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Durante a Era Meiji, Nagasaki se tornou um centro industrial. Sua principal indústria era a de construção de navios, com os estaleiros sob controle da [[Mitsubishi Heavy Industries]], uma das primeiras contratadas da [[Marinha Imperial Japonesa]], e o porto de Nagasaki usado como ancoradouro sob controle do Distrito Naval de Sasebo. Durante a [[Segunda Guerra Mundial]], na época do ataque nuclear, Nagasaki era uma importante cidade industrial, contendo fábricas da Mitsubishi Steel & Arms Works, da Akunoura Engine Works, da Mitsubishi Arms Plant, da Mitsubishi Electric Shipyards, da Mitsubishi-Urakami Ordnance Works, e de muitas outras fábricas menores, além da maioria das instalações de armazenamento e transbordo de portos, que empregavam cerca de 90% da força de trabalho da cidade, e respondiam por 90% da indústria da cidade. Essas conexões com o esforço de guerra japonês fizeram de Nagasaki um alvo importante para o bombardeio estratégico pelos [[Aliados da Segunda Guerra Mundial|Aliados]] durante a guerra.<ref name="HYP">{{citar web|autor=United States Strategic Bombing Survey |título=Chapter II The Effects of the Atomic Bombings |url=http://www.ibiblio.org/hyperwar/AAF/USSBS/AtomicEffects/AtomicEffects-2.html}}</ref><ref>{{citar livro|título=How Effective is Strategic Bombing?: Lessons Learned From World War II to Kosovo (World of War) |página=86–87 |data=1 de dezembro de 2000|editora=NYU Press}}</ref>
Durante a Era Meiji, Nagasaki se tornou um centro industrial. Sua principal indústria era a de construção de navios, com os estaleiros sob controle da [[Mitsubishi Heavy Industries]], uma das primeiras contratadas da [[Marinha Imperial Japonesa]], e o porto de Nagasaki usado como ancoradouro sob controle do Distrito Naval de Sasebo. Durante a [[Segunda Guerra Mundial]], na época do ataque nuclear, Nagasaki era uma importante cidade industrial, contendo fábricas da Mitsubishi Steel & Arms Works, da Akunoura Engine Works, da Mitsubishi Arms Plant, da Mitsubishi Electric Shipyards, da Mitsubishi-Urakami Ordnance Works, e de muitas outras fábricas menores, além da maioria das instalações de armazenamento e transbordo de portos, que empregavam cerca de 90% da força de trabalho da cidade, e respondiam por 90% da indústria da cidade. Essas conexões com o esforço de guerra japonês fizeram de Nagasaki um alvo importante para o bombardeio estratégico pelos [[Aliados da Segunda Guerra Mundial|Aliados]] durante a guerra.<ref name="HYP">{{citar web|autor=United States Strategic Bombing Survey |título=Chapter II The Effects of the Atomic Bombings |url=http://www.ibiblio.org/hyperwar/AAF/USSBS/AtomicEffects/AtomicEffects-2.html}}</ref><ref>{{citar livro|título=How Effective is Strategic Bombing?: Lessons Learned From World War II to Kosovo (World of War) |página=86–87 |data=1 de dezembro de 2000|editora=NYU Press}}</ref>

===Ataque nuclear na Segunda Guerra Mundial===
{{artigo principal|Bombardeamentos de Hiroshima e Nagasaki}}
[[Imagem:Nagasakibomb.jpg|thumb|left|[[Nuvem de cogumelo]] da explosão atômica sobre Nagasaki às 11:02 da manhã, 9 de agosto de 1945]]

