família: Herpesviridae)
Esquema
Vírus helicoidais não envelopados
Exemplo
Partículas virais helicoidais não envelopadas são mais comuns entre vírus que infectam plantas, os quais possuem genoma de ssRNA.[55] Esta é a morfologia do vírus do mosaico do tabaco (TMV), um dos objetos de estudo mais clássicos da virologia, sendo o primeiro vírus a ser descoberto.[56] Além dos vírus de plantas, as famílias Inoviridae (ssDNA) e Rudiviridae (dsDNA), que infectam bactérias e archaea, respectivamente, também possuem esta morfologia. Vírus helicoidais não envelopados tem estrutura em forma de bastão rígido (ver esquema à esquerda), ou de filamento sinuoso (semelhantes ao nucleocapsídeo do esquema abaixo). O comprimento dos vírions varia de 46 ηm (para bastões) a 2200 ηm (em partículas filamentosas).[53]
Vírus do mosaico do tabaco (TMV) (família: Virgaviridae)
Esquema
Vírus helicoidais envelopados
Exemplo
A morfologia helicoidal envelopada é encontrada principalmente entre vírus (-)ssRNA, entre os quais se encontram muitos agentes etiológicos de doenças humanas conhecidas, como: sarampo (Paramyxoviridae), gripe (Orthomyxoviridae), raiva (Rhabdoviridae), ebola (Filoviridae), hantavirose (Bunyaviridae), febre de Lassa (Arenaviridae). Porém, existem exemplos de vírus com esta conformação que contém material genético composto por dsDNA e (+)ssRNA. Vírus helicoidais envelopados possuem comprimento variando de 60 a 1950 ηm. Estes vírus podem apresentar formato esférico, filamentoso ou de "bala de revólver" (imagem à direita).[53]
Vírus do estomatite vesicular (VSV) (família: Rhabdoviridae)
Esquema
Vírus complexos
Exemplo
O exemplo mais conhecido de vírus de morfologia complexa são os bacteriófagos (ou simplesmente, fagos). O fagos possuem partícula viral composta por uma "cabeça" (capsídeo), de simetria icosaédrica, e uma cauda helicoidal. A cabeça é isométrica ou alongada (50 - 110 ηm de diâmetro), e a cauda pode ser longa e contrátil (Myoviridae: 80 - 455 ηm), longa não contrátil (Siphoviridae: 65 - 570 ηm), ou curta não contrátil (Podoviridae: 17 ηm). Na extremidade da cauda frequentemente são encontradas fibras proteicas que medeiam o contato vírus-célula.[57][58] Fagos infectam exclusivamente bactérias ou archaea[53] e todos possuem genoma constituído por dsDNA.[5]

Além dos fagos, existem outras famílias virais que possuem vírions com características que contrastam com as morfologias mais usuais, tais como as ilustradas anteriormente. Entre estas famílias estão: Baculoviridae, Reoviridae e Poxviridae.[4]

Synechococcus Phage S-PM2 (família: Myoviridae)

Ciclo de replicação

Como já mencionado anteriormente, vírus são parasitas intracelulares obrigatórios, pois necessitam do ambiente intracelular de um organismo vivo para se reproduzir. Ao processo de reprodução de um vírus dá-se o nome de replicação viral. O tempo de duração do ciclo de replicação viral varia entre as diversas famílias de vírus, podendo levar poucas horas ou até dias.[59] Esta seção apresentará as etapas envolvidas num ciclo de replicação viral, focado principalmente em vírus que infectam animais. De uma maneira geral, a replicação pode ser dividida em 7 etapas:[4]

Visão geral de um ciclo de replicação viral hipotético: 1. Adsorção; 2. Entrada; 3. Desnudamento; 4. Transcrição e tradução; 5. Replicação do genoma; 6. Montagem; e 7. Liberação.

Adsorção do vírus à célula

Uma etapa essencial à reprodução viral é a adsorção (ligação) do vírion a uma célula suscetível.[60] A adsorção viral se dá por meio da interação entre proteínas virais, presentes no envelope ou no capsídeo, e receptores celulares que se encontram ancorados a membrana plasmática, expostos ao ambiente extracelular. A ligação entre alguns vírus e células também pode envolver a participação de correceptores (receptores secundários). A especificidade destas interações é alta, como em um modelo chave-fechadura, e determina o tropismo viral para infectar determinadas células e tecidos específicos. Ligações químicas não covalentes, tais como pontes de hidrogênio, atrações iônicas e forças de van der Waals, são responsáveis pela adesão entre as proteínas virais e os receptores celulares.

Nos momentos iniciais da adsorção, a partícula viral interage com um ou poucos receptores, caracterizando uma ligação reversível. Porém, à medida que mais receptores se associam ao vírion, esta ligação passa a ser irreversível, possibilitando a posterior entrada do vírus na célula. Os receptores em geral são proteínas ou carboidratos presentes em glicoproteínas e glicolipídios. Muitas das proteínas receptoras são imunoglobulinas, transportadores transmembrana e canais, ou seja, são estruturas produzidas pelas células para executar funções comuns e essenciais ao bom funcionamento celular. Muitas funcionam como receptores de quimiocinas e fatores de crescimento, ou são responsáveis pelo contato e adesão célula a célula. Os vírus subvertem o papel primordial destas moléculas, utilizando-as como meio para adentrar nas células hospedeiras.[4][5]

