Lagoa Rodrigo de Freitas

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Lagoa Rodrigo de Freitas
Lagoa Rodrigo de Freitas
Localização
Localização Zona Sul do Rio de Janeiro
País  Brasil
Localidades mais próximas Rio de Janeiro
Características
Área * 2,2 km²
Perímetro * 7,8 km
Profundidade média 2,8 m
Volume * aprox. 0,0062 km³
* Os valores do perímetro, área e volume podem ser imprecisos devido às estimativas envolvidas, podendo não estar normalizadas.

Rodrigo de Freitas é uma lagoa localizada na Zona Sul do município do Rio de Janeiro, no Brasil.[1]

Embora receba as águas de diversos rios tributários que descem das encostas circundantes, entre os quais se destaca o Rio dos Macacos (hoje canalizado), apresenta águas salobras.

A lagoa apresenta duas ilhas: Ilha Piraquê, na margem oeste, que abriga o Departamento Esportivo do Clube Naval; Ilha Caiçaras, na margem sul, que abriga o Clube dos Caiçaras, onde se realizaram as provas de esqui aquático dos Jogos Pan-Americanos de 2007. Conta ainda com alguns parques ao seu redor, dos quais se destacam o Parque da Catacumba, o Parque do Cantagalo e o Parque dos Patins.

História[editar | editar código-fonte]

A lagoa em 1884
Vista da lagoa
Estrutura montada na Lagoa Rodrigo de Freitas, palco do remo e da canoagem nos Jogos Olímpicos de 2016
Imagem antiga da lagoa (sem data) por Werner Haberkorn, anterior à construção da Ilha dos Caiçaras.
Panorama da lagoa à noite em 2010
Vista noturna da lagoa e do Hipódromo da Gávea

Inicialmente habitada pelos índios Tamoios, que a denominavam Piraguá (que significa "enseada de peixe", pela junção de pirá, peixe e kûá, enseada[2]) ou Sacopenapã (caminho dos socós), com a chegada do colonizador português, o governador e capitão-geral da Capitania do Rio de Janeiro, António Salema (1575-1578), pretendeu instalar um engenho de açúcar nas margens da lagoa. Para livrar-se da presença indesejável dos indígenas, recorreu ao estratagema de fazer espalhar roupas anteriormente utilizadas por doentes de varíola às margens da lagoa, vindo assim a exterminá-los. Iniciou-se, então, o plantio de cana-de-açúcar e a montagem do Engenho d'El-Rey, onde atualmente funciona o Centro de Recepção aos Visitantes do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

Posteriormente, essas terras foram adquiridas ao doutor Salema pelo vereador Amorim Soares, passando a lagoa a ser referida como "Lagoa de Amorim Soares". Com a expulsão deste da região em 1609, as terras foram vendidas para o seu genro, Sebastião Fagundes Varela, com a consequente alteração da toponímia para "Lagoa do Fagundes". Este latifundiário, por aquisição e invasão, ampliou as suas propriedades na região, de maneira que, em torno de 1620, já era proprietário de todas as terras que se estendem do atual bairro do Humaitá até o atual bairro do Leblon.

Em 1702, a sua bisneta, Petronilha Fagundes, então com 35 anos de idade, casou-se com o jovem oficial de cavalaria português, Rodrigo de Freitas de Carvalho, então com apenas 18 anos de idade, que deu o seu nome à lagoa. Viúvo, Rodrigo de Freitas retornou a Portugal em 1717, onde veio a falecer em 1748.

A região permaneceu em mãos de arrendatários, sem grande expressão até ao início do século XIX, quando, com a chegada da Família Real Portuguesa em 1808, o Príncipe-Regente desapropriou o "Engenho da Lagoa" para construir, no local, uma fábrica de pólvora e instalar o "Real Horto Botânico" (atual Jardim Botânico do Rio de Janeiro).