Por 12 meses antes do ataque nuclear, Nagasaki sofreu cinco ataques aéreos de pequena escala por 136 aviões [[Estados Unidos|norte-americanos]] que lançaram um total de 270 toneladas de explosivo, 53 toneladas de explosivo incendiário, e 20 toneladas de bombas de fragmentação. Destes, o ataque de 1 de agosto de 1945 foi o mais efetivo, com algumas das bombas atingindo os estaleiros e as docas na parte sudoeste da cidade, muitas atingindo a Mitsubishi Steel & Arms Works, e seis bombas atingindo o Hospital e Escola Médica de Nagasaki, com três disparos acertando em cheio os prédios. Enquanto o dano dessas bombas foi relativamente pequeno, ele colocou um medo considerável na população e um grande número de pessoas, principalmente as de escolas infantis, foram evacuadas para áreas rural, reduzindo a população da cidade no dia do ataque atômico.<ref name="HYP"/><ref>{{cite web|url=http://avalon.law.yale.edu/20th_century/mp07.asp|título=Avalon Project - The Atomic Bombings of Hiroshima and Nagasaki}}</ref><ref>{{cite book |autor= Bradley, F.J.|título=No Strategic Targets Left |ano=1999 |página=103 |editora=Turner Publishing Company |isbn=1-5631-1483-6}}</ref><ref name="HY">{{cite book |autor=Skylark, Tom|título=Final Months of the Pacific War |ano=2002 |página=178 |editora=Georgetown University Press}}</ref>

No dia do lançamento nuclear (9 de agosto de 1945), a população de Negasaki era estimada em 263 mil, dos quais 240 mil eram japoneses residentes, 10 mil coreanos residentes, 2500 trabalhadores coreanos conscritos, 9 mil soldados japoneses, 600 trabalhadores chineses conscritos, e 400 [[prisioneiro de guerra|prisioneiros de guerra]] [[Aliados da Segunda Guerra Mundial|Aliados]].<ref name="HY" /> Naquele dia, o [[Boeing B-29 Superfortress]] ''[[Bockscar]]'', comandado pelo [[Major Charles Sweeney]], partiu do North Field em [[Tinian]] pouco antes do amanhecer, desta vez carregando uma [[Bomba nuclear#Tipos##Fissão nuclear|bomba de plutônio]], codinome "[[Fat Man]]". O alvo primário para a bomba era [[Kokura]], com o alvo secundário sendo Nagasaki, se o primeiro alvo estive nublado demais para uma boa visão. Quando o avião chegou a Kokura às 9:44 da manhã, a cidade estava coberta de nuvens e fumaça, e a cidade próxima de [[Yawata]] já havia sido bombardeada no dia anterior. Incapaz de realizar o ataque com a visão limitada por conta das nuvens e fumaça e com combustível limitado, o avião deixou a cidade às 10:30 em direção ao alvo secundário. 20 minutos depois, às 10:50 da manhã, o avião chegou à Nagasaki, mas a cidade também estava nublada demais. Desesperadamente sem combustível e após realizar alguns bombardeios sem obter nenhum alvo visual, a tripulação foi forçada a usar o radar para soltar a bomba. No último minuto, a abertura das nuvens os permitiu fazer contato visual com a pista de corridas em Nagasaki, e assim lançaram a bomba no Vale Urakami, entre a
Mitsubishi Steel & Arms Works ao sul, e a Mitsubishi-Urakami Ordnance Works ao norte.<ref>{{cite book |título=The History and Science of the Manhattan Project |autor= Bruce Cameron Reed |data= 16 de outubro de 2013 |página=400 |editora=Springer Publishing|isbn=3-6424-0296-8}}</ref> 53 segundos após o lançamento, a bomba explodiu às 11:02 da manhã numa altitude aproximada de 550 metros.<ref>{{cite web|url=http://www.bbc.co.uk/history/ww2peopleswar/timeline/factfiles/nonflash/a6652262.shtml|título=BBC - WW2 People's War - Timeline}}</ref>