Entrada no citosol

Uma vez aderidos à membrana celular, os vírus devem introduzir seu material genético no interior da célula, a fim de que este seja processado (transcrito, traduzido, replicado). Este processo envolve a entrada (penetração) do vírion no citosol e posterior desmontagem do capsídeo para liberação (desnudamento) do genoma viral.[59] Para alcançar o ambiente intracelular, cada vírus utiliza um mecanismo particular. Entre os principais mecanismos (veja imagem abaixo), estão:

  • Endocitose: Após a adsorção, a partícula viral pode penetrar no citoplasma por meio de um processo denominado endocitose mediada por receptores, pela formação de endossomos (vesículas). Quando um vírus entra por endocitose, o seu vírion encontra-se envolto pela membrana vesicular. Vírus envelopados liberam os nucleocapsídeos de dentro dos endossomo promovendo a fusão entre o envelope viral e a membrana da vesícula.[5] Já os vírus não envelopados, por não possuírem envelope, utilizam outras estratégias para sair dos endossomos: alguns, como os adenovírus, provocam a lise do endossomo, enquanto outros, como os poliovírus, geram poros na membrana vesicular e injetam o genoma viral diretamente no citosol.[61]
  • Fusão: Neste mecanismo, executado apenas por vírus envelopados, o nucleocapsídeo é liberado no interior da célula mediante a fusão entre o envelope viral e a membrana celular. A entrada por fusão pode ocorrer de duas formas: (1) direta, pela fusão do envelope viral com a membrana plasmática, a partir do meio extracelular, ou (2) indireta, sofrendo uma endocitose inicial com posterior fusão já no interior da célula, como citado anteriormente.
  • Translocação: por meio da ação de uma proteína receptora, o vírion pode atravessar a membrana por meio de translocação, do ambiente extracelular para o citosol. Este mecanismo é raro e pouco entendido.[4]
Mecanismos de entrada de vírus em células
Endocitose e lise da membrana endossomal
Endocitose com injeção do genoma no citosol
Endocitose seguida por fusão de membranas
Entrada por fusão de membranas
Entrada por translocação

Desnudamento do ácido nucleico

Após o processo de penetração, assim que os nucleocapsídeos alcançam o citosol, estes são transportados pelo citoesqueleto (dentro de vesículas ou na forma de nucleocapsídeos livres) em direção ao local específico de processamento do genoma viral, que pode ser no próprio citosol ou no núcleo celular. Para que o genoma possa ser transcrito, traduzido, e replicado, o material genético do vírus deve ser previamente liberado e exposto no ambiente intracelular.[4] A este processo dá-se o nome de desnudamento (ou decapsidação), um procedimento no qual o capsídeo é desmontado completamente ou parcialmente (veja imagem acima). O desnudamento pode ocorrer simultaneamente à entrada do vírus, ou pode acontecer em instantes posteriores. O sítio celular de desnudamento é bastante variável entre as diversas famílias de vírus, podendo ocorrer no citosol (e.g. Togavírus), no interior do endossomo (e.g. Picornavírus), nos poros nucleares (e.g. Adenovírus, Herpesvírus), no interior do núcleo (e.g. Parvovírus, Polyomavírus), ou simplesmente pode não ocorrer (e.g. Reovírus, Poxvírus).[40]

Transcrição e tradução da informação genética

Síntese de mRNA

Como mencionado anteriormente, o Sistema de Classificação de Baltimore foi criado com base nos diferentes mecanismos de transcrição que os vírus adotam para sintetizar mRNA a partir dos seus variados tipos de material genético. Os vírus podem ter genoma constituído por dsDNA, ssDNA, dsRNA, ssRNA, além de alguns serem capazes de realizar a transcrição reversa (ssRNA-RT e dsDNA-RT).[62] Outra propriedade notável dos ácidos nucleicos virais é a polaridade (sentido, ou senso) das fitas de DNA e RNA. Fitas senso positivo (+) apresentam sequência idêntica à do mRNA, enquanto as senso negativo (-) apresentam sequência nucleotídica complementar. Diante desta complexidade de características, as estratégias de transcrição do genoma viral são tão variadas quanto os mecanismos de entrada, e podem envolver mais de uma etapa, as quais levam à conversão da informação genética viral em mRNA.[5]

  • Grupo I (dsDNA): Vírus de DNA dupla fita apresentam ORFs em ambas as fitas de DNA, as quais servem diretamente como moldes para a síntese de mRNA. Vírus do grupo I que transcrevem o DNA no interior do núcleo utilizam RNA polimerase II celular para a síntese de mRNA, já aqueles que executam este processo no citosol devem possuir sua própria RNA polimerase DNA-dependente (RpDd) para produzir os transcritos.[62][63]
  • Grupo II (ssDNA): Vírus de DNA fita simples apresentam fita positiva ou negativa. Para a síntese de mRNA, estes vírus produzem uma respectiva fita complementar ao seu genoma, gerando uma dupla fita que serve como molde para a transcrição. Estes procedimentos ocorrem no núcleo, com o auxílio de enzimas celulares (RpDd e DpDd (DNA polimerase DNA-dependente)).[62]
  • Grupo III (dsRNA): Vírus de RNA dupla fita apresentam uma fita positiva e outra negativa. A fita negativa é utilizada como molde para a síntese de mRNA, em processo que ocorre no citosol, com auxílio de uma RNA polimerase RNA-dependente (RpRd).[62][64]
  • Grupo IV ((+)ssRNA): Vírus de RNA fita simples senso positivo apresentam genoma com sequência idêntica à do mRNA, e podem ser utilizados prontamente para a síntese de proteínas. No entanto, é usual a síntese de novas cópias positivas do genoma, mediante a ação de uma RpRd, que produz uma fita negativa que serve como molde para a síntese de novas fitas positivas (mRNAs).[5][62]
  • Grupo V ((-)ssRNA): Vírus de RNA fita simples senso negativo, por possuírem genoma com sequência complementar ao mRNA, servem diretamente como molde para a produção de fitas senso positivo. A maioria dos vírus (-)ssRNA (e.g. Rhabdovírus, Filovírus, Bunyavírus, Arenavírus) normalmente procede a transcrição no citosol. Algumas exceções, como os Orthomixovírus, transcrevem seu material genético no núcleo.[62][64]
  • Grupo VI (ssRNA-RT): Vírus de RNA com transcrição reversa apresentam genoma de senso positivo. Por meio de uma enzima denominada transcriptase reversa (uma DNA polimerase RNA-dependente), os retrovírus produzem uma fita simples de DNA senso negativo que posteriormente serve de molde à síntese de uma fita positiva de DNA. Ao final, este processo gera uma fita dupla de DNA, que poderá ser integrada ao genoma do hospedeiro no núcleo, e utilizada para a síntese de mRNA viral.[5][65]
  • Grupo VII (dsDNA-RT): Vírus de DNA com transcrição reversa (e.g. Hepadnavírus) são vírus dsDNA que promovem a síntese de mRNA no núcleo, sob a ação da RNA polimerase II celular. Neste grupo, a transcrição reversa não ocorre antes síntese de mRNA, como observado nos retrovírus, mas sim posteriormente a replicação do genoma viral.[40][65]