Árvore de Natal da Lagoa Rodrigo de Freitas

Durante o século XIX, foram cogitadas diversas soluções para o problema da renovação de suas águas, até que, em 1922, a Repartição de Saneamento das Zonas Rurais apresentou um projeto visando a "sanear e embelezar a Capital para as festas do Centenário da Independência". Esse projeto consistia na abertura de um canal, através de dragagem, aprofundando a barra, religando a lagoa ao mar. Com a sua execução, a terra retirada do canal formou a Ilha dos Caiçaras, atual sede do clube de mesmo nome. Em pouco tempo, surgiram aterros às suas margens que reduziram, paulatinamente, o seu espelho d'água, surgindo o Jockey Club Brasileiro, o Jardim de Alá e a sede esportiva do Clube Naval na Ilha do Piraquê. O canal dragado passou a denominar-se Canal do Jardim de Alá.

Em 1939, Manoel Pinto Júnior estabeleceu-se na Ladeira do Sacopã, dando início à comunidade que se tornaria o Quilombo Sacopã.[3]

A lagoa representa, atualmente, uma das principais atrações turísticas do município do Rio de Janeiro. É conhecida como "O Coração do Rio de Janeiro", devido a seu formato semelhante a um coração. A região administrativa e o bairro homônimo de Lagoa recebe sua denominação devido à Lagoa Rodrigo de Freitas. É uma região de classes média-alta e alta, com um dos mais altos índices de desenvolvimento humano do país. Desde 1995, na época de Natal, há a tradição de se montar uma gigantesca árvore de Natal iluminada, aproveitando o seu espelho d'água.

Poluição[editar | editar código-fonte]

Embora sobreviva às suas margens uma colônia de pescadores, a lagoa é vítima de um problema crônico de mortandade de peixes, causado pela proliferação de algas (eutrofização) que consomem o oxigênio nas águas. Vários estudos de engenharia hidráulica foram realizados, podendo-se citar o de Saturnino de Brito, o de Saturnino de Brito Filho realizados no HIDROESB, o do LNEC, em Lisboa, e o da Universidade de Lund, na Suécia acompanhados pelos engenheiros brasileiros Jorge Paes Rios e Flavio Coutinho. Todavia nenhuma solução concreta de renovação das águas foi implantada até 2013. Recentemente, a iniciativa de um biólogo tem tido um efetivo sucesso na reintrodução de algumas espécies nativas de manguezal, vegetação nativa de seu entorno.[4]

Eventos esportivos[editar | editar código-fonte]

A lagoa tem uma parte aterrada. Isso ocorreu nos meados do século XX (lá pelos anos 1940, 1950 e 1960), já que muitos morros, como o da Praia do Pinto, foram ocupados às margens da lagoa e, por muitos e muitos anos, abrigou favelas com cerca de até 50.000 moradores. Só que os barracos erguidos nos morros corriam o risco de desabar. Então o governo, depois de mais de vinte anos da ocupação dos morros, expulsou todos os moradores e "desmontou" os morros, aterrando grande parte do município. Seus moradores foram para o subúrbio e passaram a morar em conjuntos habitacionais. No lugar dos morros, foram construídos os prédios de apartamentos e parques.

Com 2,4 milhões de metros quadrados de superfície, sobre o seu espelho d'água praticam-se esportes aquáticos como o remo, ou simplesmente passeia-se de pedalinho. Em seu entorno, encontram-se um estádio de remo (Estádio de Remo da Lagoa), uma ciclovia pavimentada, com 7,5 km de extensão, diversos equipamentos de lazer e quiosques de alimentação, que oferecem itens da gastronomia regional e internacional. Aí, se encontram também alguns dos mais importantes clubes do município:

A Lagoa Rodrigo de Freitas sediou competições de canoagem e remo dos Jogos Olímpicos de Verão de 2016 e dos Jogos Paralímpicos de Verão de 2016. Havia uma grande preocupação quanto à saúde dos atletas durante a competição. Em 2015, treze remadores dos Estados Unidos apresentaram problemas estomacais depois de uma competição na lagoa, que foi considerada evento-teste dos Jogos Olímpicos. Na ocasião, os atletas sofreram de vômito e diarreia.[5] Além disso, foi reconhecido pelo governo do estado que não há tempo disponível para limpar efetivamente a lagoa para as competições Olímpicas.[6]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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