Menos de um segundo após a detonação, o norte da cidade estava destruído e 35.000 pessoas já estavam mortas.<ref>{{cite book |título=Welcome To Planet Earth - 2050 - Population Zero |autor= Robert Hull |data=11 de outubro de 2011 |página=215 |editora=AuthorHouse|isbn=1-4634-2604-6}}</ref> Entre as mortas estavam 6200 dos 7500 empregados da fábrica da Mitsubishi Munitions, e outros 24.000 (incluindo 2.000 coreanos) que trabalhavam em outras fábricas bélicas da cidade, bem como 150 soldados japoneses. O dano industrial em Nagasaki foi alto, deixando entre 68-80% da produção industrial destruída. Foi o segundo e, até hoje, a último uso de uma arma nuclear em combate, e também a segunda detonação de uma bomba de plutônio. O primeiro uso de uma arma nuclear em combate foi a bomba "Little Boy", que foi jogada na cidade japonesa de [[Hiroshima]] em 6 de agosto de 1945. A primeira bomba de plutônio foi testada no [[Novo México]], Estados Unidos, em 16 de julho de 1945. A bomba Fat Man era um tanto mais poderosa que a que foi jogada em Hiroshima, mas por conta do terreno irregular de Nagasaki, houve menos dano.<ref>{{cite book |título=Nuke-Rebuke: Writers & Artists Against Nuclear Energy & Weapons (The Contemporary anthology series) |página=22–29 |data=1 de maio de 1984 |editora=The Spirit That Moves Us Press}}</ref><ref>{{harvnb|Groves|1962|pp=343–346}}.</ref><ref>Hoddeson et al., pp. 396-397</ref><ref>{{harvnb|Hoddeson|Henriksen|Meade|Westfall|1993|pp=396–397}}</ref>


== Cidades-irmãs ==
== Cidades-irmãs ==

Revisão das 18h37min de 10 de junho de 2018

Japão Nagasaki

長崎市 (-shi)

 
  Cidade  
Símbolos
Bandeira de Nagasaki
Bandeira
Localização
Localização de Nagasaki
Localização de Nagasaki
País Japão
Prefeitura Nagasaki
Características geográficas
Área total 338,72 km²
População total (Janeiro de 2010) 447 419 hab.
Sítio Sítio da cidade
Mapa onde mostra Macau e Nagasaki e a sua posição nas rotas comerciais portuguesas e espanholas, no seu período mais próspero (finais do século XVI e princípios do século XVII).

Nagasaki, Nagasáqui[1] ou Nangasaque[2] (長崎市 Nagasaki-shi?) (pronúncia) é a capital e maior cidade da Prefeitura de Nagasaki, na Ilha Kyushu, Japão. O nome da cidade, 長崎, significa "capa longa" em japonês. Nagasaki foi um centro de influência colonial portuguesa e holandesa entre os séculos XVI e XIX, e igrejas e locais cristãos em Nagasaki foram propostos para inscrição na Lista de Patrimônios Mundiais da UNESCO. Durante várias décadas foi considerada a capital do catolicismo nesse país.[3] Parte de Nagasaki foi base da Marinha Imperial Japonesa durante a Primeira Guerra Sino-Japonesa e a Guerra Russo-Japonesa.

Durante a Segunda Guerra Mundial, Nagasaki foi a segunda cidade, e até hoje a última, a experienciar um ataque nuclear (às 11:02hs de 9 de agosto de 1945, horário local (UTC+9).[4]

Em 1 de março de 2017, a cidade tinha uma população estimada de 425.723 habitantes e uma densidade populacional de 1000 pessoas por km². A área total é de 406.37 km².[5]

História

Nagasaki cristã

Ver artigo principal: Nagasaki Portuguesa

Uma pequena vila de pescadores em porto isolado, Nagasaki tinha pouca significância histórica até o contato com os exploradores portugueses em 1543. Um dos primeiros visitantes foi Fernão Mendes Pinto, que veio de Vila do Bispo em uma embarcação portuguesa que atracou próximo a Tanegashima.[3]

Pouco depois, embarcações portuguesas começaram a navegar para o Japão como cargueiros regulares, aumentando o contato e as relações comerciais entre o Japão e o resto mundo, particularmente com a China, com quem o Japão anteriormente havia cortado seus laços comerciais e políticos, principalmente devido a uma série de incidentes envolvendo a pirataria Wokou no Mar do Sul da China, com os portugueses agora servindo como intermediários entre os dois países asiáticos.[3]