Síntese de proteínas

Eventos finais da replicação viral:
1. Transporte do genoma (DNA ou RNA) para o sítio de processamento (núcleo ou citosol)
2. Transcrição (síntese de mRNA)
3. Síntese de proteínas não estruturais
4. Replicação do material genético
5. Síntese de proteínas estruturais
6. Montagem dos nucleocapsídeos
7. Vesícula com glicoproteínas direcionadas ao complexo de Golgi
8. Transporte das proteínas de envelope à membrana plasmática
9. Liberação de partículas virais por lise (vírus não envelopados), ou por brotamento (vírus envelopados)

As proteínas virais são sintetizadas pela maquinaria celular (ribossomos e tRNAs). O processo de tradução ocorre no citosol, em ribossomos livres ou associados ao retículo endoplasmático. Algumas das proteínas sintetizadas em ribossomos livres são transportadas para o núcleo. Proteínas produzidas em ribossomos associados ao retículo são transportadas desta organela para o complexo de Golgi, onde podem sofrer modificações pós-traducionais (glicosilação e fosforilação). O destino final de muitas destas proteínas é a membrana celular, onde estas se concentram em regiões específicas. Em estágios finais da infecção, estas farão parte do envelope de partículas virais que sairão por brotamento nessas regiões.[5][40] Dentro do ciclo de replicação, os primeiros produtos gênicos sintetizados são proteínas não estruturais, como proteínas de ligação ao DNA e enzimas. Entre estas enzimas estão as polimerases e outras moléculas catalíticas, as quais são componentes essenciais à replicação do genoma viral.[66] Já as proteínas estruturais, que formarão as novas partículas virais, normalmente são sintetizadas tardiamente no ciclo de infecção. As novas cópias de material genético sintetizadas são utilizadas para a síntese de mRNAs, os quais codificarão proteínas estruturais que a partir de então serão produzidas em grandes quantidades para compor os vírus em formação.[67] Os diferentes vírus de DNA e RNA possuem mecanismos próprios de regulação da expressão gênica, os quais controlam a produção de proteínas em momentos e quantidades apropriadas às necessidades virais.[65]

Replicação do genoma viral

Na maioria dos casos, o genoma é replicado no mesmo local onde ocorre a transcrição do material genético do vírus, isto é, no citoplasma ou no núcleo.[4] Assim como ocorre na transcrição, o processo de replicação de genomas virais envolve a participação de polimerases. Vírus de fita simples, dos grupos II, IV e V, precisam produzir uma fita complementar ao genoma, que posteriormente servirá de molde para a síntese do material genético.[68] Vírus de fita dupla, dos grupos I e III, utilizam cada uma das duas fitas para gerar suas respectivas cópias complementares. Em geral, moléculas de DNA são sintetizadas a partir de outras moléculas de DNA (DNA → DNA), e o mesmo acontece com moléculas de RNA (RNA → RNA). A exceção a esta regra fica por conta dos vírus que realizam transcrição reversa.[69] Membros do grupo VI (ssRNA-RT) replicam o seu genoma a partir de um intermediário de DNA (RNA → DNA → RNA). Já os membros do I (dsDNA-RT) replicam o seu genoma a partir de um intermediário de RNA (DNA → RNA → DNA).[5]

Montagem do vírion

A montagem corresponde ao processo de formação das partículas virais infectivas (vírions). Neste estágio do ciclo de infecção, as proteínas estruturais sintetizadas em etapas anteriores se associam para constituir o capsídeo. Capsídeos com formato helicoidal são formados em torno da superfície da molécula de ácido nucléico.[66] Já os capsídeos de simetria icosaédrica são montados previamente e depois preenchidos com o genoma viral, através de um poro na estrutura pré-formada denominada pró-capsídeo. O pró-capsídeo de alguns vírus pode sofrer modificações que levam a formação do capsídeo maduro.[5] O sítio de montagem dos capsídeos depende do local de replicação viral na célula, e varia entre as diversas famílias de vírus.[4] O procedimento de montagem de vírus não envelopados se resume a formação dos nucleocapsídeos, enquanto que para vírus envelopados a montagem só se finaliza depois da aquisição do envelope viral. A membrana lipídica do envelope se origina a partir de estruturas celulares, como: membrana plasmática (e.g. Paramyxovírus, Orthomixovírus, Rhabdovírus) e compartimentos membranosos intracelulares (complexo de Golgi, retículo endoplasmático, núcleo).[59] Outro mecanismo de aquisição de envelope é a denominada “síntese de novo” de membranas, no qual o envelope é gradualmente construído em volta do nucleocapsídeo. Este processo pode ocorrer no núcleo (e.g. Baculovírus) ou no citoplasma (e.g. Poxvírus).[5]

