Capitania de São Paulo e Minas de Ouro

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A Capitania de São Paulo e Minas de Ouro foi uma das subdivisões administrativas do território da América Portuguesa, criada em 1709 por meio da compra, por parte da Coroa portuguesa, após a Guerra dos Emboabas, da Capitania de São Vicente e da Capitania de Paranaguá. Foi governada, durante os seus pouco mais de dez anos de existência, por um governador-geral apontado pela metrópole.[1][2]

Foi dissolvida por meio da sua cisão, em 1720, entre as capitanias de Minas Gerais e de São Paulo.

História[editar | editar código-fonte]

Guerra dos Emboabas[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Guerra dos Emboabas

Após a descoberta de ouro no interior do continente sul-americano por exploradores advindos da capitania de São Vicente, começou um período de intensa migração de colonos vindos da metrópole portuguesa e de outras regiões da América portuguesa em direção às minas recém descobertas. Esses colonos - chamados de Emboabas pelos vicentinos, termo da língua geral paulista que significa "forasteiro" - entraram em conflito com os descobridores dos veios auríferos, dando início a um conflito armado que ficou conhecido como "guerra dos Emboabas", e que acabou sendo vencido pela Coroa, que conseguiu fazer valer a sua autoridade na região.[2]

Em 3 de novembro de 1709, como consequência disso, e visando fortalecer o poder régio sobre as minas, as capitania de São Vicente, e a capitania de Paranaguá foram compradas pela Coroa, fundidas e transformadas na Capitania Real de São Paulo e Minas do Ouro.[1][2]

Cisão[editar | editar código-fonte]

Como consequência da Revolta de Vila Rica (1720), além do adiamento da instalação da Casa de Fundição, materializou-se a autonomia administrativa das Minas, uma vez que, em 12 de setembro desse ano, D. João V desmembrou-a, instituindo a capitania de Minas Gerais e a capitania de São Paulo. Na primeira foi então criada mais uma comarca: Serro do Frio (com sede na Vila do Príncipe).

Divisão territorial[editar | editar código-fonte]

A capitania, no tempo da sua dissolução, contava com os seguintes núcleos populacionais, aqui organizados de acordo com a sua respectiva comarca e data de fundação:[3][4][5][6]

Lista de governadores-gerais[editar | editar código-fonte]

Imagem Nome Período Referências
1 António de Albuquerque Coelho de Carvalho 18 de junho de 1710

31 de agosto de 1713
[7]
2 Brás Baltasar da Silveira 31 de agosto de 1713

14 de setembro de 1717
3 Pedro Miguel de Almeida Portugal e Vasconcelos
3.º Conde de Assumar
1.º Marquês de Castelo Novo
1.º Marquês de Alorna
14 de setembro de 1717

2 de dezembro de 1720
[8]

Abrangência e limites[editar | editar código-fonte]

Pela ação dos bandeirantes a nova capitania passou a contar com um vasto território, que abrangia os sertões de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, para o sul, e de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso para oeste.

É importante frisar que o limite oeste da capitania era delimitado pelo Tratado de Tordesilhas. Durante a Dinastia Filipina (União Ibérica), os portugueses se expandiram de tal forma na América do Sul que, em 1680, visando o comércio com a bacia do rio da Prata e a região andina, fundaram um estabelecimento à margem esquerda do Prata, em frente a Buenos Aires: a Colônia do Sacramento. A fixação portuguesa em território oficialmente espanhol gerou um longo período de conflitos armados, conduzindo à negociação do Tratado de Madrid (1750).

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b Bueno, Beatriz Piccolotto Siqueira (dezembro de 2009). «Dilatação dos confins: caminhos, vilas e cidades na formação da Capitania de São Paulo (1532-1822)». Scielo. Anais do Museu Paulista. 17 (2): 254. Consultado em 6 de janeiro de 2024 
  2. a b c Boxer, Charles (1969). O Império Colonial Português (1415 - 1825). Lisboa: Edições 70. pp. 159 – 160 
  3. Bueno, Beatriz Piccolotto Siqueira (dezembro de 2009). «Dilatação dos confins: caminhos, vilas e cidades na formação da Capitania de São Paulo (1532-1822)». Scielo. Anais do Museu Paulista. 17 (2): 254. Consultado em 6 de janeiro de 2024 
  4. FAVERO, Edison. Desmembramento territorial : o processo de criação de municípios - avaliação a partir de indicadores econômicos e sociais [online]. São Paulo : Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, 2004. Tese de Doutorado em Engenharia de Construção Civil e Urbana. [acesso 2014-04-23]. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3146/tde-20122004-125028/>
  5. Folha de S. Paulo, 26 de Agosto de 2001: Municípios pioneiros perdem espaço.
  6. «Capitania de São Paulo e Minas de Ouro - Atlas Digital da América Lusa». lhs.unb.br. Consultado em 16 de janeiro de 2024 
  7. «Governadores do Estado de São Paulo [Biblioteca Virtual]». web.archive.org. 10 de novembro de 2012. Consultado em 16 de janeiro de 2024 
  8. Werneck, Gustavo (2 de dezembro de 2020). «Heróis do século 21 recebem homenagem nos 300 anos de Minas». Estado de Minas. Cópia arquivada em 2 de dezembro de 2020 
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