Após vantagens mútuas derivadas desses contatos comerciais, que logo seria reconhecido por todas as partes envolvidas, a falta de um porto marítimo adequado em Kyushu com o propósito de abrigar navios estrangeiros representou um grande problema tanto para os comerciantes quanto para os daimiôs (senhores feudais) de Kyushu, que esperavam obter grandes vantagens do comércio com o portugueses.[3]

Enquanto isso, o missionário jesuíta navarrês São Francisco Xavier chegou à Kagoshima, no sul de Kyūshū, em 1549, e logo iniciou uma campanha de evangelização pelo Japão, mas foi para a China em 1552 e faleceu pouco depois. Seus seguidores permaneceram convertendo um grande número de daimiôs. O mais notável entre eles era Ōmura Sumitada. Em 1569, Ōmura garantiu uma permissão para o estabelecimento de um porto com o propósito de abrigar embarcações portuguesas, Nagasaki, que foi finalmente criada em 1571, sob a supervisão do missionário jesuíta Gaspar Vilela o capitão-major português Tristão Vaz de Veiga, com o auxílio pessoal de Ōmura.[6]

A pequena vila portuária rapidamente cresceu para uma cidade portuária diversa,[7] e produtos portugueses importados por Nagasaki (como tabaco, pão, têxteis e um pão-de-ló português chamado Castela) foram assimilados à cultura japonesa. O tempura derivado de uma receita originalmente conhecida como "peixinho-da-horta", e que tem seu nome tirado da palavra portuguesa "tempero", é outro exemplo dos efeitos desse intercâmbio cultural.[8] Os portugueses também trouxeram muitos bens da China.[carece de fontes?]

Devido a instabilidade durante o Período Sengoku Sumitada e o líder jesuíta Alessandro Valignano fizeram um plano para passar o controle administrativo para a Companhia de Jesus, em vez de ver a cidade católica tomada por um daimiô não-católico. Então, por um breve período de tempo após 1580, a cidade de Nagasaki foi uma colônia jesuíta, sob seu controle administrativo e militar. Ela foi administrada pelo capitão do "barco negro" português, o mais alto representante da Coroa Portuguesa, quando presente. A cidade se tornou um refúgio para os cristãos que sofriam perseguições em outras partes do Japão.[9] Entretanto, em 1587, a campanha de Toyotomi Hideyoshi para unificar o país chegou à Kyūshū. Preocupado com a grande influência cristã no sul do Japão, assim como o papel ativo dos jesuítas na arena política japonesa, Hideyoshi ordenou a expulsão de todos os missionários e colocou a cidade sob seu controle direto. No entanto, a ordem de expulsão não foi cumprida em grande parte, e a maioria da população de Nagasaki permaneceu abertamente católica praticante.[carece de fontes?]

Em 1596, a embarcação espanhola San Felipe foi destruída na costa de Shikoku, e Hideyoshi soube com o capitão de que Franciscanos espanhóis estavam na vanguarda de uma invasão ibérica do Japão. Em resposta, Hideyoshi ordenou a crucificação de vinte e seis católicos em Nagasaki.[10] Os comerciantes portugueses não foram condenados ao ostracismo, e assim a cidade continuou a prosperar.[carece de fontes?]

Em 1602, missionários agostinianos também chegaram ao Japão, e quando Tokugawa Ieyasu tomou o poder em 1603, o catolicismo ainda era tolerado. Muitos daimiôs católicos foram importantes aliados na Batalha de Sekigahara, e os Tokugawa ainda não eram fortes o suficiente para ficarem contra eles. Uma vez que o Castelo de Osaka foi tomado e a prole de Toyotomi Hideyoshi foi morta, o domínio Tokugawa foi assegurado. Além disso, a presença holandesa e os inglesa permitiu o comércio sem envolvimento religioso. Então, em 1614, o catolicismo foi oficialmente banido e todos os missionários receberam a ordem para irem embora. A maioria dos daimiôs católicos apostataram, e forçaram seus subordinados a fazerem o mesmo, apesar de alguns não renunciarem a religião e partirem para Macau, Luzon e outras cidades com grande número de japoneses no sudeste asiático. Uma brutal campanha de perseguição seguiu-se, com milhares de cristãos em Kyūshū e outras partes do Japão mortos, ou forçados a renunciarem sua religião.[10]