Liberação de novas partículas virais

A liberação dos vírions do citosol pode se dar por lise celular ou brotamento. A liberação por lise celular é mais comum aos vírus não envelopados, e ocorre quando a membrana plasmática da célula infectada se rompe, levando-a morte celular.[4] Porém, nem todo processo de liberação viral causa danos a célula hospedeira. O brotamento é um mecanismo de liberação que pode provocar pouco ou nenhum prejuízo à célula.[40] Vírus que obtém envelope a partir da membrana plasmática saem da célula por meio de brotamento direto do nucleocapsídeo em contato com a face interna da membrana, em regiões específicas, onde se localizam as glicoproteínas virais sintetizadas em momentos prévios da infecção. Vírus com envelope originado de compartimentos intracelulares (organelas) são liberados da célula por meio de vesículas que se fundem com a membrana plasmática. Após a liberação, quando os vírions se encontram no meio extracelular, a maioria deles permanece inerte até que outra célula hospedeira seja infectada, reiniciando o ciclo de replicação viral.[5]

Doenças humanas virais

Assim como muitos parasitas, os vírus são patogênicos aos seres vivos. Ao invadirem as células de um indivíduo, eles prejudicam o funcionamento normal dessas células e, consequentemente, provocam doenças.[70] Entre as principais viroses humanas estão: gripe, hepatite (A, B e C), caxumba, sarampo, varicela (catapora), SIDA (AIDS), raiva, dengue, febre amarela, poliomielite (paralisia infantil), rubéola, meningite, encefalite, herpes, pneumonia, entre outras doenças.[71] Recentemente foi mostrado que o câncer cervical é causado ao menos em partes pelo papilomavírus (que causa papilomas, ou verrugas), representando a primeira evidência significante em humanos para uma ligação entre câncer e agentes virais.[72]

Epidemiologia

A epidemiologia viral é o ramo da ciência médica que lida com a transmissão e o controle de infecções por vírus em humanos. A transmissão de vírus pode ser vertical, o que significa de mãe para filho, ou horizontal, o que significa de pessoa para pessoa.[73] Exemplos de transmissão vertical incluem o vírus da hepatite B e o HIV, onde o bebê já nasceu infectado pelo vírus. Outro exemplo, mais raro, é o vírus da varicela zoster, que, apesar de causar infecções relativamente leves em crianças e adultos, pode ser fatal para o feto e o bebê recém-nascido.[74]

A transmissão horizontal é o mecanismo mais comum de disseminação de vírus nas populações. A transmissão pode ocorrer quando: os fluidos corporais são trocados durante a atividade sexual, por exemplo, HIV; o sangue é trocado por transfusão contaminada ou compartilhamento de agulhas, por exemplo, hepatite C; troca de saliva pela boca, por exemplo, vírus Epstein-Barr; comida ou água contaminada é ingerida, por exemplo, norovírus; aerossóis contendo virions são inalados, por exemplo, vírus influenza; e vetores de insetos, como mosquitos, penetram na pele de um hospedeiro, por exemplo, dengue.[75] A taxa ou velocidade de transmissão de infecções virais depende de fatores que incluem a densidade populacional, o número de indivíduos suscetíveis (ou seja, aqueles que não são imunes), a qualidade dos cuidados com a saúde e o clima.[76]

Epidemias e pandemias

Reconstrução do vírus sombrio da Gripe espanhola que matou cerca de 5% da população humana entre 1918 e 1919. É considerada a pandemia mais grave em toda a história da humanidade.

Uma pandemia é uma epidemia mundial. A Gripe espanhola, que durou até 1919, foi uma pandemia de gripe da categoria 5 causada por um vírus da gripe A incomumente grave e mortal. As vítimas eram frequentemente jovens adultos saudáveis, em contraste com a maioria dos surtos de gripe, que afetam predominantemente pacientes jovens, idosos ou enfraquecidos.[77] Estimativas mais antigas dizem que matou de 40 a 50 milhões de pessoas,[78] enquanto pesquisas mais recentes sugerem que pode ter matado até 100 milhões de pessoas, ou 5% da população mundial em 1918.[79][80]

Embora as pandemias virais sejam eventos raros, o HIV - que evoluiu a partir de vírus encontrados em macacos e chimpanzés - tem sido uma pandemia desde pelo menos a década de 1980.[81] Durante o século 20, houve quatro pandemias causadas pelo vírus influenza e as que ocorreram em 1918, 1957 e 1968 foram graves.[82] A maioria dos pesquisadores acredita que o HIV se originou na África Subsariana durante o século XX;[83] agora é uma pandemia, com cerca de 37,9 milhões de pessoas vivendo com a doença no mundo todo. Houve cerca de 770.000 mortes por AIDS em 2018. O Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) estimam que a AIDS matou mais de 25 milhões de pessoas desde que foi reconhecida pela primeira vez em 5 Junho de 1981, tornando-a uma das epidemias mais destrutivas da história registrada.[84] Em 2007, houve 2,7 milhões de novas infecções por HIV e 2 milhões de mortes relacionadas ao HIV.[85]

