Estação de Pesquisas Machu Picchu

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Ilha do Rei George, com a Estação de Pesquisas.

A Estação de Pesquisas Machu Picchu é uma estação de investigação científica estabelecida na Antártida pelo Peru. O propósito é a realização de estudos geológicos, climatológicos e biológicos nesta zona.

Na Antártida, os mais diversos países realizam investigações com fins pacíficos. Investiga-se o seu passado geológico, o potencial das suas riquezas marinhas, a força dos ventos, a contaminação e a adaptação da sua fauna ao rigor deste gélido ambiente.

Antecedentes históricos[editar | editar código-fonte]

Em 1567, o vice-rei do Peru, Lope García de Castro, encarregou ao seu sobrinho, Álvaro de Mendaña, a primeira expedição ao sul do Oceano Pacífico, em busca da chamada Terra Australis Incognita. A expedição parte desde o porto de El Callao, a 20 de novembro de 1567.[1]

Em 1600, o vice-rei do Peru, Luis de Velasco y Castilla, encarregou ao seu primo, Gabriel de Castilla[2] uma expedição para enfrentar os piratas holandeses. Gabriel de Castilla foi nomeado "General del Callao" e comandou a Armada del Mar del Sur. Sobre esta expedição relatou o marinheiro holandês Laurenz Claesz que ele navegou sob o camando de Almirante don Gabriel de Castilla com trâs barcos ao largo das costas do Chile até Valparaiso, e desde ali até ao estreito, no ano de 1603; e esteve em Março nos 64 graus e ali tiveram muita neve. No seguinte mês de Abril regressaram de novo às costas do Chile.[3] Outro documento holandês, publicado em Amesterdão em três idiomas em 1622 afirma que aos 64º S existe terra: muito alta e montanhosa, coberta de neve, como o país da Noruega, toda branca, que parecia estender-se até às ilhas Salomão. As terras avistadas seriam as Ilhas Shetland do Sul.

Em 1605, o vice-rei do Peru, Gaspar de Zúñiga y Acevedo, encarregou ao navegante Pedro Fernández de Quirós a terceira expedição de navegação até ao sul do continente, em busca da Terra Australis Incognita.[1][4] Em 1606, tomou posse de todas as terras que descobriu com o nome de Australia del Espíritu Santo (hoje Vanuatu) e aquelas que se descobriram até ao pólo, o qual relata na sua obra Memoriales de las Tierras Australes.

No Canto de Caliope, Miguel de Cervantes Saavedra escreveu em 1615 sobre a Antártica, suas riquezas e sobre o Peru: De la region Antartica podria eternizar ingenios soberanos, que si riquezas hoy sustenta y cría tambien entendimientos sobrehumanos: mostrarlo puedo en muchos este dia, y en dos os quiero dar llenas las manos, uno de nueva España y nuevo Apolo; del Perú el otro; un sol unico y solo.[5]

Em 1819, o navegante limenho, Rosendo Porlier y Asteguieta, ao comando do navio San Telmo, numa expedição com destino a Callao, naufragou numa das ilhas Shetland do Sul.[2] Em 1825, o marinheiro inglês James Weddell relatava no su diário que Foram achados vários restos de um naufrágio nas ilhas do oeste, aparentemente da armação de um barco de 74 canhões, o que faz que seja muito provável que estes sejas os restos de um barco de guerra espanhol dessa categoria que tem estado perdida desde 1819, quando a de passagem a Lima.[6]

Em 1891, o Dr. Luis Carranza, presidente da Sociedade Geográfica de Lima, publicou o artigo La Corriente Polar Antártica.[7]

Em 1961, o primeiro-tenente Juan Soria e de seguida em 1972 o engenheiro Jorge Vásquez, integraram expedições que visitaram a Antártida.

Organismo peruano[editar | editar código-fonte]

A Comisión Nacional de Asuntos Antárticos-CONAAN foi criada em Julho de 1983. Tratava-se de um organismo técnico, formado por vários sectores da administração pública peruana, encarregado de assessorar o governo em temas antárticos tanto nos aspectos jurídicos e políticos, como nos económicos, científicos e técnicos.

A razão fundamental da comissão obedeceu ao objectivo nacional de assegurar a presença peruana na Antártida, apontando também para a protecção e conservação do seu ambiente.

A 20 de Novembro de 2002, é publicada no diário oficial El Peruano, a Lei Nº 27870, aprovada pelo Congresso e promulgada pelo Presidente da República, que reestruturou a CONAAN, transformando-a no Instituto Antártico Peruano (INANPE) como um organismo descentralizado com personalidade jurídica de direito público interno e autonomia científica, técnica, funcional, económica e administrativa, dependente sectorialmente do Ministerio de Relaciones Exteriores.

O Instituto Antártico Peruano converte-se na organização encarregue de formular, coordenar, conduzir e supervisionar de forma integral a política nacional antártica.

Base científica e expedições[editar | editar código-fonte]

O Peru realiza anualmente expedições científicas a este continente. Mantém uma base de investigação científica, denominada Estação de Pesquisas Machu Picchu, instalada na Ilha do Rei George, na Baía do Almirantado.

Nesta base, desenvolvem-se diversos projectos científicos como as investigações sobre o krill e suas possibilidades como alternativa para a alimentação humana, projectos geológicos, biológicos, hidrográficos e geofísicos. Instalou-se na base um radar para medir os ventos nas camadas mais altas da atmosfera. Isto proporciona informação sobre a deterioração da camada de ozono.

Por ser um continente de elevada importância estratégica, ecológica e económica, o Peru tem interesse em que permaneça como uma zona de paz, desmilitarizada e desnuclearizada e que se preserve o seu ambiente devido à sua relação com o clima peruano.

As suas frias águas são fundamentais para o Peru, já que ali se origina a corrente de Humboldt.

Tratado Antártico[editar | editar código-fonte]

O Peru é membro consultivo do Tratado Antártico; com voz, voto e veto na tomada de todas as decisões vinculadas ao espaço austral. Aderiu ao Tratado a 10 de Abril de 1981, durante a XI Reunião Consultiva de Buenos Aires. Nessa oportunidade reconheceu o Tratado Antártico como o único instrumento jurídico válido e criador de direito internacional sobre a Antártida. O Pero, ao aderir ao Tratado, reservou os seus direitos de território com base no principio da defrontação e influência antártica no su clima, ecologia e biologia marina, invocando continuidade geológica e vínculos históricos.[8]

Direitos peruanos[editar | editar código-fonte]

A relação do Perú com a Antártica foi tratado pela primeira na Assembleia Constituinte de 1979 e consta na Constituição do Peru, de 1993.

…el Perú, país del hemisferio austral vinculado a la Antártida por costas que se proyectan hacia ella, así como por factores ecológicos y antecedentes históricos, y conforme con los derechos y obligaciones que tiene como parte consultiva del Tratado Antártico, propicia la conservación de la Antártida como una Zona de Paz dedicada a la investigación científica, y la vigencia de un régimen internacional que, sin desmedro de los derechos de Perú sobre la Antártida, promueva en beneficio de toda la humanidad la racional y equitativa explotación de los recursos de la Antártida, y asegure la protección y conservación del ecosistema de dicho Continente.
— Constituição Peruana de 1993

Referências

Ligações externas[editar | editar código-fonte]