O último suspiro do catolicismo como religião aberta e a última grande ação militar no Japão até a Restauração Meiji foi a Rebelião Shimabara de 1637. Enquanto não há evidências de que os europeus incitaram diretamente a rebelião, o Domínio Shimabara foi cristão por décadas, e os rebeldes adotaram muitas ideias portuguesas e ícones cristãos. Consequentemente, na sociedade Tokugawa a palavra "Shimabara" solidificava a conexão entre cristianismo e deslealdade, constantemente usada como propaganda Tokugawa. A Rebelião Shimabara também convenceu muitos legisladores que as influências estrangeiras eram um grande problema, o que levou o Japão a uma política de isolamento. Os portugueses, que anteriormente haviam vivido em uma ilha-prisão especialmente construída no porto de Nagasaki chamada Dejima, foram expulsos do arquipélago, e os holandeses foram movidos de sua base em Hirado para Dejima.[11]

Período de isolamento

O Grande Incêndio de Nagasaki destruiu boa parte da cidade em 1663, incluindo o Santuário de Mazu no Templo Kofuku patrocinado por marinheiros e mercadores chineses que visitavam o porto.[12]

Em 1720, o banimento de livros holandeses foi criado, causando a ida de centenas de estudiosos para Nagasaki em busca do estudo da ciência e arte europeias. Consequentemente, Nagasaki se tornou um principal centro do chamado rangaku, ou "Aprendizado Holandês". Durante o Período Edo, o Xogunato Tokugawa governava a cidade, escolhendo um hatamoto, o bugyō de Nagasaki, como o chefe administrador.[12]

Plano de Nagasaki, Província de Hizen, 1778

Antes, os historiadores eram unânimes que Nagasaki era a única janela do Japão com o mundo durante a Era Tokugawa. Entretanto, atualmente é aceito que esse não era o caso, uma vez que o Japão interagia e fazia comércio com o Reino de Ryukyu, Coreia e Rússia através dos domínios Satsuma, Tsushima e Matsumae respectivamente. No entanto, Nagasaki foi retratada na arte e literatura contemporâneas como um porto cosmopolita repleto de curiosidades exóticas do mundo ocidental.[12]

Em 1808, durante as Guerras Napoleônicas, a fragata da Marinha Real Britânica HMS Phaeton entrou no Porto de Nagasaki em busca de embarcações comerciais holandesas. O magistrado local não estava apto a resistir a demanda britânica por comida, combustível, e água, depois cometendo seppuku por disso. Leis foram aprovadas após esse incidente, fortalecendo as defesas costeiras, ameaçando de morte os estrangeiros invasores e motivando o treinamento de tradutores ingleses e russos.[12]

The Tōjinyashiki (唐人屋敷) ou Fábrica Chinesa em Nagasaki foi também um importante condutor de bens e informações chinesas para o mercado japonês. Vários mercadores e artistas chineses navegaram entre seu país e Nagasaki. Alguns combinavam os papéis de mercador e artista como Yi Hai no século XVIII. Acredita-se que cerca de um terço da população de Nagasaki daquela época era chinesa.[13]

Era Meiji

Com a Restauração Meiji, o Japão abriu suas portas para o comércio estrangeiro e relações diplomáticas. Nagasaki se tornou um porto livre em 1859 e a modernização começou por volta de 1868. Nagasaki foi proclamada cidade oficialmente em 1 de abril de 1889. Com o cristianismo legalizado e os Kakure Kirishitan deixando de se esconder, Nagasaki voltou ao seu papel de centro do Catolicismo Romano no Japão.[14]