Câncer

Ver artigo principal: Oncovírus
O vírus da Hepatite B, vista no microscópio

Os vírus são uma causa estabelecida de câncer em humanos e outras espécies. O câncer viral ocorre apenas em uma minoria de pessoas infectadas (ou animais). Os vírus do câncer provêm de uma variedade de famílias de vírus, incluindo vírus de RNA e DNA, e, portanto, não existe um tipo único de "oncovírus" (um termo obsoleto originalmente usado para retrovírus de transformação aguda). O desenvolvimento do câncer é determinado por uma variedade de fatores, como imunidade ao hospedeiro[86] e mutações no hospedeiro.[87]

Os vírus aceitos para causar câncer em humanos incluem alguns genótipos de papilomavírus humano, vírus da hepatite B, vírus da hepatite C, vírus Epstein-Barr, herpesvírus associado ao sarcoma de Kaposi e vírus linfotrópico T humano.[88] O vírus do câncer humano descoberto mais recentemente é um poliomavírus (poliomavírus de células Merkel) que causa a maioria dos casos de uma forma rara de câncer de pele chamada carcinoma de células Merkel.[89]

Prevenção e tratamento de doenças virais

Devido ao uso das células do hospedeiro, os vírus tornam-se difíceis de se combater. Como os tratamentos quimioterápicos para a infecções virais são limitados, os tratamentos sintomáticos, como descanso, hidratação e analgésicos, são as alternativas mais comuns para reduzir os incômodos causados pela maioria das doenças virais, principalmente infecções respiratórias. Pesquisas realizadas com camundongos infectados com o vírus coxsackie B demonstraram que esforços físicos severos, repetitivos e exaustivos prolongaram a infecção e provocaram o retardo do início da resposta imune via interferons e anticorpos.[71]

Quando as células são atacadas por vírus, o sistema de defesa do organismo parasitado passa a produzir anticorpos específicos que combatem o vírus invasor. Isso ocorre porque os vírus são formados por proteínas diferentes das do organismo parasitado. Estas proteínas são reconhecidas como não próprias do organismo e são neutralizadas pelos anticorpos. Assim, caso o mesmo vírus invada o organismo novamente, a memória imunológica desencadeará rapidamente uma resposta imune específica contra o vírus, e a doença não se instalará.[90]

Vacina virais

Ver artigo principal: Vacina
Aplicação de vacina contra o vírus da gripe.

As vacinas são soluções médicas eficazes para prevenir algumas infecções virais. Elas podem ser produzidas a partir de vírus inativados ou atenuados, ou a partir de subunidades de proteínas virais. Uma vez introduzidos num indivíduo, os componentes das vacinas são capazes de estimular o organismo a produzir uma resposta imunológica humoral e/ou celular.[91] O indivíduo desenvolve memória imunológica quando é exposto uma ou algumas vezes aos antígenos presentes na vacina. A vacinação é empregada com o objetivo de prevenir a manifestação de doenças virais futuras. Portanto, vacinas não são aplicadas com o intuito de curar viroses já instaladas, mas sim para evitar o desenvolvimento da doença.[70]

A vacina Sabin, usada para prevenir a poliomielite (ou paralisia infantil), é uma das vacinas virais atenuadas mais amplamente utilizadas no mundo. Testes com macacos demonstraram que o vírus atenuado, diferentemente da cepa viral patogênica, não possui virulência contra os tecidos nervosos do cérebro e da medula espinhal. Porém, como o organismo não diferencia um vírus do outro, ele passa a produzir os anticorpos necessários, imunizando o indivíduo vacinado contra o vírus da poliomielite.[92][60]

Drogas antivirais

Oseltamivir, um antiviral com ação seletiva contra Influenzavirus A e B.

As drogas antivirais são substâncias utilizadas no tratamento específico contra determinados vírus. Entre as principais substâncias antivirais, estão: o aciclovir (contra o herpesvírus), a ribavirina (contra o vírus da hepatite C), o oseltamivir (contra o vírus da gripe), o ritonavir, o indinavir, a zidovudina, entre outras, contra o vírus da AIDS (SIDA).[60] Diferentemente do que ocorre nos casos de infecções bacterianas, os antibióticos não são úteis contra infecções virais. O uso abusivo e inadequado de antibióticos, como contra infecções virais, tem se tornado um grave problema de saúde pública por ser uma das causas do recorrente surgimento de bactérias resistentes a múltiplos antibióticos.[93]

Infecção em outras espécies

Os vírus infectam toda a vida celular e, embora os vírus ocorram universalmente, cada espécie celular tem seu próprio intervalo específico que geralmente infecta apenas essas espécies.[94] Alguns vírus, chamados satélites, podem se replicar apenas dentro de células que já foram infectadas por outro vírus.[95]

Vírus de planta

Ver artigo principal: Fitovírus

Existem muitos tipos de vírus de plantas, mas geralmente causam apenas uma perda de rendimento, e não é economicamente viável tentar controlá-los. Os vírus das plantas são frequentemente transmitidos de planta para planta por organismos, conhecidos como vetores. Geralmente são insetos, mas alguns fungos, vermes de nematóides e organismos unicelulares têm se mostrado vetores.[96][97]

Quando o controle de infecções por vírus de plantas é considerado econômico, para frutos perenes, por exemplo, os esforços estão concentrados na morte dos vetores e na remoção de hospedeiros alternativos, como as ervas daninhas. Os vírus vegetais não podem infectar seres humanos e outros animais porque eles podem se reproduzir apenas nas células vegetais vivas.[98][99]