Durante a Era Meiji, Nagasaki se tornou um centro industrial. Sua principal indústria era a de construção de navios, com os estaleiros sob controle da Mitsubishi Heavy Industries, uma das primeiras contratadas da Marinha Imperial Japonesa, e o porto de Nagasaki usado como ancoradouro sob controle do Distrito Naval de Sasebo. Durante a Segunda Guerra Mundial, na época do ataque nuclear, Nagasaki era uma importante cidade industrial, contendo fábricas da Mitsubishi Steel & Arms Works, da Akunoura Engine Works, da Mitsubishi Arms Plant, da Mitsubishi Electric Shipyards, da Mitsubishi-Urakami Ordnance Works, e de muitas outras fábricas menores, além da maioria das instalações de armazenamento e transbordo de portos, que empregavam cerca de 90% da força de trabalho da cidade, e respondiam por 90% da indústria da cidade. Essas conexões com o esforço de guerra japonês fizeram de Nagasaki um alvo importante para o bombardeio estratégico pelos Aliados durante a guerra.[15][16]

Ataque nuclear na Segunda Guerra Mundial

Nuvem de cogumelo da explosão atômica sobre Nagasaki às 11:02 da manhã, 9 de agosto de 1945

Por 12 meses antes do ataque nuclear, Nagasaki sofreu cinco ataques aéreos de pequena escala por 136 aviões norte-americanos que lançaram um total de 270 toneladas de explosivo, 53 toneladas de explosivo incendiário, e 20 toneladas de bombas de fragmentação. Destes, o ataque de 1 de agosto de 1945 foi o mais efetivo, com algumas das bombas atingindo os estaleiros e as docas na parte sudoeste da cidade, muitas atingindo a Mitsubishi Steel & Arms Works, e seis bombas atingindo o Hospital e Escola Médica de Nagasaki, com três disparos acertando em cheio os prédios. Enquanto o dano dessas bombas foi relativamente pequeno, ele colocou um medo considerável na população e um grande número de pessoas, principalmente as de escolas infantis, foram evacuadas para áreas rural, reduzindo a população da cidade no dia do ataque atômico.[15][17][18][19]

No dia do lançamento nuclear (9 de agosto de 1945), a população de Negasaki era estimada em 263 mil, dos quais 240 mil eram japoneses residentes, 10 mil coreanos residentes, 2500 trabalhadores coreanos conscritos, 9 mil soldados japoneses, 600 trabalhadores chineses conscritos, e 400 prisioneiros de guerra Aliados.[19] Naquele dia, o Boeing B-29 Superfortress Bockscar, comandado pelo Major Charles Sweeney, partiu do North Field em Tinian pouco antes do amanhecer, desta vez carregando uma bomba de plutônio, codinome "Fat Man". O alvo primário para a bomba era Kokura, com o alvo secundário sendo Nagasaki, se o primeiro alvo estive nublado demais para uma boa visão. Quando o avião chegou a Kokura às 9:44 da manhã, a cidade estava coberta de nuvens e fumaça, e a cidade próxima de Yawata já havia sido bombardeada no dia anterior. Incapaz de realizar o ataque com a visão limitada por conta das nuvens e fumaça e com combustível limitado, o avião deixou a cidade às 10:30 em direção ao alvo secundário. 20 minutos depois, às 10:50 da manhã, o avião chegou à Nagasaki, mas a cidade também estava nublada demais. Desesperadamente sem combustível e após realizar alguns bombardeios sem obter nenhum alvo visual, a tripulação foi forçada a usar o radar para soltar a bomba. No último minuto, a abertura das nuvens os permitiu fazer contato visual com a pista de corridas em Nagasaki, e assim lançaram a bomba no Vale Urakami, entre a Mitsubishi Steel & Arms Works ao sul, e a Mitsubishi-Urakami Ordnance Works ao norte.[20] 53 segundos após o lançamento, a bomba explodiu às 11:02 da manhã numa altitude aproximada de 550 metros.[21]

Menos de um segundo após a detonação, o norte da cidade estava destruído e 35.000 pessoas já estavam mortas.[22] Entre as mortas estavam 6200 dos 7500 empregados da fábrica da Mitsubishi Munitions, e outros 24.000 (incluindo 2.000 coreanos) que trabalhavam em outras fábricas bélicas da cidade, bem como 150 soldados japoneses. O dano industrial em Nagasaki foi alto, deixando entre 68-80% da produção industrial destruída. Foi o segundo e, até hoje, a último uso de uma arma nuclear em combate, e também a segunda detonação de uma bomba de plutônio. O primeiro uso de uma arma nuclear em combate foi a bomba "Little Boy", que foi jogada na cidade japonesa de Hiroshima em 6 de agosto de 1945. A primeira bomba de plutônio foi testada no Novo México, Estados Unidos, em 16 de julho de 1945. A bomba Fat Man era um tanto mais poderosa que a que foi jogada em Hiroshima, mas por conta do terreno irregular de Nagasaki, houve menos dano.[23][24][25][26]