Vírus de bactéria

Ver artigo principal: Bacteriófago
Nesta micrografia eletrônica de bacteriófagos ligados a uma célula bacteriana, os vírus têm o tamanho e a forma do colifago T1

Os bacteriófagos são um grupo comum e diversificado de vírus e são a entidade biológica mais abundante em ambientes aquáticos - há até dez vezes mais desses vírus nos oceanos do que as bactérias,[100] atingindo níveis de 250 000 000 bacteriófagos por mililitro de água do mar. Esses vírus infectam bactérias específicas ligando-se às moléculas receptoras da superfície e entrando na célula.[101]

Dentro de um curto período de tempo, em alguns casos, apenas alguns minutos, a polimerase bacteriana começa a traduzir o mRNA viral em proteína. Essas proteínas tornam-se novos virions dentro da célula,[100] proteínas auxiliares, que ajudam na montagem de novos virions, ou proteínas envolvidas na lise celular. As enzimas virais auxiliam na quebra da membrana celular e, no caso do fago T4, em pouco mais de vinte minutos após a injeção, mais de trezentos fagos podem ser liberados.[102]

Vírus de animais

Os vírus são patógenos importantes do gado. Doenças como febre aftosa e febre catarral ovina são causadas por vírus.[103] Animais de companhia, como gatos, cães e cavalos, se não forem vacinados, são suscetíveis a infecções virais graves. O parvovírus canino é causado por um pequeno vírus de DNA e as infecções geralmente são fatais em filhotes.[104] Como todos os invertebrados, a abelha é suscetível a muitas infecções virais. A maioria dos vírus coexiste inofensivamente no hospedeiro e não causa sinais ou sintomas de doença.[105]

Vírus de arqueias

Alguns vírus se replicam dentro das arqueias: são vírus de DNA de fita dupla com formas incomuns e às vezes únicas.[106] Esses vírus foram estudados com mais detalhes nas arqueias termofílicas, particularmente as ordens Sulfolobales e Termoproteales.[107]

As defesas contra esses vírus envolvem interferência de RNA de sequências repetitivas de DNA em genomas arcaicos que estão relacionados aos genes dos vírus.[108][109] A maioria das arqueias possui sistemas CRISPR-Cas como defesa adaptativa contra vírus. Isso permite que a arqueia retenha seções do DNA viral, que são usadas para direcionar e eliminar infecções subsequentes pelo vírus, usando um processo semelhante à interferência do RNA.[110]

Vírus no ecossistema aquático

Ver artigo principal: Bacteriófago marinho
Microfotografia de prochlorococcus, um dos vírus aquáticos.

Os vírus são a entidade biológica mais abundante em ambientes aquáticos. Existem cerca de dez milhões deles em uma colher de chá de água do mar.[111] A maioria desses vírus são bacteriófagos que infectam bactérias heterotróficas e cianófagos que infectam cianobactérias e são essenciais para a regulação dos ecossistemas de água salgada e de água doce. Os bacteriófagos são inofensivos para plantas e animais e são essenciais para a regulação dos ecossistemas marinhos e de água doce são importantes agentes de mortalidade do fitoplâncton, a base da cadeia alimentar em ambientes aquáticos.[112][113]

Eles infectam e destroem bactérias em comunidades microbianas aquáticas e são um dos mecanismos mais importantes de reciclagem do ciclo de carbono e nutrientes em ambientes marinhos. As moléculas orgânicas liberadas pelas células bacterianas mortas estimulam o crescimento bacteriano e algal fresco, em um processo conhecido como desvio viral.[114] Em particular, a lise de bactérias por vírus demonstrou melhorar o ciclo do nitrogênio e estimular o crescimento do fitoplâncton. A atividade viral também pode afetar a bomba biológica, o processo pelo qual o carbono é sequestrado no oceano profundo.[115]

Os microrganismos constituem mais de 90% da biomassa no mar. Estima-se que os vírus matem aproximadamente 20% dessa biomassa por dia e que haja 10 a 15 vezes mais vírus nos oceanos do que bactérias e archaea.[116] Os vírus também são os principais agentes responsáveis pela destruição do fitoplâncton, incluindo a proliferação de algas prejudiciais, o número de vírus nos oceanos diminui ainda mais no mar e mais fundo na água, onde há menos organismos hospedeiros.[117][118]

Vírus: seres vivos ou seres não vivos?

A vida, em sua definição biológica, é considerada um complexo e dinâmico estado de interações bioquímicas e biofísicas. Sob esta perspectiva, são citadas duas propriedades básicas de sistemas vivos:[119]

  • (a) são capazes de produzir e utilizar energia química para a síntese de macromoléculas por meio de uma variedade de proteínas, sendo a maior parte delas enzimas, as quais de maneira coordenada atuam nestes processos biossintéticos;[120]
  • (b) possuem ácido nucleico que carrega em sua estrutura os mecanismos essenciais à codificação e decodificação das informações necessárias para a produção das macromoléculas citadas anteriormente.[1]

Há grande debate na comunidade científica sobre se os vírus devem ser considerados seres vivos ou não, e esse debate é primariamente um resultado de diferentes percepções sobre o que vem a ser vida, em outras palavras, a definição de vida.[121]

Aqueles que defendem a ideia que os vírus não são vivos argumentam que organismos vivos devem possuir características como a habilidade de importar nutrientes e energia do ambiente, devem ter metabolismo (um conjunto de reações químicas altamente inter-relacionadas através das quais os seres vivos constroem e mantêm seus corpos, crescem e exercem inúmeras outras tarefas, como locomoção, reprodução);[122] organismos vivos também fazem parte de uma linhagem contínua, sendo necessariamente originados de seres semelhantes e, através da reprodução, gerar outros seres semelhantes (descendência ou prole), etc. Os vírus preenchem alguns desses critérios: são parte de linhagens contínuas, reproduzem-se e evoluem em resposta ao ambiente, através de variabilidade e seleção, como qualquer ser vivo.[123] Vírus não são cultiváveis in vitro, ou seja, não se desenvolvem em meio de cultura contendo os nutrientes fundamentais à vida. Estes se multiplicam somente em tecidos ou células vivas, logo, os vírus não têm qualquer atividade metabólica quando fora da célula hospedeira.[1] Portanto, sem as células nas quais se replicam, os vírus não existiriam.[47] Outro aspecto que distingue vírus e organismos vivos baseia-se no fato dos vírus possuírem consideráveis quantidades de apenas um tipo de ácido nucleico, DNA ou RNA, enquanto todos os organismos vivos necessitam de quantidades substanciais de ambos. Por estes motivos, os vírus são considerados "agentes infecciosos", ao invés de seres vivos propriamente ditos.[1]

Muitos, porém, não concordam com esta perspectiva, e argumentam que, uma vez que os vírus são capazes de reproduzir-se, são organismos vivos; eles dependem do maquinário metabólico da célula hospedeira, mas até aí todos os seres vivos dependem de interações com outros seres vivos.[123] Assim como plasmídeos e outros elementos genéticos, os vírus se aproveitam da maquinaria celular para se multiplicar. No entanto, diferentemente destes elementos genéticos, os vírus possuem uma forma extracelular por meio da qual o material genético viral é transmitido de um hospedeiro a outro. Em função da existência deste estágio independente das células no ciclo biológico viral, algumas pessoas consideram os vírus como "organismos vivos" ou "formas de vida".[47] Outros ainda levam em consideração a presença maciça de vírus em todos os reinos do mundo natural, sua origem — aparentemente tão antiga como a própria vida —, sua importância na história natural de todos os outros organismos, etc.[4] Conforme já mencionado, diferentes conceitos a respeito do que vem a ser vida formam o cerne dessa discussão.[124]

A origem dos vírus

A origem dos vírus não é totalmente clara, e provavelmente, esta seja tão complexa quanto a origem da vida.[1] Porém, foram propostas algumas hipóteses:

  • Evolução química: Os vírus podem representar micróbios extremamente reduzidos, formas primordiais de vida que apareceram separadamente na sopa primordial que deu origem às primeiras células. Com base nisto as diferentes variedades de vírus teriam tido origens diversas e independentes. No entanto, esta hipótese tem pouca aceitação.[62]
  • Evolução retrógrada: Os vírus teriam se originado a partir de microrganismos parasitas intracelulares que ao longo do tempo perderam partes do genoma responsáveis pela codificação de proteínas envolvidas em processos metabólicos essenciais, mantendo-se apenas os genes que garantiriam aos vírus sua identidade e capacidade de replicação.[62]
  • DNA autorreplicante: Os vírus originaram-se a partir de sequências de DNA autorreplicantes (plasmídeos e transposons) que assumiram uma função parasita para sobreviverem na natureza.[125]
  • Origem celular: Os vírus podem ser derivados de componentes de células de seus próprios hospedeiros que se tornaram autônomos, comportando-se como genes que passaram a existir independentemente da célula. Algumas regiões do genoma de certos vírus assemelham-se a sequências de genes celulares que codificam proteínas funcionais. Esta hipótese é apontada como a mais provável para explicar a origem dos vírus.[1][2]

Origem da diversidade genética viral

Diversos são os processos responsáveis por gerar variabilidade genética dentro de uma população viral. Entre tais processos, estão: mutações, recombinações, rearranjos genéticos em coinfeções, entre outros. A fidelidade e a frequência dos processos de replicação, as taxas de ocorrência de coinfecções, o modo de transmissão, o tamanho e a estrutura das populações (virais e de hospedeiros) são fatores que influenciam a geração da variabilidade genética viral.[62] Quando os vírus se reproduzem no interior de uma célula, o material genético viral pode sofrer mutações, originando uma grande diversidade genética a partir de um único tipo de vírus. Vírus de RNA, que dependem das enzimas RNA polimerase ou transcriptase reversa para se replicar, apresentam taxas de mutação mais elevadas, se comparados a vírus de DNA.[126] Isto ocorre porque tais enzimas não são capazes de corrigir os erros provocados no decorrer da replicação. Vírus de DNA, que usam a maquinaria enzimática celular, apresentam taxas reduzidas de mutações genéticas, pois utilizam enzimas celulares que possuem a habilidade de reparar os erros gerados durante a síntese de DNA.[60]

Agentes infecciosos subvirais

Agentes subvirais são partículas infecciosas subcelulares bastante simples estruturalmente que não são enquadradas como vírus no sentido estrito do termo.[127] Entres tais agentes, destacam-se os vírus satélite, os virusóides, os viróides, os RNAs satélite, os RNAs interferentes defectivos (DI-RNAs) e os príons.[128]