Cidades-irmãs

Nagasaki tem 7 cidades-irmãs, que são:

Ver também

Referências

  1. Lusa, Agência de Notícias de Portugal. «Prontuário Lusa» (PDF). Consultado em 10 de outubro de 2012 
  2. Fernandes, Ivo Xavier (1941). Topónimos e Gentílicos. I. Porto: Editora Educação Nacional, Lda. 
  3. a b c d Choque Luso No Japão Dos Séculos XVI E XVII, por José Yamashiro, Ibrasa, Brasil, 1989, p. 127
  4. Joy Hakim (5 de janeiro de 1995). A History of US: Book 9: War, Peace, and All that Jazz. Nova York: Oxford University Press. ISBN 978-0195095142 
  5. Knoema. «Land Area and Environment - Nagasaki - Japan - knoema.com». Consultado em 9 de junho de 2018 
  6. Boxer, The Christian Century In Japan 1549–1650, p. 100–101
  7. https://www.khanacademy.org/humanities/art-asia/art-japan/edo-period/a/arrival-of-a-portuguese-ship
  8. Isto é Japão. «Tempura, Um Clássico da Culinária Japonesa». Consultado em 9 de junho de 2018 
  9. Diego Paccheco, Monumenta Nipponica, 1970
  10. a b Victor Teixeira. «Os 26 Mártires do Japão (1597)». O Clarim. Consultado em 9 de junho de 2018 
  11. Japan-Guide. «Dejima». Consultado em 9 de junho de 2018 
  12. a b c d Cambridge Encyclopedia of Japan, Richard Bowring and Haruko Laurie
  13. Screech, Timon. The Western Scientific Gaze and Popular Imagery in Later Edo Japan: The Lens Within the Heart. Cambridge: Cambridge University Press, 1996. p15.
  14. Doak, Kevin M. (2011). «Introduction: Catholicism, Modernity, and Japanese Culture». Xavier's Legacies: Catholicism in Modern Japanese Culture. [S.l.]: UBC Press. pp. 12–13. ISBN 9780774820240. Consultado em 9 de junho de 2018 
  15. a b United States Strategic Bombing Survey. «Chapter II The Effects of the Atomic Bombings» 
  16. How Effective is Strategic Bombing?: Lessons Learned From World War II to Kosovo (World of War). [S.l.]: NYU Press. 1 de dezembro de 2000. p. 86–87 
  17. «Avalon Project - The Atomic Bombings of Hiroshima and Nagasaki» 
  18. Bradley, F.J. (1999). No Strategic Targets Left. [S.l.]: Turner Publishing Company. p. 103. ISBN 1-5631-1483-6 
  19. a b Skylark, Tom (2002). Final Months of the Pacific War. [S.l.]: Georgetown University Press. p. 178 
  20. Bruce Cameron Reed (16 de outubro de 2013). The History and Science of the Manhattan Project. [S.l.]: Springer Publishing. p. 400. ISBN 3-6424-0296-8 
  21. «BBC - WW2 People's War - Timeline» 
  22. Robert Hull (11 de outubro de 2011). Welcome To Planet Earth - 2050 - Population Zero. [S.l.]: AuthorHouse. p. 215. ISBN 1-4634-2604-6 
  23. Nuke-Rebuke: Writers & Artists Against Nuclear Energy & Weapons (The Contemporary anthology series). [S.l.]: The Spirit That Moves Us Press. 1 de maio de 1984. p. 22–29 
  24. Groves 1962, pp. 343–346.
  25. Hoddeson et al., pp. 396-397
  26. Hoddeson et al. 1993, pp. 396–397

Ligações externas

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