  • Vírus satélites: são moléculas de DNA ou RNA viral que carecem de informações genéticas essenciais para garantir sua independência replicativa. Vírus satélites dependem de outros vírus (vírus helper) para obter os fatores biológicos (proteínas) necessários para a infecção de uma célula.[63][129]
  • Virusóides: são moléculas de ssRNA circular que não codificam proteínas. Dependem de vírus helpers para se replicar e formar capsídeos.[129]
  • Viróides: são patógenos de plantas constituídos apenas por moléculas de ssRNA circular, altamente estáveis, as quais não são capazes de codificar nenhuma proteína.[129]
Estrutura secundária de um viróide da batata
  • RNAs satélite: considerados subtipos de virusóides, são constituídos por pequenas moléculas de RNA, que variam de 200 a 1700 nucleotídeos, sendo que os maiores são capazes de codificar algumas proteínas.[129]
  • RNAs interferentes defectivos (DI-RNAs): são pequenas moléculas de RNA viral provenientes de genomas virais que perderam função essenciais em decorrência de seguidas deleções. Um DI-RNA depende essencialmente do vírus parental (que o originou) para se replicar.[63]
  • Príons (ou priões): são agentes infecciosos que não possuem nenhum ácido nucleico, sendo constituídos exclusivamente por um único tipo de proteína estruturalmente modificada que tem a capacidade de converter proteínas semelhantes e normais em proteínas alteradas quanto a conformação tridimensional. Tais proteínas alteradas se agregam e causam danos em células nervosas.[128]

Aplicações

Ciências da vida e medicina

Cientista estudando o vírus influenza H5N1

Os vírus são importantes para o estudo da biologia molecular e celular, pois fornecem sistemas simples que podem ser usados para manipular e investigar as funções das células.[130] O estudo e o uso de vírus forneceram informações valiosas sobre aspectos da biologia celular. Por exemplo, os vírus têm sido úteis no estudo da genética e ajudaram a entender os mecanismos básicos da genética molecular, como replicação de DNA, transcrição, Modificação pós-transcricional, tradução, transporte de proteínas e imunologia.[131]

A genética usa vírus como vetores para inserir genes nas células que estudam. Isso é útil para fazer com que as células produzam matérias estranhas ou para estudar o efeito da inserção de novos genes no genoma. Da mesma forma, a terapia de vírus usa vírus como vetores para tratar várias doenças, porque pode atingir especificamente células e DNA.[130] Usos promissores são mostrados no câncer e na terapia genética. Os cientistas da Europa Oriental têm usado a fagoterapia como uma alternativa aos antibióticos há algum tempo, e o interesse nessa abordagem está aumentando devido ao alto nível de resistência a antibióticos em algumas bactérias patogênicas.[132]

Armas

Ver artigo principal: Guerra biológica

A capacidade dos vírus de causar epidemias devastadoras nas sociedades humanas levou à preocupação de que os vírus pudessem ser armados para a guerra biológica. Outra preocupação foi levantada pela recreação bem-sucedida do infame vírus da influenza de 1918 em um laboratório.[133]

O vírus da varíola devastou inúmeras sociedades ao longo da história antes de sua erradicação. Existem apenas dois centros no mundo autorizados pela OMS a manter estoques de vírus da varíola: o VECTOR do Centro Estadual de Pesquisa em Virologia e Biotecnologia na Rússia e os Centros de Controle e Prevenção de Doenças nos Estados Unidos.[134] Pode ser usada como arma, pois a vacina contra a varíola às vezes teve efeitos colaterais graves, não sendo mais usada rotineiramente em nenhum país. Assim, grande parte da população humana moderna quase não tem resistência estabelecida à varíola e seria vulnerável ao vírus.[133][134]

Ciência dos materiais e nanotecnologia

As tendências atuais em nanotecnologia prometem fazer um uso muito mais versátil de vírus. Do ponto de vista de um cientista de materiais, os vírus podem ser considerados nanopartículas orgânicas. Sua superfície carrega ferramentas específicas que lhes permitem atravessar as barreiras de suas células hospedeiras.[135][136]

O tamanho e a forma dos vírus, o número e a natureza dos grupos funcionais em sua superfície são definidos com precisão. Como tal, os vírus são comumente usados na ciência dos materiais como andaimes para modificações de superfície ligadas covalente mente. Uma qualidade específica dos vírus é que eles podem ser adaptados pela evolução direcionada. As poderosas técnicas desenvolvidas pelas ciências da vida estão se tornando a base das abordagens de engenharia para os nanomateriais, abrindo uma ampla gama de aplicações muito além da biologia e da medicina.[136]

Devido ao seu tamanho, forma e estruturas químicas bem definidas, os vírus têm sido usados como modelos para organizar os materiais em nanoescala. Exemplos recentes incluem trabalhos no Naval Research Laboratory em Washington, DC, usando partículas do vírus do mosaico do caupi (CPMV) para amplificar sinais em sensores baseados em microarrays de DNA.[137] Nesta aplicação, as partículas do vírus separam os corantes fluorescentes usados para sinalizar para impedir a formação de dímeros não fluorescentes que atuam como inibidores. Outro exemplo é o uso do CPMV como uma placa de ensaio em nanoescala para eletrônica molecular.[138]

Vírus sintéticos

Muitos vírus podem ser sintetizados de novo ("do zero") e o primeiro vírus sintético foi criado em 2002. Embora seja um equívoco, não é o vírus real que é sintetizado, mas seu genoma de DNA (no caso de um vírus de DNA) ou uma cópia de cDNA de seu genoma (no caso de vírus de RNA). Para muitas famílias de vírus, o DNA ou RNA sintético nu (uma vez convertido enzimaticamente a partir do cDNA sintético) é infeccioso quando introduzido na célula.[139][140]

Ou seja, eles contêm todas as informações necessárias para produzir novos vírus. Essa tecnologia está sendo usada agora para investigar novas estratégias de vacinas. A capacidade de sintetizar vírus tem conseqüências de longo alcance, uma vez que os vírus não podem mais ser considerados extintos, desde que as informações de sua sequência genômica sejam conhecidas e células permissivas estejam disponíveis.[140]

Ver também

Referências

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